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SuMÁRIO
DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 17
TEORIA SIGNIFICATIVA DA AÇÃO ................................................................................................ 17
CRIME DE HERMENÊUTICA E A NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ....................................... 20
TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTA DE GÊNEROS DISTINTOS ................. 23
AÇÕES NEUTRAS ......................................................................................................................... 24
TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS (BROKEN WINDOWS THEORY) ............................................. 26
VIAS DO DIREITO PENAL (TEORIA GERAL DA PENA) .................................................................... 27
CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA X SECUNDÁRIA .............................................................................. 29
TEORIAS EXTREMADA E LIMITADA DO DOLO .............................................................................. 29
FUNCIONALISMO PENAL ............................................................................................................. 31
Funcionalismo moderado, dualista ou de política criminal ..................................................... 31
Funcionalismo radical, monista ou sistêmico .......................................................................... 32
DELITOS DE ACUMULAÇÃO ......................................................................................................... 34
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA............................................................................................. 36
CRIME DE OLVIDO (OU DELITO DE ESQUECIMENTO) .................................................................. 37
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO .............................................................................................. 38
ESPIRITUALIZAÇÃO DE BENS JURÍDICOS NO DIREITO PENAL ....................................................... 39
DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................... 41
LEIS DE LUTA OU DE COMBATE ................................................................................................... 44
DIREITO PENAL DE INTERVENÇÃO ............................................................................................... 44
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA .............................................................................................. 46
1. Criação ou aumento de um risco proibido .......................................................................... 46
2. Realização do risco no resultado ......................................................................................... 47
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................................ 47
EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA DA TIPICIDADE .................................................................................. 48
CORPUS DELICTI (“Tatbestand”) .............................................................................................. 48
FASE DA INDEPENDÊNCIA DO TIPO ......................................................................................... 48
TEORIA INDICIÁRIA (“ratio cognoscendi”) ............................................................................... 48
TEORIA DA IDENTIDADE (“ratio essendi”) ............................................................................... 49
2
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO ...................................................................... 49
TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE .................................................................................. 49
A TORPEZA BILATERAL AFASTA O CRIME DE ESTELIONATO?....................................................... 49
Entendimento doutrinário ...................................................................................................... 50
Entendimento do STF .............................................................................................................. 50
Entendimento do STJ .............................................................................................................. 51
ERRO DE SUBSUNÇÃO ................................................................................................................. 52
ERRO DE PROIBIÇÃO ................................................................................................................... 53
ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO................................................................................................... 54
ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO ............................................................................................... 54
ERRO DE PROIBIÇÃO MANDAMENTAL (ou “injuntivo”)........................................................... 54
ERRO CULTURALMENTE CONDICIONADO ................................................................................... 55
ERRO DE TIPO .............................................................................................................................. 56
DESCRIMINANTES PUTATIVAS..................................................................................................... 58
DESCRIMINANTE EM BRANCO .................................................................................................... 60
TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DA TENTATIVA ........................................................................ 61
TEORIA DA “VERSARI IN RE ILLICITA” E CRIMES PRETERDOLOSOS .............................................. 61
ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................................. 63
Reparação do DANO MORAL enseja a aplicação do arrependimento posterior? .................... 63
Reparação parcial do dano e o arrependimento posterior...................................................... 64
SENTENÇA DUPLA NA ESFERA PENAL .......................................................................................... 64
TEORIA DA NORMALIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS CONCOMITANTES ........................................ 65
DIREITO PENAL SUBTERRÂNEIO X DIREITO PENAL PARALELO ..................................................... 66
Quadro comparativo ............................................................................................................... 66
CRIME PUTATIVO (OU “IMAGINÁRIO”) ....................................................................................... 66
Crime putativo por erro de tipo .............................................................................................. 67
Crime putativo por erro de proibição (delito de alucinação ou crime de loucura) .................. 67
Crime putativo por obra do agente provocador (crime de ensaio ou de experiência) ............ 67
TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE ...................................................................................... 67
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO .......................................................................... 69
DOLO (DIRETO) DE PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO GRAU ...................................................... 71
DELITOS DE RELAÇÃO E DELITOS DE INTERVENÇÃO .................................................................... 71
3
DELITOS DE RELAÇÃO .............................................................................................................. 72
DELITOS DE INTERVENÇÃO...................................................................................................... 72
Qual a diferença? .................................................................................................................... 72
CRIME DE CONDUTA INFUNGÍVEL ............................................................................................... 73
CRIME AMEBA ............................................................................................................................. 73
CRIME MUTILADO DE DOIS ATOS ................................................................................................ 74
TEORIA DA COCULPABILIDADE .................................................................................................... 74
COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS .................................................................................................. 76
RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA........................................................ 77
TEORIA AGNÓSTICA DA PENA (OU TEORIA NEGATIVA) ............................................................... 78
AUTOLAVAGEM (SELFLAUDERING) ............................................................................................. 80
É possível a “autolavagem” no Brasil? (Há duas correntes)..................................................... 80
JUSTIÇA PENAL NEGOCIAL........................................................................................................... 82
CONTROLE DE EVIDÊNCIA DA LEI PENAL ..................................................................................... 84
GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR ................................................................................. 87
GARANTISMO PENAL INTEGRAL.................................................................................................. 90
Garantismo negativo ............................................................................................................... 91
Garantismo positivo ................................................................................................................ 91
CRIMES CIBERNÉTICOS ................................................................................................................ 92
TENDÊNCIA “VORVERLAGERUNG” .............................................................................................. 94
CONSCIÊNCIA DISSIDENTE........................................................................................................... 95
TEORIA DO “SETE W DOURADOS DA CRIMINALÍSTICA” .............................................................. 98
PROCESSO PENAL .......................................................................................................................... 102
DOUTRINA DO “NÃO PRAZO”.................................................................................................... 102
CRIPTOIMPUTAÇÃO .................................................................................................................. 103
LIBERDADE PROVISÓRIA OBRIGATÓRIA .................................................................................... 104
DESPRONÚNCIA ........................................................................................................................ 106
DECISÕES SUICIDAS, VAZIAS E AUTOFÁGICAS ........................................................................... 108
LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA (VÍCIOS SANADOS OU TINTA DILUÍDA) ............................. 109
Qual a diferença com a teoria da fonte independente? ........................................................ 110
RECURSO INVERTIDO ................................................................................................................ 110
DUPLO JUÍZO DE VALIDADE DE UMA MESMA PROVA ............................................................... 112
4
TESTEMUNHO “POR OUVIR DIZER” (HEARSAY RULE) ................................................................ 114
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DO “NEMO TENETUR SE DETEGERE” ................................. 116
O que são as “mentiras agressivas”? ..................................................................................... 117
AFASTAMENTO DE SERVIDOR PÚBLICO COMO EFEITO AUTOMÁTICO DO INDICIAMENTO ...... 118
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO ..................................................................................................... 119
REGRAS DE TÓQUIO .................................................................................................................. 119
STANDARDS PROBATÓRIOS ....................................................................................................... 122
RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO COMO MEIO DE PROVA ..................................................... 122
ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA ....................................................................................................... 123
Havendo excesso de linguagem, o que o Tribunal deve fazer? ............................................. 124
REMIÇÃO FICTA DA PENA .......................................................................................................... 125
A remição ficta é aceita pelos Tribunais Superiores? ............................................................ 126
REGRA DA CORROBORAÇÃO NA COLABORAÇÃO PREMIADA .................................................... 127
COLABORAÇÃO PREMIADA CRUZADA ....................................................................................... 128
SERENDIPIDADE E INFILTRAÇÃO DE AGENTES ........................................................................... 131
PERÍCIA ANTROPOLÓGICA ......................................................................................................... 132
DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................ 136
CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO ............................................................................................. 136
SENTIMENTO CONSTITUCIONAL ............................................................................................... 139
O PAPEL DAS CORTES CONSTITUCIONAIS.................................................................................. 141
PAPEL CONTRAMAJORITÁRIO ............................................................................................... 141
PAPEL REPRESENTATIVO ....................................................................................................... 142
PAPEL ILUMINISTA ................................................................................................................ 142
JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO (OU “TRANSITIONAL JUSTICE”) ........................................................... 143
1.1. Direito à verdade e à memória ....................................................................................... 144
1.2. Direito à reparação das vítimas ...................................................................................... 145
1.3. A reforma e redemocratização das instituições evolvidas com a ditadura militar:......... 146
1.4. O adequado tratamento jurídico aos crimes cometidos no período democrático e a
responsabilização dos agentes estatais responsáveis pelas violações de direitos humanos: 147
TEORIA DA INTEGRIDADE (“ROMANCE EM CADEIA”)................................................................ 149
Quatro pontos da teoria da integridade: ............................................................................... 150
5
.................................................................................................................................................... 151
VICISSITUDE CONSTITUCIONAL TÁCITA ..................................................................................... 152
Modalidades ......................................................................................................................... 153
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE REALIZADO PELO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 154
PENSAMENTO JURÍDICO DO POSSÍVEL ...................................................................................... 156
FOSSILIZAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL .............................................................................. 158
ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE ................................... 160
“BOOTSTRAPPING” CONSTITUCIONAL ...................................................................................... 161
É possível o fenômeno do bootstrapping em terras brasileiras? ........................................... 162
CONSTITUCIONALISMO MORALMENTE REFLEXIVO .................................................................. 163
DECISÃO MANIPULATIVA (OU MANIPULADORA) ...................................................................... 164
Espécies de decisões manipulativas: ..................................................................................... 165
ACOMODAÇÃO RAZOÁVEL E ÔNUS INDEVIDO .......................................................................... 166
TEORIA DA DUPLA REVISÃO ...................................................................................................... 167
O direito brasileiro adota a teoria da dupla revisão? ............................................................ 168
CONSTITUIÇÃO “CHAPA-BRANCA” ............................................................................................ 169
“CONSTITUIÇÃO UBÍQUA” ........................................................................................................ 170
CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA ............................................................................. 171
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA ....................................................................................................... 172
CONSTITUCIONALISMO “WHIG” OU TERMIDORIANO ............................................................... 173
DECLARAÇÃO BRANCA DE INCONSTITUCIONALIDADE .............................................................. 174
INCONSTITUCIONALIDADE CHAPADA........................................................................................ 175
DIFICULDADE CONTRAMAJORITÁRIA ........................................................................................ 175
TEORIA DO RIGHT TO TRY (“DIREITO DE TENTAR”) ................................................................... 177
CONCEPÇÃO PROCEDIMENTAL X SUBSTANCIAL ........................................................................ 177
PRINCÍPIO DA JUSTEZA OU PRINCÍPIO DA “E ATIDÃO FUNCIONAL” OU DA “CORREÇÃO
FUNCIONAL ............................................................................................................................... 179
ATIVISMO CONGRESSUAL ......................................................................................................... 181
EFEITO BACKLASH ..................................................................................................................... 183
DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS....................................................................................................... 186
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ............................................................................. 188
6
Acepção moderna...................................................................................................... 189
SOCIEDADE ABERTA DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO ...................................................... 189
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORES PÚBLICOS. 191
(I) LEGITIMIDADE INTERGERACIONAL DAS CLÁUSULAS PÉTREAS E O GOVERNO DOS MORTOS
SOBRE OS VIVOS. ....................................................................................................................... 192
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE FORTE VERSUS CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
FRACO ....................................................................................................................................... 195
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO NO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ..................... 196
PROCESSOS ESTRUTURANTES E DIREITO PROCESSUAL DOS DESASTRES................................... 199
TEORIA DA KATCHANGA............................................................................................................ 201
PRAGMATISMO JURÍDICO NO DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................ 202
Características ....................................................................................................................... 202
DERROTABILIDADE (OU DEFESEABILITY) ................................................................................... 204
EFICÁCIA DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................... 205
USUCAPIÃO DE LEGALIDADE/CONSTITUCIONALIDADE ............................................................ 208
CONSTITUIÇÃO SILENCIOSA X CONSTITUIÇÃO GRANÍTICA ........................................................ 208
Constituição fixa ou silenciosa ................................................................................... 208
Constituição imutável ou granítica ............................................................................ 209
CONSTITUIÇÃO DÚCTIL (SUAVE) E O CONSTITUCIONALISMO DA TEORIA DISCURSIVA DE JÜRGEN
HABERMAS ................................................................................................................................ 209
CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO .............................................................................................. 210
TEORIA DOS CAMALEÕES NORMATIVOS E A METODOLOGIA FUZZY ........................................ 210
“DEPARTAMENTALISMO CONSTITUCIONAL” OU INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
DEPARTAMENTALISTA............................................................................................................... 211
DIMENSÃO OBJETIVA OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................ 212
Efeito irradiador dos direitos fundamentais .......................................................................... 212
Direitos Fundamentais como normas de competência negativa........................................... 212
Dever objetivo de promoção e proteção ............................................................................... 212
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ONTOLOGIA .................................................................................. 213
Constituição Normativa......................................................................................................... 213
Constituição Nominal ............................................................................................................ 213
Constituição Semântica ......................................................................................................... 213
7
DIMENSÃO ECOLÓGICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA............................................. 215
TEORIA DOS LIMITES DOS LIMITES ............................................................................................ 217
Critérios (limites) para que as limitações possam ocorrer foram estabelecidos ................... 218
DESACORDOS MORAIS RAZOÁVEIS ........................................................................................... 219
TEORIA DAS ESCOLHAS TRÁGICAS ............................................................................................. 220
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL................................................................................ 222
PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL .............................................................................................. 224
POSITIVISMO JURÍDICO ATUAL: POSITIVISMO EXCLUSIVISTA E INCLUSIVISTA E O NÃO
POSITIVISMO ............................................................................................................................. 226
TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL E O MÍNIMO EXISTENCIAL .................................................. 227
EROSÃO DA CONSCIÊNCIA CONSTITUCIONAL ........................................................................... 229
DIMENSÕES OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS........................................ 230
RACISMO AMBIENTAL ............................................................................................................... 232
CONSTITUIÇÃO VIVA ................................................................................................................. 233
PANCONSTITUCIONALIZAÇÃO ................................................................................................... 235
MEDIDAS PROVISÓRIAS PELOS ESTADOS: é possível? ............................................................... 236
TEORIA DOS SISTEMAS SOCIAIS (NIKLAS LUHMANN) ................................................................ 238
PROCESSO CIVIL ............................................................................................................................ 242
SISTEMA ADOTADO PELO NOVO CPC PARA O JULGAMENTO DE CASOS REPETITIVOS .............. 242
Sistema de “causa-piloto” (sistema de pinçamento) ............................................................. 242
Sistema de “procedimento-modelo”..................................................................................... 243
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ÀS AVESSAS .............................................................................. 245
TEORIAS DA AÇÃO NO PROCESSO CIVIL .................................................................................... 245
A SÚMULA VINCULANTE SE CARACTERIZA POR SER SÚMULA IMPEDITIVA DE RECURSOS? ...... 248
FUNÇÃO “NOMOFILÁCICA” DOS TRIBUNAIS SUPERIORES ......................................................... 249
IRREVERSIBILIDADE DE MÃO DUPLA OU RECÍPROCA IRREVERSIBILIDADE ................................ 250
PROVA EMPRESTADA ................................................................................................................ 252
PERÍCIAS REQUERIDAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: QUEM DEVE PAGAR? ............................... 253
COISA JULGADA PROGRESSIVA ................................................................................................. 255
JUSTIÇA MULTIPORTAS ............................................................................................................. 255
SITUAÇÃO DE INESCLARECIBILIDADE......................................................................................... 258
