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Copyright © 2020 Evilane Oliveira

Seu Amor Perverso

1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que


aqui serão descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É
proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte desta obra,
através de quaisquer meios, sem o consentimento escrito da autora. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.

Edição Digital | Criado no Brasil.


Sinopse
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Agradecimentos
Jayden Treton é uma chama brilhante que fascina e te envolve.
Ele é instável, misterioso e bonito demais para o seu próprio bem. Eu
sabia que era arriscado, mas meu lado impulsivo adorava brincar com fogo.
Pelo menos até eu começar a queimar.
O amor de Jayden é perigoso. Para meu corpo e coração. Suas
mentiras são belas, mas escorregadias. Às vezes, eu só desejava a verdade,
mesmo que ela fosse me destruir.
Eu sou Avery Wright e essa é a história de como eu tentei escapar do
amor perverso de Jayden, mas eu soube tarde demais que fugir dele é
impossível.
E cair na tentação é mais fácil do que eu imaginava.
Quando o conheci eu sabia que eu estava ferrada. Não foi apenas seu
olhar intenso e desinteressado. Foi o modo que meu corpo respondeu a ele.
Minha mãe uma vez disse que o único garoto capaz de quebrar seu coração é
aquele que faz sua barriga congelar. No segundo em que Jayden me olhou
meu corpo estava em meio a uma nevasca.
— Você deveria prestar atenção na aula. — A voz de Carrie chamou
minha atenção e eu engoli em seco, acenando. Ergui meu rosto para a frente e
vi meu professor falando. Tentei me conectar com a aula deixando Treton no
fundo da minha mente.
Assim que a aula acabou Carrie e eu andamos para o jardim. Me
sentei próxima a uma árvore enquanto peguei meu celular e comecei a olhar
os stories das subcelebridades da qual sou viciada.
— Você sabia disso? — minha melhor amiga questionou enquanto eu
pressionei meu dedo na tela, pausando. Encarei os olhos castanhos e os
cabelos loiros de Carrie.
— O quê?
— Festa hoje, na casa da Valerie.
— Não. De jeito nenhum. — Balancei a cabeça tentando entender o
porquê Valerie daria uma festa. Ela não era adepta a isso. Na verdade, eu
nunca a vi em festas ao redor.
— É o que parece. Você deveria olhar mais o WhatsApp e sair desse
Instagram. — Carrie revirou os olhos e eu respirei profundamente.
— Por que ela daria uma festa?
— Comemorando um ano de namoro? Você sabe, J.T. está com ela há
algum tempo...
Carrie e a maioria dos estudantes desse campus chamavam Jayden
pelas letras do seu nome e sobrenome. Eu achava idiota.
— Eles não namoram — disse abruptamente e Carrie deu de ombros.
— Ela é a única garota que parece repetir a cama dele. É um namoro
idiota, mas ainda sim, é um.
Eu.
Eu era a única garota dormindo na cama dele repetidamente.
— Eles só ficam de vez em quando — argumentei devagar e ela
ergueu as sobrancelhas para mim. Eu nunca tinha visto ela na casa dele ou os
dois se beijando. Tentava com esforço não encarar os dois quando os via no
mesmo local.
— Você já superou ele ter tirado sua virgindade, certo? Ele é um
idiota, Avery. Você merece muito mais que aquele nojento — Carrie
murmurou fazendo uma careta e eu fiquei tensa por alguns segundos.
Carrie não sabia que eu era a regular na cama de Jayden. Eu não
poderia suportar ver a decepção em seu rosto.
Nunca usei drogas, mas sabia o que era sentir abstinência. Jayden me
ensinou que eu poderia me viciar em pessoas. Ele era meu único vício. Tão
perigoso e tão sedutor que me dava calafrios.
E por isso eu não conseguia me afastar. Por isso eu não conseguia
dizer a minha melhor amiga que eu dormia com Jayden quase todas as noites.
— Por que você me lembra? — resmunguei fingindo enfiar o dedo na
minha goela.
— Faz apenas três meses. — Ela riu empurrando meu ombro com o
seu. — Enfim. Se Valerie vai fazer uma festa amanhã, nós iremos. E sim, sua
estraga prazeres, você vai ficar com Justin.
— Se for o Bieber...
Eu sorri e ela começou a gargalhar.
— Nos seus sonhos.
Voltei a olhar para meu celular tremendo levemente. Justin é amigo
do Davie, namorado da Carrie. Já o deixei na mão algumas vezes e eu já
estava com vergonha disso. Por isso, acabei concordando com minha amiga.
Depois da minha última aula eu fui diretamente para casa. Eu morava
no alojamento do campus. Carrie morava em um apartamento alugado por
seus pais, próximo daqui. Ela já me chamou para morar com ela, mas eu não
queria. Minha família vivia no interior do estado há algumas horas daqui e
eles se orgulhavam de poder pagar minha faculdade e moradia. Eu não tiraria
isso deles.
— Obrigada, H. — murmurei pegando as cartas que ele me estendeu.
H era um dos poucos meninos que viviam nesse alojamento. Sim, o meu era
unissex. Às vezes, ele pegava minha correspondência antes que os vândalos
as jogassem no lixo. Sim, eles faziam isso.
Entrei no elevador olhando para as cartas e sorri ao ver o nome da
minha irmã em uma delas. Ela era adepta a folhas e canetas. Era totalmente
contra a internet e celulares. Eu sei, ela é louca.
Abri minha porta e entrei jogando as coisas de lado. Li a carta dela e
comecei a escrever uma resposta. Logo eu estava selando o envelope e
colocando-o sobre meus livros para enviar de volta amanhã.
Peguei minha bolsa com meus produtos de higiene e escolhi uma
roupa confortável. Eu tinha que estudar e roupa apertada me incomodava até
demais. Andei até o banheiro coletivo e tentei tomar banho sem me importar
com as conversas paralelas das garotas que ecoavam pelos reservados. Uma
delas, no entanto, me chamou atenção enquanto eu estava passando shampoo
no cabelo.
— Valerie disse que J.T. vai pedi-la em casamento. — A voz suave e
feminina me faz engolir em seco. — Ela está tão animada. Parece que já têm
tudo acertado.
O quê? Engoli em seco novamente enquanto passei condicionador e
retirei o creme do corpo. Não podia ser, pensei me enxugando. Mordi meu
lábio vestindo minha calcinha e o short jeans. Peguei o top franzido com
mangas laterais de dentro da bolsa e o passei pela cabeça, deixando a
conversa de lado. Jayden não era meu.
Sai do chuveiro deixando meu cabelo na toalha e percebi que não
tinha mais ninguém dentro do banheiro. Penteei meu cabelo depois de passar
desodorante e mordi meu lábio olhando para o espelho diante de mim.
Meus cabelos escuros alcançavam meus seios médios, e alguns fios
eram mais claros. Eu tinha feito algumas mechas há um ano e agora somente
as pontas tinhas resquícios da cor. Meus olhos eram castanhos e minha beleza
podia ser chamada de mínima. Simplória.
Apertei minhas pálpebras fechadas e respirei profundamente. Como
ele consegue?
Como Jayden consegue entrar na minha mente e me deixar a sua
mercê dessa maneira? Me fazer questionar meu corpo, cabelo e beleza?
Peguei minhas coisas e voltei para o meu quarto tentando parecer
mais corajosa do que realmente era. Abri a porta e suspirei vendo a cama da
minha companheira de quarto. Leslie morava aqui também, mas ela passava o
tempo todo na casa do namorado. Nos tornamos amigas devagar, já que nos
víamos pouco, mas hoje Leslie era uma parte fundamental de mim.
Me sentei em minha cama pegando um dos meus livros e meu
notebook, me forçando a fazer minha pesquisa e esquecer Leslie, Jayden e
Valerie.
Quando minha barriga começou a roncar já tinha passado das dez da
noite e eu nem tinha visto o tempo passar. Minha pesquisa estava concluída e
minha cabeça, explodindo. Eu amava cursar enfermagem. Queria ser uma
profissional boa. Porém, era muito cansativo.
Meu celular vibrou embaixo dos livros e eu o peguei, decidida a pedir
alguma comida. Meu corpo ficou tenso quando o nome de Jayden apareceu
na tela. Cliquei em abrir a mensagem e suspirei. Droga.
Desce.
Nem oi, nem boa noite. Nem mesmo um “tudo bem?”. Jayden era um
idiota. Infelizmente hoje eu não estava no clima para ser a cadela dele. Estava
cansada e com fome.
Avery.
Olhei para a segunda mensagem e me ergui andando até a janela. Vi
seu carro ao lado do meu e engoli em seco.
Não dá. Estou atolada com trabalho.
Cliquei em enviar observando-o pela janela. Mordi minha unha
quando Jayden olhou para o celular e semicerrou os olhos. Parecendo sentir
minha atenção, ele ergueu a cabeça e olhou para cima, diretamente para mim,
ainda dentro do carro.
É mentira. Vou esperar dois minutos.
Olhei para a mensagem e saí de perto da janela. Me sentei em minha
cama e fechei meus olhos contando os dois minutos que ele disse. Quando
terminei eu consegui respirar aliviada. Tudo bem. Ele foi embora.
Eu tinha que dar um jeito nesse jogo sádico que eu estava jogando
com Jayden. Não era saudável. Eu sabia disso desde o começo, mas era tão
viciante. Eu estava envolvida e não conseguia me afastar.
Porém, depois de ouvir sobre seu casamento com Valerie, acho que a
hora tinha chegado. Esse envolvimento estava fadado a ter um fim. Eu
precisava reunir coragem, apenas isso.
Escutei batidas fortes na minha porta e pulei assustada. Não. Ele não
subiria. Ele nunca subiu. Me forcei a respirar calmamente e me ergui. Devia
ser Leslie. Talvez para pegar roupas. Abri a porta devagar e meu peito
explodiu quando vi Jayden diante de mim, tomando o espaço inteiro da porta.
Seu cabelo loiro sujo estava bagunçado e seus olhos azuis eram tão
bonitos que eu me perguntei de quem ele os herdou. Sua boca estava em uma
linha fina e eu suspirei vendo seu olhar sério deslizar por mim.
— Desce — ele ordenou com a voz rouca e altiva que eu tanto amava
e abominava ao mesmo tempo. Jayden tinha poder sobre mim que nem eu
mesma sabia que podia existir.
— Eu estou ocupada — eu disse reunindo coragem e ele semicerrou
os olhos. Jayden olhou para os lados e empurrou a mão em minha cintura, me
afastando para entrar. — Trenton — sibilei chocada e ele se aproximou
rapidamente se inclinando.
— O que foi? Fala de uma vez. — Jayden se aproximou mais e eu
ergui a cabeça encarando seus olhos agora escuros.
— Do que está falando?
— Você nunca me fez falar duas vezes, Avery. Hoje me fez subir na
porra do prédio. E você sabe que eu odeio. — Suas palavras eram como tapas
no meu rosto. Eu era uma piada idiota. Fácil. Uma puta.
— Eu disse. Estou ocupada — afirmei entredentes, tentando me
afastar. Jayden segurou meu braço e eu bati em sua pele, irritada. — Me
solta. Agora.
Jayden desfez o aperto e suas mãos caíram ao seu lado. Ele engoliu
em seco esfregando o rosto e olhou ao redor do quarto. Ele parecia tudo,
menos desinteressado agora. Eu nunca o tinha visto assim. Era isso que
acontecia quando se negava doce a uma criança?
— Vai embora. Não quero as pessoas falando que estava aqui —
murmurei dando um passo para trás. Jayden voltou a me olhar e se
aproximou me prendendo contra a parede. Ele não me tocou novamente,
apenas se inclinou deixando seus lábios sobre os meus.
— Você não quer o que, Avery? Que elas saibam que você goza no
meu pau sempre que eu toco em você? Que dorme na minha cama mais vezes
na semana do que na sua própria? Ou que você sai escondida toda maldita
manhã? — Suas palavras me fizeram ficar tensa e ele se afastou apenas
alguns centímetros. — Você acha que eu te mantenho em segredo quando a
única que se esconde é você.
— Quem quer enganar? A mim? — Eu sorri balançando a cabeça. —
Você acha que eu por um momento acredito que você fica apenas comigo?
Você quer que eu ande por esse campus e diga aos outros que eu sou a sua
putinha, Trenton? Nunca.
— Não me chame assim.
— É o seu nome! — gritei empurrando seu peito. — Saia do meu
quarto.
— Você vem comigo — ele afirmou sério e eu balancei a cabeça.
— Não vou.
— Você vem ou eu vou ligar para Carrie. Você quer que eu ligue para
a sua amiga e pergunte por você? Quer que eu conte a ela que você estava
comigo ontem? — Sua chantagem me fez ficar completamente sem ação.
Jayden nunca ousou fazer algo assim.
— O que houve com você? — questionei franzindo o cenho.
— Do que está falando?
— Você nunca faria isso. Você não me chantagearia para ir para sua
casa. O que aconteceu? — perguntei mais firme e Jayden respirou fundo se
afastando em direção à porta.
— Vem — ele acenou em direção a saída e eu estremeci ao som
rouco da sua voz.
— Jayden, por favor — pedi colocando meu cabelo ainda molhado
atrás da orelha. — Eu só quero ficar sozinha. Eu estou tentando entender isso
entre a gente.
— Avery, isso entre nós não tem que entender. Vem comigo. Eu vou
pedir pela última vez. — Jayden tirou o celular do bolso e me mostrou o
contato de Carrie. Fechei meus olhos sentindo meus ombros caírem e
suspirei, derrotada. Merda.
Peguei minha mochila e coloquei uma muda de roupa dentro junto
com meu carregador, fones e escova de dente. Jayden me esperou na porta e
eu andei para fora depois dele. Fechei a porta e o segui para o elevador.
Fiquei no lado oposto ao que ele escolheu e olhei para os meus pés quando as
portas se abriram novamente. Uma menina ruiva entrou e eu peguei meu
celular fingindo mexer em qualquer coisa.
— Jay! — Ela deu um gritinho agudo e eu segurei a vontade de
revirar os olhos.
— Jayden. — A voz dele a cortou séria e eu escondi a satisfação.
O elevador se abriu novamente e eu fui a primeira a sair, correndo
para o estacionamento. Andei rápido para o carro de Jayden e entrei ouvindo-
o destravar as portas. Abracei minha mochila e esperei ele entrar.
— Boa garota, Avery.
Eu queria vomitar.
TRÊS MESES ANTES
— Você só deveria pensar mais — Ellie murmurou no meu ouvido
respirando profundamente.
— Não vou voltar. No próximo ano você estará aqui e saberá do que
estou dizendo. Ninguém quer voltar para a cidade no meio do nada depois de
conhecer isso aqui — eu disse firme andando em direção à casa da
fraternidade.
Minha irmã queria que eu voltasse para casa depois de me formar em
um ano. Nem a pau. Eu tinha minha vida planejada depois da faculdade. Ir
para casa não era uma delas.
— Por que está falando no celular? Você o odeia.
— Sim, odeio, mas eu precisava tentar fazer você voltar para casa.
Por mim.
— Você nem vai estar aí em um ano. Vai estar aqui.
— Onde você está agora? — ela questionou confusa e o barulho da
festa explodiu quando as portas se abrem.
— Festa. Tchau. Nos falamos amanhã. — Desliguei rapidamente e
guardei meu celular.
Eu mudei de campus no último ano por uma decisão interna da
faculdade. Muitos alunos foram transferidos e eu era um deles. Era minha
primeira semana aqui e eu estava animada. Carrie também veio comigo e isso
era o melhor de tudo.
— Você está incrível — ela gritou pulando em mim quando eu a
encontrei em um dos cantos da cozinha. Acenei para o seu namorado, Davie,
e ele devolveu o gesto. — Tome, nós vamos ficar bêbadas hoje. — Carrie
enfiou o copo na minha mão e eu suspirei. Ok.
Beberiquei a bebida doce e sorri gostando. Eu não era muito de beber,
mas de vez em quando era uma saída prazerosa para o cansaço. Me virei
procurando um lugar para sentar, porém meus olhos se fixaram em outros que
olhavam diretamente para mim.
Um arrepio se alastrou pela minha pele e eu senti um vento frio,
parecido com o da Sibéria, dando voltas em minha barriga. O homem de
olhos azuis esfregou o polegar no lábio grosso enquanto encarou meu corpo.
Senti minha calcinha umedecer quando sua língua deslizou pelo mesmo lábio
e ele afastou os olhos de mim por alguns segundos.
Santa Mãe de Deus.
— Para quem... de jeito nenhum — Carrie rosnou atrás de mim e eu
me virei olhando para seu rosto. — Ele é um porco. Justin está na sua. Ele é
seguro, não J.T.
— Você o conhece?
— Quem não?
— Mas, acabamos de chegar...
— A fama dele ultrapassa as paredes desse campus. Não caia nesse
cara, Avery. Jayden é problema. Daqueles que nem o diabo quer ter no
inferno.
— Eu só olhei... — Engoli em seco olhando novamente para ele e
senti um puxão de Carrie, me fazendo a encarar. — Relaxa — pedi rindo,
mas por dentro eu ainda sentia os efeitos do cara em mim. Carrie só podia
estar exagerando.
Jayden parecia um problema, era certo que sim, mas brincar não
machuca, certo?
Tomei mais dois copos da bebida doce com vodca e me afastei de
Carrie para ir ao banheiro. Mordi meu lábio esperando a fila de garotas se
dissipar, mas parecia não ter fim. Inferno.
— Vem comigo. — Uma mão enrolou em minha palma e eu ergui os
olhos vendo o próprio demônio, segundo Carrie.
Eu não consegui me mexer para afastá-lo e quando entramos em um
quarto eu me soltei rápido. Você só se mete em problemas, Avery.
— Abre a porta — pedi me afastando cada vez mais.
— Você pode usar meu banheiro — Ele andou até a janela e se sentou
tirando um maço de cigarros do bolso. Observei estática ele envenenar seus
pulmões enquanto fingia não saber da minha presença.
Eu era contra cigarros, mas assistindo-o soprar a fumaça pelos lábios
com a cabeça inclinada, eu admiti que nunca vi nada tão sexy.
Olhei ao redor parando de assisti-lo como um dos filmes de romance
melosos que eu amava, e andei até a porta. Entrei nela e fiz xixi mordendo
meu lábio. Fique longe dele. A voz de Carrie atacou meu subconsciente e eu
suspirei.
Me limpei e lavei as mãos. Enxuguei a água em uma toalha e senti o
cheiro de creme de barbear. Era limpo, de menta. Delicioso. Balançando a
cabeça eu abri a porta e entrei no quarto escuro. A única luz vinha da janela e
o J.T. ainda estava lá, fumando.
— Obrigada — disse em um fio de voz e ele apenas acenou.
Me aproximei sentando na ponta da sua cama. Eu achava que era sua
pelo menos. Coloquei meu cabelo atrás da orelha e suspirei. Eu deveria sair
daqui; Carrie o conhece melhor que eu. Olhei para a porta, mas eu não me
ergui.
— Você mora aqui? — questionei cansada do silêncio. Levei a mão
ao colar que eu usava sempre e pressionei o pingente oval com a foto da
minha família.
— Sim.
— Eu cheguei essa semana. Transferida.
Jayden soprou a fumaça novamente, sem pressa e depois, apagou a
chama e jogou a bituca lá embaixo. Ele se virou ainda sentado na janela e me
encarou. Eu não conseguia ver seus olhos bem, mas eram bonitos. Brilhantes.
— Eu percebi assim que olhei para você.
Oh. Eu desviei meus olhos dos dele e encarei seu quarto. Não tinha
nada de decoração. Aliás, não parecia um quarto com dono. Senti meu celular
vibrar e o tirei do bolso da saia jeans curta.
Onde você está? Carrie escreveu na mensagem e eu apertei o
aparelho. Merda.
— Eu preciso ir — eu avisei rapidamente, me erguendo. Carrie vai
me matar.
— Sua amiga já está indo embora. — A voz dele me parou e eu me
virei vendo sua atenção no piso inferior. Me aproximei parando próximo a
janela e vi Davie e Carrie entrando no carro dele. Graças a Deus, eu vim no
meu e carona não seria preciso.
— Droga.
Me afastei pegando meu celular e vi mais uma mensagem dela.
Estou indo. Você vai ficar bem?
Sim. Boa noite.
Guardei o celular e ergui o rosto vendo Jayden me encarando. Me
assustei quando sua mão tocou em meu quadril e ele me puxou para sentar na
janela.
— O que você...
— Jayden Trenton. — Sua voz rouca me fez arrepiar.
— Avery Wright.
— Bonito nome. — Ele tirou o meu cabelo da frente do meu rosto e
eu estremeci. — Avery.
— Bonito nome — sussurrei e mordi meu lábio. — Trenton. — Os
olhos azuis dele se fixaram em minha boca, fazendo meu corpo estremecer.
Sua mão entrou por meus cabelos e eu engoli em seco, em
antecipação. Eu sabia que ele me beijaria. Tentei pensar em Carrie e no que
ela disse, mas minha cabeça ficou em branco. Droga.
Quando a boca de Jayden encostou na minha, eu senti meu coração
acelerar e minhas mãos suarem. Sua língua lambeu a costura dos meus lábios
e eu derreti me aproximando ainda mais do seu peito. Suas mãos foram para
meus quadris e ele me puxou, prendendo meu corpo ao seu. Chupei seu lábio
inferior e suspirei sentindo o gosto de bala de menta atingiu minha língua.
Nos afastamos procurando ar tempos depois, e eu encostei minha testa
na dele. Jayden olhou pela janela e eu saí do seu espaço pessoal tentando
ordenar meus pensamentos. Quando meus pés atingiram o chão eu
instantaneamente senti frio.
Mordi meu lábio mais uma vez, ainda sentindo o gosto mentolado na
minha língua e suspirei. Seu beijo me deixou sem ar. Meninos malvados tem
os melhores beijos, Avery. A voz da minha mãe ecoou na minha cabeça e eu
suspirei. Droga, mamãe.
— Eu já vou — avisei sem conseguir encarar seu rosto.
— Beleza.
Me virei respirando fundo e comecei a andar para a porta tentando ser
rápida. Quando uma mão enrolou na minha pela segunda vez na noite eu arfei
ao ser virada abruptamente. Vi os olhos dele antes da sua boca colidir com a
minha mais uma vez. Oh meu Deus.
Segurei os ombros de Jayden e senti a quentura do seu corpo pela
camiseta preta. Suspirei deslizando meus lábios pelos seus enquanto ele me
ergueu e eu abracei sua cintura com minhas pernas.
Senti minhas costas na cama macia e Jayden empurrou seus quadris
nos meus me fazendo gemer contra sua boca. Sua mão desceu e ele apertou
minha bunda agora nua. Minha saia estava amontoada na minha cintura e
minha calcinha pequena era a única coisa entre nós. Eu quero que ela suma,
pensei assustando a mim mesma por um momento.
— Quero você, Avery.
Gemidos escaparam pelos meus lábios enquanto senti sua mão desviar
para o vale entre minhas pernas. Jayden puxou minha calcinha para o lado e
tocou os lábios escorregadios pela minha excitação me fazendo tremer. Oh
jesus.
Sua boca desceu até meus seios e ele puxou minha camisa, jogando-a
em algum lugar do quarto. Quando sua língua morna atingiu meu mamilo
esquerdo eu arqueei a procura do seu toque. Jayden gemeu chupando minha
carne tenra e eu suspirei quando seu dedo friccionou meu clitóris.
Em segundos, Jayden me fez chegar ao clímax gritando de prazer. Ele
se sentou e eu o segui beijando seu pescoço e puxando sua camisa. Me sentei
em seu colo depois que ele desceu o zíper e tirou a calça jeans. Ainda com a
saia amontoada na minha cintura eu esfreguei meus mamilos em seu peito.
— Porra — Jayden amaldiçoou quando eu lambi seu pescoço e
mordisquei sua orelha.
Ele me empurrou de volta na cama e tirou minha saia junto com a
calcinha. Estremeci sentindo seu peito morno contra minha pele. Segurei seus
braços enquanto Jayden voltou a beijar meus seios.
— Camisinha — eu falei sem fôlego e ele se afastou parecendo
perdido por um segundo. — Coloque camisinha — repeti e mordi meu lábio.
Jayden acenou rapidamente e depois de pegar o papel laminado na
gaveta do criado mudo, ele deslizou pelo meu corpo juntando nossas bocas.
A queimação começou lentamente e eu tentei relaxar como Carrie disse um
milhão de vezes. Quando senti sua pélvis junto com a minha meus olhos
estavam com lágrimas e meu corpo completamente parado.
— Que porra... — Ao ouvir a voz de Jayden eu abri meus olhos
encarando seu rosto chocado. — Você é... era...
— Relaxa — pedi respirando fundo tentando esquecer a dor aguda. —
Não vou surtar e ficar grudenta. Só continua.
Na verdade, eu queria perder a virgindade há algum tempo. Nunca
pensei que seria algo romântico. Eu só precisava encontrar alguém que me
fizesse desejá-lo.
Jayden me envolveu na sua bolha e eu não pensei muito. Eu deveria,
eu sabia, mas não fiz e eu não estava arrependida.
— Relaxa, você. — Ele se movimentou devagar e se inclinou ficando
sobre mim, me olhando, com cautela. Ele parecia achar que eu iria quebrar
chorando e gritando. Eu não iria.
Abracei sua cintura com minhas pernas enquanto o sentia me
consumir ainda mais faminto. Sua mão apertou minha bunda enquanto sua
boca voltou para a minha mordendo meus lábios e exigindo minha língua. Eu
tremi contra seu peito, com o corpo aceso mais uma vez.
— Jayden — gritei gemendo e ele mordeu meu lábio me
acompanhando.
Jayden caiu para o lado enquanto lutávamos com nossas respirações à
procura de oxigênio. Puxei o edredom me cobrindo e encarei o teto do quarto
tentando reunir forças para me erguer e correr daqui. O que eu acabei de
fazer?
Tudo bem. Foi apenas sexo sem compromisso ou complicação. Foi
isso que eu fiz e tudo bem. Todo mundo faz isso pelo menos uma vez na
vida. Não preciso surtar por isso. Foi bom. Na verdade, foi incrível.
— Preciso ir — eu disse virando para o lado. Puxei o edredom e
procurei minhas roupas pelo quarto. Não encarei Jayden quando entrei em
seu banheiro para me vestir e nem quando saí, depois de me limpar. Eu nem
sabia bem o motivo, mas meus olhos ficaram presos em qualquer lugar,
menos nele.
— Nos vemos por aí — Jayden murmurou quando eu toquei na
maçaneta da porta.
— Sim.
Saí da casa andando rápido e entrei em meu carro ainda sentindo meu
coração acelerado. Evitei olhar para a janela da casa e dirigi para o
alojamento, deixando para trás minha virgindade e Jayden.

