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POR QUE TRATAR EFLUENTES ?

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POR QUE TRATAR EFLUENTES?

O objetivo do tratamento de efluentes é a remoção de


determinados contaminantes para atender aos padrões
estabelecidos.

• Padrões: legislação ambiental;


• Contaminantes: principais parâmetros de monitoramento

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH e Temperatura:

Sólidos:
✓ Sólidos totais
✓ Sólidos dissolvidos
✓ Sólidos em suspensão (suspensos e sedimentáveis)

Matéria orgânica:
✓ DQO – Demanda química de oxigênio
✓ DBO – Demanda bioquímica de oxigênio

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Outros parâmetros:

✓ Nitrogênio
✓ Fósforo
✓ Óleos e graxas;
✓ Surfactantes;
✓ Cianetos, sulfetos, etc.

Metais:
➢ Cromo, níquel, ferro, cobre, alumínio, cádmio, mercúrio,
chumbo, zinco, etc.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Temperatura

✓ Elevações da temperatura aumentam as taxas das reações


químicas e biológicas;

✓ Elevações da temperatura diminuem a solubilidade dos gases;

✓ Elevações da temperatura aumentam a taxa de transferência


de gases, o que pode gerar odores desagradáveis.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH
✓ O potencial hidrogeniônico, representa a concentração de íons
hidrogênio dando uma indicação sobre a condição de acidez,
neutralidade ou alcalinidade da água.

✓ Quimicamente, pH varia em 0 a 14, sendo 7 pH neutro

✓ Em tratamento de efluentes, convencionou-se trabalhar como


faixa de neutralidade, entre 6 a 8,5 – 9,0

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
pH

✓ diferentes valores de pH estão associados a diferentes faixas de


atuação ótima de coagulantes;

✓ valores de pH afastados da neutralidade tendem a afetar as


taxas de crescimento dos microrganismos;

✓ pH do efluente pode ser corrigido antes e/ou depois da adição


de produtos químicos no tratamento primário ou secundário;

✓ valores elevados de pH em lagoas de estabilização podem estar


associados a proliferação exagerada de algas.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Sólidos
Quase todos os contaminantes presentes em efluentes são
sólidos, com exceção dos gases dissolvidos. Dessa forma, a
remoção desses contaminantes conduz, principalmente, à
geração de lodo em todos os níveis .

Para dimensionar a ETE, é fundamental conhecer o perfil de


sólidos no efluente, que podem ser classificados de acordo com:

(a) o seu tamanho e estado;


(b) as suas características químicas;
(c) sua decantabilidade.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Classificação por tamanho e estado:
• sólidos em suspensão;
• sólidos dissolvidos;

Classificação pelas características químicas:


• sólidos voláteis;
• sólidos fixos;

Classificação pela decantabilidade:

• sólidos em suspensão sedimentáveis;


• sólidos em suspensão não sedimentáveis.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Matéria Orgânica
A matéria orgânica presente nos efluentes é uma das
causadoras da diminuição do oxigênio dissolvido em recursos
hídricos devido ao consumo pelos microrganismos aeróbios para
a sua estabilização.

Os principais compostos orgânicos são os compostos de


proteína, os carboidratos, a gordura e os óleos, além da ureia,
surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menor quantidade.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A matéria orgânica divide-se nas seguintes frações:

a) não biodegradável (em suspensão e dissolvida) e


b) biodegradável (em suspensão e dissolvida).

Utilizam-se normalmente métodos indiretos para a quantificação


da matéria orgânica:

a) Medição do consumo do oxigênio (Demanda Bioquímica de


Oxigênio ⎯ DBO; Demanda Química de Oxigênio ⎯ DQO;
b) Medição do Carbono Orgânico (Carbono Orgânico Total ⎯
COT).

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para
estabilizar, através de processos bioquímicos, a matéria
orgânica carbonácea. É uma indicação indireta, portanto, do
carbono orgânico biodegradável.

A estabilização completa demora cerca de 20 dias ou mais,


denominada Demanda Última de Oxigênio (DBOu). Entretanto,
convencionou-se proceder a determinação da DBO520 com
indicadora da DBOu.

Isso significa: determinação do OD inicial da amostra, incubação


por 5 dias à 20° e determinação do OD Final no 5° dia de
incubação.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

O teste da DQO mede o consumo de oxigênio durante a


oxidação química da matéria orgânica. O valor obtido é,
portanto, uma indicação indireta do teor de matéria orgânica
presente.

• A DBO relaciona-se a uma oxidação bioquímica da matéria


orgânica, realizada por microrganismos;

• A DQO corresponde a uma oxidação química da matéria


orgânica, obtida através de um forte oxidante (dicromato de
potássio) em meio ácido

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Nitrogênio
As formas predominantes de nitrogênio em efluentes são:
orgânico e amoniacal. As demais formas de nitrogênio são
usualmente de menor importância no tratamento de efluentes
ou na avaliação da qualidade de recursos hídricos superficiais.

