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Fisioterapia Hospitalar e Terapia Intensiva

EXAMES COMPLEMENTARES
EM TERAPIA INTENSIVA

Profa. Marcia Costa


.
Exames laboratoriais

• Hemograma
– Série vermelha
– Série branca
– Plaquetas

• Coagulograma
• Ionograma
• Função renal
• Função hepática
• Marcadores de necrose miocárdica
• Perfil lipídico
Hemograma
• Eritrócitos (células vermelhas)
• Leucócitos (células brancas)
• Plaquetas (série plaquetária)

• Produzidas na medula óssea e recrutadas a partir de


estímulos específicos que controlam a proliferação,

• Sobrevida relativamente curta.

• Permite identificar os fatores que interferem na


homeostase (produção x eliminação).
Morais et al., 2015. PROFISIO – Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto, Ciclo 6, v. 1.
Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)

– Células mais numerosas no conteúdo sanguíneo.

– Avalia a existência de distúrbios no sistema


eritropoiético por meio da quantificação de:

• Hemácias (eritrócitos)
• Hematócrito (Ht)
• Dosagem da Hemoglobina (Hb)

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Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)

Características Homem Mulher


Hemácias Transporte de Hb pelo 4,5 a 5,5 4,0 a 5,5 milhões
sistema circulatório. milhões células/mm3
células/mm3
Hematócrito - Proporção do volume 39 a 49% 35 a 45%
de sangue ocupada pela
série vermelha
- Depende do número de
eritrócitos e do volume
das células.

Hemoglobina - Coloração vermelha da 13 a 16g/dL 11,5 a 14g/dL


hemácia.
- Transporte de O2 e CO2
- Depende do conteúdo
das hemácias.

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Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)
Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)

• Anemia

– Redução do número de eritrócitos no sangue circulante

• Limitação da síntese celular (deficiência de substratos, como a


vitamina B12 e o ferro)
• Destruição celular aumentada (insuficiência renal, insuficiência
hepática)
• Hemorragias agudas
• Hemodiluição
• Danos na medula óssea (leucemias).

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Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)

• Policitemia

– Aumento da quantidade de células vermelhas

• Hipoxemia crônica (enfisema pulmonar, cardiopatias)


• Altitude elevada
• Desidratação grave
• Queimaduras

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Hemograma
• Eritrograma (série vermelha)

• Implicações para a Fisioterapia

– Hb reduzida, aumenta o 2,3 difosfatoglicerato (DPG) (enzima que diminui a


afinidade pelo O2), desviando a curva de dissociação da Hb para direita,
garantindo o aporte de O2 para os tecidos;

– Hb < 7 a 8g/dL, a capacidade de transporte de O2 é prejudicada, causando a


diminuição na tolerância ao exercício físico;

– Mobilização ativa em pacientes anêmicos deve ser interrompida se


surgirem sintomas, como: vertigens prolongadas, náuseas, visão turva,
taquicardia, falta de ar, parestesia ou angina;

– Hb > 8g/dL para minimizar o risco de insucesso no desmame da ventilação


mecânica (VM).
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Hemograma
• Leucograma (série branca)

– Contagem global dos leucócitos, células incolores


presentes no sangue, relacionadas com a defesa do
organismo.

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Hemograma
• Leucograma (série branca)

• Agranulócitos

– Monócitos
• Células mononucleares, capazes de penetrar em diversos
tecidos do organismo, transformando-se em macrófagos
teciduais
• Infecção: estimulam a produção de células mesenquimais,
linfócitos e neutrófilos pela medula óssea.

– Linfócitos
• Ligados à defesa do organismo por meio da produção de
anticorpos (linfócitos B) ou por citotoxicidade (linfócitos T –
CD8).
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Hemograma
• Leucograma (série branca)

• Granulócitos

– Neutrófilos
• Primeira linha de defesa contra a invasão de microrganismos,
predominantemente dotada de atividade fagocitária.
• Produção aumentada na presença de mediadores químicos
inflamatórios

– Mielócitos
– Metamielócitos
– Bastonetes
– Segmentados

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Hemograma
• Leucograma (série branca)

• Granulócitos

– Eosinófilos
• Células que apresentam atividade fagocitária menos acentuada
do que os neutrófilos.

– Basófilos
• Possuem granulações maiores do que as existentes nos demais
granulócitos.