Assim que entrei no meu quarto Leslie estava na cama com um livro e
o abajur aceso. Seus olhos castanhos me olharam e ela sorriu.

— Boa noite, Cinderela.


— Não está com Mace? Que estranho — disse com um sorriso.
Durante os primeiros dias eu só a vi uma vez, no meu primeiro dia aqui.
— Nós brigamos. — Ela engoliu em seco e piscou os olhos, que
percebi agora, que estavam úmidos.
— Tenho certeza de que tudo vai se ajeitar.
— Ele foi à festa da fraternidade. As meninas me enviaram
mensagens dele com Jayden e outras garotas. — Ela sorriu piscando
novamente e eu me aproximei sentando ao seu lado. O nome de Jayden me
fez ficar tensa por alguns segundos, mas relaxei focada em Leslie.
— Ele só foi beber, não? — questionei e Leslie pegou o celular de
cima do seu travesseiro. Ela me mostrou a foto onde Mace está de pé
bebendo enquanto uma garota está na sua frente. Ela parecia estar falando
algo, mas Mace estava com os olhos presos no celular. Jayden, no entanto
estava com uma garota em seu colo.
Ergui as sobrancelhas, surpresa. Já?
— Mace está mais preocupado com o celular que a garota. Relaxa —
eu disse firme deixando Jayden e a garota dele de lado na minha mente.
— Está, não é? — Leslie me olhou esperançosa e eu acenei afagando
seu ombro.
— Sim. Você deveria enviar uma mensagem para ele — indiquei
firme e ela acenou, mordendo o lábio. Minutos mais tarde Leslie estava
saindo pela porta dizendo adeus.
Dois dias depois Jayden Trenton estava no estacionamento do meu
alojamento, me chamando para ir à sua casa. Eu fui. E na outra vez também.
E nas próximas também.
Eu atendi a cada um dos seus chamados e na manhã seguinte, quando
saía da sua casa, eu ansiava por voltar.
Olhei pela janela que já estava tão habituada abraçando a mim
mesma. Eu sei que era um erro vir até aqui. Jayden só queria uma coisa de
mim e eu sempre acabava dando a ele.
— Deita comigo — ele pediu da cama e eu evitei olhar para seu corpo
quase nu. Eu não queria cair na tentação. Ele tirou a blusa e a jogou em
algum lugar no quarto assim que entramos. Seus amigos estavam lá embaixo
e me viram entrar. Eles sabiam de nós. Porém, jamais ousaram falar algo pelo
campus.
Ninguém se metia com Jayden Treton.
— Eu queria que você, por um momento, entendesse que isso não está
mais dando certo — eu disse e respirei fundo me virando. Olhei para Jayden
fumando sentado na cama com o peito tatuado a mostra. Nos últimos três
meses ele fez mais algumas nos braços, fechando-o por completo, e no peito.
— Do que você está falando, Avery? — Jay perguntou com os olhos
azuis presos na fumaça que flutuava até o seu teto.
— De onde você é? Qual o nome dos seus pais? Do que você gosta
além de fumar essa porcaria?
Jayden levou o cigarro a boca e tragou lentamente olhando para mim,
me fazendo tremer de irritação.
— Você.
Fiquei confusa sobre o que diabos ele estava falando por vários
segundos, mas quando entendi eu comecei a rir tristemente balançando a
cabeça.
— De me foder? Sim, você adora — eu falei amarga e Jayden se
ergueu.
— Estamos brigando por idiotice há horas, Avery. Nós fodemos
porque ambos queremos. Eu jamais obrigaria você a me tocar...
— Você não entendeu o ponto, Jayden!
— Eu não tenho namorada para evitar esse drama idiota e olha no que
me enfiei — ele resmungou andando até a poltrona. Vi sua camisa lá e ele a
pegou, vestindo-a em seguida.
— Você só me obriga a vir para sua casa.
— Não obriguei. Eu te dei opções. Se uma delas era algo que você
não quer, não é problema meu. — Ele jogou a bituca no cinzeiro em cima da
cômoda e abriu a porta.
— Você é um idiota, Jayden!
Gritei enquanto ele bateu à porta fechada me deixando sozinha dentro
do seu quarto. Engoli em seco andando até a cama e me sentei, tremendo
levemente. Peguei meu celular e fechei meus olhos, dividida entre ligar para
Carrie vir me pegar ou ir andando. Minha melhor amiga não me perdoaria.
Ela quase me matou quando contei sobre minha virgindade perdida com
Jayden.
Foi idiota. Sua boceta merecia pau melhor.
Foi isso que ela me disse. Não queria perturbá-la, mas o que eu faria?
Era mais de meia noite e era perigoso ir sozinha para casa a pé. Que droga.
Me ergui e abri a porta do quarto, depois de pegar minha mochila. Era
a última vez que eu caia no papo de Jayden. Eu precisava conversar com
Carrie. Ele não vai me chantagear na próxima vez.
Desci as escadas e a sala ficou em silêncio quando eles me viram. O
sofá grande estava de frente para a TV enorme e dois garotos estavam
jogando vídeo game, completamente parados. Mace estava diante de mim,
sem Leslie, com uma cerveja na mão, esperando sua vez para jogar. Mais
dois garotos nas pontas do sofá e Jayden encostado na parede, me encarando.
— Mace, você pode me dar uma carona? — pedi sem olhar para o
imbecil.
— Claro, Avery...
— Não. Ele não pode — Jayden interrompeu seu amigo de maneira
firme e eu fechei meus olhos, antes de o encarar.
— Não faça essa merda, Jayden — pedi tremendo e ele levou o
cigarro infeliz aos lábios, inabalável. — Não me procure novamente. Estou
prometendo diante dos seus amigos, Jayden. Eu não quero mais ver você.
Andei para a porta e disquei o número de Carrie. Depois de algum
tempo a voz sonolenta da minha amiga me saúda. A vergonha rasteja sobre
minha pele, mas engoli ela a seco.
— Fiz merda, Carrie — confessei forçando minha voz e ela suspirou.
Eu a pedi para me buscar na fraternidade enquanto me sentei nos degraus da
escada.
— Puta merda, Avery.
Quando o carro estacionou eu estava com frio e ainda sentada na
varanda da casa do imbecil master. Desci as escadas e entrei no carro,
mantendo o silêncio por míseros segundos.
— Eu venho dormindo com ele desde a primeira vez. Ele estala os
dedos e eu corro como uma cadela. — Mordi meu lábio olhando através da
janela e senti a mão de Carrie segurar a minha, que descansava sobre minha
perna.
— Você não poderia resistir nem se quisesse, Avery — ela suspirou e
eu me virei para encará-la.
— Eu poderia, mas eu não quis. Mesmo você tendo me dito
exatamente o que eu não deveria fazer. Que Jayden era o demônio. Eu não
ouvi você. Não se comova, apenas me dê um ou dois tapas. Eu mereço.
Carrie suspirou e me puxou para seu peito, abraçando meu corpo com
força.
— Você foi esperta em tirar a virgindade sem drama, Avery, mas
burra por se apaixonar pelo garoto diabo que já fodeu a maioria desse campus
— ela murmurou completamente séria e eu engoli em seco. — Eu estou
ponderando sobre os tapas. Não tire isso da mente.
Eu me afastei rindo levemente e Carrie apertou minha mão mais uma
vez.
— Você deveria ter me escutado e mantido distância, Avery.
— Eu sei.
— Ele vai quebrar você.
— Ele já me quebrou.

