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06 PASSOS PARA

A ESTRUTURA
PERFEITA DA SUA
ESCRITURA
Introdução

Este material tem como intuito direcionar aqueles que


desejam estudar para os concursos de cartório e pretendem
entender um pouco mais a respeito da segunda fase.

Este material é a explicação da montagem de uma escritura


pública, um passo a passo.

A partir do entendimento da formalidade de uma escritura


pública, passa a ser mais simples a compreensão de um ato de
registro, ou seja, compreenderás, a partir da confecção de uma
escritura pública, o registro de um ato junto ao registro de
imóveis.

Bons estudos!!

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As escrituras públicas possuem em sua estrutura, pontos
iguais. Isto significa dizer que todas elas terão em comum
muitas partes, ainda que, por exemplo, uma seja declaratória e a
outra seja de uma transmissão imobiliária. Vamos aos pontos
comuns então:

1 – Cabeçalho do ato, com nome da serventia e demais dados


obrigatórios.
• Normalmente, todos estes dados estão na folha da serventia.
Mas é importante demonstrar que você sabe que isso existe.

2 – Livro, folha e algum outro dado que esteja previsto no


Código de Normas do Estado.
• Cada estado terá itens obrigatórios no cabeçalho (protocolo,
número geral, etc). Importante analisar o Código de Normas do
Estado para complementar.

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3 – Título da escritura. Dado de muita importância.
• Muitas vezes, num ato só, temos mais de uma escritura
prevista, como por exemplo: ESCRITURA PÚBLICA DE CESSÃO
DE DIREITOS HEREDITÁRIOS, RENÚNCIA DE DIREITOS
LEGATÁRIOS, INVENTÁRIO E PARTILHA. Aqui temos, pelo
menos, 3 atos que poderiam ser separados se as partes
solicitassem em momentos distintos. O título sempre terá
destaque no texto. Então, na sua prova, escreva em letras
garrafais. Isso demonstra que você conhece do assunto.

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4 – Qualificação dos comparecentes ao ato.
• Esta é uma parte exclusivamente do tabelião de notas.
Lembre-se que essa é uma das funções primordiais do notário:
qualificar as partes. Isto significa dizer que tudo que aqui estiver
descrito é de responsabilidade do notário. Esta parte inicia logo
após o título da escritura (normalmente com a famosa frase
”Saibam todos quantos esta pública escritura...”) e finaliza
quando coloca-se que o tabelião auferiu a qualificação e deu fé
(“Os presentes reconhecidos e identificados documentalmente
como sendo os próprios por mim, TABELIÃO DE NOTAS, do que
dou fé). Veja, aqui dá-se a fé pública do tabelião.

• Importante saber que, deve-se enumerá-los em ordem de pre-


sença e importância do ato. Assim, o advogado assistente não
deve ser o primeiro a ser qualificado, uma vez que ele é o
assistente do ato. O comprador não deve vir antes do vendedor,
pois primeiramente tem-se alguém que quer vender, para
depois haver alguém que queira comprar. E assim, sucessiva-
mente. É uma ordem hierárquica no ato. E eles devem fala nesta
respectiva ordem.

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4.1 – A informação de ano de casamento em um problema é
para que vocês tenham conhecimento se o regime escolhido
requer pacto antenupcial ou não e se o cônjuge assina como
transmitente ou assina dando a vênia conjugal ou, por fim, se
não assina. Assim, o que importa não é a data em si (salvo se for
26/12/1977 ou 27/12/1977), mas se o casamento se deu antes ou
depois da Lei 6.515/77, para saber qual o regime de bens vigente.
Isso deve constar no ato, pois importa para a qualificação
registral posteriormente. Se não constar, o registrador irá
impugnar o ato.

4.2 – A qualificação é importante que seja homogênea, isto é,


coloque sempre na mesma ordem, para todas as partes
comparecentes. O advogado ou interveniente do ato DEVEM
ser qualificados na íntegra.

• Indico que escolham uma forma de fazer e façam sempre da


mesma forma: NOME, NACIONALIDADE, PROFISSÃO, ESTADO
CIVIL, FILIAÇÃO, RG, CPF, ENDEREÇO.

