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Aula 1 - Otorrinolaringologia - M7

Orelha Externa

PRISCILLA CAMPOS - 08/03/22


Quem sou eu?
• Priscilla Campos de Souza Ramos - CRM: 5294524-2 / Tel: 21971916650 / • Título de Especialista em Alergia e Imunologia pela ASBAI
RQE: 25998 / RQE: 29602 / drapriscillacamposotorrino@gmail.com
• Membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e
• https://www.instagram.com/drapricamposotorrinoealergia/ Cirurgia Cérvico-Facial)

• Graduação pela Universidade Gama Filho. • Membro da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia)

• Residência Médica em Otorrinolaringologia pelo Hospital Clementino Fraga • Membro da comissão de Site da ASBAI - RJ - biênio 2021-2022
Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro - HUCFF-UFRJ.
• Mestranda pela Faculdade de Medicina da UFRJ - Departamento de
• Observership em ORL na Cleveland Clinic - Flórida - EUA Clínica Médica

• Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela ABORL-CCF • Professora e responsável da disciplina de Otorrinolaringologia- M7

• Pós Graduação em Alergia e Imunologia Clínica - Lato Sensu - pelo • Responsável técnica da ALERGOTOP - Serviços Médicos - Angra dos Reis
Hospital Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro
• Professora substituta de Imunologia Clínica na UFRJ
- HUCFF-UFRJ.
SE ARTICULA COM:

Osso Temporal
OSSO ESFENÓIDE (ASA MAIOR),

PARIETAL; OCCIPITAL

ZIGOMÁTICO, MANDÍBULA E OSSO HIÓIDE POR INTERMÉDIO DE LIGAMENTOS

05 PORÇÕES

• ESCAMOSA

• MASTÓIDEA

• PETROSA

• ESTILÓIDE

• TIMPÂNICA
Orelha Externa
• 02 porções: pavilhão auditivo e meato acústico
externo (MAE), canal fechado em sua parte medial
pela membrana timpânica (MT), o que faz o limite
da orelha média.

• Pavilhão Auricular: esqueleto fibrocartilaginoso;


faces interna e externa.

• Seu formato nos permite identificar a localização


da fonte sonora.

• Forma com o plano sagital da cabeça um ângulo de


30 graus.

ANATOMIA
Orelha Externa
• Conduto Auditivo Externo (CAE): canal ósseo internamente (com cerca de 15 mm) e por um canal
fibrocartilaginoso externamente - Junção = istmo do CAE.

• Porção óssea: mais estreita (0,2 mm), contínua com a pele da MT. Tecido subcutâneo sem glândulas ou
folículos pilosos

• Porção cartilginosa: 0,5mm a 1,0mm - terço lateral da pele é repleta de folículos pilosos, glândulas
sebáceas e ceruminosas

• Relações do CAE: Parede anterior: articulação têmporomandibular - ATM // Parede posterior: separada
das células mastóides por uma fina camada óssea, sendo o conduto mais profundamente limitado
posteriormente pelo recesso do facial // Parede inferior - loja parotídea // Parede superior (formada pela
escama temporal) - base do crânio.

ANATOMIA
MÉTODOS DE
REMOÇÃO DE
CERUMEN

ISTMO DO CAE: CAE É REVESTIDO


POR EPIT ESCAMOSO
ESTRATIFICADO QUERATINIZADO
CONTÍNUO COM A CAMADA
EXTERNA DA MT
Orelha Externa
• Irrigação: AA temporal superficial e auricular posterior: são ramos da a. carótida externa. CAE recebe a.
auricular profunda, ramo da a. maxilar interna, que irriga o anel timpânico.

• Drenagem venosa - 02 territórios: anterior (vv superficiais drenam para o plexo subcutâneo da mandíbula
e as profundas para a v. temporal, vv profundas da glândula parótida e v. facial posterior) e posterior (vv
superficiais drenam para vv occipitais superficiais, vv póstero-superiores drenam para v. temporal
profunda, vv medianas e inferiores que drenam para as vv profundas da parótida).

• Drenagem linfática: linfonodos da parótida, cervicais superficiais da v. jugular ext e para os linfonodos
póstero-auriculares.

• Inervação: Sensitiva é rica e complexa. R. auricular do plexo cervical - parte póstero-inferior do pavilhão
e do CAE. N. auriculotemporal (ramo do NC V) - parte anterior do pavilhão e pequena parte do CAE. NC
VII -concha e a parte inicial do conduto (zona de Ramsay Hunt). R. auricular do NC X (nervo de Arnold)
inerva a parte profunda do CAE e MT (reflexo da tosse).