Na manhã seguinte Leslie e eu saímos de casa juntas. Mace e ela
brigaram na noite passada e esse era o motivo dele estar na casa da
fraternidade ontem. Andei depois de nos separarmos até a cafeteria e esperei
na fila agradecendo a Deus por ter me lembrado de enviar a carta de Ellie.
— Café duplo — pedi ao atendente assim que parei na sua frente.
Mace sorriu para mim enquanto esperava a sua própria bebida e eu fingi que
ele não me deixou no frio ontem, por acatar a ordem do seu amigo, e sorri.
— Me desculpe por ontem — ele murmurou ao meu lado e eu
desdenhei com a mão.
— Não se desculpe. Você faria novamente.
O atendente entregou os nossos cafés e eu saí pela porta sem olhar
para o seu rosto desconcertado. Mace não tentou me acompanhar e nem
desmentiu o que joguei em sua cara.
Passei minhas duas aulas com a cabeça focada e saí do campus com
Carrie falando sobre a festa de logo mais à noite.
— Eu não vou...
— Você vai e você vai ficar com a porra do Justin. Jayden Treton não
vai assistir você em casa com um pote de sorvete assistindo friends. Nem por
cima do meu cadáver — Carrie me interrompeu firme e eu engoli em seco
olhando ao redor.
— Você pode falar baixo? Ninguém sabe.
— Bobagem. — Ela revirou os olhos prendendo o cabelo.
Andamos até o refeitório e nos sentamos com seu namorado e os
amigos dele. Justin sorriu para mim do outro lado da mesa e eu o encarei. Ele
era bonito, não nego. Seu cabelo castanho era brilhoso e seu sorriso branco
era perfeito. Os olhos são verdes e ele chamava atenção por isso.
— Hoje? — ele questionou baixo e eu desviei os olhos dos dele
quando senti os pelos do meu pescoço eriçarem. Jayden estava aqui.
— Hoje — disse firme. Estava mais que na hora de eu apagar Jayden
da minha vida.
— O que tem hoje? — A voz rouca e firme ecoou acima de nós, e
Justin olhou para o lado.
— Consegui um encontro com a garota mais linda do campus. — Ele
riu e eu procurei o olhar de Carrie. Ela apertou minha coxa e sorriu, daquele
jeito endemoniado que somente ela consegue.
— Sua chegada é novidade Jayden. Seus amigos ficam na próxima
mesa — ela falou firme enquanto eu olhei para o outro lado do refeitório.
— Davie e eu somos amigos de longa data, Carrie. Você sabe disso
— Jayden a respondeu e eu me ergui deixando minha comida intocada.
— Acabei de lembrar que não enviei a carta da minha irmã. Nos
vemos mais tarde — avisei para Carrie e sorri para Justin e Davie. Andei
apressada para casa e quando eu estava a uma quadra de lá o carro preto
rebaixado encostou ao meu lado.
— Entra no carro.
— Eu quero que você e o seu carro se fodam, Jayden — eu disse
firme andando mais rápido. Assim que atingi meu prédio eu subi as escadas
deixando-o para trás.
Leslie estava no quarto quando eu entrei pela porta. Me sentei
apertando meu celular entre meus dedos enquanto ela ficou na cama me
olhando.
— Mace falou algo sobre ontem.
— Eu não estou com raiva dele. Ele não tem culpa — respondi
encarando seu rosto. — Jayden é um idiota.
— Ele é. Sempre foi.
— Como assim sempre? — perguntei, confusa.
— Crescemos juntos. Nós três. Mesma escola, mesma rua, casas
vizinhas uma da outra — Leslie explicou dando de ombros e encarou seu
celular. — Mace tem Jayden como seu irmão. Eu também, mas os dois tem
uma conexão mais forte. Mace não quer decepcionar Jay. Sempre foi assim,
sabe?
— Posso imaginar.
— Mace vem tentando fazer Jay ir morar com ele no apartamento,
mas Jayden não aceita. Diz que prefere a fraternidade. — Leslie engoliu em
seco e suspirou. — Ele só quer um lugar onde possa ficar, sem dar
satisfações.
— Jayden é grandinho. Ele deve saber o que está fazendo —
murmurei me deitando, cansada de falar sobre aquele porco.
— Sim, você está certa.
Encarei o teto do quarto e suspirei fechando meus olhos. Jayden
Treton nunca foi um problema meu, não seria hoje que isso mudaria.
— Espero que vocês fiquem bem — Leslie murmurou e eu fiquei
calada ainda com as pálpebras fechadas. Não ficaríamos.
As batidas na porta me fizeram ficar tensa e me sentar. Leslie se
levantou e eu peguei em seu braço, a impedindo de ir.
— Se for Jayden, eu não quero falar com ele.
— É Mace com meu almoço.
Minha companheira de quarto abriu a porta e eu respirei aliviada ao
ver Mace. Ela o deixou passar, mas quando a camisa preta atrás dele apareceu
eu me recrimino por ter ficado feliz antes do tempo.
— Trouxe seu almoço — Mace disse depois de beijar sua namorada.
Eu fechei meus olhos e subi mais na minha cama pegando meu
notebook. Eu posso muito bem fingir que estou ocupada. Liguei o aparelho e
durante os segundos que ele leva para abrir eu senti os três me olhando.
— Oi, gente! — saudei erguendo meus olhos por alguns segundos.
— Trouxe almoço para vocês duas — Mace murmurou e eu olhei
para ele. Peguei uma sacola das suas mãos assistindo-o e Leslie sentarem
juntos em uma das camas.
— Obrigada.
Jayden ficou de pé próximo a porta enquanto assistia eu e Leslie
comendo.
— Podemos falar sobre ontem? — Contrariando tudo que acredito, a
voz que escutei era a de Leslie. — Você foi um idiota do caralho com Avery
e com Mace.
— Do que diabos...
— Leslie — Mace e eu falamos juntos e ela balançou a mão, nos
dispensando.
— Você não pode deixar uma garota na rua, no frio e ainda impedir
que alguém a ajude. Isso é crueldade...
— Eu sabia que a amiga iria buscá-la. Se por um momento eu
soubesse que Carrie não estava indo, eu mesmo a levaria. Você sabe mais de
mim do que isso, L — Jayden falou contrariado e eu coloquei meu notebook
ao lado.
— Jayden...
— Ele preferiu que eu dissesse a Carrie que eu era seu brinquedinho,
Leslie — pontuei balançando a cabeça. — Tão humanitário, Trenton. —
Cuspi me erguendo e pegando meu celular. Jayden se moveu para a porta e
eu apertei meus punhos. — Pare de me seguir. Eu cansei! Eu não vou voltar
para a sua cama.
— Você sempre volta, Avery. — Ele se aproximou enquanto eu ia
para atrás até estar contra a parede, mais uma vez. — Porque você é minha.
Foi desde o segundo que olhei para você.
— Eu prefiro a morte a pertencer a você.
— Sério, Avery? — Ele me olhou letárgico e eu ergui meu queixo.
— Sim — disse firme e senti sua mão segurar meu rosto. — Seu jogo
é doentio. Seu amor é perverso e cruel. Você me mantem porque acha que
pode.
— Eu nunca machuquei você, Avery. O que temos nunca te
machucou. Eu toco em você com a sua permissão. O que deu em você? Que
porra é essa? Por que você surtou do nada? — Jayden gritou perdendo a
paciência e eu vi a faísca de vida em seu olhar.
Desviei meus olhos dos seus impedindo a mim mesma de pensar. Ele
vai se casar.
— Eu só quero que me deixe em paz. Acabou, Jayden.
Ele deixou a mão cair ao lado do corpo e deu um passo para trás. O vi
olhar ao redor e depois voltar a me prender em seu olhar azul.
— Foda-se.
Jayden saiu pela porta e eu engoli em seco tentando não olhar para os
amigos dele.
— Vou tomar banho — avisei a Leslie suspirando e peguei minhas
coisas saindo rapidamente, deixando Leslie e Mace juntos.
Deixei a água cair se misturando com as minhas lágrimas por longos
segundos. Por que eu caí tão rápido por Jayden? Eu sou um clichê ambulante.
Garota do interior, virgem, apaixonada pela primeira vez pelo garoto
malvado.
Eu não sei dizer em qual momento eu percebi que estava apaixonada.
Não existiu o click. Foi aos poucos, a cada toque de suas mãos em minha
pele, a cada vez que seus lábios exigiram os meus e a cada noite em que ele
me puxou para os seus braços depois de fazermos amor.
Amor. Eu balancei a cabeça com os olhos ardendo mais ainda. Foi
sexo. Só isso e eu precisava enfiar isso na minha cabeça de uma vez por
todas.
— Olhe em volta, querida — Carrie gritou e Leslie começou a rir
quando eu revirei os olhos. Estávamos em um jogo de hóquei da
universidade. A festa de Valerie era depois e Carrie ficou sabendo que a festa
é do irmão, não dela. Ele joga no time.
— Eu sei, eles são quentes — disse virando meu copo de cerveja.
— Não vejo, não falo, não escuto — Leslie cantou murmurando e
Carrie e eu rimos.
O jogo terminou e nós três já estávamos quase bêbadas. Mace
apareceu sozinho e levou Leslie enquanto eu e Carrie esperávamos Davie.
Quando ele apareceu nós entramos em seu carro. Sorri quando vi Justin ao
meu lado, no banco de trás.
— Vamos nos divertir! — ele gritou fazendo Carrie dá um gritinho.
Assim que chegamos na casa de Valerie todos já estavam se
embriagando. Me sentei ao lado de Carrie em um dos sofás e acenei para
Leslie que estava com seu namorado perto de uma sinuca.
— Você quer alguma bebida? — Justin questionou se inclinando e eu
ergui minha cabeça capturando cada canto do seu rosto. Eu já falei que ele é
bonito?
— Cerveja.
Ele e Davie saíram e Carrie sorriu erguendo as sobrancelhas.
— Por favor, se divirta. Ele é lindo e uma pessoa legal. Você vai
foder hoje e não vai ser com o pau de Jayden Trenton. Aquele porco. —
Carrie fez uma careta e meu sorriso deslizou.
— Por que você o odeia tanto, C? — questionei engolindo em seco e
levando minha mão ao meu colar. Apertei ele suavemente, mordendo meu
lábio.
— Ele não é para você, A. — Ela apertou minha coxa nua e eu
suspirei, acenando.
Justin voltou e me entregou o copo cheio de cerveja. Bebi tudo em um
gole querendo esquecer que Carrie estava certa. Jayden não era para mim.
— Eu amo essa música! — Carrie gritou me puxando e nós dançamos
juntas no meio de outras pessoas, na pista improvisada.
— Preciso ir ao banheiro — avisei depois de mais duas músicas e
alguns copos de cerveja.
— Vai lá, vou voltar para o Davie.
Eu acenei e me afastei andando em direção as escadas. Vi algumas
portas e segui meu instinto indo para a última. Não era um banheiro. Era um
quarto. Escutei um grito feminino de susto e tirei a cabeça de dentro.
— Desculpa! — gritei de volta e fechei a porta. Que droga.
Me virei abrindo mais duas portas até chegar em um quarto vazio.
Entrei nele e respirei fundo indo para o banheiro. Quando abri a porta senti
meu coração ir para os meus pés. Não. Para os pés de Jayden.
Ele pisoteou meu coração em silêncio, no escuro.
— Sai daqui! — A menina de cabelos vermelhos, Valerie, mandou de
joelhos diante de Jayden. Olhei para o seu rosto e segurei o vômito. Seus
olhos azuis estavam arregalados e o pânico dentro deles não condizia com o
mesmo cara que eu conheci meses atrás.
Me virei e saí do quarto correndo. Escutei as batidas do meu peito em
meus ouvidos e segurei as lágrimas. Não vou chorar. Meu corpo colidiu com
uma parede alta e quando achei que iria cair, as mãos grandes do cara
seguram minha cintura.
— Ei, doçura.
Tentei acalmar minha respiração e ergui meus olhos. Vi o irmão de
Valerie diante de mim, pelo menos foi ele que Carrie apontou no jogo, e
pisquei.
— Obrigada. — Forcei as palavras a saírem e ele franziu o cenho.
— Avery — Jayden me chamou em algum lugar me fazendo ficar
tensa, mas eu suspirei por alguns segundos até reunir coragem.
Segurei o rosto do irmão de Valerie e juntei nossas bocas. Sua língua
habilidosa entrou por meus lábios e ele me puxou contra seu corpo. Senti
minhas costas na parede e derreti segurando a blusa dele entre meus dedos.
Chupei seu lábio inferior e ele apertou minha cintura.
— Porra, doçura — ele gemeu deslizando os lábios em meu pescoço.
Vi Jayden, por cima do ombro dele e prendi meu olhar no seu.
Você não me quebrou.
Ele se virou e entrou no quarto novamente fechando a porta com uma
batida tão forte que me fez pular. O irmão de Valerie se afastou sorrindo e eu
pisquei lentamente saindo da sua posse.
— Curta a festa — falei sorrindo e desci as escadas tentando controlar
meus batimentos cardíacos.
Eu sabia que eu não era a única na vida de Jayden. Se ele fugia de
namoro tinha um motivo e era meio que obvio. Não acredito que cheguei a
transar com ele sem camisinha. Eu era uma idiota.
— Aí está você! — Justin chegou sorrindo e colocou o braço em
meus ombros. Eu não queria chatear Carrie, e eu falei que iria dar uma
chance para o amigo do seu namorado. Eu manteria minha palavra, mesmo
depois de beijar um desconhecido minutos atrás.
— Vamos para uma festa na fogueira daqui — Carrie avisou quando
me viu chegar. — Um amigo do Davie nos convidou.
— Já estamos bêbadas o suficiente, não acha? — questionei rindo ao
pegar uma nova bebida.
— Não! Davie não está bebendo. Ele vai cuidar da gente — ela disse
se encostando no namorado que envolveu seu corpo com os braços, beijando
seu pescoço.
— Se você está dizendo. — Dei de ombros e terminei minha bebida.
Justin dançou comigo enquanto Carrie e Davie ficaram se pegando no
sofá.
— Você está linda — Justin murmurou em meu ouvido e eu sorri já
um pouco tonta.
— Obrigada. Você quer me beijar? — perguntei rapidamente e ele
franziu as sobrancelhas...
— Sim, mas não hoje. Outro dia.
— Por quê? — questionei rindo nervosamente e ele se afastou
olhando ao redor.
— Você está bêbada. É por isso.
Quando eu sorri e me coloquei sobre as pontas dos meus pés ele foi
para trás, mantendo distância. Seu braço me segurou de longe e eu encostei a
testa em seu peito. Justin se apoiou na parede atrás dele e me segurou
enquanto eu fechei meus olhos lutando contra as lágrimas. Eu era uma idiota.
— Desculpa.
— Você está uma bagunça, Avery. Pare de beber. Vou pedir ao Davie
a chave do carro e te levo em casa, pode ser?
— Por favor.
— Me espere no estacionamento.
Eu saí da casa me esquivando das pessoas e me sentei no capô do
carro do namorado de Carrie. Esperei por Justin tentando manter meus olhos
abertos e sem lágrimas.
— Eu vou te levar em casa. — Jayden apareceu de repente e eu me
esquivei do seu toque descendo do carro.
— Não me toque. Não se atreva a me tocar depois... meu Deus. —
Balancei a cabeça com nojo de já ter deixado ele possuir meu corpo.
— Avery...
— Você e Valerie. Eu sou tão idiota.
— Eu não deixei ela me tocar. Porra, eu estava a um passo de perder a
cabeça com ela querendo descer minha calça! — ele gritou apertando a
mandíbula e eu pisquei engolindo em seco. Ele estava mentindo.
— Ela não é a primeira e nem a última.
— Você beijou outro cara na minha frente. Que moral você acha que
tem? — Jayden gritou socando o carro de Davie. Eu me afastei mais ainda
dele, assustada. Jayden nunca agiu assim. — Sabe quantas vezes eu beijei
outra garota na sua frente, droga?
— Não pedi explicação, Trenton, porque eu não dou a mínima!
— Você se olhou no espelho, porra? Eu estou vendo você, Avery. Por
baixo de tudo, eu te enxergo — Jayden falou se aproximando e me puxou
para o seu peito. Empurrei minhas mãos em seu peito, tentando me afastar,
mas Jayden só me segurou com mais força.
— Eu te odeio, Jayden.
— Você sente muitas coisas por mim. — Ele se inclinou me
prendendo contra o carro, me fazendo encarar seus olhos azuis idiotas. —
Uma dessas coisas precisa ser ódio.
— Por que não podemos ser um casal normal, Jayden? — indaguei
com lágrimas inundando minha visão. — Por que você me esconde? Eu não
sou boa o bastante?
— Você é perfeita. Você, Avery Wright, é a perfeição em pessoa.
— Mentiras e mais mentiras. Toda vez que eu consigo me levantar da
sua teia de mentiras, você me puxa novamente. Você sempre mente, Jayden
— eu lamentei balançando a cabeça e piscando para afastar as lágrimas.
— Está tudo bem? — Justin perguntou se aproximando e eu tentei me
afastar de Jayden, mas ele me manteve em seu peito. — Cara, solta ela.
— Não se mete.
— Ela é minha amiga. Solta ela agora. — Justin se aproximou mais e
eu segurei a blusa de Jayden quando ele virou o rosto para Justin, ainda me
prendendo.
— Jayden, por favor. Só vai.
— Eu vou levar você para casa. Você está bêbada e não vai sair com
um cara que mal conhece — ele falou firme encarando o amigo de Davie.
— Eu o conheço. Não faça confusão — pedi me afastando mais uma
vez, porém dessa vez ele me soltou. Em segundos eu entendi o porquê.
Jayden andou até Justin, mas eu me movimentei rápido e me coloquei entre
os dois. — Jayden.
— Eu vou arrebentar a cara dele se a tocar mais uma vez — Justin
rosnou atrás de mim, me puxando para o seu peito. Oh inferno.
Jayden me tirou de perto de Justin antes de puxar o punho para trás e
socar o rosto dele. Eu gritei alarmada e puxei a camisa de Jayden tirando-o de
perto do outro garoto.
— Jayden!
— Não toque nela — ele gritou para Justin e eu arregalei os olhos
vendo as pessoas paradas nos encarando. Jayden respirava calmamente
apertando o punho e eu engoli em seco.
— Ele é seu namorado? Vocês namoram? — Justin questionou
tocando o rosto e eu me encolhi, culpada.
— Não! — gritei rápido e me aproximei respirando acelerado. — Me
desculpa.
— Entra no carro. — Justin acenou para a porta e eu me virei vendo
Jayden me encarando com fúria em seus olhos. — Avery.
Andei para o carro e entrei tentando acalmar minha respiração. Não
encarei Jayden novamente e esperei Justin entrar. Quando ele acelerou
passando por Jayden eu olhei para o outro lado sentindo minhas lágrimas
descerem por meu rosto.
— Você está bem? — Justin indagou quando estacionou em frente ao
meu prédio.
— Sim. Obrigada pela carona.
— Você quer que eu suba? — ele perguntou me vendo tirar o cinto de
segurança.
— Não. Acho melhor você voltar para Davie. Vai ficar tudo bem.
Saí do seu carro e dei tchau vendo-o sair. Fechei meus olhos sentando
nos degraus da escada, dentro do prédio, e respirei fundo ouvindo o barulho
do motor do seu carro.
Por que éramos essa bagunça?
Jayden desceu do carro e se encostou no veículo com os olhos presos
em mim. Chutei pedrinhas no chão tentando não o encarar.
— Quando tirou minha virgindade eu pensei, uau, é isso. Ele é bonito,
e bom de cama. Eu me dei bem para uma primeira vez. Só. — Minha voz
cortou a escuridão e eu sorri. — Não era pra se repetir. Não era pra você
aparecer dois dias depois. Não era para eu ir ao seu encontro a cada
mensagem sua. Era pra ser uma única vez. Só dessa vez. — Eu balancei a
cabeça rindo para mim mesma e ergui meus olhos para encarar o garoto que
tinha meu coração nas mãos. — Nós fodemos tudo.
— O que está acontecendo, Avery? — ele questionou franzindo a
testa, juntando as sobrancelhas loiras, com os olhos suaves.
— Eu quero mais — confessei, sentindo meus olhos se encherem de
lágrimas. — Desculpa, mas é isso que eu quero.
— Por quê? — Jayden me olhou impassível e eu suspirei piscando.
— Eu não sei.
Jayden respirou fundo cruzando os braços e as pernas. Ele encarou o
chão por segundos que pareceram minutos e quando ergueu a cabeça, me
senti sendo engolida pelo oceano azul dos seus olhos.
— Não posso dar isso a você. — Suas palavras não me
surpreenderam, nem por um minuto. Jayden não namora. Apenas Valerie.
— Ok — eu murmurei e mordi meu lábio, me erguendo. — Eu me
amo o suficiente para negar seu amor deturpado e sair da sua vida. Então,
Jayden, me deixe ir.
— Eu nunca falei que isso era amor. Você está distorcendo as coisas...
— Então, o que está fazendo aqui? — questionei, confusa. — Por que
está tentando me fazer ficar?
— Eu gosto do que temos. É fácil e descomplicado. Eu não entendo o
que está acontecendo com você e isso me frustra.
Eu engoli em seco olhando toda a sua pose e suspirei, isso não nos
levaria a nenhum lugar.
— Vá para casa, Jayden.
— Vem comigo.
Seu pedido me fez pensar uma e outra vez se eu poderia sim, escolher
ir à sua casa, dormir em seus braços e continuar como antes.
Eu não podia.
— Não. — Eu engoli o caroço dolorido na garganta e olhei para seu
rosto, agora ainda mais frustrado. — Consiga outra garota, Jayden.
Me virei ouvindo meu coração bater rápido e descontrolado.
Estava tudo bem. Eu ficaria bem, porque eu sou ótima em juntar
os cacos e me refazer.
— É a última vez — Jayden sussurrou, mas suas palavras chegaram a
mim.
Me virei e o vi com as mãos nos bolsos e o olhar baixo.
— Eu vou deixar você em paz. Só fique comigo hoje.
Meu coração doeu e eu queria entender por quê. Eu o amava? Isso é o
amor do qual minha mãe falou? Aquele que machuca? O que vem antes do
seu amor sólido e bom? Antes daquele amor com quem você casa e tem
filhos?
Minha mãe adorava contar suas experiências de vida e elas nem
sempre são contos de fadas. Antes de encontrar papai, mamãe teve um amor
que doía. E ela adora dizer que todas as garotas têm ele antes de encontrar seu
verdadeiro amor.
Jayden era meu amor doído?
Desci as escadas e entrei em seu carro em silêncio, evitando o encarar.
Encostei a minha testa na janela enquanto apertei minhas mãos. Não falamos
nada no caminho, mas eu podia escutar tudo. Nossa bagunça sobrevoando
nossas cabeças, nossa consciência nos recriminando e nossos corações
apertados.
Nossa dinâmica sempre é a mesma. Eu prevejo seus passos e ele, os
meus.
Menti quando disse que apenas o amor de Jayden era perverso.
Meu amor também é.
— Passou vinte e quatro horas que eu disse que não voltaria para sua
cama? — questionei baixinho, no meio da escuridão do seu quarto, enquanto
me sentei em sua cama.
— Não importa.
— Importa para mim — eu disse rápido e encarei seu peito agora nu.
Jayden se aproximou e segurou meu rosto entre as mãos limpando
minhas lágrimas agora secas. Lambi meus lábios e ele respirou fundo,
assistindo.
— Me beije.
— Não. Nós vamos dormir. — Jayden se afastou e eu semicerrei os
olhos. É nossa última noite juntos. Ele quer dormir? — Você está bêbada.
Não vou transar com você assim.
Engoli em seco e acenei, subindo na cama. Puxei minha blusa e desci
meu short enquanto ele fez o mesmo. Entrei debaixo das suas cobertas e
Jayden me puxou para o seu peito, me mantendo com ele.
— Eu queria ser mais forte — confessei fechando meus olhos
apertados. Jayden suspirou e deslizou a mão pela minha cintura, acariciando.
— Não somos certos um para o outro, Jayden. Não somos destinados,
tampouco alma gêmeas. Nós só fodemos a cabeça um do outro com nossa
obsessão. Nós estamos acabando com o coração um do outro.
— Você é minha, Avery.
— Isso não é o bastante.
— Basta para mim.
Eu não discuti com ele. Minhas pálpebras pesaram e eu adormeci com
Jayden me segurando nele, como se nós dois fossemos resistentes.
Nós não éramos.