8
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO ........................................................................................... 261
CONEXÃO POR AFINIDADE ........................................................................................................ 262
AUTOINTERDIÇÃO ..................................................................................................................... 262
TAXATIVIDADE MITIGADA ......................................................................................................... 263
Qual foi o critério adotado pelo STJ? .................................................................................... 265
PRECEDENTE COM EFICÁCIA DESEFICACIZANTE OU RESCINDENTE ........................................... 266
DEVER DE INTEGRIDADE DO CPC/15 e TEORIA DA INTEGRIDADE ............................................. 268
TÉCNICA DE CONFRONTO E APLICAÇÃO DO PRECEDENTE: “distinguishing” ............................. 269
OVERRULING DIFUSO X OVERRULING CONCENTRADO ............................................................. 270
RECURSO ADESIVO CRUZADO (RECURSO ADESIVO CONDICIONADO) ....................................... 271
TEORIA DOS DOIS CORPOS DO REI ............................................................................................ 273
RECURSO ADESIVO .................................................................................................................... 273
TEORIA DA CAUSA MADURA (CPC/15) ...................................................................................... 274
EFEITO DESOBSTRUTIVO DO RECURSO ................................................................................. 274
TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO (ART. 942 DO CPC/15) ............................................. 276
Informações importantes ...................................................................................................... 278
DECISÃO DETERMINATIVA ........................................................................................................ 278
RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA ......................................................................................... 279
É POSSÍVEL RECONVENÇÃO SUCESSIVA (RECONVENÇÃO DA RECONVENÇÃO)? ....................... 281
DIREITO CIVIL ................................................................................................................................ 285
CARACTERÍSTICAS DO “NOVO” DIREITO CIVIL ........................................................................... 285
A) Constitucionalização, despatrimonialização e repersonalização do direito civil ............ 285
B) Aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas.................................. 285
C) Existência não só de códigos civis, mas também de microssistemas legislativos .......... 285
D) Sistema jurídico como um “sistema aberto de princípios normativos” ......................... 285
E) Funcionalização dos conceitos, categorias e institutos civis .......................................... 286
F) Renovação da interpretação no direito civil- a teoria dos direitos fundamentais ......... 286
G) Redução qualitativa da autonomia da vontade ............................................................. 286
H) Função social no direito civil ......................................................................................... 286
DIREITO DE NÃO SABER ............................................................................................................ 287
CONTRATO “GRÉ À GRÉ” ........................................................................................................... 288
9
Existe previsão deste instituto jurídico no CC/02? ................................................................ 289
É necessário o inadimplemento para alegar a exceção de inseguridade? ............................. 290
TEORIA DO CORPO NEUTRO ...................................................................................................... 290
TEORIA DO DESESTÍMULO (PUNITIVE DAMAGE) ....................................................................... 292
PRINCÍPIO DA BOA -FÉ OBJETIVA (FUNÇÕES SUPRESSIO, SURRECTIO, TU QUOQUE, EXCEPTIO
DOLI e VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM) .......................................................................... 293
CLÁUSULA ABERTA .................................................................................................................... 296
SUPRESSIO E SURRECTIO ........................................................................................................... 297
DUTY TO MITIGATE THE LOSS.................................................................................................... 298
TU QUOQUE .............................................................................................................................. 300
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM ....................................................................................... 301
EXCEPTIO DOLI .......................................................................................................................... 302
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO CIVIL .......................................................................... 302
PRINCÍPIO DA ETICIDADE ........................................................................................... 303
PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE ...................................................................................... 303
PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE .................................................................................. 303
DESOBEDIÊNCIA CIVIL ............................................................................................................... 303
Características do ato de desobediência civil ........................................................................ 304
Condições necessárias para reconhecer um ato como “desobediência civil” ....................... 304
Classificação .......................................................................................................................... 304
TEORIA “CONTRA NON VALENTEM” ......................................................................................... 305
TEORIA DO INADIMPLEMENTO EFICIENTE (“efficient breach theory”) ...................................... 306
O ordenamento jurídico brasileiro adota essa teoria? .......................................................... 307
DISCRIMINAÇÃO DE FATO X DISCRIMINAÇÃO INDIRETA ........................................................... 307
1. Discriminação de fato .................................................................................................... 308
2. Discriminação indireta (teoria do impacto desproporcional) ........................................ 308
MOMENTO PARA ALEGAR IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA ................................... 309
NULIDADE DE ALGIBEIRA........................................................................................................... 311
INFERNO DE SEVERIDADE.......................................................................................................... 313
PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE RELATIVA DO NOME............................................................ 313
EXCEÇÕES .............................................................................................................................. 313
10
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL .............................................................................. 315
EXCEÇÕES (O STJ não admite a aplicação da teoria do adimplemento substancial).............. 315
MENSURAÇÃO DA INDENIZAÇÃO NO CC/02 ............................................................................. 316
REGIME DUALISTA DE GUARDA ................................................................................................ 317
OS ALIMENTOS SÃO IRRENUNCIÁVEIS?..................................................................................... 317
EMANCIPAÇÃO X RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS .............................................................. 318
TRANSMISSÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS PERTENCENTES AO FALECIDO ................................. 319
REGRA GERAL ........................................................................................................................ 319
EXCEÇÕES (não são transmitidos) ......................................................................................... 319
O PERFIL FUNCIONALIZADO DA CURATELA ............................................................................... 319
COMPRA E VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE (BEM MÓVEL)................................. 321
A CLÁUSULA DE “HARDSHIP” .................................................................................................... 322
REGISTRO TORRENS .................................................................................................................. 324
TEORIA THIN SKULL RULE .......................................................................................................... 325
ANATOCISMO............................................................................................................................ 329
DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................ 332
“DIREITO ADMINISTRATIVO DO ESPETÁCULO” ......................................................................... 332
PRINCÍPIO DA RESERVA DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................... 334
ORDENAMENTOS ADMINISTRATIVOS SETORIAIS ...................................................................... 336
ACCOUNTABILITY HORIZONTAL e VERTICAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................. 337
OVERBREADTH DOCTRINE E A TIPIFICAÇÃO DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PELA
LEI N. 8.429/92 .......................................................................................................................... 339
ADMINISTRAÇÃO POLICÊNTRICA – CORRUPÇÃO E TRANSPARÊNCIA ........................................ 341
Administração Policêntrica ................................................................................................... 341
Corrupção e Transparência ................................................................................................... 343
TEORIA DA ENCAMPAÇÃO ........................................................................................................ 345
PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE DA OBRA PÚBLICA ................................................................. 347
TEORIA DA DUPLA GARANTIA ................................................................................................... 349
É possível propor ação diretamente contra o agente público? ............................................. 349
TEORIA DA CAPTURA................................................................................................................. 350
DOUTRINA CHENERY ................................................................................................................. 351
11
O ARTIGO 221 DO CPP E A LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (EXCEÇÃO) ....................... 354
RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA PELA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA........ 355
NEPOTISMO PARA CARGO POLÍTICO ......................................................................................... 357
NORMA DE EXTENSÃO PESSOAL DOS TIPOS DE IMPROBIDADE (ART. 3º LIA) ........................... 358
TENTATIVA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ...................................................................... 358
EMERGÊNCIA FABRICADA ......................................................................................................... 359
DESPOLARIZAÇÃO DA DEMANDA .............................................................................................. 360
RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO POR ENCARGOS TRABALHISTAS.............................. 362
TEORIA DO RISCO INTEGRAL ..................................................................................................... 363
CASOS EXCEPCIONAIS QUE ADMITEM O RISCO INTEGRAL .................................................... 364
PROCESSO COLETIVO .................................................................................................................... 366
PROCESSO COLETIVO COMUM X ESPECIAL ............................................................................... 366
LITÍGIO ESTRATÉGICO................................................................................................................ 367
LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA .......................................................................................................... 371
LITÍGIOS TRANSINDIVIDUAIS DE DIFUSÃO GLOBAL, LOCAL OU IRRADIANTE ............................ 372
PROCESSOS ESTRATÉGICOS....................................................................................................... 374
FLUID RECOVERY ....................................................................................................................... 375
O prazo anual é decadencial?................................................................................................ 376
CLÁUSULA “NO MEU QUINTAL, NÃO” ....................................................................................... 378
TEORIA DA MOLECULARIZAÇÃO DO CONFLITO ......................................................................... 378
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA NA JUSTIÇA FEDERAL............................................................... 380
TEORIA DA QUALIDADE ............................................................................................................. 381
INQUÉRITO CIVIL NO ÂMBITO ELEITORAL ................................................................................. 381
ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA ........................................................... 383
LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA
COLETIVO .................................................................................................................................. 384
A COISA JULGADA NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ........................................... 386
PROCESSO COLETIVO PASSIVO .................................................................................................. 387
FUNDAMENTO PARA POSSIBILIDADE .................................................................................... 388
CLASSIFICAÇÃO ..................................................................................................................... 389
POLO PASSIVO ....................................................................................................................... 389
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LITÍGIOS ESTRUTURAIS .............................................................................................................. 391
DIFUSOS E COLETIVOS ................................................................................................................... 393
RECOMENDAÇÃO E A FUNÇÃO OMBUDSMAN ......................................................................... 393
EFEITO SINÉRGICO NO DIREITO AMBIENTAL ............................................................................. 395
TEORIA DA CAOS (“efeito borboleta”) ....................................................................................... 395
CRIMES AMBIENTAIS COM NATUREZA PERMANENTE .............................................................. 398
CLÁUSULA DE CONTRATO SAÚDE QUE AUTORIZA AUMENTO DE MENSALIDADES ................... 401
DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................................................... 404
TEORIA DO “CAVEAT EMPTOR” NO DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................... 404
Essa teoria é adotada pelo CDC? ........................................................................................... 404
Posição do Superior Tribunal de Justiça ................................................................................ 404
VENDA CASADA ÀS AVESSAS OU INDIRETA ............................................................................... 406
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO CDC .................................................................................. 407
TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR .................................................................. 407
Posição do Superior Tribunal de Justiça ................................................................................ 408
“CHAMARIZ” NO DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................ 408
DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................. 412
SOCIEDADE UNIPESSOAL NO DIREITO BRASILEIRO: existe? ...................................................... 412
O “CRAM DOWN” NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ........................................................................ 413
Jurisprudência brasileira ....................................................................................................... 416
PACOTE ANTICRIME ...................................................................................................................... 418
JUIZ DAS GARANTIAS................................................................................................................. 418
ACORDO DE IMUNIDADE .......................................................................................................... 420
TEORIA DA DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO ........................................................................ 421
AGENTE DISFARÇADO ............................................................................................................... 423
INFORMANTE DO BEM (WHISTLEBLOWER)............................................................................... 425
CONFISCO ALARGADO............................................................................................................... 426
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL....................................................................................... 428
MUDANÇAS NO CÓDIGO PENAL................................................................................................ 429
2. A MULTA SERÁ EXECUTADA PERANTE O JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL (art. 51, CP) ............. 430
3. NOVO LIMITE DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (art. 75, CP) ......... 430
13
83, CP) ................................................................................................................................... 430
5. NOVOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO (art. 91-A, CP) ............................................................ 430
6. NOVAS CAUSAS IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO (art. 116, CP) ........................................... 431
7. ALTERAÇÕES NO CRIME DE ROUBO (art. 157, CP) ............................................................. 431
8. ALTERAÇÃO NO CRIME DE ESTELIONATO (art. 171, CP) .................................................... 431
9. AUMENTO NA PENA DO CRIME DE CONCUSSÃO (art. 316, CP) ......................................... 432
EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA ................................................................................................ 432
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ....................................................................... 434
JUIZ DAS GARANTIAS............................................................................................................. 435
NOMEAÇÃO DE DEFENSOR PARA OS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA ............................ 437
ALTERAÇÕES NA REGRA DO ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL .............................. 437
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL ................................................................................. 438
ALTERAÇÕES NAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ..................................................................... 439
DAS PROVAS CONSIDERADAS ILÍCITAS .................................................................................. 441
CADEIA DE CUSTÓDIA ............................................................................................................ 441
MEDIDAS CAUTELARES .......................................................................................................... 444
PRISÃO SEM EXIBIÇÃO DE MANDADO ................................................................................... 445
PRISÃO EM FLAGRANTE ........................................................................................................ 445
PRISÃO PREVENTIVA ............................................................................................................. 446
PRISÃO APÓS SENTENÇA CONDENATÓRIA DO JÚRI .............................................................. 449
DAS NULIDADES .................................................................................................................... 449
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ...................................................................................... 450
RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL ............................................................... 450
ALTERAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL ................................................................................ 451
IDENTIFICAÇÃO DE PERFIL GENÉTICO ................................................................................... 451
NOVA HIPÓTESE DE FALTA GRAVE ........................................................................................ 451
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO.................................................................................... 451
PROGRESSÃO DE REGIME...................................................................................................... 454
SAÍDA TEMPORÁRIA .............................................................................................................. 455
ALTERAÇÕES NA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ................................................................. 456
EXECUÇÃO DA PENA.............................................................................................................. 456
14
INFILTRAÇÃO VIRTUAL DE AGENTES POLICIAIS ..................................................................... 458
ALTERAÇÕES NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS............................................................................ 459
ROL DOS CRIMES HEDIONDOS .............................................................................................. 460
REVOGAÇÃO DA REGRA SOBRE PROGRESSÃO DE REGIME ................................................... 462
ALTERAÇÕES NA LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................................. 462
CAPTAÇÃO AMBIENTAL ......................................................................................................... 462
ALTERAÇÕES NA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS ........................................................................ 464
AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES ................................................................ 464
ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO................................................................... 465
AGENTE POLICIAL DISFARÇADO ............................................................................................ 466
ALTERAÇÕES NA LEI DE DROGAS ............................................................................................... 468
NOVA HIPÓTESE DE TRÁFICO DE DROGAS ............................................................................ 468
ALTERAÇÕES NA LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL ................................................................... 468
PERFIS GENÉTICOS ................................................................................................................ 468
ALTERAÇÕES NA LEI 13.608/2018 E A FIGURA DO “WHISTLEBLOWER” .................................... 469
REGULAMENTAÇÃO ACERCA DA PROTEÇÃO DO INFORMANTE ............................................ 469
ALTERAÇÕES NA LEI 12.694/2012 (FORMAÇÃO DE ÓRGÃO COLEGIADO PARA CRIMES DE
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA) ..................................................................................................... 470
REGULAMENTAÇÃO DOS ÓRGÃOS COLEGIADOS .................................................................. 470
LEI 8.038/1990 (COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS) ................................................. 472
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL ................................................................................. 472
LEI QUE TRATA SOBRE O FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA - LEI 13.756/2018 ....... 472
RECURSOS PARA O FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA ......................................... 472
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR ......................................................... 473
CONSTITUIÇÃO DE DEFENSOR PARA INVESTIGADO QUANDO O FATO FOR RELACIONADO AO
USO DA FORÇA LETAL ............................................................................................................ 473
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ 475
15
CAPÍTULO 01
16
Direito PENAL
DIREITO PENAL
17
Para essa teoria, segundo Cezar Roberto Bitencourt, só haverá ação humana
relevante para o direito penal se esta puder ser relacionada a determinado tipo
penal, pois somente com a reunião dos elementos exigidos pelo tipo penal é
que termos o significado jurídico do que denominamos crime.
Ademais, de acordo com o doutrinador Paulo César Busato, as ações não sendo
meros acontecimentos, exigem interpretação. Vale dizer, não basta mais que
as ações sejam meramente descritas, mas é necessário que elas sejam
interpretadas e compreendidas.