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Hemograma
• Leucograma (série branca)

Referência
Leucócitos 5.000 a 10.000 células/mm3
Neutrófilos 57 a 71%
Mielócitos 0%
Metamielócitos 0 a 1%
Bastonetes 2 a 5%
Segmentados 55 a 65%
Eosinófilos 2 a 4%
Basófilos 0 a 1%
Monócitos 4 a 8%
Linfócitos 21 a 35%

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Hemograma
• Leucograma (série branca)

Leucocitose Infecções, inflamação, traumatismos, necrose tecidual,


leucemia, reações alérgicas e uso de corticosteroides.
Insucesso de decanulação.
Leucopenia Infecções virais, quimioterapia, comprometimento imunológico e
alcoolismo.
Monocitose Infecções bacterianas (tuberculose e endocardite bacteriana),
infecções por protozoários (leishmaniose, malária, etc.),
sarampo, lúpus, febre amarela.
Monocitopenia Fase aguda de processos infecciosos, na caquexia, na
desnutrição e, secundariamente, ao uso de glicocorticoides.
Linfocitose Fase aguda de infecções virais, infecções crônicas (tuberculose,
hanseníase, etc.) e em lesões do sistema linfático.
Linfopenia Diminuição do número de linfócitos.
Infecções pelo HIV, uso de esteroides e pela exposição a altas
doses de radiação.
Morais et al., 2015. PROFISIO – Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto, Ciclo 6, v. 1.
Hemograma
• Leucograma (série branca)

Neutrocitose Infecções bacterianas, pneumonia, apendicite, meningite,


hemorragias, infecções localizadas e intoxicações metabólicas

Neutropenia Processos viróticos, como HIV, hepatite aguda, rubéola, uso de


anti-inflamatórios não hormonais, antitérmicos (dipirona).

Eosinofilia Reações alérgicas, parasitoses, dermatoses, infecções


geniturinárias, reações imunológicas, doenças
pleuropulmonares, neoplasias, insuficiência suprarrenal.

Eosinopenia Processos infecciosos agudos supurativos ou intoxicações

Basofilia Leucemias, infecções virais e inflamação.

Morais et al., 2015. PROFISIO – Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto, Ciclo 6, v. 1.


Hemograma
• Leucograma (série branca)
Hemograma
• Plaquetometria

– Avaliar a existência de alterações dos mecanismos da hemostasia.


– Funcionam como tampões e promovem o desencadeamento da
coagulação sanguínea.
• 200.000 a 400.000 células/mm para homens e mulheres.

• Trombocitose
– Processos infecciosos (sepse, tuberculose, erisipela), transfusão
sanguínea, hemorragias agudas e leucemia mieloide crônica.
– > 600.000 células/mm: maior risco de processos tromboembólicos

• Trombocitopenia
– Uso de anticoagulantes, por lesão medular (baixa produção de plaquetas),
infecções virais, leucemias, meningite, sarampo.
– < 100.000 células/mm: maior risco de hemorragias

Morais et al., 2015. PROFISIO – Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto, Ciclo 6, v. 1.


Hemograma
• Plaquetometria
Caso clínico
• Paciente do sexo masculino, 60 anos, portador de doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) com história de febre há
quatro dias, cefaleia, mialgia, artralgia e diarreia. Chega à
emergência hipotenso (80 x 45mmHg), taquicárdico (128 bpm),
taquipneico (32 ipm), com saturação periférica de oxigênio
(SpO2) = 92% e com hematúria.

• O hemograma apresenta:
– Leucócitos - 2.500 células/mm3
– Plaquetas - 89.000 células/mm3
– Hematócrito -60%

Descreva os achados relativos ao hemograma e possíveis


riscos/complicações do paciente.
Coagulograma
Abreviatura Referência
Tempo de sangramento TS 1 a 4 minutos

Tempo de coagulação TC 4 a 10 minutos

Tempo de Ativação da Protrombina TAP 10 a 14 segundos

Tempo de Tromboplastina Parcial TTPA 24 a 40 segundos


Ativa

International Normalized Ratio INR Normal: 2 a 3


PO de cirurgia valvar: 2,5 a 3,5
Risco de hemorragia: > 3,5

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Coagulograma
TVP x TEP

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Coagulograma
Coagulograma
Coagulograma
• Paciente do sexo masculino, 67 anos, foi admitido na UTI com
história de prostração e rebaixamento do nível de consciência
nas últimas 24 horas, sangramento nas fezes e quadro de
dispneia.

• Encontra-se sonolento, dispneico (Borg = 6), SpO2 = 88%,


frequência cardíaca (FC) = 120bpm, pressão arterial (PA) = 90 x
50mmHg.

• Ao hemograma, paciente apresenta redução da Hb (Hb = 6) e


alteração na INR (INR = 3,5).

