Você está na página 1de 17

Cartilha 1 | Setembro de 2021

TRANSTORNOS
DE HUMOR

SEAP
LAPTO
Serviço de Apoio
Liga Acadêmica de
Psicopedagógico
Psicopatologia
PUCPR
O QUE SÃO TRANSTORNOS DE HUMOR?
Pesquisa: Maria Eduarda Cordeiro Arruda
1 Redação: Emanuella Spezia Dalla Costa
Revisão: Letícia Barcarolo

QUAIS SÃO ELES?


Pesquisa: Camila Albino Bisson
2 Redação: Milena Ísis Coser
Revisão: Emanuelly Bevilaqua

A HISTÓRIA DOS TRANSTORNOS DE HUMOR


Pesquisa: Raphaela Torres Camargo
3 Redação: Daniela Coelho Zys
Revisão: Guilherme Corrêa da Silva

QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS COMUNS?


Pesquisa: Eduarda Cristine Greca
4 Redação: Maria Eduarda Cordeiro Arruda
Revisão: Victor Lucas de Souza

O QUE CONTRIBUI AO DESENVOLVIMENTO


DO TRANSTORNO?
ÍNDICE

5 Pesquisa: Luiza Goveia


Redação: Vanessa Knapik Correa da Silva
Revisão: Giovanna Polo

FATORES DE RISCO
Pesquisa: Maria Fernanda Fernandes
6 Redação: Maria Fernanda Fernandes
Revisão: Daniela Coelho Zys

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?


Pesquisa: Beatriz Sampaio
7 Redação: Francesca Ferraz de Paola
Revisão: Manuela Kosinski

COMO É FEITO O TRATAMENTO?


Pesquisa: Luciana Mendes
8 Redação: Luciana Mendes
Revisão: Natalie Tedesco

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Pesquisa: Maria Eduarda da Rocha Camargo
9 Redação: Mariana Dilay
Revisão: Milena Portes
O QUE SÃO TRANSTORNOS
1 DE HUMOR?
.......É através de longos períodos de emoções excessivas,
como felicidade e/ou tristeza que se caracterizam os
distúrbios de transtornos de humor, prejudicando o
funcionamento e a vivência do indivíduo. São classificados
como transtorno de humor bipolar e/ou depressivo (MSD,
2021). A faixa etária não é um fator de exclusão - os
transtornos de humor podem ocorrer também em crianças
e adolescentes.¹
.......Transtornos de humor afetivos possuem alteração
atrelada a depressão (com ou sem ansiedade
concomitante) ou elação (extrema alegria). Essas alterações
tendem a ser recorrentes, do contrário, são associadas a
determinado contexto ou fator estressante. (CID-10, F30-
F39).²
.......O transtorno de humor persistente possui como
característica a duração dos episódios, isto é, a
eventualidade dos sintomas em relação a história de vida. A
intensidade dos episódios não é suficiente para embasar o
diagnóstico de episódios de mania ou depressão leve,
porém, perduram por anos, tomando boa parte da vida
adulta do sujeito, associando sofrimento à vida desse
indivíduo (CID-10, F34).
.......Existe ainda uma classificação no CID-10 (Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde) para transtornos de humor que
não se classificam nos quadros mencionados
anteriormente, por não serem associados à gravidade ou
duração característica.

[1] Manual MSD. Versão para profissionais de saúde. Visão geral dos transtornos do humor.
Disponível em:
<https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiquiátricos/transtornos-do-
humor>. Acesso em: 27 set. 2021.

[2] Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento


da CID - 10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artmed, 1993.
QUAIS SÃO ELES?
2
......São divididos em duas categorias:

Transtorno depressivo Transtorno bipolar

que se divide em: que se divide em:

Transtorno disruptivo da Transtorno bipolar tipo I;


desregulação do humor; Transtorno bipolar tipo II;
Transtorno depressivo maior; Transtorno ciclotímico.
Transtorno depressivo persistente
(ou distimia);
Transtorno disfórico pré-menstrual;

......As divisões são explicadas pela variedade de


características que definem e marcam os diferentes
transtornos de humor. Veja as principais diferenças
observadas no quadro a seguir:

Explosões de raiva em ambientes variados e


Transtorno disruptivo da
de forma frequente. Geralmente acontece
desregulação do humor
em indivíduos de 6 a 18 anos.