Em resumo, tem-se:

➢ NT = N-orgânico+ N-amoniacal + NO2 + NO3

➢ NTK = nitrogênio amoniacal + nitrogênio orgânico

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Importância:

✓ nos processos de estabilização do nitrogênio, ocorre o


consumo de oxigênio para conversão da amônia a nitrato;

✓ As formas de nitrogênio como amônia ou nitrito pode ser


altamente tóxicas;

✓ o nitrogênio é um dos principais responsáveis pelo processo


de eutrofização de lagos e represas;

✓ o nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento


dos microrganismos responsáveis pelo tratamento de esgotos;

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Fósforo:

O fósforo pode se apresentar no efluente nas seguintes três


formas:
• ortofosfatos são diretamente disponíveis para o metabolismo
biológico sem necessidade de conversões a formas mais
simples.
• polifosfatos são moléculas mais complexas com dois ou mais
átomos de fósforo. Os polifosfatos se transformam em
ortofosfatos pelo mecanismo de hidrólise, mas tal
transformação é usualmente lenta.
• fósforo orgânico é normalmente de menor importância nos
esgotos típicos, mas pode ser importante em efluentes e lodos
oriundos do tratamento de esgotos.
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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
A importância do fósforo associa-se principalmente aos
seguintes aspectos:

✓ o fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos


microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria
orgânica;

✓ o fósforo é um nutriente essencial para o crescimento de


algas, podendo por isso, em certas condições, conduzir a
fenômenos de eutrofização.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Óleos e graxas (O & G):

✓ podem ser de origem animal, vegetal ou mineral;


✓ O&G de origem animal e vegetal são ésteres formados por um
álcool (glicerol) e ácidos graxos;
✓ O&G de origem mineral são derivados de petróleo e alcatrão,
compostos basicamente de carbono e hidrogênio.
✓ São compostos de difícil degradação. podem causar
entupimento de redes e equipamentos da ETE e se não
removidos, formar películas sobre a água dos rios.

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
Surfactantes:

✓ é uma palavra derivada da

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PRINCIPAIS PARÂMETROS EM EFLUENTES
O grupo de coliformes totais (CT) constitui-se em um grande
grupo de bactérias que tem sido isoladas de amostras de águas
e solos poluídos e não poluídos, bem como de fezes de seres
humanos e outros animais de sangue quente.

Os coliformes termotolerantes são um grupo de bactérias


indicadoras de organismos originários do trato intestinal humano
e outros animais. O teste para CTe é feito a uma elevada
temperatura, na qual o crescimento de bactérias de origem não
fecal é suprimido.

A Escherichia coli é uma bactéria pertencente a este grupo.

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ATIVIDADE 2
1. Considerando o efluente industrial selecionado na aula passada,
responda:
a) O efluente seria de fácil ou de difícil degradação biológica
considerando a relação DQO:DBO?
b) O teor de sólidos justificaria a implantação de decantador ou
flotador?
c) O teor de OG justificaria a implantação de um flotador?

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MEDIÇÃO DE VAZÃO

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MEDIÇÃO DE VAZÃO
• Medição direta:

• Hidrômetros:

• Medidores eletromagnéticos;

• Medidores ultrassônicos;

• Vertedores;

• Calha Parshall.

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MEDIÇÃO DIRETA
Consiste na medição direta do volume armazenado, em um
recipiente de capacidade conhecida, em um determinado
intervalo de tempo.
Q = vol / t
onde:
Q: vazão;
vol: volume armazenado, em L ou m3;
t : intervalo de tempo, em segundos, minutos ou horas

Quanto maior o intervalo de tempo, maior será a precisão


dos resultados obtidos. Este processo, normalmente, só
deve ser utilizado para determinação de pequenas vazões e
em tubulações de pequeno diâmetro.

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HIDRÔMETROS

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VERTEDORES
O vertedor é uma placa vertical com uma abertura na parte
superior, colocado transversalmente em um canal ou canaleta e
perpendicular ao fluxo.

Os vertedores são diferenciados pela forma da abertura, sendo


classificados como triangular, retangular, trapezoidal, entre
outros. Os mais utilizados são os triangulares e retangulares.

- Triangulares: vazão até 30 L/s;


- Retangulares: vazão entre 30 e 1.000 L/s.

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VERTEDORES TRIANGULARES

Para vertedores com ângulo de


NÍVEL
N. A. 90o, a vazão é calculada pela
fórmula de Thomson:
H

H
Q = 1,4 x H 5/2

onde:
Q: vazão em m3/s;
H: carga, altura do líquido acima da
base da abertura, em m.

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VERTEDORES TRIANGULARES

Fonte: www.jinox.com.br

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VERTEDORES TRIANGULARES

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VERTEDORES RETANGULARES

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VERTEDORES RETANGULARES
A fórmula mais utilizada para
o cálculo da vazão é a
proposta por Francis, em
1923:

Q = 1,84 . L . H 3/2

onde:
Q: vazão em m3/s;
L: comprimento da crista ou
abertura, em m;
H: carga, altura do líquido acima
da base da abertura, em m.