ANATOMIA - IRRIGAÇÃO, DRENAGEM E INERVAÇÃO


1: PARS TENSA 5: PREGA MALEAR POSTERIOR
2: PARS FLÁCIDA 6: PREGA MALEAR ANTERIOR
3: PROEMINÊNCIA MALEAR LATERAL 7: DIVISÃO DA MT EM QUADRANTES
4: PROCESSO LATERAL DO MARTELO - DE QUAL LADO É ESSA MT???

3 CAMADAS: CUTICULAR; FIBROSA E MUCOSA

1: RR DO PLEXO CERVICAL: AURICULAR MAGNO E OCCIPTAL MAIOR


2: R AURICULAR DO NC X E R. DO GLOSSOFARÍNGEO
3: N. AURICULOTEMPORAL (R. DO N. MANDIBULAR)
Orelha Externa
• Microbiota: Flora Típica: • Staphylococcus epidermidis 87% • Corynebacterium sp 81% • Bacillus sp 16%
• S. aureus 12% • E. coli 8% • Streptococcus pyogenes 4% • Outros 7% • Pseudomonas aeruginosa 0%

• Pêlos

• Cerume - 2 tipos de cerume, o seco e o úmido, este sendo acastanhado e mole, conhecido como “honey
wax” (“cera de mel”), mais comum em brancos e negros; o seco (“rice bran” – “farelo de arroz”) é
comum na Ásia, principalmente em japoneses.

• O conteúdo protéico na cera seca é maior que na úmida e há maior quantidade de IgG e lisozima.
Composição: lipídios (46 a 73%), proteínas, aminoácidos livres e íons minerais. Função protetora do
cerume se deve principalmente à sua característica hidrofóbica.

FISIOLOGIA
Otites Externas
• Termo genérico que inclui qualquer doença que curse com inflamação ou infecção do CAE e pavilhão
auricular, podendo variar de simples inflamação a doenças fatais.

• Fatores Predisponentes: 1) Ausência de cerume: perda da proteção física e do pH ácido inóspito aos
patógenos; 2) Traumatismos: rompimento da barreira epitelial, permitindo invasão de patógenos; 3)
Supurações da Orelha Média: predispõe a dermatite secundária; 4) Substâncias Cáusticas: produtos
detergentes; 5) Queimaduras: fagulhas elétricas, óleos quentes, levando à formação de escaras; 6)
Corpos Estranhos: impedem a aeração do CAE e produzem irritação local; 7) Lavagens repetidas:
estagnação de água e remoção do filme lipídico local com ação bactericida e fungostática; 8)
Alterações de temperatura e umidade do ambiente: predispõem ao crescimento dos patógenos
Otite Externa Difusa Aguda - OEA
• Orelha do Nadador

• Fatores de risco: 1. Traumatismo do CAE (uso de cotonete) // 2. Banhos de mar/piscina

• Tratamento: Limpeza do CAE // Analgésicos orais // Preparações tópicas

• Soluções acidificantes (± corticóides) • Ácido acético 2%, álcool boricado a 2%, ácido salicílico
em álcool a 70% ou acetato de alumínio

• Antibióticos (± corticóides) • Cobertura para Pseudomonas aeruginosa


Otite Externa Difusa Aguda - OEA
• Prevenção: Secar o conduto com ar quente e usar substâncias secativas (cremes hidrófobos
ou instilação de álcool 70%) e uso de protetores auriculares impermeáveis à água.

• Complicações: Abscesso periauricular, pericondrite, otite externa maligna (associada a


imunossupressão) e otite externa aguda de repetição.

• Diagnóstico diferencial: Furúnculo, dermatose, otite externa viral ou micótica, otite média
aguda com reação inflamatória que impeça a visualização da membrana timpânica.
Otite Externa Aguda Localizada
• OE aguda limitada a uma área do CAE.

• Geralmente localizada no seu 1/3 externo, resulta da obstrução das unidades


pilossebáceas com infecção secundária.

• Prurido, dor localizada, edema, eritema do CAE e possível ponto de flutuação.

• Se o edema ou abscesso ocluir o canal, o paciente poderá referir hipoacusia. É


comum ocorrer reação linfonodal e infiltração edematosa retroauricular,
assemelhando-se a um quadro de mastoidite aguda. S. aureus é o mais
comum.

• Tr a t a m e n t o : Po n t o d e f l u t u a ç ã o d e v e s e r i n c i s a d o e
drenado.Antibioticoterapia oral e tópica com drogas antiestafilocóccicas
como as cefalosporinas de 1ª geração (cefalexina) ou as penicilinas com este
espectro. Calor local, AINES - Analgesia.
Otite Externa Crônica
• Processo inflamatório crônico - aumento da espessura da pele do CAE, com sinais de
ressecamento e alteração da descamação das camadas superficiais.