Enquanto os meros fatos da vida podem ser explicados por regras imutáveis
(como as leis da física, por exemplo), as ações humanas têm a característica
diferenciadora de que somente podem ser identificadas, classificadas e
interpretadas conforme regras ou normas.
18
(...) “não se pode afirmar que um tapa no rosto seja uma lesão
corporal, uma injúria, um cumprimento rude ou, até mesmo, um
ato reflexo sem uma análise das circunstâncias em que ocorre
para a verificação de como deve ser interpretado e compreendido
referido tapa, até mesmo para a definição se pode mesmo ser
considerado um tapa”.
Dessa maneira, nota-se que as ações são configuradas de acordo com o seu
significado social, pelo contexto em que se produzem. Do mesmo modo, não
existe ação de estelionato sem que haja previamente uma definição jurídico-
penal de estelionato, o mesmo vale para as demais infrações penais.
Não existe um conceito geral de ação, mas sim tantos conceitos quantos
modelos de condutas relevantes – ou formalmente típicas, para usar a
terminologia tradicional – existirem para o direito penal.
19
expressar uma forma de percepção da ação no contexto social das
circunstancias em que se produz.
Tais divergências, por si só, não poderiam ser punidas como abuso de
autoridade. Pensando nisso, o § 2º do art. 1º da Lei prevê tais situações como
causa de exclusão da tipicidade nos seguintes termos: § 2º A divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso
de autoridade.
20
diversa daquela sustentada pelo MP – que defende que essa conduta é atípica.
O juiz adota essa segunda posição e rejeita a denúncia por entender que não a
situação não se amolda àquele tipo penal. O simples fato de haver essa
divergência de interpretação não gera a conclusão de que o integrante do
Parquet tenha agido com abuso de autoridade.
O objetivo deste dispositivo foi o de evitar aquilo que Rui Barbosa chamou de
“crime de hermenêutica”, que ocorre quando o operador do Direito (em
especial o magistrado) é responsabilizado criminalmente pelo simples fato de
sua intepretação ter sido considerada errada pelo Tribunal revisor.
O tema não é novo e, como dito, Rui Barbosa, há muitos anos, já condenava as
tentativas de se criar o “crime de hermenêutica”:
21
justiça contra os erros individuais dos juízes, pelo sistema dos
recursos, ter-se-á convertido, a benefício dos interesses
poderosos, em mecanismo de pressão, para substituir a
consciência pessoal do magistrado, base de toda a confiança na
judicatura, pela ação cominatória do terror, que dissolve o homem
em escravo. (...)” (Obras Completas de Rui Barbosa, Vol. XXIII,
Tomo III, p. 228).
22
Portanto, nota-se que o denominado “crime de hermenêutica” (que consiste na
criminalização da interpretação que o agente público faz de uma norma) já era
rechaçada pela jurisprudência e, atualmente, é vedado pela Lei de Abuso de
Autoridade, uma vez que o parágrafo 2º do art. 1º prevê tal situação como causa
de exclusão da tipicidade.
TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE
CONDUTA DE GÊNEROS DISTINTOS
23
impeditivo do reconhecimento da insignificância, conforme decisão do STJ
(HC 150.236/DF- Info 489).
AÇÕES NEUTRAS
De acordo com Luís Greco, “ações neutras seriam todas as contribuições a fato
ilícito alheio não manifestamente puníveis.”
Assim, o Direito Penal não poderia trabalhar com a física pura (o que é e o que
não é), mas deveria trabalhar com a chamada física quântica, com o que é
provável (observância dos elementos normativos e valorativos).
24
Em que circunstâncias as “ações neutras” surgem? As “ações neutras”
aparecem em contextos delimitados de atuação profissional, cotidiana ou
habitual. Nesta esfera o autor da ação neutra realizaria os comportamentos
ordinários de sua profissão e estes atos, todavia, configurariam contribuição à
ação delitiva alheia.
A doutrina arremata que “os advogados que cometem crimes devem ser
investigados e punidos, mas isso não se confunde com a incriminação de
condutas inerentes à advocacia, estratégia ilícita que persegue a punição de
crimes pela via da redução do âmbito normativo do exercício profissional de
atividade essencial à Justiça e pela conversão de advogados em agentes
encarregados de reforçar a vigilância e castigo das pessoas que recorrem a
25
eles.”
26
quebre todo o resto.
A ideia dessa teoria foi aplicada na Lei 11.340/06 (o legislador quis evitar as
lesões mais graves) – Lei Maria da Penha: combate com rigor todo e qualquer
tipo de violência doméstica contra a mulher. Ex. lesão corporal leve contra a
mulher: não cabe transação, suspensão condicional. Etc.
Entende-se como primeira via do Direito do Penal aquela que visa a aplicação
da pena privativa de liberdade, ligada à visão clássica de Direito Penal,
evidenciando o caráter repressivo e punitivo.
27
com os fins da pena e atende as necessidades da vítima. É a Justiça Restaurativa.
28
CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA X SECUNDÁRIA
29
justificação) exclui a culpabilidade ao argumento da inexistência do dolo
normativo.
Seja como for, as teorias do dolo foram superadas pela teoria finalista da ação,
de Hans Welzel, pela qual o dolo foi removido da culpabilidade à conduta (e
esta integra o tipo penal incriminador), e o elemento normativo do dolo foi
deste removido e inserido na culpabilidade sob a denominação de “consciência
potencial da ilicitude”. A culpabilidade, enfim, passou a ser totalmente
normativa (sem qualquer elemento psicológico, portanto), com os
30
seguintes elementos: imputabilidade; consciência potencial da ilicitude e
exigibilidade de conduta diversa.
FUNCIONALISMO PENAL
31
A tipicidade já não pode ser entendida em sentido puramente formal
(adequação do fato à letra da lei). Nem tudo que é formalmente típico o é
materialmente.
A ação, por seu turno, deve ser enfocada como “manifestação da personalidade
do agente” (ou seja, manifestação dominada ou dominável pela vontade).
O Direito não regula fatos naturais, sim, fatos sociais. Delito é a frustração das
expectativas normativas. Pena é a confirmação (contrafática) da vigência da
norma infringida.
32
Sua finalidade primordial consiste justamente em prevenir o delito por meio da
confirmação da norma (prevenção geral positiva ou integradora).
Em suma:
33
inibição do crime) e engendra a imputação do resultado, integrando ao
tipo penal.
Bibliografia: Rogério Greco (Curso de Direito Penal, vol 1); Cleber Masson
(Manual de Direito Penal).
DELITOS DE ACUMULAÇÃO
34
A ideia de acumulação surge como uma ferramenta de proteção da coletividade,
no contexto da discussão sobre a sociedade de riscos. A categoria dos delitos
por acumulação é inicialmente sugerida por Lothar Kuhlen, para fornecer uma
hipótese de intervenção penal nos casos de pequenas infrações ao meio
ambiente que, individualmente, são insignificantes, já que não representam
lesividade suficiente para permitir a punição do autor, mas que, somadas,
representam um dano considerável às condições de preservação ambiental.
Ademais, para Wohlers e Von Hirsch: a acumulação é mais do que uma técnica
legislativa, é também um fundamento para a justificação ou legitimação de
condutas perigosas contra bens jurídicos coletivos. Finaliza, citando a
perspectiva de tais autores “as condições para que se verifique uma
35
conduta merecedora de punição com base na acumulação são: (i) prognóstico
realista de realização de condutas; (ii) existência de resultado efetivo, ainda que
reduzido; (iii) consideração de condutas pouco significantes.”
Por força dessa teoria, aquele que renuncia a adquirir um conhecimento hábil a
subsidiar a imputação dolosa de um crime responde por ele como se tivesse tal
conhecimento.
36
Esta teoria vem sendo aplicada no Brasil sobretudo nos crimes de lavagem de
dinheiro. Como o tipo penal de lavagens de capitais traz como elementar a
infração penal antecedente, depreende-se que na hipótese de o agente
desconhecer a procedência ilícita dos bens, faltar-lhe-á o dolo de lavagem, com
a consequente atipicidade de sua conduta, ainda que o erro de tipo seja evitável,
porquanto não se admite a punição da lavagem à título culposo.
37
caracterizado pela natureza culposa, mais especificamente pela culpa
inconsciente (ou sem previsão).
Um exemplo de crime de olvido seria o caso do pai que estaciona seu automóvel
em via pública, em um dia de muito calor, e dirige-se ao supermercado, porém,
esquece o filho de tenra idade no interior do veículo. Como o genitor demora a
retornar, a criança acaba falecendo em consequência da insolação e asfixia a
que foi submetida.
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO
38
Os mandados de criminalização, segundo Cleber Masson, Indicam matérias
sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a
obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de
forma adequada e, dentro do possível, integral.
39
Primeiramente, de acordo com o Professor Cleber Masson, os bens jurídicos
são valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do
indivíduo e da coletividade, e por essa razão merecedores de tutela penal. No
âmbito de uma teoria constitucional do Direito Penal, só podem ser
incriminadas as condutas atentatórias a bens consagrados na Constituição
Federal.
O conceito de bem jurídico sempre teve relação com a pessoa humana. Por
consequência, a tipificação de crimes sempre esteve relacionada à proteção de
bens jurídicos inerentes ao indivíduo, sejam estes bens lesionados (crimes de
dano) ou expostos a efetivo perigo (crimes de perigo concreto).
40
Portanto, em síntese: trata-se da crescente incursão, no âmbito do direito
penal, pela seara dos interesses metaindividuais e dos crimes de perigo,
especialmente os de índole abstrata (delitos em que a lei presume, de forma
absoluta, a situação de risco ao bem jurídico penalmente tutelado).
41
sociedade. Eles não são privados de todos os seus direitos mas, em certos
aspectos, são desprovidos dos mesmos direitos que um verdadeiro cidadão
usufrui.
42
Trata-se de terceira velocidade do direito penal, considerando a privação da
liberdade e suavização ou eliminação de direitos e garantias penais e
processuais.
Além disso, também vale a pena comentar uma crítica do próprio Jakobs aos
ordenamentos jurídicos que incorporam apenas fragmentos de sua teoria, como
é o caso do brasileiro. Segundo o jurista alemão, quando isso acontece, há um
alto risco de que cidadãos possam receber o tratamento que deveria ser
43
dispensado apenas aos verdadeiros inimigos da sociedade. Portanto, o
adequado seria que a teoria fosse aplicada em sua integralidade.
44
como, por exemplo, a criação de tipos penais em branco, tipos de perigo
abstrato e leis meramente simbólicas. Ou seja, tais modificações resultaram em
inevitável expansão do Direito Penal.
45
Hassemer é contrário à expansão da tutela penal a bens jurídicos
supraindividuais, que vem sendo promovida diante da sociedade dos riscos.
Não basta que o resultado tenha sido produzido pelo agente para que se possa
afirmar a sua relação de causalidade, sendo preciso, também, que ele possa ser
imputado juridicamente.
Essa teoria busca definir a relação de causalidade, mas insere duas novas
elementares (causalidade normativa) no tipo objetivo, quais sejam:
46
Atenção: Não há ação perigosa quando o risco for juridicamente
irrelevante ou se houver diminuição do risco, avaliado ANTES da ação
pelo agente.
B) O risco criado deve ser proibido pelo Direito. Isso porque, nem toda
ação perigosa é proibida pelo Direito, a exemplo da lesão corporal
provocada em luta de boxe, o fato é atípico, se respeitadas todas as
regras.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
47
relação de causalidade, sendo necessária realização do risco proibido
pela norma;
Essa teoria é aplicável exclusivamente aos crimes materiais;
Como tal teoria possui íntima relação com as regras da física quântica,
vez que não basta à mera relação de causa e efeito entre conduta e
resultado, fala-se em “direito penal quântico”, caracterizado pela
presença da relação de causalidade normativa e da tipicidade material;
Uma vez concluída pela não imputação objetiva, afasta-se o fato típico.
48
OBS: Sua utilidade prática repousa na inversão do ônus da prova no tocante às
causas de exclusão da ilicitude. É a mais aceita no Direito Penal.
49
Em certos casos a própria vítima também atua com má-fé, visando a obter
vantagem sobre o agente, pois igualmente tem a finalidade de obter para si ou
para terceiro uma vantagem ilícita. É a chamada torpeza bilateral.
SIM. Ora, predomina na doutrina que a torpeza bilateral não afasta o delito, até
porque o artigo 171 do CP não consta a boa-fé da vítima como elementar.
(a) não se pode ignorar a má-fé do agente que utilizou a fraude e obteve
a vantagem ilícita em prejuízo alheio, nem o fato de a vítima ter sido
ludibriada, e, reflexamente, ter suportado prejuízo econômico;
(b) a boa-fé da vítima não é elementar do tipo contido no art. 171,
caput, do Código Penal; e
(c) a reparação civil do dano interessa somente à vítima, enquanto a
punição do estelionatário interessa a toda a coletividade.
50
Fraude bilateral. Embora reprovável a conduta da vítima que
participa da trama de outrem, visando vantagem ilícita, a sua boa-
fé não é elemento do tipo previsto no art. 171 do Código Penal.
Sanciona-se a conduta de quem arquiteta a fraude, porque o
Direito Penal tem em vista, primordialmente, a ofensa derivada
do delito. (340RHC 65.186/SP, rel. Min. Carlos Madeira, 2.a
Turma, j. 19.06.1987).
51
b) vitima agir com má-fé
c) provocação ou manutenção em erro.
d) locupletação (vantagem) ilícito.
e) lesão patrimonial de outrem.
O gabarito foi considerado a alternativa “b”.
ERRO DE SUBSUNÇÃO
O erro de subsunção não exclui o dolo, nem a culpa, tampouco isenta o agente
da pena.
Mas parte da doutrina sustenta que o agente responderá pelo crime, podendo
ter a pena atenuada conforme preceitua o art. 66 do CP.
52
O erro de subsunção não se confunde com o erro se tipo (que é a falsa percepção
da realidade), e, tampouco, com o erro de proibição (que é o erro sobre a
ilicitude do comportamento).
ERRO DE PROIBIÇÃO
O erro de proibição (art. 21, caput, CP) pode ser definido como a falsa
percepção do agente acerca do caráter ilícito do fato típico por ele praticado,
de acordo com um juízo profano, isto é, possível de ser alcançada mediante um
procedimento de simples esforço de sua consciência.
Insta salientar que o STJ vem entendendo que a simples omissão (ou
conivência) do Poder Público no que diz respeito ao combate da criminalidade
NÃO autoriza o reconhecimento do erro de proibição. (REsp 870.055/SC).
53
São espécies de erro de proibição:
Por fim, para Juarez Cirino dos Santos, o “erro de mandado” não é erro de
proibição. Trata-se, entretanto, de posição minoritária.
54
ERRO CULTURALMENTE CONDICIONADO
Além do erro que afeta a ilicitude há o erro que afeta a compreensão da ilicitude,
e ambos resultam no erro de proibição. Compreensão é diferente de
conhecimento. O conhecimento é pressuposto da compreensão, mas não pode
haver compreensão sem conhecimento.
55
“Trata-se de uma especificação do erro de proibição que vale
para aqueles casos em que, pese embora o conhecimento da
proibição, não é exigível ao agente a respectiva interiorização
porque ela é estranha à sua cultura, reconhecendo, no entanto,
que o condicionamento cultural pode dar lugar a outras espécies
de erro. O „erro de compreensão culturalmente condicionado‟
revela um grau de tolerância maior na resolução das situações de
conflito pessoal entre sistemas culturais distintos, dado que
prescinde à partida da comprovação da censurabilidade do erro.