Humor deprimido e perda de interesse em


Transtorno depressivo
atividades por pelo menos duas semanas
maior
(sem episódio de mania).
continua
Humor depressivo crônico, ou seja, que
Transtorno depressivo dura muito tempo. Começa no início da
persistente (ou distimia) vida adulta e persiste por vários anos com
sintomas constantes (pelo menos 2 anos).

Instabilidade do humor e sintomas de


ansiedade que ocorrem várias vezes
Transtorno disfórico
durante a fase pré-menstrual. Esses
pré-menstrual
sintomas ficam mais suaves por volta do
início da menstruação ou logo depois.

Ocorre pelo menos um episódio maníaco


Transtorno bipolar tipo I (euforia intensa) ou hipomaníaco (euforia
mais leve) + um episódio depressivo maior.

Ocorre pelo menos um episódio


hipomaníaco + um episódio depressivo
Transtorno bipolar tipo II
maior. Sem episódio maníaco (euforia
intensa).

Pode-se observar períodos cíclicos de


sintomas hipomaníacos e depressivos que
duram poucos dias e são menos graves do
Transtorno ciclotímico que os episódios de mania e depressão
maior no transtorno bipolar. Esses sintomas
aparecem de maneira não regular, e
marcam um humor instável.
Quadro 1 - Principais características dos transtornos de humor.³

[3] AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
A HISTÓRIA DOS
3 TRANSTORNOS DE HUMOR
......Os transtornos de humor nem sempre foram conhecidos
dessa forma! Muito antes de se falar em transtornos
psicológicos, eles já estavam presentes na sociedade e na
cultura da humanidade.
......Na Grécia antiga, muitos mitos contavam sobre
maldições lançadas aos mortais que desagradaram aos
deuses, sendo punidos com a loucura ou a melancolia,
assim como passagens bíblicas apontam para castigos
divinos semelhantes, bem como escritos do Egito.⁴
Diversos pensadores gregos trouxeram explicações para as
mudanças de humor, como o médico Hipócrates e o
filósofo Aristóteles, mas, com a ascensão da Igreja Católica,
todo tipo de perturbação emocional ou da razão se tornou
algo diabólico e proibido.
......A melancolia, que viria a ser chamada de depressão nos
dias atuais, foi colocada entre os sete pecados capitais – a
preguiça – por tornar o indivíduo ocioso e triste, e pessoas
que apresentassem sintomas de bipolaridade poderiam
facilmente ser julgadas como “possuídas”⁵ por entidades
malignas. Durante séculos, houve um grande estigma
sobre os transtornos de humor.
......Foi durante o Iluminismo europeu que esta visão
religiosa começou a perder espaço, sendo substituída por
uma visão médica e moral: estas pessoas não eram
possuídas pelo demônio, elas simplesmente sofriam dos
nervos e não estavam aptas para viver em sociedade.⁴ Da
mesma forma, associou-se a melancolia a artistas e
grandes pensadores.
......

[4] DE SOUZA, Thaís Rabanea; DE LACERDA, Acioly Luiz Tavares. Depressão ao longo da
história. In: QUEVEDO, João; NARDI, Antonio Egidio; DA SILVA, Antônio Geraldo (Org.).
Depressão: Teoria e Clínica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2019, p. 19-27.
[5] SANTOS, Carolina Marins. Visão sobre depressão sofreu transformações ao longo da
história. Jornal da USP, 18 de janeiro de 2017, Seção de Ciências. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/?p=63223>. Acesso em 06 de setembro de 2021.
......Somente ao final do século XIX que os transtornos de
humor começaram a ser estudados como uma forma de
sofrimento psicológico.⁶ A partir daí, as pessoas passaram a
buscar por informações e tratamento para estes
transtornos: ao longo do século XX, foram criados manuais
diagnósticos, profissionais foram capacitados, pesquisas
foram realizadas, movimentos civis foram feitos para
devolver a dignidade e a humanidade a quem sofre com
estes transtornos.⁷
......Atualmente, a Luta Antimanicomial, o Dia Mundial do
Transtorno Bipolar (30 de março) e o Setembro Amarelo são
grandes iniciativas de inclusão deste tema na sociedade.

