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DEFICIÊNCIA DE FERRO E ANEMIA FERROPRIVA

DEFINIÇÃO

FATORES DE RISCO

1. Baixa reserva materna


 Gestações múltiplas com pouco intervalo entre elas
 Dieta materna deficiente em ferro
 Perdas sanguíneas
 Não suplementação de ferro na gravidez e lactação

2. Aumento da demanda metabólica:


 Prematuridade e baixo peso ao nascer (< 2.500g)
 Lactentes em crescimento rápido (velocidade de crescimento > p90)
 Meninas com grandes perdas menstruais
 Atletas de competição

3. Diminuição do fornecimento:
 Clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto de vida
 Aleitamento materno exclusivo prolongado (superior a seis meses)
 Alimentação complementar com alimentos pobres em ferro ou de baixa
biodisponibilidade
 Consumo de leite de vaca antes de um ano de vida
 Consumo de fórmula infantil com ferro de baixa biodisponibilidade
 Dietas vegetarianas sem orientação de médico/nutricionista
 Ausência ou baixa adesão à suplementação profilática com ferro medicamentoso,
quando recomendada

4. Perda sanguínea:
 Traumática ou cirúrgica
 Hemorragia gastrintestinal, ginecológica, urológica ou pulmonar
 Discrasias sanguíneas
 Malária
5. Má absorção do ferro:
 Síndromes de má-absorção (doença celíaca, doença inflamatória intestinal)
 Gastrite atrófica, cirurgia gástrica (bariátrica, ressecção gástrica)
 Redução da acidez gástrica

SINAIS E SINTOMAS

DIAGNÓSTICO

DEVE ser feita investigação laboratorial aos 12 meses de vida.

Em caso da existência de fatores de risco e/ou a não realização da profilaxia com ferro,
realizar investigação independente da idade.

Exames para diagnóstico

1. Hemograma: avaliar Hb, índices hematimétricos (VCM, HCM, RDW) e morfologia dos
glóbulos vermelhos.

2. Ferritina sérica: como marcador da fase de depleção dos estoques.

3. Proteína C reativa: para identificar processo infeccioso.

Valores de referência?

TRATAMENTO

Suplementação com Ferro oral:

 Dose: 3 a 6 mg de ferro elementar/ kg/dia;


 Fracionado ou em dose única;
 Duração: seis meses ou até reposição dos estoques corporais

Exames para monitoramento após tratamento


Hemograma e reticulócitos: após 30 a 45 dias do início do tratamento.

Hb, VCM, HCM, ferro sérico, saturação da transferrina e ferritina sérica: para comprovar
normalização dos níveis de ferro do organismo.

PREVENÇÃO

Alimentação saudável e rica em ferro durante a gestação.

Aleitamento materno exclusivo até 6 meses e de forma complementar até 2 anos de idade.

A partir dos 6 meses, alimentação complementar com fontes ricas em ferro e/ou que
facilitem a absorção dessa substância pelo organismo.

Quadro 1. Profilaxia de ferro em lactentes

SEM FATOR DE RISCO


Recém-nascidos a termo, peso adequado 1 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
para a idade gestacional, em aleitamento aos 180 dias de vida até o 24º mês de
materno exclusivo até o 6º mês vida

COM FATOR DE RISCO


Recém-nascidos a termo, peso adequado 1 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
para a idade gestacional, em aleitamento aos 90 dias de vida até o 24º mês de vida
materno exclusivo

Recém-nascidos a termo, peso adequado 1 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando


para a idade gestacional, aos 90 dias de vida até o 24º mês de vida
independentemente do tipo de alimentação
Recém-nascidos a termo com peso inferior 2 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
a 2.500 g. com 30 dias de vida, durante um ano. Após
este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano
Recém-nascidos prematuros com peso 2 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
superior a 1.500 g com 30 dias de vida, durante um ano. Após
este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano
Recém-nascidos prematuros com peso 3 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
entre 1.500 e 1.000 g com 30 dias de vida, durante um ano. Após
este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano
Recém-nascidos prematuros com peso 4 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando
inferior a 1.000 g com 30 dias de vida, durante um ano. Após
este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano
Recém-nascidos prematuros que Devem ser avaliados individualmente pois
receberam mais de 100 mL de concentrado podem não necessitar de suplementação
de hemácias durante a internação de ferro com 30 dias de vida, mas sim
posteriormente

VITAMINAS DO COMPLEXO B

V 2 p 257

As vitaminas do complexo B incluem: B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ácido


pantotênico), B6 (piridoxina), B7 (biotina ou vitamina H), B9 (folacina ou ácido fólico) e B12
(cianocobalamina).