A admissão de um juízo de censurabilidade nas constelações a que
o erro se refere pressupõe o reconhecimento da obrigatoriedade
de assimilação dos valores dominantes e isso representaria
igualmente um desprezo pelas diferenças culturais”.
ERRO DE TIPO
56
Espécies: a) escusável: não deriva de culpa do agente; b) inescusável:
provém de culpa do agente;
Efeitos: sempre exclui o dolo (o erro de tipo é a “cara negativa do dolo”,
segundo Raúl Eugênio Zaffaroni). Entretanto, se escusável
também exclui a culpa (diferente do erro de tipo inescusável, que permite
a punição por crime culposo, se previsto em lei);
O erro de tipo acidental, por sua vez, recai sobre circunstâncias e fatores
irrelevantes da figura típica, não afastando a responsabilidade penal.
57
c) Erro sobre as qualificadoras (o sujeito age com falsa percepção da
realidade sobre uma qualificadora. Segundo Cleber Masson, a
consequência desse erro seria o afastamento da qualificadora).
Destaca-se que o aberratio causae difere do dolo geral (ou dolo por
erro sucessivo), uma vez que neste há dois atos distintos, ao passo que
no primeiro (aberratio causae) há apenas um ato.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
58
Descriminante putativa consiste na causa de exclusão da ilicitude (ou causa de
justificação) que não existe concretamente, mas apenas na mente do autor de
um fato típico.
59
como erro de proibição (estamos diante do ERRO DE PROIBIÇÃO
INDIRETO).
Qual teoria o Código Penal acolheu? Em que pese haja discussão doutrinária,
o Código Penal acolheu a teoria limitada (é o que se extrai do tratamento do
erro - arts. 20 e 21 do Código Penal). Ademais, há previsão, ainda, no item 19
da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do CP.
DESCRIMINANTE EM BRANCO
60
Esse tema foi cobrado na segunda fase do concurso de Delegado de Polícia do
Estado do Paraná/
61
Criada no direito canônico, a teoria da “versari in re illicita” (permanecer em
assunto ilícito) dispõe que ao sujeito que pratica um ato ilícito serão imputadas
as consequências da sua conduta, sendo o agente responsabilizado pelo
resultado, ainda que este ocorra sem dolo ou culpa.
Ressalta-se que raciocínio semelhante pode ser utilizado caso seja indagada a
conexão entre esta teoria e a da “actio libera in causa”. Vejamos: a) tratando-
62
se de embriaguez preordenada, desloca-se a análise do elemento subjetivo para
momento anterior ao consumo da substância (causalidade mediata); b)
tratando-se de embriaguez voluntária e culposa, mantém-se presente a “vontade
residual”.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
63
Os fundamentos do presente instituto jurídico são: proteger a vítima e, ainda,
fomentar o arrependimento por parte do agente.
64
A sentença dupla consiste na sentença que, além de impor numa eventual
condenação os efeitos da pena em si (efeitos principais e secundários) previstos
na lei penal, ainda impõe ao condenado as mazelas do sistema prisional, ou
seja, o condenado receberia uma espécie de sentença dupla.
65
DIREITO PENAL SUBTERRÂNEIO X DIREITO PENAL
PARALELO
Quadro comparativo:
O crime putativo é aquele crime que existe apenas na mente do agente, que
acredita violar a lei penal quando, na verdade, o fato por ele concretizado não
possui adequação típica.
66
De maneira resumida, são espécies de crime putativo, segundo Cleber Masson:
Crime putativo por erro de tipo: o autor acredita ofender uma lei penal
incriminadora efetivamente existente;
67
necessária, para tanto, a adequação material do fato (tipicidade material) e a
contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico (antinormatividade).
68
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO
Esse tipo total de injusto, criado a partir de Merkel e Frank, diz que do tipo que
descreve os fatos proibidos, denominados de tipos provisórios do injusto ou
tipos incriminadores, fazem parte também as causas que excluem a ilicitude,
como dados negativos do tipo.
Segundo a Teoria dos Elementos Negativos o dolo do agente deve abranger não
só os dados materiais do tipo, como também a inexistência de causas
justificantes (justificativas).
Assim, por exemplo, no homicídio, para o agente atuar dolosamente e com isso
realizar um fato típico, ele precisa não ter somente vontade e consciência de
matar alguém, mas também ter a consciência de que estão ausentes todos e
quaisquer elementos que configuram as justificativas.
69
Como afirma Jescheck: “[...] elementos do tipo e pressupostos das causas de
justificação se reúnem, por esta via, no tipo total e se situam sistematicamente
no mesmo nível”.
Disto decorre a ideia fundamental defendida por esta teoria: não há como se
coitar da existência de dolo quando presente uma justificativa e, também, não
haverá dolo quando o agente atuar em erro sobre essa justificativa.
Miguel Reale Júnior esclarece que para a teoria em comento, toda ação típica é
necessariamente antijurídica, e disso tira a conclusão de que as causas de
justificação não excluem a ilicitude, mas sim a adequação típica.
Critica-se esta teoria a respeito do fado dela fundir numa só fase valorativa a
tipicidade e a antijuridicidade, enquanto que a moderna e majoritária doutrina
do Direito Penal afirma que a tipicidade e a ilicitude constituem substratos
distintos e inconfundíveis de valoração do fato punível. Ainda, critica-se o fato
da teoria dos elementos negativos do tipo negar a autonomia aos tipos
justificadores, fato que contraria a sistemática do Direito Penal brasileiro
moderno, que prevê as causas de exclusão da ilicitude em tipos penais
autônomos. Finalmente, outra crítica é o fato desta não realizar a diferenciação
valorativa de uma conduta que já nasce atípica, de outra inicialmente típica,
mas permitida em razão da existência de uma causa de justificação da conduta.
Ou seja, para a teoria dos elementos negativos do tipo seriam consideradas
atípicas tanto a conduta de matar um rato como a de matar um homem em
legítima defesa.
70
Finalmente, quanto ao erro sobre uma causa de justificação na concepção da
teoria dos elementos negativos do tipo, em qualquer das espécies de erro,
sempre excluirá o dolo. Entretanto, se o erro sobre a justificativa for invencível,
ficará excluído o dolo e a culpa, mas se o erro for evitável haverá a possibilidade
de punição na forma culposa, caso prevista em lei.
71
Sobre o campo de aplicação da vitimodogmática, deve-se diferenciar os
“delitos de relação” e os “delitos de intervenção”.
Qual a diferença?
72
De acordo com Winfried Hassemer, os delitos de relação são tipos
incongruentes (existem possibilidades de afetação que não são abordados pelo
preceito penal), e os delitos de intervenção são tipos congruentes (em qualquer
afetação do bem jurídico há relevância típica do acontecido).
CRIME AMEBA
De acordo com Cleber Masson, o crime ameba, também conhecido como crime
parasitário ou de fusão, refere-se ao crime acessório, ou seja, são
73
aqueles que dependem da prática de um crime anterior, tais como o crime de
receptação, favorecimento real e lavagem de dinheiro.
A finalidade do agente far-se-á presente por meio das conjunções “para, a fim
de, com o fim de”, indicando finalidades transcendentes do tipo.
TEORIA DA COCULPABILIDADE
74
desigualdade social vivenciada por muitos, poderia exigir conduta diversa
daquele que, em desespero, comete delitos? Tal questionamento foi feito,
inicialmente, por Marat (apud BAYER, 2013, online), que, em uma visão
extremista, “defendia que os indivíduos marginalizados da sociedade, que não
possuem seus direitos fundamentais garantidos, não são obrigados a respeitar a
lei, nem suscetíveis às suas sanções”.
75
COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS
76
A coculpabilidade às avessas não pode ser compreendida, no ordenamento
jurídico brasileiro, como agravante genérica pela falta de previsão legal, vez
que em se tratando de matéria prejudicial ao acusado, não há espaço para a
analogia em malan partem.
No entanto, o STF, na ação penal 470 (“Mensalão”) admitiu esta teoria como
circunstância judicial negativa (art. 59 CP), para aumentar a reprimenda tendo
em vista a baixa vulnerabilidade a que está exposto o integrante das elevadas
classes sociais.
77
Entende-se por legítima defesa putativa aquela empregada a partir de erro
justificado provocado pelas circunstâncias do fato (art. 23 do Código Penal),
supondo situação fática que, se existente, justificaria a legitimidade de sua ação
sob o manto de excludente de ilicitude.
Segundo Pablo Stolze, a legítima defesa putativa não isenta o seu autor da
obrigação de indenizar, pois a defesa que, mesmo aparentemente legítima, não
exclui o caráter ilícito da conduta, interferindo apenas na culpabilidade penal.
Ou seja, a conduta não deixa de ser ilícita, gerando apenas o reconhecimento
de uma causa excludente da culpabilidade, influindo, portanto, somente na
esfera penal. No cível, a vítima será ressarcida integralmente pelo dano sofrido
pelo agente.
78
A teoria agnóstica da pena, do jurista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni, coloca
em destaque a descrença nas finalidades da pena e no poder punitivo do estado,
notadamente na ressocialização (prevenção especial positiva), a qual jamais
pode ser efetivamente alcançada em nosso sistema penal.
Essa teoria sustenta que a única função efetivamente desempenhada pela pena
seria a NEUTRALIZAÇÃO do condenado, especialmente quando a prisão
acarreta em seu afastamento da sociedade.
79
Essa teoria tem como fundamento modelos ideais de estado de polícia e de
estado de direito. Para a teoria agnóstica da pena existe uma grande dificuldade
em acreditar que a pena possa cumprir, na grande maioria dos casos, as funções
manifestas atribuídas a ela, expressas no discurso oficial.
AUTOLAVAGEM (SELFLAUDERING)
80
desejado (mera optata) da atividade delituosa - Fundamento: princípio da
consunção.
81
JUSTIÇA PENAL NEGOCIAL
82
a) voluntariedade, ou seja, que o acordo não seja induzido por violência
física real ou ameaçada ou por coerção mental que vicie a vontade do
acusado;
83
CONTROLE DE EVIDÊNCIA DA LEI PENAL
Por ser a pena a forma de intervenção estatal mais severa no âmbito de liberdade
individual, devem o direito penal e o processual penal revestir-se de maiores
garantias materiais e processuais.
84
valoração e conformação quanto às medidas eficazes e suficientes para a
proteção do bem jurídico.
85
fundamental em causa está devidamente justificada por razões de
extraordinária importância.
86
GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR
87
Contudo, parte da doutrina processual penal entende que está havendo uma
desvirtuação da concepção garantista, flertando com a defesa da impunidade.
88
observância de um dever de proteção corresponde a uma lesão do direito
fundamental previsto no art. 2, II, da Lei Fundamental.”
Afirma, pois, que “tem havido uma disseminação de uma ideia apenas parcial
dos ideais garantista (daí nos referirmos a um garantismo hiperbólico
monocular) é porque muitas vezes não se tem notado que não estão em voga
(reclamando a devida e necessária proteção) exclusivamente os direitos
fundamentais, sobretudo os individuais. Se compreendidos sistemicamente e
contextualizados à realidade vigente, há se ver que os pilares do garantismo não
demandam a aplicação de suas premissas unicamente como forma de afastar os
excessos injustificados do Estado à luz da Constituição (proteção do mais
fraco). Quer-se dizer que não se deve invocar a aplicação exclusiva do que se
tem chamado de garantismo negativo. (...) O dever de garantir a segurança não
está em apenas evitar condutas criminosas que atinjam direitos fundamentais
de terceiros, mas também (segundo pensamos) na devida
89
apuração (com respeito aos direitos dos investigados ou processados) do ato
ilícito e, em sendo o caso, na punição do responsável”.
A expressão “garantismo penal integral” foi cunhada por Douglas Fischer para
demonstrar que o garantismo à luz da hermenêutica constitucional, com seus
consectários reflexos no Direito Penal e Processual Penal, tutela não apenas os
direitos individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera
criminal, devendo valorar todos os direitos e deveres previstos na
Constituição.
90
Isso porque, os direitos fundamentais não preveem apenas uma proibição de
intervenção (proibição de excesso), mas também uma vedação à omissão
(proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente).
91
Fonte: FISCHER, Douglas. Garantismo penal integral e o princípio da
proporcionalidade: breves anotações de compreensão e aproximação dos seus
ideais.Revista de Doutrina da 4a Região, Porto Alegre, n.28, mar. 2009.
Disponível em:
https://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/index.htm?https://www.revistadoutrina
.trf4.jus.br/artigos/edicao028/douglas_fischer.html/
CRIMES CIBERNÉTICOS
92
transferências ilícitas de valores em uma home-banking.); comuns (são aqueles
que utilizam a Internet apenas como instrumento para a realização de um delito
já tipificado pela lei penal. Se antes, por exemplo, a pornografia infantil era
instrumentalizada através de vídeos e fotografias, hodiernamente, se dá através
das home-pages. Mudou-se a forma, mas a essência do crime permanece a
mesma.), ainda podem ser próprios (são aqueles que em que o sistema
informático do sujeito passivo é o objeto e o meio do crime) e impróprios
(seriam aqueles que atingem um bem jurídico comum, como o patrimônio, e
utilizam dos sistemas informáticos apenas como meio de execução), este último
com alguma polêmica na doutrina.
93
Quanto a autoria de crimes desta natureza, sabendo-se que na rede de
computadores, não é possível identificar o usuário visualmente ou através de
documentos, mas é possível identificar o endereço da máquina que envia as
informações à rede. Ou seja, o IP da máquina – identificação própria da
máquina que acessa a internet; quanto à materialidade de crimes desta natureza,
assevera-se tratar-se de evidências voláteis, porém utilizando-se dos
instrumentos legislativos disponíveis é possível operar o parágrafo único do art.
1o da lei 9296/96, que estendeu a interceptação telefônica às comunicações
informática e telemáticas.
TENDÊNCIA “VORVERLAGERUNG”
94
O assunto está lugado à antecipação da tutela penal (Esse tema já foi cobrado
no concurso de Delegado de Polícia de SP). Significa a antecipação da
criminalização penal de atos preparatórios, crimes de perigo abstratos, crimes
de mera conduta, punição da tentativa, entre outros, para proteger os bens
jurídicos - evitando ou ao menos inibindo pela coação abstrata de o legislador
evitar que a conduta de fato venha se materializar com repercussões
substanciais.
Em segundo lugar, com a Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/16), em seu art. 5º,
antecipou a tutela do Direito Penal para efetivamente punir atos preparatórios
de terrorismo!! Não se exige a prática de nenhum ato de execução. Basta a
realização de um ato preparatório para autorizar a punição do responsável pela
violação da norma penal.
CONSCIÊNCIA DISSIDENTE
95
mas a doutrina acaba por elencar algumas, sem que isso signifique, no entanto,
a impossibilidade de que outras venham a ampliar este rol.
96
consciência pessoal não permite realizar o aborto‟ (Direito Penal, parte geral,
2a ed., p. 337).
97
na organização militar que lhes for designada, por objeção de consciência não
informada durante o alistamento militar, incorrem no crime de insubmissão.
98
Pode-se dizer que a causa petendi é a ratio do pedido de condenação ou de
pronúncia. É a pedra de toque da denúncia ou da queixa.
Perfeitamente válida, ainda em nossos dias, a lição deste grande erudito que foi
João Mendes de Almeida Junior, a respeito dos requisitos que a petição inicial
deve conter. Vale enunciá-los: a pessoa que praticou o fato (quis), os meios
empregados (quibus auxiliis), o malefício causado (quid), os motivos (cur), a
maneira como foi praticado (quomodo), o lugar (ubi) e o tempo (quando).