Melancolia I, Albrecht Dürer

[6] SANTA CLARA, Carlos José da Silva. Melancolia: da antiguidade à modernidade - uma breve
análise histórica. Mental, Barbacena, v. 7, n. 13, p. x, 2009. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272009000200007>.
Acesso em 21 set. 2021.
[7] JACKEL, Donna. A História da Perturbação Bipolar. Associação de Apoio aos Doentes
Depressivos e Bipolares, 19 de fevereiro de 2020. Disponível em: <https://www.adeb.pt/news/a-
historia-da-perturbacao-bipolar>. Acesso em: 06 de setembro de 2021.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS
4 MAIS COMUNS?
......Os sintomas são manifestações dos transtornos e podem
ser observados (pelo examinador) ou relatados (pelo
paciente). Cabe ressaltar que a caracterização de um
transtorno depende da frequência e da intensidade dos
sintomas, não de fatos isolados. Os principais sintomas
identificados nos transtornos de humor são:

A própria variação do humor;


Aumento ou queda de “energia” - podendo aqui variar
entre mania ou hipomania (ânimo excessivo) e humor
deprimido (entrando em um própria depressão);
Baixa autoestima;
Perda de prazer;
Falta de concentração e alteração na atenção;
Sono irregular.

......Podem ser observados, também, sintomas que trazem


sofrimento para o indivíduo e que afetam vários âmbitos de
sua vida. Como nas fases depressivas, a culpa e
arrependimento são frequentes e nas fases da mania, pode
haver uma oscilação entre euforia e irritabilidade.⁸

[8] DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2019.
O QUE CONTRIBUI PARA O
DESENVOLVIMENTO DO
5 TRANSTORNO?
......A etiologia de um transtorno se refere à sua causa, ou
seja, o que o origina. Em relação aos Transtornos de Humor,
sua etiologia não é única, muito menos simples, é
multifatorial.⁹ É importante considerar a singularidade de
cada indivíduo, ou seja, a sua história de vida e a sua
realidade sociocultural para compreender a causa de seu
transtorno.¹⁰
......Para compreender o que causou um Transtorno de
Humor é importante se atentar a: histórico de transtornos
na família do indivíduo, acontecimentos estressantes e/ou
traumáticos para ele, as exigências de seu contexto social-
família, trabalho, relações de amizades, entre outras - e, aos
sinais que podem se manifestar desde a infância como
insônia, agitação, agressividade, intolerância à frustração,
impulsividade, entre diversos outros.¹¹

[9] ABREU, Cristiano Nabuco de; et al. Síndromes Psiquiátricas: Diagnóstico e entrevista para
profissionais de saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2007.

[10] ALMEIDA, M . R. A formação social dos transtornos do humor. Tese (Doutorado em Saúde
Coletiva). Universidade Estadual Paulista, 2018. Disponível em:
<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/153333/almeida_mr_dr_bot.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 27 set. 2021.

[11] DEMETRIO, F. N., MINATOGAWA-CHANG, T. M. Curso de capacitação em saúde mental:


módulo III: Transtornos de humor. São Luís, 2013. Disponível em:
<https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/2044/3/Sa%C3%BAde%20Mental%20-
%20M%C3%B3dulo%203%20UND%203.pdf >. Acesso em: 27 set. 2021.
FATORES DE RISCO
6
......É importante ressaltar que os transtornos mentais são
multifatoriais: não há causa, mas correlação, isto é, uma
combinação de fatores que podem ter relação com o
desenvolvimento e o curso de um transtorno mental. Os
fatores de risco, portanto, dizem respeito à probabilidade e
envolvem aspectos fisiológicos, ambientais e/ou
socioculturais. Os principais fatores de risco elencados na
literatura, com base em estudos e casos, são:

Fatores de risco dos transtornos depressivos ¹³


Histórico familiar;
Irritabilidade crônica/estresse crônico;
Afetividade negativa (neuroticismo) - tendência a experimentar
emoções negativas nas situações da vida;
Experiências traumáticas;
Transtornos mentais correlatos;
Condições médicas crônicas ou incapacitantes;
Dependência de álcool e drogas;
Vulnerabilidade socioeconômica;
Modificações abruptas como desemprego, conflitos conjugais ou
outras crises.

Fatores de risco dos transtornos bipolares ¹³ ¹⁴


Histórico familiar (nesses transtornos, há fortes evidências de
ordem genética);
Modificações abruptas, com ênfase em questões familiares como
separação, divórcio ou viuvez;
Vulnerabilidade socioeconômica;
Irritabilidade crônica/estresse crônico;
Experiências traumáticas.

[13] AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

[14] MICHELON, Leandro e VALLADA, Homero. Fatores genéticos e ambientais na


manifestação do transtorno bipolar. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo) [online]. 2005,
v. 32, suppl 1, p. 21-27. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-60832005000700004>.
Acesso em: 15 set. 2021.
......Algumas circunstâncias e transtornos coexistentes
podem aumentar os riscos de uso de substâncias. E o uso
de substâncias pode precipitar outros transtornos (a
influência ocorre nas duas vias). Os transtornos por uso de
substâncias envolvem um padrão comportamental
patológico, em que os indivíduos dão continuidade ao uso
mesmo com prejuízos significativos.¹⁵

Fatores de risco dos transtornos relacionados ao


uso de substâncias ¹³ ¹⁵
O círculo social;
Insatisfação com a vida;
Estresse crônico;
Sequelas médicas e psiquiátricas do uso;
Circunstâncias e transtornos coexistentes.

......Os fatores são indicadores estatísticos, no entanto vale


lembrar que é importante pensá-los de forma integrada à
história de vida, pois os comportamentos humanos se inter-
relacionam de maneira complexa!¹⁶

[15] Manual MSD. Versão para profissionais de saúde. Transtornos relacionados ao uso de
substâncias. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-
psiquiátricos/transtornos-relacionados-ao-uso-de-substâncias>. Acesso em: 15 set. 2021.

[16] JESSOR, R. Risk behavior in adolescence: a psychosocial framework for understanding


and action. Journal of Adolescent Health, v. 12, p. 597-605. 1991.
COMO É FEITO O
7 DIAGNÓSTICO?
......O diagnóstico dos transtornos de humor é diferente para
cada transtorno. Então, falaremos sobre os mais comuns:
transtorno depressivo maior e transtorno bipolar tipo I e
tipo II.

Transtorno depressivo maior: é necessário que estejam


presentes 5 dos sintomas a seguir pela maior parte do
tempo, por pelo menos duas semanas, e pelo menos um
dos dois primeiros: 1) humor deprimido na maior parte do
dia; 2) redução do prazer e interesse em todas ou grande
parte das atividades diárias; 3) perda não intencional do
peso e redução ou aumento anormal do apetite; 4) insônia
ou muito sono; 5) agito ou retardo psicomotor percebido
por outras pessoas; 6) fadiga ou perda de energia; 7)
sentimento de inutilidade e/ou culpa excessiva/inadequada;
8) dificuldade de se concentrar e tomar decisões; e 9)
pensamentos de morte, planos ou tentativas de suicídio
frequentes. Esses sintomas não podem estar ligados ao uso
de substâncias ou a outras condições médicas.