Considerando que estas vitaminas podem ser encontradas nas mesmas fontes alimentares,
a deficiência geralmente não ocorre de forma isolada.

Vitamina B1 – Tiamina

Principais fontes alimentares: carnes, vísceras e farinhas integrais. Também é encontrada


em levedura de cerveja e no germe de trigo.

Deficiência isolada: quadro clínico conhecido como beribéri.

 Beribéri seco ou neurológico: com hiper-reflexia, neuropatia periférica e/ou


polineurite com ou sem parestesia, fraqueza muscular, dor nas extremidades,
marcha atáxica e convulsões.
 Beribéri úmido: afecções cardiovascular e gastrointestinal (insuficiência cardíaca,
edema de membros inferiores, taquicardia ou bradicardia, dispneia, hipertensão,
náuseas, vômitos, constipação)

Diagnóstico: dosagem da atividade da transcetolase eritrocitária (aumenta nos quadros de


deficiência), e pelos níveis séricos baixos da transcetolase. A dosagem da tiamina no soro
tem baixa especificidade e sensibilidade.

Tratamento: correção da dieta e administração de 5 a 20 mg/dia até o desaparecimento


total dos sintomas.
Vitamina B2 – Rivoflavina

Principais fontes alimentares: vísceras, leite e alguns vegetais de folhas verdes, como
alface, brócolis, espinafre e couve, cereais integrais, fígado, clara de ovo, queijos e carnes.

Sinais e sintomas: queilose, queilite angular, glossite, palidez de mucosas e manifestações


oculares, como sensibilidade à luz, vascularização de córnea, lacrimejamento e blefarite
angular.

Diagnóstico: dosagem da glutationa-redutase no eritrócito, que se encontra reduzida.

Tratamento: correção da dieta e administração de riboflavina, via oral, na dose de 2 a 6


mg/dia até a melhora dos sintomas.

Vitamina B3 – Niacina

Principais fontes alimentares: leite, ovos, carnes, vísceras, pescados, farelo de trigo e grãos
de cereais integrais, vegetais como batatas, amendoim, pimentão, avelã, caju e jabuticaba.

Deficiência: quadro clínico grave conhecido como pelagra.

 Caracterizado classicamente por dermatite, diarreia e demência, em geral


associadas a glossite e anemia.
 Sintomas neurológicos: variam de ansiedade, apatia, fadiga e depressão a quadros
mais tardios de cefaleias, tonturas, irritabilidade e tremores.

Diagnóstico: não existem marcadores específicos confiáveis.

Tratamento: terapia com niacina, até em doses fisiológicas.

Vitamina B5 – ácido pantotênico

Principais fontes alimentares: vísceras, peixes, carnes, ovos, fava, brócolis, legumes,
cogumelos e amendoim.

Manifestações clínicas são inespecíficas: emagrecimento, distúrbios do crescimento,


cefaleia, irritabilidade, insônia, lesões descamativas na mucosa e distúrbios do
comportamento.

Diagnóstico: níveis de ácido pantotênico urinário, sanguíneo, plasmático ou eritrocitário.


Tratamento:

Vitamina B6 – piridoxina

Principais fontes alimentares: carnes, vísceras, ovos, leite, batata, banana e aveia.

Manifestações clínicas: irritabilidade excessiva, alterações cutâneas (seborreia), glossite,


estomatite, dermatite periocular, anemia microcítica hipocrômica com ferro sérico
aumentado, linfopenia, fraqueza muscular e até quadros convulsivos em lactentes.

Diagnóstico: teste de sobrecarga de triptofano, que, estando em excesso no organismo,


será convertido em quantidades mensuráveis de ácido xanturênico, quando deveria ser
convertido em niacina.

Tratamento:

Vitamina B7 ou H – biotina

Principais fontes alimentares: leite, gema de ovo, carnes, vísceras, soja, amendoim e
cogumelos.

Manifestações clínicas: adinamia, anorexia, hiperestesia, dermatites, inclusive perioral,


glossite, alopecia, conjuntivite, ataxia, mialgias, diminuição do aprendizado e retardo mental.

Tratamento: doses de 100 mcg/dia da vitamina B7.

REFERÊNCIAS

SBP. CONSENSO SOBRE ANEMIA FERROPRIVA: ATUALIZAÇÃO: DESTAQUES 2021.


Departamentos Científicos de Nutrologia e Hematologia, 2021.

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