Fórmula esta correspondente aos “Sete W dourados da criminalística” da
doutrina alemã.
A narração do fato, segundo boa doutrina, deve ser sucinta. Mas há fatos e
fatos, casos e casos; dessa forma, nem sempre a denúncia poderá ser breve.
Nesse ponto, não se pode estabelecer uma regra absoluta, pois o caso concreto
é que irá ditar o caminho a seguir. Comumente, pode-se dizer, sem medo de
errar, que não se exige uma denúncia extensa. Mas hipóteses haverá em que a
denúncia terá que, necessariamente, merecer ampliação, pena de comprometer
a imputação.
99
O sobreleva, nesta fase, é a clareza da petição inicial, seja ela sucinta ou não.
Importa, isto sim, que ela propicie ao réu conhecer plenamente a acusação de
maneira a exercer a ampla defesa.
Desse modo, a data e o lugar do fato devem estar narrados, embora, por si sós,
ainda que ausentes, não devam invalidar a acusação, desde que perfeitamente
indicados na peça de informação que lhe serviu de lastro. Poderão ser corrigidos
(ou supridos, no caso de omissão) até a sentença final (art. 569, CPP). Bem
pode ocorrer que não se possa precisar um deles ou ambos. Porém, sempre que
possível, integrarão uma cuidadosa denúncia, pois revestem importância para a
fixação da prescrição ou da decadência (data) ou para a determinação da
competência de foro (lugar).
100
CAPÍTULO 02
Direito
PROCESSUAL
PENAL
101
PROCESSO PENAL
DOUTRINA DO “NÃO PRAZO”
102
Na lição de Aury Lopes Jr., para aferir a razoabilidade processual, 4 deverão
ser os referenciais adotados pelos tribunais brasileiros, a exemplo do que já
acontece nos TEDH e na CADH: complexidade do caso; atividade processual
do interessado (imputado), que obviamente não poderá se beneficiar de sua
própria demora; a conduta das autoridades judiciárias como um todo (polícia,
Ministério Público, juízes, servidores etc.); princípio da razoabilidade.
CRIPTOIMPUTAÇÃO
103
Essa previsão se justifica diante da necessidade de observância do postulado da
ampla defesa, que não restaria cumprido acaso, da leitura da inicial acusatória,
não se compreendesse razoavelmente os fatos que estão sendo atribuídos à
autoria do réu.
104
Parte da doutrina entende ser possível, ainda hoje, utilizar-se desta
nomenclatura, muito embora a maioria da doutrina a rejeite, dada a alteração
na redação do antigo art. 321 do CPP (Art. 321. Ressalvado o disposto no art.
323, III e IV, o réu livrar-se-á solto, independentemente de fiança: I – no caso
de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada
pena privativa de liberdade; II – quando o máximo da pena privativa de
liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a
três meses).
Aliás, o termo “livrar-se solto” continua previsto no art. 304, § 1.o do CPP.
105
trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Há quem veja nesta hipótese violação da proteção constitucional contra
a proibição de produção de prova contra si mesmo. No entanto, há
divergência na doutrina; prevalece que se trata de sanção premial
imposta pelo Estado para as hipóteses em que haja o cumprimento do
dever de solidariedade existente entre todos os membros da sociedade.
Inconstitucional seria o dispositivo se dispusesse sanção negativa por
violação deste dever, mas sanção premial não pode ser entendida de
maneira inconstitucional.
DESPRONÚNCIA
106
O juiz inicialmente concluiu pela existência de indícios suficientes para levar o
acusado ao julgamento pelo plenário, mas diante do recurso da parte passiva
(réu) advém decisão alterando o entendimento primário para considerar que não
existem provas sobre os elementos necessários para a pronúncia.
107
Esse tema (despronúncia) foi cobrado na segunda fase do concurso do
MPSC/2019.
108
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação”.
De acordo com essa teoria, não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação
se o nexo causal entre a prova primária e a secundária foi atenuado em razão
do decurso do tempo, da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a
persecução criminal, das circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou
da menor relevância da ilegalidade.
109
Entretanto, parte da doutrina entende que esta teoria foi positivada com a
reforma processual, ao dispor-se, no p. 1º do art. 157, CPP que é admissível a
prova ilícita por derivação quando não evidenciado o nexo causal entre umas e
outras. Logo, ao se referir à ausência de nexo de causalidade entre prova ilícita
originária e prova subsequente, pode-se daí extrair a adoção da referida teoria.
RECURSO INVERTIDO
110
De acordo com Gustavo Henrique Badaró:
111
necessidade de que o recorrente o requeira, pois ainda haverá recurso, posto
que diminuído. Por outro lado, o acusado, diante da retratação parcial, e não
sendo, neste caso recurso pro et contra, não poderá se valer da possibilidade do
recurso por simples petição, do parágrafo único do art. 589 do CPP.” Ou seja,
nessa última situação, o recorrente deve interpor o recurso nos moldes e com
os requisitos do CPP, e não por mera petição.
112
relação aos acusados cujos processos são de competência do juízo de primeiro
grau, órgão que determinou as provas.
113
TESTEMUNHO “POR OUVIR DIZER” (HEARSAY RULE)
A testemunha de ouvir dizer NÃO deve ter grande força probatória. Conforme
explica o Min. Rogério Schietti Cruz:
Já decidiu o STJ:
114
de depoimento, “não se pode tolerar que alguém vá a juízo repetir
a vox publica. Testemunha que depusesse para dizer o que lhe
constou, o que ouviu, sem apontar seus informantes, não deveria
ser levada em conta.” REsp 1.444.372/RS, julgado em 16/2/2016).
O STJ entende que testemunho por ouvir dizer, produzido somente na fase
inquisitorial, NÃO serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia,
que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6a Turma. REsp
1.373.356-BA, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
115
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DO “NEMO TENETUR
SE DETEGERE”
116
O que são as “mentiras agressivas”?
117
No que tange às provas invasivas, o acusado NÃO é obrigado a se auto
incriminar. O STF, inclusive, Já se manifestou no sentido de que o acusado não
está obrigado a se sujeitar a exame de DNA, mesmo no âmbito cível.
Entretanto, diferentemente do direito penal que ficou é o princípio da presunção
de inocência, no âmbito cível a controvérsia pode ser resolvida com base na
regra do ônus da prova, sendo que a recusa do réu em se submeter ao exame
pode ser interpretado em seu prejuízo, no contexto do conjunto probatório.
De acordo com o art. 17-D da Lei 9.613/98 (Lei de lavagem de capitais), “Em
caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de
remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno”.
118
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
O STJ entende ser inviável a ação penal privada subsidiária da pública nas
hipóteses de arquivamento implícito (HC 21.074/RJ).
REGRAS DE TÓQUIO
119
das Nações Unidas (8º Congresso), integrando a Resolução nº 45/110,
oficialmente denominadas Regras Mínimas das Nações Unidas para a
Elaboração de Medidas não Privativas de Liberdade, com o objetivo de
incentivar a adoção, pelos Estados-membros, de meios mais eficazes que o
cárcere para prevenir a criminalidade e melhorar o tratamento dos
encarcerados.
Pela leitura dos princípios gerais das Regras de Tóquio (Regras 1 a 4), é
possível observar diretrizes básicas para ampliar e facilitar a aplicação de
medidas não privativas de liberdade, bem como para garantir minimamente os
direitos das pessoas a elas submetidas.
120
flexibilidade em suas modalidades legais, com o escopo de permitir que as
autoridades ajustem as sanções penais de forma proporcional às necessidades
de cada delinquente, em face da infração cometida.
121
garantindo a proporcionalidade entre elas e o direito cometido e lhes atribuindo
função social de reabilitação.
STANDARDS PROBATÓRIOS
122
defesa, PODE servir como meio idôneo de prova para fundamentar a
condenação.
Utiliza-se, por analogia, as regras previstas no art. 226 do CPP (as disposições
nele previstas são meras recomendações, cuja inobservância não causa, por si
só, a nulidade do ato - HC 443.769/SP, j. 12/06/2018);
ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA
123
Logo, a eloquência acusatória consiste no excesso de linguagem na
pronúncia, quando esta decisão aprofunda, demasiadamente, o exame da prova
dos autos, a ponto de ter a potencialidade de interferir no convencimento dos
jurados.
124
REMIÇÃO FICTA DA PENA
O tempo remido será considerado como pena cumprida, para todos os efeitos
(art. 128 da LEP).
Nos presídios onde isso não é oferecido, pode-se dizer que o Poder Público está
sendo omisso em seu dever. Ocorre que os presos não podem ser prejudicados
pela omissão do Estado. Logo, se a unidade prisional não oferece condições de
trabalho ou estudo para os presos, deve-se considerar, de forma ficta, que estes
presos estão trabalhando e, portanto, deve-se conceder a eles a remição mesmo
sem o efetivo trabalho. Assim, a defesa pede que os
125
presos sejam beneficiados com a remição da pena, na proporção de 3 dias
encarcerados por 1, até o efetivo oferecimento de trabalho ou de estudo.
Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem
laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as
pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria
substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir
a esfera do Poder Executivo.
STF. 1a Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
STJ. 5a Turma. HC 421.425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
27/02/2018.
STJ. 6a Turma. HC 425.155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
06/03/2018.
126
REGRA DA CORROBORAÇÃO NA COLABORAÇÃO
PREMIADA
Dito de outro modo, o que foi dito na declaração do agente colaborador não
possui força suficiente para, por si só, fundamentar uma sentença penal
condenatória.
Tal regra é sedimentada pela Lei de Organizações Criminosas em seu Art 4o,
§16o ( “nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas
nas declarações do agente colaborador”). Observe que tal regra
127
demonstra a cautela devida às palavras do colaborados em razão do seu
inegável interesse no resultado do processo.
128
medida em que exige outros meios de prova ou elementos de prova confirmem
as declarações prestadas no acordo.
Registre-se, de outro lado, por necessário, que o Estado não poderá utilizar-se
da denominada “corroboração recíproca ou cruzada”, ou seja, não poderá impor
condenação ao réu pelo fato de contra este existir, unicamente, depoimento de
agente colaborador que tenha sido confirmado, tão somente, por outros
delatores, valendo destacar, quanto a esse aspecto, a advertência do eminente
Professor GUSTAVO BADARÓ (“O Valor Probatório da Delação Premiada:
sobre o § 16 do art. 4o da Lei no 12.850/2013”):
129
condenação baseada exclusivamente nas declarações do delator,
implica uma limitação ao livre convencimento, como técnica de
prova legal negativa. É insuficiente para o fim de corroboração
exigido pelo § 16 do art. 4o da Lei 12.850/13 que o elemento de
confirmação de uma delação premiada seja outra delação
premiada, de um diverso delator, ainda que ambas tenham
conteúdo concordante. Caso o juiz fundamente uma condenação
apenas com base em declarações do delator, terá sido contrariado
o § 16 do art. 4o da Lei 12.850/13 (...).”
130
este existir, unicamente, depoimento de agente colaborador que tenha sido
confirmado, tão somente, por outros delatores, valendo destacar, quanto a esse
aspecto, a advertência do eminente Professor GUSTAVO BADARÓ (“O Valor
Probatório da Delação Premiada: sobre o § 16 do art. 4o da Lei no
12.850/2013”).
131
(...) 1. Não há violação ao princípio da ampla defesa a ausência
das decisões que decretaram a quebra de sigilo telefônico em
investigação originária, na qual de modo fortuito ou
serendipidade se constatou a existência de indícios da prática de
crime diverso do que se buscava, servindo os documentos juntados
aos autos como mera notitia criminis, em razão da total
independência e autonomia das investigações por não haver
conexão delitiva.
2. O chamado fenômeno da serendipidade ou o encontro fortuito
de provas - que se caracteriza pela descoberta de outros crimes
ou sujeitos ativos em investigação com fim diverso - não acarreta
qualquer nulidade ao inquérito que se sucede no foro competente,
desde que remetidos os autos à instância competente tão logo
verificados indícios em face da autoridade. (...)
(RHC 60.871/MT, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 17/10/2016)
PERÍCIA ANTROPOLÓGICA
Uma perícia antropológica se torna exigência quando os fatos sociais, por sua
complexidade, para serem compreendidos requererem um conhecimento
especializado do saber antropológico, em estudo que evidencie um fazer
antropológico, relatado os achados de um modo que resulte a demonstração da
reconstrução do mundo social do grupo pesquisado, na perspectiva do grupo,
com registros de sua cosmovisão, suas crenças, seus costumes, seus
132
hábitos, suas práticas, seus valores, sua interação com o meio ambiente, suas
interações sociais recíprocas, suas ordens internas, a organização grupal,
fatores que geram concepção de pertencimento, entre outros.
133
dos crimes de que são acusados, será fundamental, para a precisa
individualização das sanções criminais, que o juiz-presidente do Tribunal do
Júri tenha as informações necessárias para efetuar o juízo de reprovação que
consubstancia a ideia (lato sensu) de culpabilidade.
Não se verifica, assim, prejuízo ao andamento processual que, uma vez (e se)
pronunciados os réus, seja determinada a realização do Estudo Antropológico,
pari passu aos atos necessários à preparação do julgamento, para o qual, então,
deverá o laudo estar concluído e colocado à disposição não apenas dos juízes,
leigos e togados, mas também das partes, ao escopo de auxiliá-las nos debates
que se desenvolverão em sessão plenária.
134
CAPÍTULO 03
Direito
ConstitucIONAL
135
DIREITO
CONSTITUCIONAL
CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO
136
O constitucionalismo abusivo pode ser visualizado na América Latina em
períodos nos quais os Estados americanos passaram por ditaduras, uma vez que
em diversas destas situações, buscou-se dar uma aparente legalidade e
legitimidade para estes regimes. Sobre o tema, Barroso ao julgar a MC na
ADPF 622 salientou que:
137
Barroso também define três consectários do constitucionalismo abusivo:
138
c) Ataques a atores internacionais e tribunais internacionais: “Também as
cortes internacionais são usualmente alvo de ataques por parte de líderes
autoritários. Esses ataques envolvem a sua desqualificação como agentes a
serviço de interesses ilegítimos, a alegação de que não dispõem de legitimidade
democrática e de que desconhecem as realidades do país, o descumprimento
aberto de suas decisões e, por fim, a denúncia a tratados internacionais para,
com isso, furtar-se à sua jurisdição”.
SENTIMENTO CONSTITUCIONAL
139
Dessa maneira, para que a ordem constitucional se estabilize e se efetive, é
necessário que na sociedade não predomine a “vontade de poder”, mas a
“vontade de constituição” (Konrad Hesse).
140
Constituição, ela se torna um meio importante de integração social o que
favorece a cristalização de uma identidade nacional.
141
Para o Ministro, esse papel seria desempenhado pelo STF com
parcimônia e autocontenção;
A discussão de determinadas matérias perante o Supremo acabou dando
a elas necessária visibilidade e, assim, permitindo um debate público que
não ocorreu quando da publicação das respectivas leis (como ocorreu,
por exemplo, no caso da pesquisa com células-tronco embrionária).
142
Em que pesem não serem decisões que necessariamente representam a maioria
da população, elas são necessárias para a concretização de direitos
fundamentais, sobretudo à luz de discriminações e preconceitos eventualmente
vigentes.