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CALHA PARSHALL
Este medidor foi idealizado por R. L.
Parshall para medição em sistemas
de irrigação.

Atualmente, é muito utilizado em


estação de tratamento de efluentes,
associado as funções de medidor e
dispositivo de mistura rápida.

Consiste em uma seção


convergente, uma seção
estrangulada (também denominada
de garganta) e uma seção
divergente.

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CALHA PARSHALL

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CALHA PARSHALL
W (pol) Q min (L/s) Q max (L/s)

3” 0,85 53,8

6” 1,42 110,4

9” 2,55 251,9

12” 3,11 455,6

18” 4,25 696,2

24” 11,89 936,7

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ELETROMAGNÉTICOS
São indicados para medições em
situações difíceis, como por exemplo,
líquidos com grande quantidade de
sólidos ou fortemente agressivos.

A medição da vazão é baseada no


princípio de indução eletromagnética
(Lei de Faraday), que mais
especificamente, determina a
velocidade de escoamento do fluído no
interior do tubo.

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ELETROMAGNÉTICOS

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ULTRA-SÔNICOS
Aplica-se a todos os líquidos
independente de suas
propriedades físicas e químicas.
Não requer sólidos em suspensão
ou trechos retos na tubulação,
para o seu funcionamento.

O princípio da medição
estabelece-se na diferença de
tempo na propagação entre
ondas ultra-sônicas, atravessando
contra e a favor da corrente.

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ULTRA-SÔNICOS

Fontes: nivetec, vikacontrols, digitrol

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AVALIAÇÃO DE CARGA
POLUIDORA

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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Vazão de efluente sanitário

De maneira geral, a produção de efluentes sanitários está


relacionada ao consumo de água em residências, indústrias,
escolas, bares, etc.

Coeficiente de retorno (R: Vazão de esgotos/vazão de água).


Os valores típicos de R variam de 60% a 100%, sendo que um
valor usualmente adotado tem sido o de 80% (R= 0,8).

Exemplo: uma casa consome mensalmente 20 m3 de água da rede


pública, portanto com um R de 80%, gera uma 16 m3 de efluente
sanitário por mês!

Q = 20 m3 x 0,8 = 16 m3
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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Tabela 1: Contribuição diária de esgoto : NBR 7229
1. Ocupantes permanentes CPC (L)
Residência padrão alto 160
Residência padrão médio 130
Residência padrão baixo 100
Hotel (sem lavanderia e cozinha) 100
Alojamento provisório 80
2. Ocupantes temporários
Fábricas em geral 70
Escritórios, escolas, prédios públicos, etc 50
Bares 6

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CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Valores típicos dos principais parâmetros em efluentes
domésticos

DBO: 300 mg O2/L

Nitrogênio total: 8,0 mg N/L

Fósforo total: 1,0 mg P/L

Lembrete: 1 mg/L = 1 ppm = 1 g/m³

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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
A carga per capita representa a contribuição de cada indivíduo
(expressa em termos de massa do poluente) por unidade de
tempo. Uma unidade comumente usada é a de g/hab.d. Assim,
quando se diz que a contribuição per capita de DBO é de 54
g/hab.d, equivale a dizer que cada indivíduo contribui por dia, em
média, com o equivalente a 54 gramas de DBO.

Exemplos:

DBO: 180 L x 300 mg/L = 54 g/hab.d


N: 180 L x 8 mg/L= 1,44 g/hab.d

P: 180 L x 1 mg/L= 0,18 g/hab.d

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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
A carga afluente a uma estação de tratamento de esgotos
corresponde à quantidade de poluente (massa) por unidade
de tempo. Neste sentido, relações de importância são:

carga = população x carga per capita


carga (kg/d) = população (hab.) . carga per capita(g/hab.d)
1000 (g/kg)
Ou

carga = concentração x vazão

carga (kg/d) = concentração (g/m3) . vazão (m3/d)


1000 (g/kg)

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AVALIAÇÃO DE CARGA POLUIDORA
Equivalente populacional (EP):

Traduz a equivalência entre o potencial poluidor de uma indústria


(comumente em termos de matéria orgânica) e uma determinada
população.

Exemplo : uma indústria gera 200 m3.d-1 de efluente com DBO de


500 mg.L-1. Qual o EP?

Calcule a carga: 200 m3.d-1 x 500 g.m-3 = 100 kg DBO.d-1

Calcule o EP: carga÷CPC= 100 kg.d-1÷0,054 kg.hab-1.d-1=

EP = 1.852 hab

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EXERCÍCIOS
1. Qual indústria que apresenta o maior potencial
poluidor?
• Indústria X: Q= 100 m3/d , DQO= 1.000 mg/L =
• Indústria Y: Q= 200 m3/d , DQO= 500 mg/L =
• Indústria Z: Q= 400 m3/d , DQO= 250 mg/L =

2. Qual a carga poluidora diária emitida pela sala de


aula de ??? alunos em DBO, N e P?

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