• Sintomas persistentes (> 2 meses): PRURIDO + dor leve + descamação

• Etiologia: bactéria, fungo, ou eczema (provável etiologia mista)

• Sinais: Descamação// Pele seca// Otorréia ocasional

• Tratamento: 1) Não coçar – não traumatizar o conduto // 2)Antibióticos + esteróides


tópicos

• Gotas ou pomadas: 1- Betametasona (Oto-betnovate) 4 gts - 6-8h // 2 – Fludroxicortida


(Drenison creme) q12h 7-10d // 3- agentes locais queratolíticos como Ácido Salicílico a
0,02%, com Corticóide Fluorado/betametasona (Diprosalic® -pomada ou solução)
Otomicose ou Otite Externa Fúngica
• Infecção aguda ou crônica, causada por fungos da pele do CAE

• Fatores de risco: 1. Calor e umidade em regiões tropicais // 2. Uso prolongado de gotas


otológicas - alteração do pH e flora // 3. Alterações locais: processos inflamatórios crônicos,
estenoses do CAE e perda da camada protetora de cerume // 4. DM e imunodeficiências (AIDS,
neoplasias malignas).

• Agentes etiológicos: Exame: CAE hiperemiado com pouco edema.


Otomicose ou Otite Externa Fúngica
• Tratamento:
• Remoção completa dos fungos e do macerado epitelial por meio de algodão em estilete ou aspiração // 2.
Também pode ser feita irrigação com água morna seguida de secagem (MT íntegra) // 3. Proteção aural com
algodão embebido em meio oleoso durante o banho // 4. Evitar manter o CAE ocluído: mantê-lo aerado,
prevenindo o desenvolvimento de bactérias anaeróbias

• Agentes otológicos tópicos (quando necessário!): gotas ou creme ▪ Não específicos: ácido acético, timerosal,
violeta de genciana, ácido bórico em pó, acetato de cresil ▪ Antifúngicos: clotrimazol, nistatina, cetoconazol,
miconazol. //

• 2. Antifúngicos sistêmicos: cetoconazol, itraconazol, fluconazol, terbinafina I. Quando necessário o tratamento


conjunto de micoses em outros locais II. Quando não houver resposta adequada ao tratamento tópico isolado
III. Quando o processo for muito agressivo
Otite Externa Maligna (OEM ou OEN)
- OSTEOMIELITE
PROGRESSIVA DE OSSO
TEMPORAL
- DOENÇA SE INICIA NO CAE
E PROGRIDE COM
OSTEOMIELITE DO OSSO
TEMPORAL E BASE DE
CRÂNIO, PODENDO LEVAR À
PARALISIA DE NERVOS
CRANIANOS, TROMBOSE DE
SEIO SIGMÓIDE, MENINGITE
E MORTE.
Otite Externa Maligna (OEM ou OEN)
• Fatores de risco: 1. Idoso // 2. Diabetes mellitus // 3. Doenças hematológicas, como leucemia // 4. Tratamento com drogas
citotóxicas ou imunodepressoras // 5. AIDS ou HIV +

• Agente etiológico: Sempre colher 6 swabs: 1. Gram e cultura para germes comuns (aeróbios); 2. Exame direto e cultura para
fungos; 3. BAAR e cultura para BK

• Se presença de fatores de gravidade com necessidade internação: 1. TC de mastóides + Cintilografia de mastóides


(tecnécio, leucócitos e gálio) // 2. Exames laboratoriais: hemograma completo, glicemia de jejum, hemoglobina glicada, uréia e
creatinina, VHS e PCR-t // 3. Biópsia de lesão de conduto (se houver): enviar para histopatológico, bacteriologia,
micobacteriologia e micologia (cultura)

• Avaliar fatores de gravidade (paralisia de NC, granuloma de CAE) - SEM fatores de gravidade:

• Iniciar antibiótico oral e acidificante tópico – ciprofloxacino VO por 7 dias - 500mg 8/8h se clearance normal • 500mg 12/12h se
clearance entre 10-50 mL/min -Ácido acético 2% 3gts de 08/08h // Reavaliar em: 5 – 7 dias. Com melhora – suspender ATB //
Sem melhora – checar cultura e discutir com a CCIH
Otite Externa Maligna (OEM ou OEN)
• Basear tratamento no resultado da cultura

• Avaliar abordagem cirúrgica em caso de falha terapêutica mesmo com tratamento adequado
Osteoma e Exostose de CAE
• TC de ouvidos e mastóides: 1. Avaliar a presença de pedículo
ou não // 2. Planejamento da abordagem cirúrgica — Osteoma:
massa óssea pedunculada // — Exostose: crescimento ósseo
lamelar séssil

• Tratamento: Cirurgia via transcanal (via retroauricular


apenas se for muito volumoso). Remoção é simples, com uso
de osteótomo e martelo, com posterior fresagem da base de
inserção • Poucas complicações, baixa recorrência.