Transtorno bipolar tipo I: deve haver um ou mais episódios


maníacos, (caracterizado por um período de humor
anormal, elevado, expansivo ou irritável, com aumento
incomum de atividade ou energia, também de autoestima,
sono em menor necessidade, pensamento acelerado, fala
mais frequente do que o costume, fácil distração e
envolvimento em atividades de alto risco), se alternando
com episódios depressivos. Esses sintomas devem durar
pelo menos uma semana e estar presentes na maior parte
do dia, na maioria dos dias.
Transtorno bipolar tipo II: deve haver um ou mais episódios
depressivos maiores, durando pelo menos 2 semanas, mais
frequentes e prolongados do que os que ocorrem no TB tipo
I, seguidos por ao menos um episódio hipomaníaco,
semelhante ao maníaco, mas com características
amenizadas, muitas vezes passando despercebido. O
episódio não pode ser tão grave ou causar prejuízos
grandes no cotidiano; deve durar pelo menos 4 dias (sem
ter tido episódios maníacos). Outra característica comum
do TB tipo II é a impulsividade, que pode levar a tentativas
de suicídio e transtornos por uso de substâncias.¹⁷ ¹⁸

[17] AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
[18] WHITBOURNE, Susan Krauss; HALGIN, Richard P. Psicopatologia. AMGH Editora, 2015.
COMO É FEITO O
8 TRATAMENTO?
......Existem três modalidades de tratamento: farmacológico,
psicoterapia e eletroconvulsoterapia.¹⁹
......O tratamento farmacológico dos transtornos do humor
tem como objetivo eliminar sintomas e recuperar a
capacidade funcional e social, e impedir a recorrência da
doença.
......A eletroconvulsoterapia consiste na aplicação de
descargas elétricas no cérebro do indivíduo, cujas
indicações são ausência de resposta às drogas, efeitos
colaterais graves ou inevitáveis e piora do quadro clínico.
......As intervenções psicossociais, como a psicoterapia, têm
importante papel e são muito efetivas para o tratamento
dos transtornos do humor. Esse tratamento, concomitante
ao tratamento farmacológico, promove o alívio dos
sintomas, promove maior adesão ao tratamento
farmacológico, auxilia na reorganização psíquica e fornece
apoio ao paciente.
......Devido à complexidade do entendimento dos
transtornos de humor, seus sintomas e tratamentos, criam-
se estigma e preconceito acerca da temática, carecendo de
criação de ações educativas para combater esse cenário. A
família é uma unidade fundamental na adesão do paciente
ao tratamento e, ao mesmo tempo, é profundamente
afetada pelo sofrimento mental, necessitando também de
ser foco de atenção no cuidado prestado.

[19] OLIVEIRA. Jessica M. V. et.al. Transtornos do humor, sintomas e tratamento na


perspectiva dos familiares. ​S MAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.16
no.2 Ribeirão Preto abr./jun. 2020. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-
6976.smad.2020.149056>. Acesso em: 27 set. 2021.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
9
......Com o desenvolvmento da pandemia do novo
Coronavírus, os índices de sintomas ansiosos e depressivos
aumentaram na população como um todo. Há uma questão
de saúde pública que demanda o isolamento de milhões de
pessoas em suas residências, a fim de tentar controlar a
exposição ao vírus e, também, o risco de contaminação dos
profissionais de saúde que acabam por trabalhar
excessivamente. Os familiares, além do estresse do
isolamento, precisam lidar com a incerteza e o medo de
perder o ente querido que está com COVID-19 e, em alguns
casos, lidar com o luto. Em situações de emergências e
crises é esperado, de fato, que o estresse psicológico esteja
associado e, em função dele, faz-se necessário que novas
estratégias de orientação, atenção e tratamento à saúde
mental sejam desenvolvidas e aplicadas. Em um novo e
inesperado contexto, como o pandêmico, sintomas de
transtornos mentais e a incapacidade para lidar com o
enfrentamento podem agir como obstáculos para o
tratamento. É comum que os pacientes apresentem
sintomas e comportamentos de raiva, medo, ansiedade,
insônia, estresse, transtornos de humor, risco de suicídio e
comportamento de autolesão, dentre outros. ²⁰
......Estudos comprovam que o vírus da COVID-19 afeta o
sistema nervoso central de diversas formas, sendo comum
que alguns pacientes apresentem sequelas neurológicas
como acidente vascular cerebral isquêmico, hemorragia
intracerebral, encefalopatia, convulsões, síndromes
neuropsiquiátricas - psicose, síndrome neurocognitiva
semelhante à demência, alterações de personalidade,
catatonia, ansiedade, depressão, síndrome de fadiga
crônica e estresse pós traumático - síndrome de Guillain,