Quais alterações clínicas podem ser inferidas com base nos


exames laboratoriais?

Quais as possíveis intervenções clínicas e fisioterapêuticas?


Ionograma
Distúrbios eletrolíticos Causas Manifestações clínicas

Sódio (Na+) Hiponatremia - Infusão de líquidos - Edema cerebral


136-144 mEq/L hipotônicos - Confusão, delírio,
Avaliar nível de - Desordens coma
consciência gastrintestinais - Cefaleia, náusea,
- Lesão exsudativa, vômitos, câimbras,
queimadura, sudorese agitação,
- Uso de diuréticos desorientação

Hipernatremia - Hiperglicemia ou - Mucosas e boca seca


iatrogenia - Febre
Atentar para sinais - Perda de água superior à - Fraqueza muscular e
de fadiga muscular de sódio câimbras
- Reposição insuficiente - Letargia, insônia,
das perdas hídricas tremor, hiperreflexia,
- Excesso de esteroides memória alterada,
confusão
- Hiperpneia

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Ionograma
Distúrbios eletrolíticos Causas Manifestações clínicas

Potássio (K+) Hipocalemia - ICC, cirrose - Fadiga, fraqueza,


3,5-5,0 mmol/L - Diuréticos constipação, IRpA
Atentar para sinais - SNG, diarreia - Taquiarritmias
de dispneia e fadiga - Hiperglicemia ventriculares (TSV,
muscular - Hipermagnesemia TV e FV)
respiratória - Alcalose metabólica
(necessidade de
suporte ventilatório)

Hipercalemia - Acidose, - Arritmias: ESV, TV,


betabloqueadores FV, BAVT
Monitorizar ECG - Administração - Fraqueza muscular
excessiva progressiva,
- Diminuição da paralisia flácida,
excreção renal parestesia
- AINHs, IECA - Hiporreflexia
- Dificuldade
respiratória

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Ionograma

Distúrbios eletrolíticos Precauções


Cálcio (Ca++) - Atentar para sinais de alterações emocionais e
8,5-10,5 mg/dL neurológicas
- Monitorização de ECG

- Risco de RNC e vômitos

Fósforo (P) - Dificuldade no desmame da VM


2,5-4,0 mmol/L
- Atentar para sinais de alterações neurológicas e
sinais vitais

Magnésio (Mg++) - Dificuldade no desmame da VM


1,5-2,5 mEq/L
- Atentar para sinais de alterações neurológicas e
sinais vitais

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Ionograma

• Paciente J.M.C., 72 anos de idade, admitido na UTI, com história de


insuficiência renal crônica e quadro de insuficiência respiratória
aguda durante sessão de hemodiálise.

• Na admissão, apresentava pontuação na escala de coma de Glasgow


= 8, sendo intubado e iniciada assistência ventilatória mecânica
invasiva.

• Ao exame laboratorial, verificou-se distúrbio hidreletrolítico, com


sódio 155 mEq/L e fósforo 1,5 mmol/L.

Quais as principais repercussões ventilatórias relacionadas às


alterações laboratoriais?
Função renal

• Ureia: produzida no fígado, é um metabólito nitrogenado derivado da


degradação de proteínas pelo organismo, sendo 90% excretados
pelos rins.

• Creatinina: formada no músculo e filtrada


livremente no glomérulo

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Função renal
• Razão ureia/creatinina
Baixa Elevada

Necrose tubular aguda Desidratação

Baixa ingestão de proteínas Insuficiência cardíaca congestiva

Condições de privação alimentar Estados febris prolongados

Redução da síntese de ureia por Uso inadequado de diurético venoso


insuficiência hepática.

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Enzimas hepáticas

transaminase glutâmico-pirúvica

transaminase glutâmico oxalacética

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Enzimas hepáticas

Icterícia

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Enzimas hepáticas

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Marcadores de necrose miocárdica
• TROPONINA I • BNP
- Referência: 0,6 – 1,0 mg/dl - Referência: 0 – 70 pg/dL

- 3 a 12 horas após o IAM - Dilatação ventricular e sobrecarga na


parede miocárdica
- Até 10 dias no sangue

• CPK 21 – 215 u/l • Proteína C-reativa


– Preditor de eventos cardíacos
- Lesão muscular
Risco baixo < 1 mg/L

• CK-MB até 5,4 ng/ml Risco moderado 1 a 3 mg/L

Risco alto > 3 mg/L


- Lesão músculo cardíaco

- 12 a 24 horas

- Dentro de 48 a 72 h é
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Perfil lipídico

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