• Diagnóstico definitivo: Histopatógico — Osteoma - lamelas


bem formadas, espessas, com múltiplos canais fibrovasculares
ao longo dos espaços interlamelares // Exostose - arranjo
estratificado denso de osso recém-formado
Herpes Zoster Oticus
• Fisiopatologia: manifesta-se em indivíduos que já contraíram este
vírus, tendo desenvolvido o quadro típico de varicela ou apenas uma
forma subclínica. O vírus permanece latente geralmente em gânglios
nervosos ou grupamentos de nervos cutâneos e se manifesta
quando há um fator imunodepressor vigente no indivíduo, como
infecções, desnutrição, estresse, doenças de base (DM, leucemias,
tumores) ou em crianças cujo sistema imunológico ainda é imaturo.

• Quadro clínico: 1) alterações ao exame da orelha // 2) Erupção


cutânea unilateral, raramente afetando mais de um dermátomo,
com vesículas coalescentes e posterior formação de crostas em
área dolorosa, com base eritematosa // 3) Paciente refere sensação
de queimação e dor importante.
Herpes Zoster Oticus
• Tratamento: 1) Antivirais: destroem apenas os vírus replicantes ao agir na DNA polimerase do
VZV ▪ Aciclovir VO 800mg 5x/dia por 7 a 14 dias ▪ Valaciclovir VO 1g 3x/dia por 7 a 14 dias ▪
Fanciclovir VO 500mg 5x/dia por 7-14 dias 2) Corticóides sistêmicos: reduzem a incidência de
neuralgia pósherpética e melhora o Px da PFP ▪ Prednisona VO 2 mg/kg por 7 dias. 3)
Antidepresivos tricíclicos e anticonvulsivantes podem ser utilizados no tratamento da neuralgia
pós-herpética

• Complicações: Síndrome de Hansay Hunt - Há o envolvimento do nervo facial a partir de


vírus latentes no gânglio geniculado, com paresia ou paralisia facial e lesões vesiculosas
cutâneas no território inervado pelo VII, podendo estar associado à disacusia neurossensorial e
vertigem.
Orelha em Abano
• Características: Aumento da distância entre a mastoide e a hélix - Normal: cerca de 1,5 a 2cm

• 3 fatores associados à sua formação: 1. Abertura do ângulo cefaloconcha 2. Hipertrofia da


concha 3. Defeito na plicatura da anti-hélix

• Tratamento: Redução da concha 2. Plicatura da anti-hélice 3. Aproximação entre o pavilhão


auricular e a mastóide

• Tratamento somente para melhora estética - não causa outros prejuízos ao paciente
Coloboma Auris
• Mal-formação: Fístula ou seio pré-auricular - Fusão incompleta dos seis botões
óticos que formarão o pavilhão da orelha e cuja origem está no 1o e 2o arcos
branquiais.
• Pequenos orifícios ou depressões localizados, em geral, adjacentes à margem
anterior do ramo ascendente da hélice e raramente no tragus e lóbulo
• Trajeto da fístula tortuoso, podendo formar prolongamentos como as raízes de
uma árvore.
• Pode alcançar a parótida ou passar sob o periósteo do osso temporal.
• Em geral, é assintomático, mas pode apresentar descarga de material sebáceo.
Também pode ser sítio de infecção que se manifesta com saída de pus pelo orifício.
• Tratamento: Expectante caso não haja infecção 2. Caso haja drenagem de
secreção purulenta e abaulamento com sinais flogísticos na região periorificial: -
Drenagem do abscesso e antibiótico sistêmico adequado para germes Gram
positivos - Após resolução do quadro agudo, exploração cirúrgica sob microscopia
para exérese do coloboma.
Outras doenças da Orelha Externa:
• Otite eczematosa - Doenças sistêmicas afetando a OE:
Psoríase; LES; DA; Dermatite seborréica; DC; Histiocitose

• Pericondrite simples ou recorrente: derrame subpericôndrico


que suprime o aporte nutricional. Polimicrobiano. - Uso de
piercing: P. aeruginosa é a principal causadora da infecção
nestes casos.

• Celulite; erisipela

• Miringite bolhosa: vesículas ou bolhas hemorrágicas na porção


óssea do CAE que, quando rompem, produzem uma otorréia
serossanguinolenta. Mycoplasma sp como uma provável causa,
sendo a eritromicina o antibiótico de primeira escolha.

• Colesteatoma de CAE

• Corpos estranhos

• CEC e outras neoplasias


DÚVIDAS??? SOU TODA OUVIDOS!

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