[20] ZWIELEWSKI, G. et al. Protocolos para tratamento psicológico em pandemias: as


demandas em saúde mental produzidas pela Covid-19. Debates em Psiquiatria, Rio de
Janeiro, v. 10, n. 2, p. 30–37, 2020. DOI: 10.25118/2763-9037.2020.v10.36. Disponível em:
<https://revistardp.org.br/revista/article/view/36/24>. Acesso em: 12 set. de 2021.
entre outros. Além disso, sintomas neuropsiquiátricos
decorrentes do isolamento social e das medidas restritivas
também têm sido relatados, como estresse pós-traumático,
solidão, depressão, transtornos de humor, raiva, ansiedade,
sintomas obsessivos-compulsivos, dor de cabeça e
transtornos do sono. Esses impactos são considerados
reações compreensíveis e comuns quando se pensa nas
mudanças geradas pela pandemia, no entanto, estas
podem se prolongar e se agravar, levando a aumento dos
transtornos psíquicos na população como um todo.²¹
......A síndrome pós-COVID é descrita por pesquisadores
como uma gama de alterações na área da saúde, as quais se
dão em função da infecção pelo vírus. Há relatos de cansaço
ou fadiga, desnutrição, dificuldade de concentração,
anosmia ou ageusia, tontura, taquicardia, palpitação,
dispneia, tosse, transtornos do humor, fibrose pulmonar,
insuficiência renal crônica e dor. A dor é um dos sintomas
mais relatados, resulta em grande impacto psicológico e é
apontada como um elemento central no possível
desenvolvimento de transtornos psíquicos.²²
......As sequelas psicológicas dos sobreviventes, dos
enlutados, dos indivíduos saudáveis preocupados com o
contágio e, no geral, de todos os afetados pelo isolamento
tem sido um ponto crescente de atenção. Sendo assimsão
necessários investimentos em protocolos de atendimentos
psicológicos e o desenvolvimento de novos modelos de
intervenção a fim de atingir o maior número possível de
pessoas através de psicoeducação, manejo do estresse,
controle da raiva e agressividade, desenvolvimento de
sentimento de pertencimento, assim como o incentivo à
prática de atividades físicas. Desse modo, será possível
obter resultados positivos em relação a diminuição da
ansiedade, do medo, dos transtornos de humor e demais
sensações desagradáveis geradas pela pandemia, pela
quarentena e pelo isolamento social.

[21] DE AMORIM, T. M. et al. Alterações no sistema nervoso central e suas manifestações


neuropsiquiátricas em pacientes pós COVID-19. Rev. Eletr. Acervo Cient., v. 30, 2021.
Disponível em: <https://acervomais.com.br/index.php/cientifico/article/view/8310/5107>.
Acesso em: 12 set. de 2021.
[22] DE CASTRO, A. P. et al. Dor no Paciente com Síndrome Pós-COVID-19. Revista Cient., jun.,
2021. Disponível em:
<https://revistacientifica.hospitalsantaizabel.org.br/index.php/RCHSI/article/view/204/189>.
Acesso em: 12 set. de 2021.
Cartilha - Transtornos de Humor @lapto.pucpr

Coordenação docente:
Dra. Cláudia Lucia Menegatti.

Organização:
Daniela Coelho Zys;
Francesca Ferraz de Paola;
Maria Fernanda Fernandes.

Diagramação:
Maria Fernanda Fernandes.

SEAP
LAPTO
Serviço de Apoio
Liga Acadêmica de
Psicopedagógico
Psicopatologia
PUCPR

Você também pode gostar