No dia seguinte, eu saí da cama de Jayden o procurando. Meu celular
não despertou. Droga. Ele não mentiu quando disse, ontem, que eu era a
única que saia todas as manhãs cedo, escondida. Jayden só não sabia que não
era por ele ou pela gente. Eu gostava de correr pela manhã.
Vesti a minha roupa, tomei um comprimido para dor de cabeça e
desci as escadas olhando para o meu celular descarregado. Ótimo.
— Bom dia! — Ergui os olhos vendo Matt Scott sorrindo. — Vou te
dar uma carona. J.T.... hum... ele saiu. — O amigo e companheiro de
fraternidade de Jayden murmurou e eu fingi não me sentir uma merda com
sua informação.
— Muito obrigada. Podemos ir?
Nós saímos da casa e eu entrei em seu carro irritada por não ter meu
celular para mexer.
— Você é amiga da Leslie, certo? — Matt questionou e eu o olhei
semicerrando os olhos.
— Ela tem namorado. Ele é seu amigo, eu acho.
— Sim, nossa, não, você entendeu mal! — Ele me olhou chocado e eu
sorri, sem querer. — Você tem a mente suja. Só estava puxando assunto.
— Desculpa. — Apertei meus lábios tentando prender o riso e ele
revirou os olhos. — Sim, eu sou amiga da Leslie. Somos companheiras de
quarto.
— Ok. — Matt riu balançando a cabeça e eu guardei mais um sorriso.
— Você é amigo dela?
— Sim. Mace é um dos meus melhores amigos e Leslie veio no
pacote.
— Entendi.
— Meu aniversário é sábado e eles vão preparar uma festa. Se quiser
ir, está convidada e não, eu não estou chamando você para um encontro. Eu
não estou interessado também.
Eu explodi com todas as risadas que guardei diante do seu discurso e
Matt relaxou rindo junto.
— Estarei lá — avisei depois de cessar meu ataque.
Matt me deixou no alojamento e eu subi pegando minha roupa de
corrida. Depois de pronta eu desci e me aqueci na calçada. Peguei meus fones
e coloquei adentrando na voz melódica e incrível de Lana Del Rey.