• Se é um casal, até pode-se colocar uma qualificação mista,


mas para isso a pessoa tem que ter prática, pois pode vir a
esquecer algo: NOME, PROFISSÃO, FILIAÇÃO, RG, CPF, casado
pelo regime _______ na vigência/anteriormente à Lei 6.515/77
com NOME, PROFISSÃO, FILIAÇÃO, RG, CPF; NACIONALIDADE,
RESIDENTES E DOMICILIADOS EM_____.

• Atente que o Provimento 61 do CNJ traz e-mail e declaração de


união estável como itens obrigatórios. Mas atente também que
o artigo 1º do referido provimento remete ao requerimento para
encaminhamento do ato, ou seja, não define que a escritura
pública deverá ter esta informação.

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5 – Logo após vem as declarações das partes, ou seja, aquilo
que foi pedido para lavrar.
Este item se assemelha ao padre da Igreja Católica menciona
que ele não celebra o casamento, pois quem o faz são os noivos.
Ele apenas conduz. Numa analogia esta é a parte em que o
tabelião não é o declarante, mas mero condutor da legalidade
jurídica, da boa-fé, da segurança e da fé pública.

• Neste ponto temos todas as declarações dos comparecentes


no ato. Somente será retomada a fala pelo tabelião quando ele
aufere certidões apresentadas, pagamento de impostos e
encerramento do ato.

• É importante ressaltar alguns itens da Lei 8.935/94, para que


fique claro a necessidade do tabelião redigir um ato em sua
corretude e de acordo com a lei:

“Art. 1º Serviços notariais e de registro são os de organização


técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.”

“Art. 4º Os serviços notariais e de registro serão prestados, de


modo eficiente e adequado [...]”

“Art. 6º Aos notários compete:


I - Formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - Intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes
devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade,
autorizando a redação ou redigindo os instrumentos
adequados, conservando os originais e expedindo cópias
fidedignas de seu conteúdo;

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III - autenticar fatos.”

• Gosto muito do que diz o artigo 568, inciso “c” da Consolidação


Normativa Notarial e Registral do Estado do Rio Grande do Sul:
“redigir, em estilo correto, conciso e claro, os instrumentos de
sua competência, utilizando os meios jurídicos mais
adequados à obtenção dos fins visados”.

• Por fim, é importante dizer que a escritura pública deve ser


objetiva, sem excesso de repetição de dados já inseridos, o que a
difere de um contrato particular no qual as cláusulas se
repetem, são mencionadas e referenciadas ao longo do
mesmo.

• A escritura pública é uma narrativa, como se o tabelião


estivesse contando ao registrador civil, por exemplo, tudo que
aconteceu em sua frente:

‘‘No dia de (XX), compareceram lá na serventia, João e Maria,


eles me disseram que queriam se divorciar. João disse (xx),
Maria disse (XX). O advogado deles disse que conversou com
eles antes, mas que eles permanecem firmes na vontade de se
separar. Então na qualidade que me foi delegada, os declarei
divorciados. Para que tudo isso acontecesse, eles me
apresentaram os documentos (XX). Por fim, eu analisei as
formalidades do ato, avisei que eles deveriam levar a escritura
para ti, registrador civil, para que o ato tivesse efeitos perante
terceiros, e estando tudo conforme, então ratificamos o que foi
dito e eles assinaram o ato que eu encerrei por fim.’’

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• Em poucas linhas foi narrado uma escritura pública de
divórcio. Quando se verifica que a escritura é uma narrativa,
uma história, o desenrolar da escritura torna-se muito mais fácil
de inserir, o que facilita na hora da prova.

• A ordem de narrativa de uma escritura pública será pela ordem


de qualificação pelo tabelião.

• Então, sempre iniciamos pelo outorgante e finalizamos pelo


outorgado. Havendo intervenientes, estes falarão por último se
for apenas para concordância de algum item legal (por
exemplo: artigo 496 do Código Civil). Quando o interveniente for
o assistente (divórcios, partilhas, inventários, acordos
extrajudiciais, etc) é importante que se analise a sua função e a
insira no decorrer do texto.

• Analisemos, então, a ordem adequada para o ato, quando há


mais de uma parte presente (em escrituras declaratórias onde
somente um comparece, toda essa narrativa será ele que
falará):

5.1 – DECLARAÇÕES DO OUTORGANTE.


Todas as declarações do outorgante (doador, vendedor, o que
dá em pagamento, o que deve, etc) devem vir neste momento.
Fica mais claro para alguém que está lendo saber tudo que ele
fala em um bloco só de declarações.