Frise-se que, conforme salientado por Barroso, o papel iluminista deve ser
exercido com grande autocontenção e parcimônia, tão somente em situações
excepcionais, de modo que não há uma defesa de atuação iluminista irrestrita,
mas emoldurada por limitações internas do próprio ordenamento, pelos direitos
humanos e, também, pelo próprio movimento dialético que possibilitou a
atuação da Corte em primeiro lugar.
143
A justiça de transição consiste em um conjunto de mecanismos judiciais ou
extrajudiciais utilizados por uma sociedade como um ritual de passagem à
ordem democrática após graves violações de direitos humanos por regimes
autoritários e ditatoriais, de forma que se assegure a responsabilidade dos
violadores de direitos humanos, o resguardo da justiça e a busca da
reconciliação.
São elas:
a) direito à memória e à verdade;
b) direito à reparação das vítimas (e seus familiares);
c) o adequado tratamento jurídico aos crimes cometidos no passado;
d) a reforma das instituições para a democracia. Passamos à análise de cada
uma das dimensões da justiça de transição.
144
Trata de uma busca de toda informação ou esclarecimento de interesse público
para que a população saiba o que realmente aconteceu ou não durante o
período do regime antidemocrático.
Essa dimensão da justiça de transição pode ser realizada tanto pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos quanto pelo próprio Judiciário
brasileiro.
145
O direito à reparação das vítimas pode ocorrer de inúmeras maneiras, tais como:
a publicação da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no
Diário Oficial da União como pedido de desculpas; a descoberta do que
efetivamente ocorreu no período do regime antidemocrático; a localização dos
corpos das vítimas do delito de desaparecimento forçado no período ditatorial;
a concessão de indenizações para os familiares das vítimas etc.
146
Nesta linha, as próprias Forças Armadas passaram por um processo de
reformulação e democratização desde o fim do período ditatorial. Atualmente,
a liberdade de expressão, a liberdade de ir e vir, o direito de reunião e o direito
de associação, estão consagrados como direitos fundamentais e não podem
sofrer limitação arbitrária por parte do Estado.
147
Cita-se como exemplo os casos envolvendo o atentado no Riocentro, a ação
penal proposta contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e a exordial
acusatória ajuizada contra o coronel Sebastião Curió. A ação penal no caso
envolvendo os acusados de participar do atentado no Riocentro foi aceita em
primeira instância, mas trancada, via habeas corpus, em segundo grau.
O relator do habeas corpus que trancou a ação penal no caso Riocentro, Des.
Fed. Ivan Athié, ainda concluiu que “não podemos admitir que normas
alienígenas sejam usadas como se integrassem o ordenamento jurídico
brasileiro, em nome de um sentimento de justiçamento perigosamente em voga
no nosso país atualmente”.
148
que refutam a importação de normas internacionais para a aplicação no
ordenamento jurídico interno.
Dworkin imagina uma metáfora (do romance em cadeia) na qual cada juiz é
apenas o autor de um capítulo em uma longa obra coletiva sobre um
determinado direito.
149
esquema melhor - dotado do que ele denomina INTEGRIDADE - dos
princípios existentes e reconhecidos pela comunidade.
150
CONTROLE DE SUSTENTABILIDADE OU DE
JUSTIFICABILIDADE
(“VERTRETBARKEITSKONTROLLE”)
151
Ademais, a expressão controle de justificabilidade ou de sustentabilidade
(vertretbarkeitskontrolle) foi empregada no julgamento do Habeas Corpus
102.087/MG (STF, HC 102.087/MG, 2.a Turma. Íntegra do voto do Min.
Gilmar Ferreira Mendes. Rel. Min. Celso de Melo, Red. do acórdão Min.
Gilmar Mendes. Paciente: R. S. P.; Impetrante: Defensoria Pública da União;
Coator: Superior Tribunal de Justiça; j. 28.02.2012, p. 14 e ss.).
152
As constituições, portanto, como organismos vivos que são, incorporam as
tendências sociais, políticas e econômicas que, embora não alterem a letra do
texto constitucional, propiciam modificações na substância, significado,
alcance e sentido dos dispositivos.
Modalidades:
153
C) Mutação pelas práticas constitucionais (usos e costumes que se
formam à luz da Constituição, englobando, também, as praxes, os
precedentes e as convenções constitucionais).
154
humanos, o Ministério Público exsurge como importante instrumento na
conformação da ordem jurídica pátria ao arcabouço normativo internacional
destinado à tutela de tais interesses.
155
interna, eles não são, na grande maioria das vezes, observados. Assim, em que
pese a profusão de convenções e tratados internacionais de direitos humanos
possuir inegável caráter emancipatório e libertador (assim encantando a todos),
ainda há, principalmente no que toca às classes marginalizadas da população,
uma inefetividade das normas de direitos humanos sob o aspecto preventivo
(ou pré-violatório), o que acaba por “desencantar” o discurso utópico previsto
na teoria.
Fonte: http://www.escolasuperior.mppr.mp.br/arquivos/File/MP_Academia
Teses_2019Thimotie_Heemann O_exercicio_do_controle_de_convencional
idade.pdf
156
e não um projeto rigidamente preconcebido, cujo desenvolvimento é
permanente.
157
Mendes aduziu a existência de uma “teoria constitucional de alternativas”, na
medida em que, como sustentado por Peter Häberle, “o pensamento do possível
é o pensamento em alternativas (indagativo), abrindo suas perspectivas para
novas realidades (a realidade de hoje pode corrigir a de ontem)”.
Essa não aplicação ocorre em virtude do argumento de que seria uma invasão
do princípio da divisão dos três Poderes impor ao Poder Legislativo a matéria
sobre o qual legislar.
158
“inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição”, conforme anotado
pelo Ministro Peluso na análise dos efeitos da ADI (Rcl 2617, Inf. 386/STF),
nem mesmo em relação ao próprio STF, sob pena de se inviabilizar, como visto,
a possibilidade de revisão e cancelamento de ofício pelo STF e, assim, a
adequação da súmula à evolução social.
159
ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO DE
CONSTITUCIONALIDADE
Entretanto, em 2017 (ADIs. nos. 3.406 e 3.470), o STF decidiu que, mesmo se
declarar a inconstitucionalidade em controle difuso (incidentalmente), a
decisão terá os mesmos efeitos da decisão proferida em controle concentrado
(efeito vinculante e “erga omnes”), ainda que sem a suspensão pelo Senado.
160
Para o Ministro Gilmar Mendes é preciso fazer uma releitura do predito art. 52,
X, da CF no sentido de conferir efeito vinculante e erga omnes as decisões
proferidas em controle difuso de constitucionalidade, cabendo ao Senado
apenas o papel de dar publicidade daquilo que foi decidido pelo STF. Já para o
Ministro Celso de Mello o STF realizou uma verdadeira mutação constitucional
do art. 52, X, CF, a fim de ampliar os poderes do Tribunal e reduzir o papel do
Senado no controle de constitucionalidade.
“BOOTSTRAPPING” CONSTITUCIONAL
161
“Jon Elster estudou, na perspectiva da teoria política, a tendência
das assembleias constituintes de expandirem os seus próprios
poderes, rompendo limites impostos pelas forças que as
convocaram, e chamou este fenômeno de constitutional
bootstrapping – que é, nas suas palavras, „o processo pelo qual
uma assembleia constituinte rompe os laços com as autoridades
que a convocaram e se arroga alguns ou todos os seus poderes
para si‟. Para Elster, esta tendência decorre do paradoxo do
poder constituinte, de que „cada geração quer ser livre para
vincular os seus sucessores, e ao mesmo tempo não quer estar
vinculada aos seus antecessores‟.
162
CONSTITUCIONALISMO MORALMENTE REFLEXIVO
163
Perfaz, ao mesmo tempo, as exigências constitucionais mínimas, isto é, o
conjunto de direitos fundamentais antimajoritários, bem como fundamentos
adequados a uma teoria de justiça, definindo as estruturas básicas da sociedade
sem se comprometer com situações particulares.
164
jurídico, modificando ou aditando a lei a fim de que ela se torne compatível
com o texto constitucional.
165
Na decisão manipulativa substitutiva, a Corte Constitucional declara a
inconstitucionalidade de parte de uma lei (ou outro ato normativo) e, além
disso, substitui a regra inválida por outra, criada pelo próprio Tribunal, a fim
de que se torne consentânea com a Constituição.
Mais comum que seja um dever imposto a instituições que adequam pessoas,
como escolas e universidades, para que o façam de maneira digna e justa, em
respeito, por exemplo, ao direito das pessoas com deficiência, mas àquelas não
se limitam.
166
Verifica-se, desse modo, uma estreita relação com o princípio da dignidade da
pessoa humana.
Por outro lado, o ônus indevido é uma espécie de limite à acomodação razoável,
impedindo assim a criação de encargos desarrazoáveis àqueles responsáveis
pela acomodação.
Como exemplo, pode-se citar o caso de uma universidade que está obrigada a
seguir as normas de acessibilidade, como a construção de rampas, em virtude
da acomodação razoável de pessoas com deficiência.
167
existentes no Texto Constitucional sobre determinados temas e, em um
momento posterior, retirá-las da Constituição.
O art. 60, §4°, CF elenca o rol de cláusulas pétreas, ou seja, aquelas matérias
que não podem ser suprimidas da Constituição. É o dispositivo que fundamenta
a tese de Alexandre de Moraes de termos uma Constituição super-rígida, em
virtude dessa sua parte que seria “imutável”.
NÃO. Embora haja vozes em sentido contrário, a tese da dupla revisão não é
aceita no Brasil pela doutrina majoritária, que a considera verdadeira
168
fraude à autoridade do constituinte originário, se constituindo em verdadeira
limitação implícita ao poder de reforma.
CONSTITUIÇÃO “CHAPA-BRANCA”
Ressalta-se que “chapa branca” remete à cor das placas dos carros oficiais, que
são brancas.
169
“CONSTITUIÇÃO UBÍQUA”
170
mediante reformas que, sem afetar o projeto progressista da Constituição,
tornem seu texto menos prolixo e contraditório.
CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA
171
Reconhecem-se os corretivos sociais em forma de proclamação de direitos
sociais e a relevante atuação do Estado na economia. Mas se considera que tais
normas, primeiro, possuem caráter de proclamação programática, e não de
norma densa e vinculante como ocorre com os direitos individuais e
patrimoniais, e, segundo, devem ser interpretadas de maneira restritiva e de
forma a não atingir a tutela do patrimônio dos particulares.
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA
Sobre este ponto, é a lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto:
172
Marcelo Neves é mais negativa do que a do autor alemão. Para
Neves, as constituições simbólicas tendem a servir como álibi para
manutenção do status quo”.
173
de mudança de regime político constitucional lento e evolutivo, mais que
revolucionário radical.
Foi mencionada pelo Ministro Marco Aurélio em seu voto na ADC 16.
Segundo o referido Ministro, a declaração “branca” de inconstitucionalidade é
aquela declarada de forma tácita, não expressa, escondida ou transversa.
174
INCONSTITUCIONALIDADE CHAPADA
Atualmente, vem sendo utilizada pelos Ministros, sempre nesse mesmo sentido
inaugurado pelo Min. Pertence. Vejamos um trecho da ADI 1.923- MC
(Informativo 474/STF):
DIFICULDADE CONTRAMAJORITÁRIA
175
Trata-se da crítica que se faz aos membros da jurisdição constitucional em
virtude de estes membros não serem eleitos pelo povo e, mesmo assim, deterem
competência para reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei.
Esta é uma discussão histórica nos Estados Unidos da América, que, aos
poucos, começa a ganhar força também no Estado brasileiro.
176
ao próprio povo ou aos seus representantes eleitos e não a
magistrados”.
Consiste na garantia de que o paciente possa tentar a cura de uma doença por
meio de tratamentos médicos experimentais, ainda que não exista prova da
eficácia do medicamento e de registros nos órgãos reguladores.
177
Essa distinção é empregada em dois contextos diferentes, que se interpenetram:
ela pode ser usada para discutir o papel da Constituição na sociedade, bem
como para debater o espaço adequado da jurisdição constitucional.
Isso inclui também a defesa de determinados direitos, que são tidos como
pressupostos para o funcionamento da democracia como as liberdades de
expressão e de associação política.
O procedimentalismo defende que as decisões substantivas sobre temas
controvertidos no campo moral, econômico, político e etc., NÃO devem
estar contidas na Constituição, cabendo ao povo deliberar sobre esses
temas (principal fundamento é o princípio democrático).
178
No contexto da interpretação constitucional:
179
Trata-se de corolário do princípio da separação dos poderes.
180
ATIVISMO CONGRESSUAL
181
Por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas
restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus
§§, da CF/88.
Deve propor uma nova ADI para que o STF examine essa nova lei e a declare
inconstitucional, podendo o STF, inclusive, mudar de opinião no julgamento
dessa segunda ação.
182
EFEITO BACKLASH
Socorre que, a decisão terminou por causar forte rejeição social. Ao invés de
encontrar apoiadores a perversidade da punição da pena de morte, à eleição
seguinte demonstrou que a população era contra tal decisão, resultando em
verdadeiro endurecimento da legislação penal no País.
183
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da
“vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais envolvidos nesta
prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade
contraria o art. 225, § 1o, VII, da CF/88. A crueldade provocada
pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade
cultural, não possa ser permitida. A obrigação de o Estado
garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais,
incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não
prescinde da observância do disposto no inciso VII do § 1o do art.
225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à
crueldade. STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 06/10/2016 (Info 842).
184
A crítica massiva e politicamente orquestrada à decisão judicial
acarreta uma mudança na opinião pública, capaz de influenciar
as escolhas eleitorais de grande parcela da população. (4) Com
isso, os candidatos que aderem ao discurso conservador
costumam conquistar maior espaço político, sendo, muitas vezes,
campeões de votos. (5) Ao vencer as eleições e assumir o controle
do poder político, o grupo conservador consegue aprovar leis e
outras medidas que correspondam à sua visão de mundo. (6)
Como o poder político também influencia a composição do
Judiciário, já que os membros dos órgãos de cúpula são indicados
politicamente, abre-se um espaço para mudança de entendimento
dentro do próprio poder judicial. (7) Ao fim e ao cabo, pode haver
um retrocesso jurídico capaz de criar uma situação normativa
ainda pior do que a que havia antes da decisão judicial,
prejudicando os grupos que, supostamente, seriam beneficiados
com aquela decisão.”
185
O efeito blacklash, portanto, representa uma reação conservadora de parcela
da sociedade, diante de decisão liberal do Poder Judiciário. Em geral,
busca-se combater decisões de cunho progressista e são protagonizados por
personagens de perfil conservador, que justificam tais atos para a defesa de
valores nobres como, exposto “alhures”, a proteção à entidade familiar.
DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS
Deve haver uma interação entre os Poderes, ou seja, uma interação produtiva,
na qual deverão trocar argumentos racionais, se abster de decidir nos pontos em
que outras instituições têm mais capacidade/legitimidade e tomar suas próprias
decisões de modo a desenvolver as decisões já tomadas por outras instituições.
Segundo a doutrina, seria prudente que o STF desse apenas a “última palavra
provisória”, considerando as demais instituições igualmente intérpretes.
Isso porque, o próprio texto constitucional desafia esse entendimento, uma vez
que:
186
a) os efeitos vinculantes das decisões proferidas em sede de controle
abstrato não atingem o Legislativo (arts. 102, parágrafo 2º e 103-A,
ambos da CF);
b) há o dever de fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF),
que impõe ao STF, mesmo nas hipóteses de correção legislativa de sua
jurisprudência, o enfrentamento da controvérsia à luz dos novos
argumentos expendido pelo legislador para reverter o precedente).