— Ellie encontrou seu primeiro amor. Você acredita que até um
celular ela me pediu? — Minha mãe levou a xícara de chá aos lábios
enquanto eu me sentei sobre as minhas pernas e arrumei o notebook no colo.
— Como é que é?
— Sim!
— Mãe, para de falar da minha vida com Avery! — o grito de Ellie
passou pelo meu fone me fazendo estremecer.
— Só estou dizendo que temos um vizinho novo, querida. — Mamãe
baixou a voz para fofa e eu semicerrei os olhos.
— Sim, e eu sou a mulher maravilha — Ellie retrucou e eu sorri para
mamãe que revirou os olhos.
— Você quer um celular, Ellie? Isso é sério? — questionei rindo e
minha irmã apareceu.
— Ter um celular para mim é apenas um mal necessário. Minhas
amigas não respondem minhas cartas. Aquelas vadias.
— Ellie! — Mamãe deu um tapa na mão dela e Ellie se afastou
segurando um revirar de olhos.
— Cadê meu pai?
— Nosso pai, Avery. Você acha que eu fui adotada? Mãe! — ela
resmungou de olhos arregalados, fingindo surpresa.
— É apenas o modo dela falar e você sabe disso. Querida, somos
idênticas. Se você não tivesse nascido de mim, eu jamais ficaria com você até
hoje — mamãe falou séria e eu comecei a rir, porém ela me olhou. — Você
também.
— Você é má, mamãe.
— Só estou dizendo.
— Nosso pai está limpando a piscina.
— Para quê? Estamos no inverno...
— Foi o que eu disse. — Mamãe respirou fundo enquanto Ellie se
afastou. — Você está bem, Avery?
— Sim — disse rápido tentando ficar normal. — Tenho duas provas
amanhã, então estava estudando. — Mudei de assunto vendo-a abaixar a
caneca.
— Você vem para casa amanhã, certo?
— Domingo. Sábado tenho um aniversário para ir. — expliquei
lembrando de Matt. Faz dois dias desde que vi Jayden pela última vez. Não
nos esbarramos pela faculdade. Era bom assim.
— Tudo bem. Eu vou dar uma olhada no seu pai — ela avisou e eu
enviei beijos, me despedindo.
Fechei meu notebook e coloquei ele ao meu lado. Escutei batidas na
minha porta e me ergui, me esticando, antes de ir até ela. Deixei Carrie passar
e voltei para a cama.
— Por que você adora me engordar? — ela questionou enquanto eu
tomei as sacolas pardas da sua mão e abri, pegando meu sanduíche.
— Eu?
— Sim, eles têm delivery. Você não precisa me pedir a cada vez que
quiser comer.
— Você me bateu na última vez que fiz isso.
— Porque é o nosso momento! — ela exclamou pegando o saco de
mim. — Foda-se, eu não vou me preocupar com isso.
— Sim, coma.
Abri a lata de refrigerante e comemos em silêncio ouvindo apenas
uma das músicas que Carrie ama.
— Você está bem? — ela murmurou e eu ergui os olhos, ainda com a
boca cheia. Terminei de mastigar e sorri.
— Estou.
— Acabou mesmo? — Ela não precisava me dizer o que.
— Acabou.
Carrie sentou na minha cama e se encostou na parede. Minha amiga
comeu em silêncio e quando ambas terminamos eu respirei fundo. Ela parecia
estranha. Seus olhos estavam um pouco inchados e eu comecei a ficar
preocupada.
— Davie e você estão bem?
— Não. — Ela balançou a cabeça e eu fiquei tensa. Me aproximei de
Carrie e a fiz me encarar. — Eu peguei mensagens de uma garota no celular
dele.
— O quê?
— Ela mandou fotos nuas para ele.
— Você a conhece?
— Sim. Ela estuda com ele. — Carrie esfregou o nariz e suspirou
rindo. — Eu sou uma idiota.
— Não! Você não é. Quando foi isso? Por que não me contou? —
questionei com urgência e ela deu de ombros.
— Ontem. Eu me joguei nisso rápido demais.
— Não fala isso. Por favor, precisa ter alguma explicação, Carrie.
Você acha que ele te trairia?
— Não é o que todos eles fazem? — Carrie respirou fundo e mordeu
o lábio. — Ele ficou sem reação, Avery. Quando ele viu o celular nas minhas
mãos, Deus, parecia que ele estava tendo um infarto. E eu nunca vi ninguém
infartando.
— Que idiota, Carrie!
— Ele está tentando falar comigo e é isso que eu não entendo. Por que
você trai e depois corre atrás da pessoa que você machucou? Eu não
compreendo isso.
— Essas pessoas se sentem culpadas depois de descobertas, Carrie.
— Eu o odeio.
— Imagino que sim.
Puxei Carrie para mim e nós ficamos juntas até ela dormir e eu ficar
tremendo de raiva. Como Davie teve coragem?
Carrie adormeceu comigo, no meu quarto e na manhã seguinte eu a
levei para casa antes de irmos para a faculdade, para que ela pudesse trocar
de roupa.
— Você conhece Matt Scott? — questionei a ela quando saímos do
meu carro.
— Não. Acho que não, por quê? — Carrie franziu as sobrancelhas e
eu segurei minha bolsa.
— Amanhã é aniversário dele. Leslie e Mace são amigos dele. Ele me
convidou. Vamos? — chamei sorrindo e ela riu dando de ombros. — Vai ser
bom!
— Eu espero que sim.
Nós nos separamos e eu me concentrei em minhas provas, esquecendo
o mundo exterior. Na hora do almoço encontrei Carrie e nós comemos no
refeitório, sozinhas.
— Se ele chegar perto de mim mais uma vez, eu juro que minha
comida vai voar até a cara dele — ela falou firme quando nós vemos Davie e
Justin com os amigos deles em outra mesa.
— E lá vem ele — eu disse suspirando e ela virou, já se erguendo.
— Eu não vou te desculpar. Eu não acredito nas suas mentiras. Eu
espero que você tenha detalhado nossa última noite juntos, porque é isso que
você vai ter para o resto da sua vida — Carrie começou a falar antes mesmo
de Davie chegar.
— Carrie, por favor...
— Não. Saia daqui e não fale comigo nunca mais. Acabou, Davie.
Ele respirou fundo e se virou me encarando. Eu o ignorei.
— Eu fiz merda, quem diabos não faz? Mas, baby, você é a minha
garota.
— Eu sou de todos os caras desse campus, inclusive dos seus amigos,
mas não sua. Saia da minha frente — Carrie latiu agora mais alto e as pessoas
começaram a vaiar Davie.
— Foda-se.
Quando ele sumiu, Carrie se sentou novamente e as lágrimas em seus
olhos se dissolveram depois de algumas piscadas. Fiquei em silêncio
enquanto comemos e logo saímos do campus. Carrie ficou comigo no quarto
e a noite nós saímos para um bar perto.
— Você tem certeza de que precisa beber? Já vamos sair amanhã —
eu disse sobre a música e ela respirou fundo me olhando.
— Hoje, amanhã e domingo. Vou tirar Davie do meu sistema com
álcool.
Eu não a impedi. Pedimos duas margaritas e enquanto Carrie já estava
no terceiro copo eu ainda estava na primeira. Precisava ficar sóbria para
cuidar dela.
— Você está vendo? — Carrie me cutucou questionando e eu me
virei. Segui seu olhar e respirei fundo vendo Jayden, Mace e Leslie. Valerie
estava ao lado dele, com sua mão na coxa dele. Engoli a bile que ameaçou
subir.
— Você estava certa.
— Jayden Trenton é um imbecil. Você merece mais — Carrie falou
seriamente e eu tentei sorrir, em meio a dor surda que irradiava do meu peito
para meu corpo.
— Eu sei — eu disse ainda com os olhos presos em Jayden. Como se
sentisse meu olhar, ele virou o rosto perfeito e me encarou. Seus olhos azuis
me fizeram desviar o rosto.
Jayden cumpriu com o que disse. Ele não me procurou mais. Eu
estava chateada ao perceber que estava dividida entre o pesar e alívio. Eu era
masoquista, não era possível.
— Leslie está vindo — Carrie murmurou enquanto eu sugava toda
minha bebida pelo canudo.
— Ei! Vocês estão incríveis. — Leslie sorriu nos olhando e eu segui
seus olhos, encarando meu vestido vermelho curto. A gola era alta e sem
mangas. O casaco bonito eu já havia tirado.
— Você que está incrível. Diga, o imbecil e a pateta estão juntos? —
Carrie falou enrolando um pouco as palavras e Leslie ficou tensa por alguns
segundos, evitando me encarar.
— Sim.
Três letras, uma palavra e eu estava a um passo de perder a cabeça.
Eu sabia que os dois tinham algo, não era como se isso fosse uma
surpresa. Leslie me olhou com pesar, mas eu fingi não ver. Pedi mais uma
bebida ao barman e ele logo a colocou diante de mim.
— Ela sabe de Avery? — Carrie continuou com suas perguntas e eu
me virei encarando minha companheira de quarto.
— Acho que sim. Ela não falou muito.
— Coitada. — Carrie revirou os olhos e eu suguei mais da minha
bebida.
— Vou voltar para Mace. Não vou pedir que se juntem a gente...
— Nós vamos — Carrie afirmou se erguendo e eu fiquei tensa a
encarando em pânico.
— Carrie!
— Nós vamos, Avery. Aquele filho da puta sem emoções não vai te
humilhar. Duas amigas humilhadas é demais...
— Ele não está me humilhando...
— Está, porque você acha que perdeu algo. Você não perdeu. Você se
livrou. Ele é quem deveria estar lamentando agora e você vai mostrar isso a
ele.
Carrie não deixou espaço para discussão, apenas me puxou para os
meus pés. Seguramos nossas bebidas e Leslie liderou o caminho até a cabine
deles.
— Convidei as meninas para se juntarem a nós — Leslie murmurou
se sentando e eu acenei para Mace que parecia relaxado. Nos acomodamos ao
lado de Leslie, de frente para Jayden e sua namorada.
— Vocês são Carrie e Avery, certo? — ela questionou segurando uma
taça de vinho, pelo menos era o que parecia, com as pontas dos dedos. Ela
não parecia me reconhecer da cena no banheiro dias atrás.
— Sim, você é? — Carrie respondeu prontamente e eu olhei ao redor
bebendo minha margarita.
— Valerie, namorada do Jayden — ela disse isso com orgulho,
pisoteando em cima do meu coração imbecil. Seu olhar veio para mim e ela
sorriu.
— Nossa, namorada? Estou além de chocada — Carrie disse forçando
uma voz irônica e pela primeira vez eu me deixei encarar ele. Jayden tinha os
olhos presos em mim, seu rosto era inexpressivo, mas eu peguei sua mão
apertando o copo.
— Por quê? — Valerie perguntou franzindo as sobrancelhas e eu
respirei, colocando a mão em Carrie.
— Seu irmão não veio? — eu perguntei, minha voz soando pela
primeira vez desde que cheguei. Valerie me olhou e sorriu, relaxando contra
Jayden que parecia a um passo de enlouquecer.
— Não. Mas posso chamá-lo. Tenho certeza de que ele amaria te ver
— Valerie disse entusiasmada e eu me senti mal por alguns segundos.
— Apenas me dê o número dele — pedi sorrindo e ela falou os
números enquanto eu teclava em meu celular. Salvei nos contatos e guardei
meu celular.
Quando ergui meus olhos Jayden estava com a atenção cravada em
mim. Sua mandíbula marcada e seus olhos frios, poderiam me congelar, mas
não fizeram. Eu me esforcei para isso.
— Aí, meu Deus, nós amamos essa música! — Carrie gritou e se
ergueu puxando-me e Leslie, que estava quieta em seu lugar.
Nós chegamos à pista e eu relaxei rebolando junto com minhas
amigas. Terminei minha bebida e ergui o copo sorrindo. Você não vai me
quebrar.
Quando a música terminou nós voltamos para a mesa, mas Jayden e
Valerie tinham sumido. Mace disse que foram embora e eu fingi não reagir.
Ele estava beijando-a, agora? Com a mão na coxa dela enquanto dirigia? As
perguntas me fizeram ficar doente por dentro.
— Você deveria maneirar — eu disse assim que Carrie pegou uma
nova bebida.
— Está tudo bem, Avery. Ele não me quebrou — ela murmurou firme
e sorri, mas não era genuíno. Davie a tinha magoado muito com a traição.
Depois de meia hora Carrie estava bêbada e Leslie e Mace estavam
rindo dela imitando a dança de uma garota da pista. Ela me avisou que ia ao
banheiro e eu acenei vendo-a partir.
— Foi rápido — Mace disse olhando para trás de mim e eu segui seu
olhar. Jayden estava de pé andando em nossa direção.
Ele sentou ao lado do amigo, olhando para mim e eu engoli em seco,
tentando não reagir a ele. Mace e Leslie decidiram ir dançar e nós ficamos
sozinhos. Droga.
— Não foi inteligente, Avery. — Sua voz preguiçosa me fez o encarar
em busca de respostas. — Você vir para a minha mesa.
— Eu incomodei você ou sua namorada? — perguntei tentando
manter a calma. Jayden abriu e fechou a boca a procura de explicação para o
título de Valerie. — Foi o que pensei.
— Você me pediu para te deixar ir.
— Sim, depois de você dizer que não poderia me dar mais. — Minha
voz saiu firme e furiosa. Jayden respirou fundo e eu sorri, relaxando. — Eu
não preciso mais, Jayden, relaxe.
— O que quer dizer? — ele questionou franzindo as sobrancelhas.
— Que eu não quero suas migalhas. Você não vai mais fazer eu me
olhar no espelho e perguntar qual é o meu problema — disse encarando seu
rosto que se encheu de agonia. — Você não é nada. Eu sou tudo.
— Você é perfeita. Eu falei isso uma e outra vez. Jamais te dei
motivos para questionar isso...
— Não se preocupe — eu suspirei e pegando meu copo, tomando
mais alguns goles.
— Vamos conversar.
— Não conversamos, Jayden, nós fodíamos. Acabou. O posto não vai
ficar livre por muito tempo, você sabe — falei com firmeza e ele se ergueu
andando até mim, com os punhos cerrados e olhar furioso. Jayden se inclinou
descansando seu braço atrás, no meu assento, e aproximou sua boca do meu
ouvido.
— Eu vou matar quem tocar em você.
— Sério? — Eu pisquei sorrindo e me aproximei mais. — Contrate
um advogado, Jayden. Você vai precisar.
Eu empurrei seu peito e me ergui. Andei em direção ao banheiro,
percebendo que Carrie estava demorando. Assim que entrei no local escutei
os soluços. Me aproximei de um dos reservados e a encontrei sentada no vaso
com papel higiênico nas mãos.
— Baby — chamei suspirando e Carrie ergueu os olhos para mim.
— Ele está vindo me buscar. Eu deixei, Avery. Eu sou tão idiota, não
é?
Respirei fundo engolindo minhas objeções. Carrie sabia o que era
melhor para si mesma. Puxei ela para ficar de pé e a limpei, antes de sairmos.
Nós fomos para fora do bar e eu vi quando Davie estacionou. Seu rosto
estava amassado e seus cabelos espalhados para todas as direções.
— Entra no carro — eu pedi a Carrie e ela fez, sem olhar na direção
dele. Quando Davie começou a se afastar, eu o detive. — Ela está bêbada e
vai se odiar amanhã. Você sabe que a perdeu, Davie.
Ele mordeu o lábio encarando a fachada do bar e seus olhos se
encheram de lágrimas.
— Eu sei, mas eu vou estar aqui esperando o dia em que ela vai me
perdoar.
— Por que fez isso? — eu questionei abalada com suas palavras e
lágrimas.
— Porque eu sou um idiota. Porque eu fodo tudo que é bom para
mim. — Davie piscou e as lágrimas caíram pelo seu rosto.
— Cuide dela.
— Eu vou.
Davie sumiu dentro do carro e peguei meu celular pedindo um Uber.
A espera era de alguns minutos e eu agarrei meu casaco respirando fundo.
— Não quero carona. — Minhas palavras saíram antes que ele
pudesse oferecer. Jayden andou ao meu redor e parou diante de mim,
enfiando as mãos nos bolsos do jeans.
— Eu sei. — Ele respirou fundo e se aproximou me fazendo andar
para trás.
— Não se atreva, Trenton — eu falei firme e ele acabou com a
distância entre nós, rapidamente.
— Você está linda — ele sussurrou em meu ouvido e eu engoli em
seco. — Eu só queria curvar você, subir seu vestido e me enterrar na sua
boceta. Somente isso que está na minha cabeça desde a hora que você entrou
na porra do bar.
Meu corpo se arrepiou e meu núcleo esquentou ficando molhado.
Jayden lambeu o local da minha pulsação e eu estremeci. Os olhos de Valerie
brilharam na minha mente e eu me afastei, empurrando o peito dele com
ambas as mãos.
— Você poderia fazer isso e muito mais. Porém, você disse que não
podia, lembra? — murmurei sob nossas respirações e Jayden, acenou
desviando os olhos para longe de mim.
— Eu ainda não posso.
— Por quê?
— Avery...
— Verdade. Pelo menos, uma vez, me fala a verdade.
— Não...
— Tudo bem. Eu não preciso dela — disse firme surpreendendo a
mim mesma. Vi meu Uber encostar e andei para longe de Jayden.
Eu não queria questionar a sua decisão, mas porque ele pode namorar
Valerie e não a mim? Eu não entendia e isso me machucou profundamente.

Na manhã seguinte eu levei meu tempo no banheiro ainda deserto. Eu
corri pelo campus por quase duas horas e agora estava certa de que minhas
pernas não funcionariam por um longo tempo.
Peguei minha toalha e me enxuguei. Enrolei ela ao meu redor e sai
pegando a roupa que deixei em cima do banco. Vesti meu conjunto de
lingerie preta e despois deslizei o vestido pelo meu corpo.
Quando cheguei em meu quarto vi uma carta em cima de um dos
livros e sorri ao saber que Ellie continuaria escrevendo mesmo com um
celular.
Passei a manhã assistindo série e quando chegou o horário do almoço,
Carrie apareceu na minha porta.
— Você me acha patética — ela murmurou e mordeu o lábio
piscando os olhos. Ela parecia uma boneca Barbie. Perfeita, podem dizer.
— Não. Não acho — eu disse firme e me aproximei pegando sua
mão. Nós estávamos sentadas dentro do quarto comendo a comida chinesa
que ela trouxe. — É difícil mandarmos nos nossos corações.
Carrie sabia que eu estava falando de mim também.
— Somos duas loucas com corações partidos. — Ela tentou sorrir,
fazer uma piada, mas eu apenas sorri por causa dela. — Ele me pediu para
voltar. Perdoar ele.
Eu ergui meu rosto e vi a dúvida dentro dos seus olhos. Carrie amava
Davie. Como eu amava Jayden. A diferença é que um queria sua garota, o
outro não.
— E o que disse? — indaguei deixando minha comida de lado.
— Que não. Que eu não podia. — Ela soluçou e levou as mãos ao
rosto. — Por que ele fez isso, Avery? Por quê? Se você visse o estado do
apartamento, dele chorando hoje de manhã. Eu não consigo tirar isso da
minha mente. Por que eu ainda quero dormir em seus braços quando ele
deixou outra garota fazer isso? Por quê?
— Escute seu coração.
Minha voz saiu firme, porém com uma tensão que Carrie sabia que
pertencia ao medo de Davie machucá-la novamente.
— Você está me dizendo...
— Carrie, eu sei que Davie errou. E se você me perguntar, eu talvez
não perdoaria, mas você, Carrie, você é uma garota inteligente. Você pode
seguir seu coração.
— Ele vai me trair novamente.
— Não sabemos. Se sim, você junta os cacos e os cola.
— Não é tão fácil.
— Essa é uma decisão sua. Além do mais, você já o respondeu. —
Dei de ombros e peguei minha comida novamente.
— Sim, eu já.