Aqui temos a declaração de que ele é dono, descrição do imóvel,


por quanto vende, a quitação do valor recebido, todas as
declarações obrigacionais, a transferência do bem, as
declarações legais – negativas, tributos, assunções de cláusulas,
etc.

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Uma forma de iniciar o ato: E, pelo outorgante (vendedor, doador,
transmitente, etc) foi dito que [...].

5 . 2 – D E C L A R A Ç Õ E S C O N J U N TA S D E O U T O R G A N T E E
OUTORGADO
Quando há necessidade de acordo entre cláusulas específicas do
ato, o outorgante e o outorgado devem falar em conjunto. Este é o
local adequado para falarem, pois o outorgado deve falar por último
e após os ajustes entre partes, para que dê o aceite da escritura na
forma como foi narrada.

Assim, se há um ajuste sobre assunção de algum valor atrasado


(débito de IPTU), no qual o vendedor assume uma parte e o

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comprador outra. Este será o momento para as devidas
declarações e ajustes.

Pode-se utilizar os seguintes dizeres para iniciar esta narrativa:


Pelos outorgantes e outorgado foi dito que [...].

5.3 – DECLARAÇÕES DO OUTORGADO


Por fim, chega o momento de o outorgado aceitar todas as
cláusulas e condições narradas no ato.

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As declarações do outorgado devem conter as devidas
dispensas de certidões ou ônus não apresentados, a ciência dos
ônus ora assumidos (quando há), o aceite final, a quitação
quando é necessária.

Os dizeres usuais para esta parte final de narrativa: Pelo


outorgado (comprador, adquirente, donatário) foi dito que,
aceitava esta escritura em seus expressos termos [...].

5.4 – DECLARAÇÃO DE INTERVENIENTES.


Quando o ato requer a interveniência de alguém, esta é a parte
da narrativa em que ele fala. Logo após todas as partes
declararem e aceitarem o que foi dito. Os intervenientes não são
parte do acordo bilateral de vontades, mas sem sua anuência, o
ato pode ser considerado anulado.

Desta forma o aceite do ato deve ocorrer logo após todas as


declarações do acordo bilateral, ou seja, ele já tem
conhecimento de toda a transação para então dar o aceite.

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Alguns exemplos: venda de ascendente para descendente
necessita do aceite dos colaterais; o condômino de um imóvel
que é vendido a terceiro; o cônjuge que assina informando que
a aquisição é única e exclusiva do seu cônjuge (imóvel será
considerado bem particular), etc.

A declaração, então, é logo após o aceite do comprador e pode


ser inserido de forma bastante sucinta: Pelo(s) interveniente(s)
(assistente, anuente, etc) foi dito que concordava com todos os
termos destas escritura, nada tendo a opor, comparecendo em
c u m p ri m e n to ( a q u i m e n c i o n a - s e a r t i g o d e p o rq u e
comparece, etc).

6 – RETOMADA DA NARRATIVA PELO NOTÁRIO


Neste momento, logo após as declarações de todos os
comparecentes, o tabelião retomará a narrativa do ato, para
suas declarações finais.

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6.1 – Primeiramente insere as certidões apresentadas
(matrícula, negativas apresentadas, etc). Se o estado possui
algum tipo de indexador ou arquivo próprio, este será o
momento de informar.

6.2 – Logo após certifica o pagamento do tributo se houver.

6.3 – Declara a DOI, se houver. Uma possibilidade: “Foi emitida a


Declaração de Operação Imobiliária/DOI, conforme Instrução
Normativa/SRF número 1112 de 2010”.

6.4 – Certifica o acesso à CNIB, se houver.

6.5 – Finaliza o ato: “Assim o disseram.....aceitaram, ratificaram,


outorgaram e assinam. Eu, tabelião de notas, ....., dou fé.”

6.6 – Emolumentos e demais cobranças pertinentes ao ato.

6.7 – Assinaturas dos comparecentes.

6.8 – Insere-se local e data novamente e o tabelião assina o ato.

ATENÇÃO:
- O tabelião sempre finaliza o ato.
- As partes devem assinar antes.
- Sem a assinatura dele o ato não tem validade.

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Patrícia Presser
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ATENÇÃO: Peça montada pela autora. Todos os direitos reservados, sob pena da Lei.

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