187
qualidade democrática na obtenção dos melhores resultados em termos de
apreensão do significado constitucional.
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
A lei ou ato normativo impugnado por meio de ADI deve ser POSTERIOR ao
texto da CF/88 invocado como parâmetro.
Assim, se a lei ou ato normativo for anterior à CF/88 e com ela incompatível,
não se pode dizer que há uma inconstitucionalidade. Nesse caso, o que existe é
a não-recepção da lei pela Constituição atual.
188
Acepção moderna (lei que sofreu um processo de
inconstitucionalização)
Uma lei ou ato normativo que foi considerado constitucional pelo STF pode,
com o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político,
econômico e social do país, tornar-se inconstitucional em um novo exame do
tema.
Não há aqui uma sucessão de Constituições. A lei era harmônica com a atual
CF e, com o tempo, torna-se incompatível com o mesmo Texto Constitucional.
É ADMITIDA no Brasil.
189
hermenêutico, sendo estes as forças produtivas de interpretação, sem as quais
seria impossível uma interpretação democrática da Constituição.
190
são apenas os interpretes jurídicos da Constituição que vivem a
norma, não detêm eles o monopólio da interpretação”.
A resposta é positiva.
191
Segundo a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (caso
Gelman vs. Uruguai), todas as autoridades públicas, inclusive os membros do
Ministério Publico e defensores públicos têm o dever de exercer o controle de
convencionalidade.
192
A partir de uma perspectiva filosófica e teórica, é possível afirmar que a
Constituição Federal de 1988 permite o governo dos mortos sobre os vivos.
Isso porque, quando uma Constituição vigora por certo tempo em um Estado e
há em seu texto constitucional a presença de cláusulas pétreas, o ordenamento
jurídico acaba por apresentar limites intransponíveis que foram estabelecidos
no passado.
Apenas a título de ilustração, é possível verificar que boa parte dos deputados
que participaram da Assembleia Constituinte faleceram.
193
“Uma das questões mais importantes do debate constitucional é
estabelecer em qual proporção se afigura legítimo que uma
Constituição prefigure os caminhos e decisões do povo do futuro.
Quando reconhecemos que as constituições, em geral, aspiram
vigorar por muito tempo e disciplinar a coexistência política de
sucessivas gerações ao longo da trajetória de uma nação, somos
confrontados com uma pergunta fundamental: por que, e até que
ponto, pode uma geração adotar decisões vinculativas para as
outras que a sucederão? Não seria esta uma fórmula de governo
dos mortos sobre os vivos? [...] O problema se agrava quando
consideramos a presença, no texto constitucional, das chamadas
„cláusulas pétreas‟. De fato, diante de uma norma constitucional
indesejada que não configure cláusula pétrea, não ficam os
poderes políticos do povo presente de mãos completamente
atadas, pois sempre é possível buscar a mudança desejada, por
meio dos procedimentos de reforma estabelecidos pela própria
Constituição. Neste caso, apenas será necessário um esforço
maior, pois as constituições rígidas, como será esclarecido,
preveem para alteração dos seus dispositivos um procedimento
mais agravado e complexo. No entanto, diante das cláusulas
pétreas a vinculação é total, pois só a ruptura da ordem jurídica,
com a emergência de um novo poder constituinte originário
permitiria a sua superação. Proibir gerações futuras de deliberar
sobre determinadas questões é algo de enorme gravidade, pois,
com isto, elas ficam privadas da capacidade de
194
escolher seus próprios caminhos” (SARMENTO, Daniel e
NETO, Cláudio Pereira de Souza. Direito Constitucional: Teoria,
História e Métodos de Trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Editora
Forum, 2016, p. 28).
195
“Hoje temos disponíveis duas versões de controle de
constitucionalidade, fraco e forte. No controle forte, uma decisão
do judiciário sobre o conteúdo das leis sobre processo legislativo
não é formalmente passível de revisão, exceto pela própria corte
ou pelo difícil processo de emenda constitucional. Os sistemas de
controle fraco permitem revisão formal de decisões judiciais por
meio de um processo que é de alguma forma mais difícil de
empregar do que aquele exigido para a elaboração da legislação
ordinária. (…) O controle fraco de constitucionalidade em um
país como o Canadá, no qual qé bastante difícil conseguir a
aprovação de uma emenda à Constituição, permite que o Poder
Legislativo (federal ou provincial) aplique uma lei
inconstitucional (superando, assim, a opinião do judiciário) de
maneira rápida, o que seria impossível se fosse necessário
emendar a Constituição”. (BERMAN, José Guilherme. Controle
fraco de Constitucionalidade. Juruá: Paraná. 2016 pp. 219-221).
196
Ao reconhecer a inconvencionalidade do delito de desacato, o Superior
Tribunal de Justiça consignou que a decretação de inconvencionalidade não
precisa observar a cláusula da reserva de plenário (full bench).
197
dois pontos: (I) as Defensorias Públicas da União e do Estado de
São Paulo já denunciaram o Brasil na CIDH, requerendo a
condenação do Estado brasileiro pela manutenção do crime de
desacato no Código Penal; e (II) recentemente, em habeas corpus
impetrado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o STJ
decidiu pela inconvencionalidade do crime de desacato,
constando do voto do Min. Ribeiro Dantas (relator) que “(...) a
existência de tal normativo em nosso ordenamento jurídico é
anacrônica, pois traduz desigualdade entre funcionários e
particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de
Direito preconizado pela CF/88 e pela Convenção Americana de
Direitos Humanos”, e prossegue o Min. Ribeiro Dantas para
afirmar que “(...) a punição do uso de linguagem e atitudes
ofensivas contra agentes estatais é medida capaz de fazer com que
as pessoas se abstenham de usufruir do direito à liberdade de
expressão, por temor de sanções penais, sendo esta uma das
razões pelas quais a CIDH estabeleceu a recomendação de que os
países aderentes ao Pacto de São José abolissem suas respectivas
leis de desacato” (REsp 1.640.084, rel. Min. Ribeiro Dantas, 5a
Turma, j. 15/12/2016). Finalmente, ainda chamamos a atenção
para um ponto interessante do voto do Min. Ribeiro Dantas:
diferente do controle difuso de constitucionalidade, que exige a
cláusula de reserva de plenário e, no caso do STJ, ensejaria a
remessa do processo para a Corte Especial, o controle de
convencionalidade pode ser exercido por meio das Turmas”.
(HEEMANN, Thimotie Aragon; PAIVA,
198
Caio. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 2a ed.
Minas Gerais: CEI, 2017, pp 238-239).
199
lidar com processos complexos, que envolvem políticas públicas ou a criação
e reestruturação de instituições
200
i) flexibilidade executiva e prolongamento da execução durante um maior
período de tempo;
j) a possibilidade de se delegar à fiscalização a outros órgãos dotados de
melhores condições técnicas para tanto;
TEORIA DA KATCHANGA
201
Consiste num conceito livre de autorização para o uso indiscriminado da
lista de princípios e direitos fundamentais previstos na Constituição, sendo
desautorizado todo um sistema de lógica e objetividade fundamentativa para
adotar decisões arbitrárias, sem maiores preocupações com o regramento como
um todo e com a fundamentação detalhada e objetiva, focado apenas na
resolução do direito e na hábil solução dos conflitos por meio de um
decisionismo apressado.
Características:
1. Antifundacionalismo (refutação de conceitos abstratos);
2. Contextualismo (importância da experiência humana no
julgamento);
202
3. Consequencialismo (as proposições devem ser testadas para
projetar suas consequências e resultados possíveis para conduzir a
busca de interpretações às melhores consequências práticas -
“empiricista”).
203
econômicas, políticas e sociais envolvidas na questão, sendo necessário o
domínio, com máxima previsibilidade possível, sob as consequências geradas
por sua decisão, tendo sempre como guia a adoção da medida que traga MAIOR
BENEFÍCIO ou UMA MELHORA nas condições gerais observadas pelas
pessoas envolvidas no caso.
204
exceção relevante se apresente, ainda que a norma tenha preenchido seus
requisitos necessários e suficientes para que seja válida e aplicável.
205
A relação laboral/trabalhista é caracterizada pela presença de partes
materialmente desiguais diante da subordinação. Assim, a eficácia diagonal se
evidencia no princípio da proteção do empregado, que impõe ao ordenamento
trabalhista a previsão legal de garantias compensatórias da hipossuficiência do
obreiro na discussão. A eficácia diagonal dos direitos fundamentais também se
observa na relação consumerista (consumidor é a parte mais frágil da relação).
206
marcadas por uma flagrante desigualdade de forças, em razão tanto da
hipossuficiência quanto da vulnerabilidade de uma das partes da relação.
Trata-se de uma eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em situações
equivalentes (particular-particular), mas, na prática, há um império do poder
econômico, razão por que se defende a observância dos direitos fundamentais
nestas relações.
Essa seria, segundo Daniel Sarmento, a referente aos particulares nas relações
com outros particulares não numa relação de horizontalidade, mas sim de
verticalidade, ou seja, um particular com grande poder econômico em relação
a outro particular hipossuficiente.
207
USUCAPIÃO DE
LEGALIDADE/CONSTITUCIONALIDADE
Isso porque, o fato de uma norma permanecer em vigor por muito tempo no
ordenamento jurídico brasileiro não lhe confere
constitucionalidade/legalidade, não sendo admitido o fenômeno do
“usucapião de legalidade/constitucionalidade”.
208
Constituição imutável ou granítica: é aquela que não prevê nenhum
tipo de processo de modificação em seu texto. São relíquias históricas.
209
CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO
210
Com o nome “camaleões normativos”, Canotilho busca demonstrar a suposta
vagueza normativa do sistema jurídico dos direitos sociais, o que acaba por
ocasionar uma confusão entre o conteúdo de um direito juridicamente definido
e determinado com sugestões de conteúdo político- jurídica.
As ciências sociais são criticadas por utilizarem metodologia „fuzzy‟, que são
métodos confusos, indeterminados e vagos para tratar dos respectivos objetos
de estudo, sendo, sobretudo, a teoria dos direitos fundamentais que recebe mais
críticas.
“DEPARTAMENTALISMO CONSTITUCIONAL” OU
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
DEPARTAMENTALISTA
211
DIMENSÃO OBJETIVA OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A dimensão objetiva dos direitos fundamentais propõe uma visão dos direitos
fundamentais a partir de uma perspectiva da comunidade como um todo, ou
seja, como valores ou fins a serem perquiridos e realizados, em grande medida,
através da ação estatal.
212
fundamentais entre particulares), bem como um dever objetivo de promoção de
posições jurídicas fundamentais contra possíveis violações por terceiros.
213
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO E SUAS
DIMENSÕES
214
das famílias constituídas pela União Estável” (STF, RE 878.694/MG, Voto do
Min. Luis Roberto Barroso). Neste julgamento o STF fixou a seguinte tese: “é
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e
companheiros prevista no art. 1.790 do Código Civil de 2002, devendo ser
aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o
regime do artigo 1.829 do CC/2002”;
215
convivência habitual duradoura com seu dono (STJ, RESP 1.797.175/SP,
Rel.Min. @ministro_Og, unânime, j. em 21/03/2019).
216
ambiente perpetuam o estresse do animal, pondo em dúvida a viabilidade de
uma readaptação a um novo ambiente”.
A teoria “dos limites dos limites” (expressão utilizada por Karl August
Betterman) também é denominada de “teoria da restrição das restrições”
(Schranken-Schranken).
217
OBS: A possibilidade de restrições aos direitos fundamentais constitucionais
está intimamente relacionado com a TEORIA EXTERNA, de Virgílio Afonso
da Silva, que - diferentemente da teoria interna - admite restrições a direitos
fundamentais.
218
DESACORDOS MORAIS RAZOÁVEIS
219
Não é possível invocar a existência de um desacordo moral razoável para
negar direitos a quem quer que seja. Isso porque, nos desacordos razoáveis,
não há uma resposta que possa se chamar de correta.
O que ocorre nessas situações é uma tolerância quando a decisão é tomada pelos
órgãos representativos, cientes de que, embora se tenha garantido o exercício
do direito de participar da decisão que a todos importa, seja por movimentos de
apoio ou simplesmente pelo voto, sua posição foi derrotada pela maioria e de
que, eventualmente, pode ser modificada em outro cenário político.
220
parâmetro, fundado na dignidade da pessoa humana, deverá ter em perspectiva
a intangibilidade do mínimo existencial.
221
Nesse contexto, a cláusula da reserva do possível encontrará, sempre,
insuperável limitação na exigência constitucional de preservação do mínimo
existencial, que representa emanação direta do postulado da essencial
dignidade da pessoa humana.
Logo, como existem infinitas demandas e finitos recursos, existem, por óbvio,
escolhas que beneficiam determinadas demandas, abrindo mão de outras. São
chamadas pela doutrina de “teoria das escolhas trágicas”, uma vez que deixará
de contemplar alguma necessidade também premente, mas que foi considerada
por quem de direito menos urgente que outra.
222
Em algumas oportunidades, o Estado tem boas intenções ao elaborar
determinado diploma normativo. Mas, o exercício cotidiano da legislação
revela inconsistências em relação ao princípio da igualdade em seu formato
substancial. A Lei antes aprovada termina por discriminar, de modo indireto,
determinado grupo vulnerável. Cuida-se da chamada “discriminação indireta”.
223
resultarem efeitos nocivos de incidência desproporcional sobre certas
categorias de pessoas.
PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL
Todavia, foi com o filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas, nos anos 80,
que o patriotismo constitucional foi amplamente difundido no meio acadêmico
e político.
224
constitucionais democráticos capazes de garantir a “integração e assegurar a
solidariedade entre os povos”, com o fim de superar o conhecido problema do
nacionalismo étnico, que por muito tempo opôs culturas e povos
(HABERMAS, Jürgen. Identidades nacionales y postnacionales. Madrid:
Tecnos, 1998).
225
sob os mesmos valores do Estado Democrático de Direito, situação que permite
uma coexistência das múltiplas formas de cultura, o que caracteriza o
multiculturalismo.
226
algum fato social a que eles se referem, visto que o Direito deriva de fatos
sociais.
Ocorre que é com base exatamente na teoria da reserva do possível que o Poder
Público tem buscado se eximir de implementar direitos fundamentais.
227
comprometer a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos
impregnados de estatura constitucional, ainda que derivados de cláusulas
revestidas de conteúdo programático.
Assim, o intérprete deverá levá-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser
exigido judicialmente, bem como o magistrado, ao determinar seu
fornecimento pelo Estado, mas que, por outro lado, não se pode esquecer que a
finalidade do Estado, ao obter recursos, para, em seguida, gastá-los sob a forma
de obras, prestação de serviços, ou qualquer outra política pública, é exatamente
realizar os objetivos fundamentais da Constituição, ou seja, a
228
meta central do Estado moderno deve ser a promoção do bem-estar do homem,
“cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade,
que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais
mínimas de existência”.
229
O mandado de injunção é remédio apto a combater esse fenômeno da erosão da
consciência constitucional, em uma de suas causas, pois destina-se a viabilizar
o exercício dos direitos e garantias fundamentais consagrados pelo poder
constituinte originário, mas inaplicáveis, por serem “letra morta”, em razão da
ausência de regulamentação por parte do legislador.