O aniversário do Matt é na floresta, ao redor de uma fogueira. Havia
muitas pessoas e Carrie e eu chegamos atrasadas. Todo mundo já estava lá.
Nos movemos em direção a Matt e paramos quando ele nos viu.
— Parabéns, Matt! — Eu estendi o embrulho que fiz e ele pareceu
chocado pelo presente.
— Não precisava — ele murmurou, mas pegou mesmo assim. Ele
abriu e sorriu quando observou o relógio. — Obrigado!
— Essa é Carrie, minha melhor amiga — apresentei, puxando Carrie
e ele a olhou dos pés à cabeça, franzindo o cenho.
— Andrews? — Ele semicerrou os olhos e Carrie o encarou devagar.
— Oh meu Deus, você é o garoto do acampamento! — ela gritou
chocada e eu observei os dois se abraçando.
Me afastei um pouco e olhei por cima vendo algumas pessoas.
Encontrei Leslie sentada em um tronco de árvore com Mace e Valerie.
Jayden não estava longe.
— Você cresceu. Tem músculos. Meu deus! — Carrie ainda estava
chocada e eu a deixei com Matt, enquanto andava até Leslie.
— Ei! — Eu sorri abraçando-a e me sentei olhando para Carrie que
parecia alheia a tudo.
— Carrie fez um novo amigo — Leslie murmurou e eu olhei para ela
acenando.
— Acampamento ou algo do tipo.
Nós ficamos em silêncio até alguém parar ao meu lado. Justin sorriu e
estendeu uma cerveja. Eu a peguei e me ergui pedindo licença a Leslie.
— Desculpe não ter ligado — eu pedi, sentindo meu colo esquentar.
— Está tudo bem. — Ele sorriu, se encostando em uma árvore e eu
enfiei as mãos nos bolsos traseiros da minha saia curta. — Quero meu beijo
hoje. — Suas palavras me fizeram estremecer.
— Justin...
— Só um — ele pediu e eu o encarei tentando controlar meu coração.
Eu estava nervosa e suando. Sua mão descansou em meus quadris e ele me
puxou para perto.
Eu encostei minha testa em seu peito respirando fundo, tentando me
acalmar. Não. Eu não queria beijá-lo. Jayden estava sobre a minha pele, me
consumindo, mesmo que eu não quisesse.
— Não... — Ele não me deixou negar, Justin se inclinou e juntou
nossas bocas me fazendo ficar tensa e empurrar seu peito. Rapidamente ele
me soltou e eu vi Jayden segurando-o contra a árvore, empurrando o braço
em seu pescoço.
— Eu te falei para não tocar nela — Jayden o lembrou com a voz crua
e nublada. Ele socou Justin e eu puxei sua camisa, tentando afastá-lo. Jayden
deixou ser puxado, porque ele e eu sabíamos que eu não conseguiria se ele
não permitisse.
Justin saiu segurando o nariz quebrado e eu me virei vendo que as
pessoas estavam olhando para a gente. O rosto de Valerie apareceu e ela
engoliu em seco, se erguendo e saindo.
Jayden respirou profundamente e se afastou, seguindo-a.
Eu estava magoada. Ver ele indo para ela, me desestabilizou mais
ainda.

Carrie me encontrou no mesmo lugar e nós andamos em direção a
Leslie. Eu não falei nada, apenas peguei minha cerveja e a virei, com sede.
— Dessa vez Jayden perdeu a Valerie — Mace falou olhando para
onde o amigo foi e eu me senti um lixo.
— Foda-se — Leslie falou rápido e Mace percebeu o que disse.
— Eu já vou. Encontro vocês próxima quarta — eu falei me erguendo
e eles acenaram. Carrie também se despediu e nós saímos.
Passei em sua casa e a deixei lá, indo para o meu alojamento. Quando
deitei em minha cama parecia que nada poderia parar minhas lágrimas.
Mais uma vez, Jayden estava me quebrando.

Quando cheguei em casa no domingo meus pais estavam preparando
um jantar e Ellie e eu ficamos encarregadas de fazer a sobremesa. Eu mexi
meu chocolate para a torta e minha irmã suspirou enquanto começava a ralar
as lascas de chocolate para decorar.
— Você está namorando mesmo? — questionei curiosa e Ellie me
olhou com as bochechas coradas. — Cuidado, Ellie.
— Eu sei. Nada de corações partidos. — Ela sorriu e eu acenei
desligando o fogo. — E você, encontrou alguém na faculdade?
— Meu amor doloroso — respondi com os ombros caídos e Ellie
suspirou, me olhando com pesar. — Estou esperando meu amor sereno agora.
— Você vai encontrá-lo — Ellie afirmou e eu acenei. — Mas, se não
encontrar, modifique o doloroso pelo sereno.
Me virei um pouco chocada, mas minha irmã estava calma me
encarando.
— Ellie...
— Não acredito que não podemos mudar as pessoas. — Ela deu de
ombros e suspirou, sonhadora. — O meu amor também dói, mas se está
doendo é porque estou sentindo, certo?
— É uma maneira distorcida de falar sobre o amor, Ellie. Ele é
simples, de tirar o fôlego e esvaziar a barriga. Mas ele não pode nos fazer
chorar.
— Por que não? Se outra pessoa está com seu coração nas mãos, ela
pode cometer erros. Ela é um ser humano, às vezes esse amor nos faz chorar
sem pretensão. E nós choramos porque amamos. E perdoamos, porque é isso
que o amor é. Ele é troca, perdão e cumplicidade. Ele vai nos fazer chorar,
mas também enxugará nossas lágrimas. E ele não vai deixar de ser amor por
isso.
Meu coração batia tão forte e meus olhos estavam cheios de lágrimas
não derramadas. Ellie me deu uma aula sobre amor e ela só tinha dezesseis
anos.
— Você está certa. — Consegui tirar as palavras da boca e minha
irmã sorriu, dando de ombros.
Nós terminamos de preparar a sobremesa e eu fui atrás do meu pai.
Seus olhos estavam presos no jardim do nosso vizinho John. Ele segurava um
binóculo, que comprou nas nossas férias de verão passadas, contra o rosto.
— O que está olhando? — questionei ficando ao seu lado.
— Esse cretino roubou meu funcionário — ele falou rabugento e eu vi
mamãe se aproximando.
— Tyler, olha o palavreado. Deixe John. O jardineiro não é seu
funcionário. Ele vem uma vez na semana e você sabe disso. — Ela parecia
divertida enquanto resmungava e eu sorri, com saudade dos dois.
— Você está linda. — Papai mudou a direção do binóculo para mim e
eu ri, puxando a coisa do seu rosto. Os dois me abraçaram e eu me senti em
casa como em muito tempo não me sentia.
— Eu amo vocês.
— Nós a amamos mais.
Passar os dias com minha família foi bom, eu estava com saudades.
Infelizmente, o feriado passou rápido.
— Você finalizou o trabalho? — Carrie questionou quando me
encontrou na aula.
— Que trabalho? — questionei com o coração gelado.
— O que? — Carrie me olhou confusa e seus olhos se arregalaram. —
Você esqueceu. O trabalho de anatomia. O que porra você fez no feriado, se
não isso?
— Puta que pariu. Eu esqueci totalmente — murmurei tremendo e
comecei a juntar minhas coisas. — Vou para a biblioteca. Vou finalizar ele
até a aula. Tenho duas horas.
— Você está fodida.
Eu a ignorei e corri para fora da sala. Quando cheguei a biblioteca
gemi procurando um computador. Joguei meus livros ao lado e me sentei.
Passei alguns segundos abrindo o navegador e quando olhei para frente,
ansiosa, vi o cabelo de Jayden. Não, não hoje.
— Você parece apressada — ele falou no computador de frente ao
meu e eu o ignorei. — Você esqueceu um trabalho?
— Dá para você calar a boca? — pedi, irritada e ele sorriu erguendo
as mãos.
Jayden não voltou a falar e eu agradeci silenciosamente. Passei as
duas horas fazendo o trabalho e quando terminei mandei para impressora. Eu
queria chorar o vendo. Estava ridículo. Eu ganharia um C nessa merda.
Juntei minhas coisas e percebi Jayden ainda sentado, me observando.
— Você está bem?
— O máximo — ironizei juntando minhas coisas.
— Você precisa de ajuda?
— Não.
Eu andei para longe e suspirei, olhando o trabalho. Como eu esqueci
dele? Meu Deus.
Carrie me encontrou na aula de anatomia e eu caí ao seu lado,
desanimada.
— Você é inteligente, baby. Isso não é nada. Com certeza vai tirar
nota mais alta que eu que passei o feriado fazendo.
— Não acredito que esqueci, sabe? Só não é algo que eu já tenha
feito.
Ela suspirou, acenando e o professor entrou. Passei sua aula irritada
comigo mesma e quando entreguei o trabalho eu estava mais ainda.
— Vai dar certo — Leslie falou quando encontrei ela no refeitório e
contei minha desgraça.
— Eu espero que sim.
— Davie está vindo — Leslie avisou a Carrie e ela fechou os olhos
respirando fundo. — Vocês voltaram?
— Não — Carrie respondeu balançando a cabeça e se ergueu. —
Depois ligo para vocês.
Vi junto com Leslie Davie a seguir.
— É difícil... — Leslie falou, e eu voltei a encará-la.
— Perdoar uma traição?
— Sim. — Ela engoliu em seco e seu olhar brilhou.
— Mace já traiu você — falei devagar e Leslie acenou.
— Foi na época da escola. Ele e Jayden eram os garotos populares do
colégio. — Ela sorriu, mas a felicidade não alcançou seus olhos.
— Sinto muito. Demorou para perdoar?
— Um ano. — Ela riu e espetou o iogurte com a colher pequena. —
Durante um ano, ele me pediu perdão todos os dias. Ia à minha casa, ficava
com meus pais, aparecia para jantar. Na escola era um perseguidor. Chorou
quando me viu com outro garoto e implorou que eu nunca mais deixasse
outro me tocar. Ele foi persistente, Avery. Até um dia que ele me levou para a
praia e me pediu em casamento. — Leslie sorriu recordando e eu engoli em
seco.
— Mace é louco.
— Ele é — ela concordou e voltou a me olhar. — A dor de uma
traição fica para sempre. Às vezes eu recordo isso e machuca. Porém, eu o
perdoei. Eu não posso remexer nisso.
— Admiro você, Leslie. Mace não a merece.
— Ele merece. — Ela riu e olhou para trás de mim. — Ele é meu
porto seguro e eu sou o dele. Nossas feridas nos moldaram no que somos
hoje.
Mace apareceu em seguida e se sentou ao lado de Leslie. Suas mãos
foram para os quadris dela e ele a moveu para o seu colo. Mace sorriu, me
cumprimentando e eu devolvi.
— O que estavam falando? — ele questionou sorrindo e Leslie o
beijou.
— Em como Justin e Avery formam um casal lindo. — Ela puxou seu
prato e comeu olhando para além de mim novamente. Eu já sabia quem
estava lá.
— Você acha? — Jayden perguntou se sentando ao meu lado e eu
suspirei.
— Sim. Ele a quer de verdade e não fica com jogos. Não estamos
mais no colégio. O intercolegial não existe aqui.
Leslie falou firme segurando o olhar de Jayden. Eu foquei minha
atenção na minha comida e depois sorri para minha amiga.
— Você está livre para o cinema? — Mace questionou a namorada
querendo distrai-la.
— Conseguiu entregar o trabalho? — Jayden questionou virando para
mim e eu acenei enquanto bebia meu suco. — Tem coisas suas na
fraternidade.
Eu me virei para o encarar e tentei conter o suspiro apreciativo. Seu
cabelo estava para trás e seus olhos me fascinaram, prendaram-me no lugar.
— Você pode embalar e entregá-las a Leslie.
— Não, eu não posso. Passe lá e pegue-as você mesma.
— Ok. Eu pareço idiota? — questionei firmemente e ele sorriu,
negando. — Você, com certeza acha. Deixa eu te dizer, eu não sou. Fique
com as coisas, eu não me importo.
— Até seu colar? — Jayden questionou e eu respirei fundo levando a
mão ao pescoço. Não acredito que deixei na sua casa. Não acredito que não
notei que tinha deixado lá.
— Dê a Leslie — pedi, inquieta e Jayden me olhou por alguns
minutos.
— Vamos. — Ele acenou para a porta e eu balancei a cabeça. Sua
mão pegou minha coxa e ele apertou. — Eu não vou entregá-lo a Leslie.
— Você... — Parei de falar quando seu celular tocou. Jayden ficou
tenso olhando a tela e eu o observei se erguer.
— Mais tarde — prometeu a mim e saiu.
Leslie e Mace me acompanharam até o alojamento mesmo eu dizendo
mil vezes que não precisava. Ela, obvio, foi para o apartamento dele.
Na hora do almoço eu pensei em pedir algo, mas meu celular tocou e
eu suspirei vendo o nome de Carrie.
— Qual o problema? — questionei pegando minha bolsa de banho.
Fechei a porta e andei para o banheiro.
— Você pode almoçar comigo? Por favor?
— Com seus pais também, imagino — falei ao chegar no banheiro e
ela gemeu na linha. Carrie odiava almoçar com os pais, porque era o tempo
inteiro recheado de cobranças. No entanto, ela aprendeu na primeira vez que
me levou a um dos almoços, que eu era um escudo.
— Sim.
— Me busque em trinta minutos.
— Em vinte.
— Tanto faz.

Eu me vesti melhor do que o habitual. Os pais de Carrie eram
advogados importantes e sempre levavam a gente a lugares chiques. O short
habitual deu lugar a um vestido justo e sapatos altos. Meu cabelo só foi
puxado em um coque e eu me maquiei.
— Eu estou parecendo uma mendiga na sua frente — murmurei assim
que entramos no restaurante juntas. Carrie estava em um vestido longo e os
cabelos alisados.
— Você está linda. Cala a boca — ela grunhiu seguindo o maitre do
lugar que nos levava a mesa dos pais dela.
Assim que os vi eu apertei a mão de Carrie.
— Quem são com eles? Você disse que era só a gente...
— Eu não falei isso. — Ela desviou os olhos rapidamente e eu jurei
matar ela depois. Ela omitiu.
— Vou matar você — sibilei forçando um sorriso, pois tínhamos
chegado.
— Avery, que surpresa! Não sabia que se juntaria a gente. — Paty
sorriu, mas eu vi seu desconforto. Era um almoço de família.
— Mamãe, não seja indelicada, Avery é da família. Sempre a trago
para os nossos almoços. — Carrie riu forçadamente e abraçou sua mãe. Seu
pai se ergueu junto com o homem e mulher que os acompanhava.
— Você está linda. — Beijei a bochecha do pai de Avery sorrindo.
— Obrigada, Sr. T.
— Desculpa, Paty. Carrie não avisou que era um almoço de negócios
— murmurei quando a cumprimentei. A mãe de Carrie me beijou e pediu que
eu relaxasse, então se virou para as pessoas apresentando Carrie.
— E essa é a melhor amiga dela, Avery — Paty murmurou sorrindo.
— Esses são Frederico e Cinthia. Frederico é candidato a governador
— Sr. T. explicou sorrindo e Carrie e eu os cumprimentamos.
— Vocês estão na faculdade, presumo. — Cinthia sorriu para mim e
Carrie. Nós acenamos e falamos nossos cursos. — Então certeza de que
conhecem meu filho... Oh ele chegou. — Ela se ergueu com um sorriso e
todos viraram para ver ele. Eu só o fiz quando Carrie me beliscou.
Ao girar eu vi Jayden de terno.
Não o meu Jayden de tatuagens, camiseta preta e jeans surrado.
Esse era um Jayden que eu nunca vi. Eu quis chorar por isso. Porque
ao seu lado Valerie era a pessoa que combinava com ele, com esse Jayden.
O que não me pertencia.
Eu me recuperei rápido, mas Jayden nem tanto. Ele estava parado, me
encarando como se eu fosse um fantasma. Eu me virei, incapaz de olhar os
dois juntos, tão perfeitos, e peguei minha taça com vinho. Carrie me encarou
enquanto eu bebia e eu podia ler seu olhar, dizendo que não sabia. Eu não
duvidava.
— Esse é nosso filho e sua noiva, Valerie — Cinthia falou com tanto
orgulho que eu sorri não querendo desagradá-la. O casal se aproximou e
sentou nos lugares vazios a mesa. Como eu não percebi que estávamos
esperando mais pessoas?
— Boa tarde! — os dois falaram e se sentaram, na minha frente. Eu
estava perdida.
— Filho, esses são Paty, Sr. T., Carrie, sua filha, e a amiga, Avery —
Cinthia apresentou e eu vi Jayden acenar nos cumprimentando como se não
nos conhecesse. Valerie nem conseguia nos encarar.
— Sr. T, Jayden está cursando direito. Algum lugar na sua empresa
para um estágio? — Frederico, pai de Jayden murmurou rindo e o pai de
Carrie começou a falar sobre o plano de estágio rapidamente.
Eu bebi minha taça em poucos goles e Paty me olhou, repreendendo.
Eu sorri, me desculpando, e limpei os lábios no guardanapo. Fizemos nossos
pedidos e mesmo que a minha vontade fosse me erguer e sair daqui; eu não
faria isso.
— O que você cursa, Avery? — O pai de Jayden me convocou para a
conversa e eu o encarei. Ele era a versão de Jayden mais velho.
— Enfermagem.
— Por que não medicina? Os médicos são mais renomados — ele
murmurou rindo, como se falar de profissões e escolhas fosse algo concreto.
— A medicina no geral é minha paixão, mas eu gosto de cuidar e
estar perto das pessoas. A enfermagem me possibilita isso — respondi
honestamente e ele riu, descartando minha resposta. Ele me achava tola, eu
percebi.
— E ela vai ser uma enfermeira incrível. — Carrie sorriu enorme me
apoiando e eu peguei sua mão, agradecida.
— Sim, estou ficando velho, logo precisaremos de enfermeiras — Sr.
T. brincou me fazendo rir.
— Vocês conheciam Jayden e Valerie da faculdade? Eles estudam na
mesma que vocês. — Cinthia voltou a tocar no assunto e eu olhei para Jayden
pela primeira vez desde que ele sentou diante de mim.
— Não. Nunca vi — falei firme, sem tremer e ele pegou seu copo
virando-o para não me encarar. Valerie sorriu e negou, também.
— Não conhecemos muitas pessoas — Carrie afirmou me
acompanhando na mentira.
O pai de Jayden era um babaca. Sempre que podia alfinetava qualquer
pessoa no restaurante. Até o garçom. Eu o odiava, e só estava na sua presença
a pouco tempo.
— O almoço foi incrível. Leve as meninas para a festa da campanha
— Cinthia pediu sorrindo para Paty, que prontamente acenou.
— Até logo, enfermeira. — Frederick estendeu a mão para mim e eu
o cumprimentei rapidamente. Idiota. Me despedi de Cinthia e esperei Carrie
fazer o mesmo. Eu precisava ir embora.
Quando vi Jayden se aproximar com Sr. T. eu quis correr. Ele me
olhou calmo e eu encarei Carrie, acenando para irmos.
— Avery, nos vemos em breve. — O pai de Carrie sorriu e beijou
minha testa. Jayden ficou parado e eu o encarei com nojo. Não era só a
aparência que era diferente, Jayden era uma farsa.
— Vamos. — Carrie me puxou para fora e eu andei rapidamente
ouvindo meu coração bater em meus ouvidos.
Nós entramos no carro e ela dirigiu para longe do restaurante.
— Porra, ele é filho desse escroto. Esse cara quer ser Governador? Eu
votarei em um sapo, mas não nele. — Minha amiga esbravejou enquanto eu
balançava a cabeça.
—Você viu como ele estava vestido? Seu cabelo... tudo. Jayden
Trenton é uma farsa.
— Dá para acreditar? E ainda agiu como se não te conhecesse. E
aquela Valerie? Como ela se sujeita a essa humilhação?
Eu não sabia e estava longe da curiosidade. Era por isso que Jayden
não queria ficar comigo? Meu Deus, ele está realmente noivo. Eu me sentia
doente.
Carrie me deixou em casa e eu me tranquei. Leslie ainda não tinha
voltado e isso não era novidade. Eu tirei meus sapatos e puxei meu vestido
para longe de mim.
A batida na minha porta deveria me surpreender, mas não fez. Não
mais.
Eu vesti meu pijama e comecei a desfazer o coque. As batidas ficaram
mais fortes enquanto eu penteava o cabelo e o prendia em um rabo de cavalo.
— Eu sei que está aí — Jayden falou alto o bastante para que eu o
escutasse. — Abre a porta, Avery.
Eu peguei meus fones de ouvido e os coloquei. Eu não queria saber
sobre nada que viesse de Jayden. Porém, enquanto encarei o teto eu senti
necessidade de ouvir suas mentiras. Eu precisava de mais motivos para tirar
Jayden de mim.
Eu me ergui deixando os fones de lado e abri a porta. Ele estava de pé
tomando o espaço, da mesma maneira que fez quando essa loucura começou.
— Avery... — Ele começou respirando fundo e eu percebi o terno
todo bagunçado. A gravata desfeita, os botões da camisa abertos e o paletó
longe de ser visto. — Vamos conversar, por favor.
— Para quê? — perguntei franzindo as sobrancelhas. — Você não me
deve satisfações. É a sua noiva que precisa delas, não eu.
— Baby, eu só...
— Você não deveria ter vindo — afirmei semicerrando os olhos e
Jayden andou pelo corredor bagunçando mais ainda o cabelo que antes estava
perfeito. — Você vai se casar, Jayden. Olhe suas ações, veja se deveria estar
na minha porta, quando uma hora atrás você estava com ela ao seu lado,
fingindo que eu não existia.
— Não, eu nunca poderia fazer isso. Você está na porra da minha
pele, eu acordo e durmo com você na cabeça...
— Então, o quê? Você quer que eu seja sua amante? — questionei,
sorrindo e Jayden encarou seus pés. — O jeito que seu pai falou comigo... e
você estava lá, assistindo.
— Ele é um cretino. Me desculpe pelo que ele falou...
— Não, ele deveria pedir, não você. Nós dois sabemos que ele nunca
fará, então pare. Saia daqui e da minha vida. Eu estava cansada dos seus
jogos sádicos antes, mas agora é pior. Depois de hoje, de ver quem você
realmente é, eu só preciso que você me esqueça.
— Nunca — ele respondeu rápido me puxando pela cintura, me
apertando contra seu peito. — Você não acha que já tentei? Eu queria sentir
pelo menos um terço dessa obsessão que sinto por você, por Valerie. Mas,
não sinto nada, Avery. Nada. Eu nunca a toquei. Não toquei em ninguém
depois de você.
— Pare de mentir! Ela estava de joelhos na sua frente, com você de
jeans aberto. Eu não sou imbecil, Jayden! — gritei empurrando seu peito,
mas ele não me soltou. Jayden me empurrou para dentro do quarto e fechou a
porta com o pé. — Pare com isso.
— Você é a minha garota.
— Não sou. Me solte e saia daqui — pedi, novamente e Jayden me
soltou, porém eu estava presa entre ele e a parede.
Jayden apoiou sua cabeça na parede, em cima do meu ombro,
respirando profundamente.
— Desculpa por mentir — ele pediu baixo e eu senti as lágrimas em
meus olhos. — Eu a toquei. Eu tentei depois de ver você com Justin dias
atrás, mas eu juro, eu juro, Avery, que não consegui. É você quem eu quero.
— Como? Como você me quer? Você está com ela. — Minha voz
quebrou e Jayden segurou minha bochecha enxugando minhas lágrimas.
— Valerie e eu somos noivos há muito tempo. Nossos pais fizeram
esse arranjo — ele explicou sussurrando e eu fechei meus olhos suspirando.
— Meu pai controla minha vida, Avery. Em todos os aspectos.
— Então, eu tenho pena de você. — Eu engoli em seco e o encarei. —
Saia, Jayden.
— Eu preciso de você.
— Você não me tem mais.
Jayden respiro fundo e acenou deixando as mãos caírem ao lado do
corpo. Eu o observei se movendo até a porta.
— E Jayden — chamei encarando a parede ao lado. — Entregue meu
colar a Leslie.
Ele não me respondeu, apenas saiu e fechou a porta.

Eu passei três dias dentro do quarto. Carrie e Leslie apareceram e
ficaram comigo o quanto puderam, mas no final de semana eu pedi espaço.
Elas não sabiam que Jayden tinha ido ao meu quarto, mas agora que eu sabia
de tudo, minhas amigas estavam com pena de mim.
— Eu disse a você — Carrie rosnou quando pegamos nossas notas na
segunda-feira.
Eu tinha tirado um B+ enquanto ela tirou um B. Eu suspirei de alívio.
Não era a melhor nota, mas estava dentro do que eu poderia levar de pior.
— Você sabe onde Jayden está? — Leslie chegou falando rápido e eu
a encarei, confusa. — Ele não voltou para casa desde a quarta passada.
Ninguém sabe onde ele se enfiou.
— Já tentaram o celular? — questionei tentando ficar calma. — A
Valerie? Ele deve estar com ela.
— Ele não está com ela e nem atendendo o celular. Mace está
enlouquecendo. — Leslie parecia realmente preocupada e isso me fez tremer.
Ele está bem. Tentei me convencer. — Liga para ele. Por favor, Avery.
— Eu? Ele não vai me atender também...
— Ele vai — Carrie afirmou séria e eu suspirei. Peguei meu celular e
coloquei na nossa última conversa.
Onde você está?
Cliquei enviar e mordi meu lábio esperando. Ergui meu celular para
as meninas e elas suspiraram.
— Eu disse. Ele está bem. A mensagem chegou lá. Ele está com
internet.
Leslie acenou e se despediu. Eu fui para o meu alojamento e vi uma
das cartas de Ellie. Respondi ela ainda preocupada com Jayden. Onde esse
idiota se meteu? Peguei meu celular mais uma vez e liguei. Chamou algumas
vezes e quando achei que a ligação fosse cair, ele atendeu.
— Onde você está? — questionei sem nem mesmo o saudar.
— Preocupada? — Sua voz enrolou e eu fiz uma careta. Ele está
bebendo?
— Onde você está?
— No meu apartamento. O que é? — Eu o ouvi se movimentar e
suspirei.
— Você está bêbado.
— Faz uns dias.
— O que? Como assim? Você está bebendo desde...
— Sim, desde que você me deu um pé na bunda — ele gritou do outro
lado e eu engoli em seco. O que diabos eu ia fazer?
— Manda a localização — pedi pegando minhas chaves e bolsa.
— Você vai vir? — A ansiedade da sua voz me fez arrepiar.
— Sim.
Eu desliguei o celular e sua localização chegou imediatamente.

Parei meu carro no estacionamento privado vinte minutos depois. O
prédio era ridiculamente caro e o porteiro só me liberou depois que Jayden
autorizou.
Entrei no elevador mordendo meu lábio. Eu não sabia que Jayden
tinha um apartamento. Eu não sabia nada da sua vida. Como diabos eu me
apaixonei por ele, se eu sequer sei quem ele é?
Quando as portas se abriram Jayden já estava na porta do seu
apartamento. Eu me movi devagar e ele entrou deixando espaço para mim.
— Por que você está ignorando Mace e Leslie? Eles estão
preocupados com você — falei firme quando entrei no espaço.
A sala estava com tanta garrafa de cerveja vazia que o cheiro
embrulhou meu estomago. Tinha caixas de pizzas e embalagens de comida
chinesa pelo chão e além. Jayden voltou para o sofá e eu cruzei meus braços
vendo seu estado.
Seu cabelo estava uma bagunça, seus olhos vermelhos e dilatados.
Merda.
— Você usou drogas? — questionei, me aproximando e ele me olhou
sem falar nada. Seu peito estava nu e ele usava apenas uma boxer preta. —
Responde.
— Sim — ele suspirou e desviou os olhos dos meus.
— O quê? — perguntei me aproximando, mas novamente, Jayden
ficou em silêncio. — Onde estão? Pegue todas e jogue no lixo. Eu não estou
brincando, Jayden! — gritei me movendo e ele sorriu.
— Estou brincando. — Sua voz rouca soou divertida e eu peguei a
almofada e joguei em direção a cara dele.
— Não brinque com essa merda — berrei, nervosa e ele riu mais
ainda. — Limpe essa porcaria.
— Eu estou bêbado.
— Não parecia quando desviou da almofada. Limpe tudo, não vou
ficar nem um segundo a mais nesse chiqueiro — ameacei e Jayden se ergueu
rapidamente.
Com vinte minutos ele juntou o lixo e limpou a mesa de centro. A pia
estava com pratos sujos, mas isso eu não ligaria.
— Satisfeita? — Jayden questionou mostrando seu trabalho e eu
suspirei, acenando.
— Agora, você pode falar com Mace? — pedi apontando para o seu
celular. Jayden acenou e enviou mensagens para seu amigo.
Quando ele terminou, eu o vi me olhar com os mesmos olhos bonitos
que eu amava. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis?
— Eu acabei tudo com Valerie. Meus pais também sabem. É por isso
que estou aqui, eles cancelaram a minha matrícula na faculdade, tiraram meu
carro e tudo que eu tinha. Só me sobrou esse apartamento.
Meu estômago esfriou e esfriou a cada palavra.
— Eu o herdei dos meus avós — Jayden continuou falando e eu
mordi meu lábio, trêmula. — Eu passei toda a minha vida tentando ser
alguém que meus pais queriam. Mas eu não sou essa pessoa. Eu tentei muito,
mas não conseguia, então você entrou no meu mundo. Me entregou algo
valioso e eu me viciei. Eu queria você, a cada dia. Todos os dias.
— Jayden...
— Enfim, você se cansou de ser meu segredo e eu fiquei louco. Eu
realmente enlouqueci, porque você é a única pessoa que conhece o
verdadeiro Jayden. Eu não quero carros caros, dinheiro ou jantares se você
não estiver comigo. Estava mais que na hora de eu me libertar dos meus pais.
— Ele não parecia mais bêbado enquanto falava, sua voz era clara e firme. Eu
desejei me apegar cada palavra. Cada revelação.
— Você a traía comigo. Eu era a sua amante — murmurei, sentindo
meu peito pulsar de dor. Meus olhos queimaram com lágrimas quando ele
encarou o chão. — E mesmo depois dela saber, eu voltei para sua cama. Você
deixou que eu fizesse esse papel enquanto mentia.
— Valerie sabia de nós dois. Ela já nos viu juntos — ele suspirou me
olhando e eu me encolhi, piscando. — Você estava dormindo e eu a mandei
embora.
— Oh meu Deus...
— Valerie não está machucada ou qualquer coisa que esteja
imaginando. Esse noivado era uma coleira em volta dos nossos pescoços.
Nenhum de nós queríamos. Ela me enviou mensagens agradecendo por eu ter
desistido e a libertado.
Eu arregalei os olhos, surpresa demais para me impedir.
— Eu nunca a traí e você não foi amante, porque o que tínhamos era
nada. Você e eu temos tudo, eu juro, Avery — Jayden pediu se aproximando
e eu fiquei tensa quando ele se sentou e me puxou para o seu colo.
— Não...
— Avery, eu quero você. Só você, eu juro que acabou as mentiras e
omissões. — Jayden segurou meu rosto entre os dedos suspirando. Eu senti
minhas lágrimas caindo e ele beijou minhas bochechas. — Eu te amo, baby.
Eu solucei me agarrando ao seu corpo sentindo meu coração bater
violentamente. Nós percorremos um caminho difícil, com algumas rosas, mas
a maior parte, espinhos. E eles nos machucaram, porém nos fortaleceram
igualmente.
— Eu te amo — falei me afastando e Jayden sorriu antes de me puxar
contra seu peito. Sua boca tocou a minha e eu esqueci o mundo ao redor.
Esqueci por alguns segundos nosso passado e as mentiras.
Suas mãos deslizaram pela minha cintura e ele puxou meu vestido
para fora do meu corpo. Eu puxei sua cueca ainda com seus lábios presos aos
meus. Quando juntamos nossos corpos eu gemi me afastando. Jayden sorriu
me observando com os olhos baixos, embriagados de desejo. Sua mão
esquerda apertou meu mamilo e a outra minha nádega. As marcas
apareceriam amanhã.
— Diga novamente. — Jayden girou me fazendo deitar no sofá e
empurrou dentro de mim profundamente, me fazendo arquear gemendo.
— O quê? — questionei, confusa.
— Que me ama. — Sua voz ficou apreensiva e eu segurei seu rosto
me elevando um pouco até ficar com o nariz contra o seu.
— Diga você. Nós dois sabemos que eu o amo há algum tempo. Seu
amor é o único que parece irreal — falei firme e gemi quando ele alcançou
um ponto doce dentro de mim.
— Eu amo sua bunda, baby. Quando você vai me dar ela? — Ele
sorriu, brincando e eu dei um tapa em seu braço. — Eu te amo e isso é a
única coisa verdadeira dentro de mim.
Eu acreditei nele.
Jayden e eu fizemos amor no sofá e no seu quarto. Nós ficamos o dia
inteiro no apartamento e quando anoiteceu eu ainda estava empoleirada em
seu peito, segurando-o comigo, com medo de o perder.
Eu sabia que teríamos problemas futuros, porém eu apenas me prendi
a Jayden, ao amor e a verdade.

— Eu preciso ir para a faculdade, Jayden — murmurei baixo na
manhã seguinte enquanto ele estava entre as minhas pernas, me lambendo. O
orgasmo me quebrou e eu gritei puxando seu cabelo.
— Não, você não precisa. — Ele beijou meu clitóris e eu gemi
puxando-o pelo cabelo. Ele beijou minha boca e eu lambi seus lábios.
— O que você vai fazer agora sem estar na faculdade? — perguntei,
sorrindo e ele me puxou para o seu peito.
— Vou abrir meu próprio negócio.
— Que seria? — questionei, curiosa e ele sorriu erguendo o braço.
Percebi apenas alguns segundos mais tarde que ele estava falando das
tatuagens. — O quê?
— Eu fiz as minhas — ele explicou olhando para todas em seu corpo
e eu tremi em êxtase.
— Faça uma em mim — pedi, nervosa, porém feliz. O olhar de
Jayden brilhou e ele beijou minha boca.
— Não até eu conhecer seus pais — ele falou completamente sério e
eu franzi as sobrancelhas.
— Jay...
— Depois. — Ele me cortou e eu suspirei, acenando.
— Você tem dinheiro? Para montar o estúdio — expliquei rápido.
— Pouco, mas dá para começar. Não vou me preocupar com casa,
então só preciso fazer dinheiro e comprar um carro. Em alguns meses, vou
estar estabilizado. — Sua voz soou sonhadora e convicta.
— Você já tem clientes?
— A faculdade inteira. — Ele sorriu e eu me apaixonei um pouco
mais. — Preciso conhecer sua família, no entanto. Antes de tudo isso.
— Por quê? — questionei, confusa. Eu queria que ele conhecesse
meus pais e Ellie, obviamente, mas tão rápido?
— Porque sou seu namorado. Quero que eles aprovem nós dois.
Preciso que pelo menos uma família nos receba bem, entende?
— A sua me odiará — falei, assim que entendi seu pensamento.
— Eu a amo e isso é tudo.
— Mas...
— Avery. — Jayden segurou meu queixo e me fez desviar o olhar do
meu colo para os seus olhos. — Eu só preciso de você.
Eu relaxei e acenei, engolindo em seco. Tudo ficaria bem.
— Agora mova sua bunda doce aqui — ele apontou para o seu colo e
eu senti minhas bochechas, colo e seios ficarem vermelhos, porém segui seu
pedido.
Jayden me deixou sair para a faculdade uma hora depois.

— O... — Carrie ia começar a falar, mas quando olhou meu pescoço
se deteve. Eu o toquei, sentindo a corrente do meu colar que Jayden me
devolveu. Passei a mão imaginando se estava sujo e procurei um espelho.
Gemi vendo um chupão. Jayden.
— Eu estou namorando? — questionei franzindo a testa e ela sorriu se
jogando ao meu lado.
— Me conta tudo. Você fodeu a noite toda sua putinha — ela xingou
rindo e eu contei tudo, menos o sexo, obvio.
— Eu fiz certo? — perguntei, nervosa por um momento.
— Você seguiu seu coração e isso é o mínimo que devemos fazer para
ser felizes. — Ela sorriu, mas seu olhar era triste.
— E Davie? — perguntei tocando sua mão e ela olhou para mim
triste.
— Ele me viu com Matt.
— O quê? Mas... Matt? — perguntei, surpresa e ela acenou, fechando
os olhos.
— Ele me chamou para jantar com ele. Eu fui, porque... eu não sei.
Enfim, Davie nos viu quando Matt foi me deixar em casa. — Os ombros de
Carrie desceram e eu segurei sua mão mais apertado.
— Ele te tratou mal? Te julgou?
— Não. Não. Ele só pediu que eu vivesse o que eu queria. Se não era
mais ele, tudo bem, ele iria me respeitar. Então, virou as costas e foi embora.
— Carrie passou a mão no rosto e eu peguei as lágrimas em seus olhos. — Eu
sinto que o traí de alguma forma, eu fico achando que sair com Matt foi
errado.
— Mas, não foi, Carrie. Você está solteira.
— Eu sei e isso me machuca. Eu não quero estar solteira. Eu quero
meu Davie — ela disse, limpando as bochechas com mais força. — Eu
preciso dele.
— Então você tem sua resposta — eu murmurei sorrindo e ela me
encarou por alguns segundos antes de sorrir e acenar.
— Você pode ir comigo até o prédio dele? — ela pediu mordendo a
bochecha e eu acenei, me erguendo.
Nós caminhamos pelo campus e quando chegamos ao prédio de
matemática, Carrie me guiou até a sala de Davie. Assim que nós entramos
vimos Davie na última cadeira, porém uma garota estava na sua frente.
— Foi com ela — Carrie murmurou perto de mim, pronta para sair,
mas eu derrubei um pote de canetas e os dois nos encararam. Davie se ergueu
e deixou a menina sozinha. — Você é um idiota.
— Não. Não faça isso. Eu não estava fazendo nada — ele implorou se
aproximando mais e Carrie olhou para a garota que parecia chorar.
— Por que está chorando? Você deveria estar feliz por ter conseguido
nos afastar — Carrie gritou para a garota e ela baixou os olhos,
envergonhada.
— Ele não me quer. Nunca quis. Eu enviei fotos para ele, mas ele
sempre apagou e nunca respondeu. — A garota desviou os olhos para a
parede e suspirou. — Mesmo longe de você, ele ainda não me quer.
A dor em sua voz era verdadeira e por alguns segundos eu senti pena,
porém esqueci ao lembrar o quanto Carrie sofreu.
— Vamos embora — Davie pediu andando até Carrie, que se
esquivou.
— Então como ele me traiu com você? — ela perguntou irritada e a
menina engoliu em seco.
— Ele estava bêbado demais. Foi fácil.
— Você é nojenta — murmurou Carrie franzindo a testa e se virou,
saindo da sala.
Davie andou para fora junto comigo e nós ficamos em silêncio até
alcançarmos o meu carro.
— O que veio fazer aqui, C.? — Davie perguntou parado, com as
mãos no casaco, parecendo tão triste quanto antes.
— Nada.
— Carrie — implorei, a encarando sério e ela suspirou, fechando os
olhos.
— Você decidiu ficar com aquele cara? Você veio me contar? —
Davie perguntou engolindo em seco e eu percebi seus punhos cerrados dentro
do casaco.
— Eu não quero Matt — ela sussurrou, olhando para ele e eu me
aproximei mais do meu carro. — Eu ainda continuo querendo você mesmo
depois de tudo. Eu sou tão estúpida.
— Me perdoe, baby. Por favor, me perdoe. Eu juro nunca mais fazer
isso — Davie implorou tirando as mãos do bolso e Carrie suspirou. — Eu
amo você, Carrie. Só você.
— Eu... ok. — Ela deixou seus ombros caírem e Davie se aproximou
rapidamente a pegando em seus braços. Carrie sorriu e rodeou as pernas no
corpo dele. — Eu vou castrar você na próxima vez.
— Não vai ter próxima, amor. Eu te amo.
— Eu te amo, Davie.
Eu sorri e entrei no meu carro vendo os dois se beijarem.

— Você precisa relaxar — pedi a Jayden enquanto ele puxava as
mangas da camisa para cobrir suas tatuagens. — Meus pais não se importam.
— Baby, eu tenho tatuagens da cabeça aos pés e se um garoto como
eu chegar na minha casa com a nossa filha, eu vou mandá-lo embora — ele
falou sério passando a mão pelo cabelo agora. Seu olhar brilhou e eu suspirei.
— Nossa menina, se a tivermos, vai namorar quem ela quiser.
— Se a tivermos? Vamos ter quatro filhos — ele murmurou sério e eu
ergui as sobrancelhas. — Dois meninos e duas meninas.
— Você está louco — eu disse abrindo a porta do carro e desci. A
porta de casa já estava aberta e meus pais estavam de pé. Papai encarou
Jayden dos pés à cabeça e senti meu namorado – sim, eu nem acreditava
ainda – ficar tenso.
— Avery disse que você é um tatuador. — A voz dele estava séria e
eu franzi as sobrancelhas, meu pai era relaxado, não sério.
— Sim, senhor. Sou o Jayden, a propósito. — Jayden estendeu a mão
para meu pai e ele o puxou.
— Me mostre alguns desenhos. Quero fazer algumas no meu braço.
— Tyler! — Mamãe ecoou balançando a cabeça e todos nós rimos.
Ellie me abraçou quando entramos e Jayden ficou com meu pai,
conversando. Minha irmã me cutucou quando eu o olhei.
— Ele parece um bad boy de livros — Ellie afirmou séria e eu ri,
acenando.
— Verdade.
— O jantar está pronto. Vamos lá!
Nos movemos juntos para a cozinha e sentamos perto. Jayden sorriu,
parecendo bem relaxado e eu fiquei aliviada.
Seus pais não entraram em contato com ele desde que desistiu do
casamento e que estamos junto. Isso já fazia pouco mais de um mês, às vezes
eu o via olhando para o celular perdido em pensamentos. Eu sabia que estava
esperando pelo menos sua mãe entrar em contato.
Jayden tinha montado seu estúdio rápido e hoje já tinha muitos
clientes. A faculdade inteira. Ele comprou o carro que queria semana passada
e era bonito assistir seu orgulho por ter algo dele, que foi comprado por ele.
Jayden Trenton era um cara incrível, eu só tive que ter paciência com
ele.
— Você chega em quanto tempo? — Jayden perguntou pelo telefone
enquanto eu pegava mais duas camisetas. Era sexta e eu ia para o seu
apartamento sempre que chegava das aulas.
— Vinte minutos. Eu estou procurando meu tênis. Você disse que
correríamos amanhã — o lembrei me agachando para ver se estava embaixo
da cama.
— Está em casa e eu vou com você. Tenho uma última sessão. Entre
quando chegar.
— Isso não é legal. Seus clientes não gostam quando entro assim —
disse pela milésima vez e ele balbuciou foda-se. — Estou indo. Te amo!
— Te amo! Cuidado.
Desliguei o celular e peguei a mochila enfiando as camisetas nela. A
maioria das minhas coisas estava no apartamento do Jayden e eu precisava
pegá-las. Sem que ele veja, no entanto. Ele fica meio louco quando me vê
movendo minhas coisas da sua casa. Jayden queria que eu me mudasse.
Era cedo. Muito cedo.
Andei até meu carro minutos depois e parei vendo uma mulher loira
próxima a ele. Cinthia. Engoli em seco e forcei minhas pernas a voltarem a se
mover.
— Boa tarde, Cinthia — falei tentando definir seu humor. Ela nunca
tinha falado comigo depois do almoço e nem com seu filho.
— Boa tarde, Avery. Nós podemos conversar? — A cautela em sua
voz me fez franzir as sobrancelhas.
— Sobre Jayden?
— Sim.
— Você quer entrar? Ir a um café? Tem um aqui ao lado — apontei
para o lugar a duas quadras e ela acenou, segurando sua bolsa cara e com os
óculos de sol.
Nós caminhamos em silêncio e quando nos sentamos Cinthia tirou os
óculos. Ela parecia mais magra, eu poderia dizer. Suas bochechas estavam
finas e seus olhos fundos.
— Você está bem? — perguntei, preocupada. Nós pedimos dois cafés
e o garçom saiu.
— Como ele está? — Ela ignorou minha pergunta e foi direto ao
assunto.
— Bem. Jayden está bem.
— Sei que não mereço saber, mas eu... — Ela parou de falar e
suspirou, desviando os olhos dos meus. — Frederico sempre foi muito
rigoroso com Jayden. Eu sempre tentei contornar, mas meu marido é difícil.
Ele não quer contato com Jayden, mas eu não consigo ficar sem saber do meu
filho.
Eu senti meu coração se encolher por ela.
— Ele está bem. Montou o estúdio e está ótimo. Você não precisa se
preocupar — eu falei tentando consolá-la e Cinthia sorriu pegando minha
mão. Eu fiquei tensa por alguns segundos.
— Eu sabia que você o faria feliz. Sabe, quando ele contou para a
gente que amava outra garota. Eu sabia que a garota o faria feliz, mesmo se
eu não estivesse por perto. — Ela sorriu, mas seus olhos estavam cheios de
lágrimas.
— Você deveria mandar uma mensagem a ele. Eu tenho certeza de
que ele espera isso.
Cinthia me observou por alguns segundos e suspirou, sorrindo.
— Eu vou. Obrigada, Avery.
— Espero que fiquem bem. Jayden sente sua falta.

Quando entrei no estúdio momentos depois Katrina estava arrumando
algumas fichas e sorriu para mim. Jayden contratou a garota para ser
recepcionista. Ela tinha apenas dezessete, mas gostava do trabalho.
— Jayden ainda está...
— Sim e já veio aqui duas vezes procurando por você. Corra. — Ela
sorriu com as bochechas vermelhas e eu acenei, passando por ela.
Quando entrei na sala, Jayden estava entre as pernas de uma garota,
tatuando algo na sua coxa interna ou na sua vagina, eu não sabia. Eu me
incomodei quando vi ele com a primeira menina, mas eu esqueci isso quando
vi o olhar focado dele.
— Cheguei, amor — avisei da porta e ele ergueu a cabeça.
— Você demorou quarenta minutos, não vinte.
— O que são vinte minutos? — questionei rindo, mas ele balançou a
cabeça, chateado. — Vou esperar você com Katrina.
— Não, fique aqui — ele pediu e a garota olhou para mim. Suas
bochechas tiveram a decência de corar quando me viu. Ele estava tatuando a
parte interna da coxa dela.
Eu não discuti. Abri seu notebook e coloquei em uma das aulas online
que a faculdade disponibilizou. Eu começaria a estagiar semana que vem no
hospital da cidade e eu estava tão ansiosa quanto apreensiva. Depois de vinte
minutos, Jayden terminou e a garota saiu.
— Onde você foi? Eu fiquei preocupado, Avery.
Suspirei me erguendo e caminhando até ele. Jayden limpou todo o
banco com álcool e se afastou para guardar suas coisas. Eu me sentei e
esperei ele voltar.
— Sua mãe foi me encontrar.
— Como? — Ele franziu as sobrancelhas e eu acenei. — O que ela
queria?
— Saber de você. Nós tomamos um café e fim, eu cheguei aqui —
murmurei sorrindo e beijei sua boca. — Tenho certeza de que vocês todos
vão se resolver — afirmei, tocando sua bochecha e Jayden suspirou.
— Espero que sim.
Eu empurrei minha boca na dele e mordi seu lábio, gemendo e
chupando ele de volta. Jayden segurou minha bunda e apertou me fazendo
gemer mais.
— Você quer foder aqui mais uma vez? — ele questionou rouco de
desejo e eu senti minhas bochechas esquentarem lembrando que fizemos sexo
aqui antes do estúdio abrir.
— Não. Em casa — disse sem folego e me afastei. — Você está me
devendo minha tatuagem. Eu não esqueci.
— Ok. O que você quer fazer?
— Hum, eu não pensei ainda...
— Eu sei de algo — Jayden me interrompeu e se afastou. Ele voltou
com seu caderno de desenhos. — Aqui.
Ele apontou para o desenho pequeno de um triangulo com uma flor
rosa e branca dentro. Era delicado e eu quase podia tocar a flor, de tão real
que ela parecia.
—A flor se chama Magnólia e é conhecida na China como o símbolo
da pureza e da verdade. O triangulo somos nós três — Jayden explicou
devagar e eu toquei minha barriga.
— Eu não estou grávida — murmurei, ainda aturdida e Jayden sorriu
segurando minhas bochechas.
— Você está.
— Eu estou? — murmurei devagar, e meus olhos encheram de
lágrimas. — Como?
— Eu monitorei seu ciclo. Você está atrasada há dez dias.
— Mas pode não ser — falei, engolindo em seco. Jayden limpou meu
rosto ainda sorrindo.
— Eu sei que está.
Eu estava, descobri à noite. Jayden fez a tatuagem em seu peito, não
em mim. A tatuagem sempre foi para ele.
— Eu amo você, Avery. Obrigado por não desistir da gente — Jayden
murmurou depois de fazermos amor. Eu me aninhei em seu peito e beijei a
tatuagem coberta pelo plástico.
— Eu te amo. A espera valeu a pena. — Sorri, falando e Jayden tocou
minha barriga nua.
— Valeu.

FIM.
Eiiiii, obrigada por chegar até aqui! Espero que tenham gostado.
Escrever sobre Jayden e Avery foi muito intenso. Esse casal era problema
antes mesmo de ser escrito. Adorei dar vida a eles e eu espero que tenham
gostado também.
Gratidão as minhas leitoras. Amo vocês! Obrigada por sempre
apoiarem meus trabalhos e pelo carinho que têm comigo.
Beijos!
Evilane Oliveira.
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