A primeira dimensão é a subjetiva (ou seja, relativa aos sujeitos). É aquela que
diz respeito aos direitos de proteção (negativos) e de exigência de prestação
(positivos) por parte do indivíduo em face do poder público(perspectiva
subjetiva).
230
A segunda dimensão é a objetiva. Os direitos fundamentais devem ser
compreendidos também como o conjunto de valores objetivos básicos de
conformação do Estado Democrático de Direito. Nessa perspectiva (objetiva),
eles estabelecem diretrizes para a atuação dos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário e para as relações entre particulares. Para a doutrina, trata-se da
eficácia irradiante dos direitos fundamentais.
231
valores básicos da sociedade e seus efeitos irradiam-se a todo o ordenamento
jurídico, alcançando a atuação dos órgãos estatais.
RACISMO AMBIENTAL
232
Este fenômeno tem grande impacto no desenvolvimento social e na qualidade
de vida da população nos países em desenvolvimento.
CONSTITUIÇÃO VIVA
233
doutrina denomina normas de eficácia 'diferida', que são normas que não podem
adquirir eficácia sem a intervenção de outras normas.
234
PANCONSTITUCIONALIZAÇÃO
Aqui, contudo, pode-se discutir até que ponto o fenômeno é legítimo. Poucos
discordarão, pelo menos no Brasil, de que alguma constitucionalização do
Direito é positiva e bem-vinda, por semear o ordenamento jurídico com os
valores humanitários da Constituição.
Porém, pode-se objetar contra as teses extremadas sobre este processo, que
acabam amputando em demasia o espaço de liberdade do legislador, em
detrimento da democracia.
Com efeito, quem defende que tudo ou quase tudo já está decidido pela
Constituição, e que o legislador é um mero executor das medidas já impostas
235
pelo constituinte, nega, por consequência, a autonomia política ao povo para,
em cada momento da sua história, realizar as suas próprias escolhas.
236
O STF consagrou esse entendimento por decisão proferida na ADC 425/TO,
ajuizada pelo PMDB contra medidas provisórias de Tocantins, mas
questionando apenas o mérito delas. O Min. Maurício Correa decidiu levar ao
plenário a questão preliminar da competência dos governadores para editar
medidas provisórias, que decidiu que é constitucional a adoção da MP pelo
Estado-membro.
Esse tema foi cobrado no TJAP/2014 (primeira fase) e na segunda fase do TJPA
(segunda fase).
237
TEORIA DOS SISTEMAS SOCIAIS (NIKLAS LUHMANN)
238
Com Luhmann, há uma superação do modelo de estudo científico baseado na
dicotomia entre sujeito e objeto. Para ele, o sujeito cognoscente não conforma
diretamente a sociedade (não se comunica diretamente), pois tal sujeito é o
próprio entorno psíquico da sociedade. Ele não pode formatar a sociedade, pois
ele próprio, o cidadão, tem sua consciência conformada/moldada pelas normas
do sistema. O homem faz, ontologicamente, parte do sistema. A abordagem de
Luhmann é ontológica: “o sistema existe”.
239
Desse modo, para Luhmann, também os subsistemas se retroalimentam
segundo suas premissas. A existência de cada subsistema depende de uma boa
seleção (de sobrevivência) das informações que são úteis à sua continuidade.
Como crítica à teoria de Luhmann, podemos dizer que seu pecado maior foi
ignorar a posição do Homem enquanto conformador da sociedade. Luhmann
não observou que é possível que pessoas com dons específicos (personalidades
políticas e de outras áreas), possam criar ideias que mudem a sociedade sem
provocar sua destruição. O processo seria de renovação, e não de desintegração.
240
CAPÍTULO 04
241
Direito
PROCESSUAL
Civil
PROCESSO CIVIL
SISTEMA ADOTADO PELO NOVO CPC PARA O
JULGAMENTO DE CASOS REPETITIVOS
242
Sistema de “procedimento-modelo”: Neste sistema, diferentemente, instaura-
se um incidente apenas para fixar, em abstrato, a tese a ser seguida, não havendo
a escolha de um caso concreto a ser julgado. Ex.: Alemanha (Musterverfahren).
243
competência originária para tribunal, o que não pode ser feito pelo legislador
ordinário (art. 103, 105, 108, 125, § 1º, CF/88), ou melhor, caso fosse possível
a instauração de IRDR sem a existência de caso pendente no tribunal, ter-se-ia
descaracterizada a natureza jurídica de incidente processual, o que ensejaria a
sua inconstitucionalidade, pois somente a Constituição Federal pode instituir
competência originária para tribunais.
244
nessas hipóteses, adotou o sistema da “causa-modelo”. Isso porque, mesmo não
havendo mais caso concreto – ante a desistência -, o tribunal fixará a respectiva
tese jurídica, ainda que em abstrato. Em outras palavras, a desistência não
impede o julgamento do IRDR ou do repetitivo, com a definição da tese a ser
adotada pelo tribunal, mas o julgamento não atinge quem desistiu. Nesses
casos, o Ministério Público assume a titularidade do feito, consoante preceitua
o art. 976, § 2º, do CPC. É correto dizer, portanto, que o CPC prevê, ainda que
excepcionalmente, o sistema de “causa modelo”.
245
a) Teoria Imanentista (civilista) (Friedrich Carl Von Savigny e Eduardo Juan
Couture): considera o direito de ação e direito material como direitos
imanentes, ou seja, inseparáveis. Aqui, o direito de ação e o direito material são
estáticos e se confundem.
246
Em caso de não preenchimento das condições das ações, deverá o processo ser
extinto SEM resolução de mérito. Lado outro, sendo as condições da ação
analisadas a partir de cognição profunda, imaginando-se a sua apuração após a
instrução do processo, deverão elas ser analisadas como matéria de MÉRITO,
e não meramente processual, o que culminará com o julgamento de mérito da
ação, com formação de coisa julgada material.
247
ensejando a prolação de sentença condenatória ou absolutória,
conforme o caso, sendo aplicável a teoria da asserção. (REsp
1354838/MT, Rel. Ministro CAMPOS MARQUES
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PR), QUINTA
TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe 05/04/2013).
NÃO.
248
FUNÇÃO “NOMOFILÁCICA” DOS TRIBUNAIS
SUPERIORES
249
tinada a aclarar e integrar o sistema normativo, propiciando-lhe
uma aplicação uniforme –, funções essas com finalidades „que se
entrelaçam e se iluminam reciprocamente‟” (STF, Rcl 4335, Voto
do Ministro Teori Albino Zavascki, p. 155 do inteiro teor do
julgado).
Por isso, se o art. 926 merece e tem recebido justas críticas da doutrina, no
sentido de seu aprimoramento, de outro lado reforça a necessidade inadiável de
que os Tribunais procurem uniformizar a interpretação e a aplicação do direito.
250
Em um caso concreto, a não concessão da tutela antecipada pode gerar
sacrifício irreversível e a concessão, um sacrifício irreversível ao réu.
251
São, por exemplo, muitas as tutelas antecipadas em demandas em
que se discute a saúde do autor, com adoção de medidas
faticamente irreversíveis, tais como a liberação de remédios,
imediata internação e intervenção cirúrgica.[...] Não é porque a
operação é necessária à sobrevivência do autor que o juiz
concederá, por esse simples fato, a tutela antecipada em seu favor
somente porque o plano de saúde ou hospital sempre poderão
cobrar o valor da operação posteriormente na hipótese de
revogação da tutela antecipada.[...] É uma situação-limite, que
podemos chamar de “irreversibilidade de mão dupla”, ou como
prefere a doutrina, “recíproca irreversibilidade”, na qual caberá
ao juiz a ponderação do direito mais provável no momento de
análise do pedido da tutela antecipada, aplicando- se o princípio
da razoabilidade.
PROVA EMPRESTADA
252
prova trazida e de impugná-la. STJ. Corte Especial. EREsp 617.428-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014 (Info 543).
253
desta Corte Superior (“A Fazenda Pública, quando parte no
processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos
honorários do perito”), a determinar que a Fazenda Pública ao
qual se acha vinculado o Parquet arque com tais despesas. (...)
(REsp 1253844/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe
17/10/2013).
Ressalta-se, porém, que o CPC só se aplica às ações coletivas naquilo que não
contrariar as regras do microssistema específico.
254
custa do orçamento próprio. Tal entendimento, no entanto, ainda é
controvertido e minoritário.
Fredie Didier Jr. cita três situações em que isso ocorre: quando a decisão
contém o julgamento de mais de uma pretensão; quando uma pretensão
formalmente única e decomponível, ou seja, versa sobre coisas suscetíveis de
contagem, medição, pesagem ou qualquer ordem de quantificação; quando o
juiz analisa, no corpo de sua decisão, questões processuais, admitindo a
viabilidade do procedimento e, após, passando a analisar o mérito.
JUSTIÇA MULTIPORTAS
255
A atividade jurisdicional estatal não é a única nem a principal opção das partes
para colocarem fim ao litígio, existindo outras possibilidades de pacificação
social.
Assim, para cada tipo de litígio existe uma forma mais adequada de solução. A
jurisdição estatal é apenas mais uma dessas opções.
256
Estudos mais recentes demonstram que tais meios não seriam „alternativos‟:
mas sim integrados, formando um modelo de sistema de justiça multiportas.
Para cada tipo de controvérsia, seria adequada uma forma de solução, de modo
que há casos em que a melhor solução há de ser obtida pela mediação, enquanto
outros, pela conciliação, outros, pela arbitragem e, finalmente, os que se
resolveriam pela decisão do juiz estatal.
257
Não basta que o caso seja julgado; é preciso que seja conferida uma
solução adequada que faça com que as partes saiam satisfeitas com o resultado.
SITUAÇÃO DE INESCLARECIBILIDADE
Nesse caso, incumbe ao juiz analisar qual das partes assumiu o risco da
situação de dúvida insolúvel, devendo esta ser submetida à decisão
desfavorável. Afinal, é vedado o “non liquet”.
TRANSLATIO IUDICII
258
O CPC/15 adotou um sistema que consagra a translatio iudicii (que consiste na
modificação da competência do juízo; o juízo reconhece que é incompetente
para julgar o caso e translada o processo para o juízo competente).
259
c) A incompetência NÃO GERA a automática invalidação dos atos
decisórios praticados (art. 64, p. 4o, CPC);
O Processo Civil deve ser o mais maleável possível. Deve ser uma moldura
coerente, com princípios bem identificados, mas deve permitir que o Julgador
complete os espaços vazios com os detalhes do caso concreto.
Ora, é possível que uma situação da vida tenha sido decidida liminarmente em
juízo incompetente, mas que tal decisão seja necessária para acautelar o direito
postulado. Essa saída não era permitida no CPC/1973.
260
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO
261
albis alguma possibilidade de impugnação por meio dos Recursos previstos
no CPC.
AUTOINTERDIÇÃO
Uma novidade trazida pelo Estatuto da pessoa com deficiência foi permitir a
promoção da interdição pelo próprio interditando (autointerdição).
262
Embora haja divergência acerca da possibilidade (ou não), vem prevalecendo
entre os doutrinadores ser perfeitamente POSSÍVEL;
TAXATIVIDADE MITIGADA
Segundo o STJ, não se admite interpretação extensiva, vez que ineficaz para a
conferir ao referido dispositivo uma interpretação em sintonia com as normas
fundamentais do processo civil;
263
Em que pese parte da doutrina defender que o rol admite interpretação extensiva
(tal como Fredie Didier Jr. no caso de cabimento do agravo para a rejeição da
alegação de convenção de arbitragem), o STJ fez consignar o seguinte:
264
Não se pode ampliar o rol do art. 1.015, sob pena, inclusive, de comprometer
todo o sistema preclusivo eleito pelo CPC/2015.
Fernando Gajardoni, Luiz Dellore, André Roque, Zulmar Oliveira Jr.
265
Por que esse nome “taxatividade mitigada”?
Foi uma expressão cunhada pela Min. Nancy Andrighi.
O objetivo da Ministra foi o de dizer o seguinte: o objetivo do legislador foi o
de prever um rol taxativo e isso deve ser, na medida do possível, respeitado. No
entanto, trata-se de uma taxatividade mitigada (suavizada, abrandada,
relativizada) por uma “cláusula adicional de cabimento”.
Que cláusula (norma, preceito) é essa? Deve-se também admitir o cabimento
do recurso em caso de urgência.
E por que se deve colocar essa “cláusula adicional de cabimento”? Por que se
deve adicionar essa regra extra de cabimento? Porque, se houvesse uma
taxatividade absoluta, isso significaria um desrespeito às normas fundamentais
do próprio CPC e geraria grave prejuízo às partes ou ao próprio processo.
Logo, tem-se uma taxatividade mitigada pelo requisito da urgência.
266
É o caso dos parágrafos 12, 13 e 14 do art. 525, e dos parágrafos 5o, 6o e 7o do
art. 535 do CPC/15, que reputam inexigível decisão judicial que se lastreie em
lei ou em ato normativo tidos pelo STF como inconstitucional.
267
c) o efeito é o vinculante/obrigatório (biding precedent);
d) o efeito autorizante;
e) o efeito rescindente/deseficacizante; e
f) o efeito de revisão da sentença.
268
TÉCNICA DE CONFRONTO E APLICAÇÃO DO
PRECEDENTE: “distinguishing”
269
O que é o “inconsistent distinguishing”? Trata-se de equívoco do órgão
julgador na utilização do método do distinguishing (quando ocorre a
distinção inconsistente, tem-se uma deturpação da técnica da distinção).
270
No Brasil, entretanto, o overruling pode dar-se de modo concentrado. Instaura-
se um procedimento autônomo, cujo objetivo é a revisão de um entendimento
já consolidado no tribunal. É o que ocorre com o pedido de revisão ou
cancelamento de Súmula Vinculante (art. 3o Lei 11.417/2006) e o pedido de
revisão da tese firmada em IRDR (art. 986 CPC/15).
271
Na interposição de recurso especial e extraordinário, embora não usual, é
possível a interposição condicionada de um recurso diferente daquele
interposto de forma independente, que somente será julgado se o recurso
independente for provido, o que vem sendo denominado de “recurso adesivo
cruzado”.
272
Desse modo, em se tratando da interposição de recurso especial e
extraordinário, é possível, embora não usual, a interposição condicionada de
um recurso diferente daquele interposto de forma independente, que somente
será julgado se o recurso independente for provido, o que vem sendo
denominado de “recurso adesivo cruzado”.
Esta teoria utiliza de uma metáfora da obra “Os dois corpos do Rei”, de Ernest
Kantorowicz, para traçar um paralelo com a segurança jurídica sob a
perspectiva jurisprudencial na busca da uniformidade, sendo que esta
busca parte da formulação de acórdãos e ementas, até a exposição das razões
de decidir, de modo que haja preocupação com toda a decisão e não apenas
com seus dispositivos.
Assim, a decisão com dois corpos (ou partes) seria construída no litígio judicial,
tem-se, de um lado, a parte indeterminada ou incerta, e, de outro lado, a
parte das circunstâncias fáticas, sem perder de vista o ideal da segurança
jurídica.
RECURSO ADESIVO
273
É possível ressaltar as seguintes características do Recurso Adesivo no Novo
CPC, de maneira resumida:
274
os princípios da primazia da decisão do mérito e duração razoável do processo
(art. 4º, CPC).
275
instrumento. STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590);
Não se aplica a teoria em julgamento de recurso especial (STJ, REsp
1.569.401/CE).
Ressalta-se que, por expressa previsão no art. 1.027, p. 2o, do CPC/15, aplica-
se a teoria para o recurso ordinário constitucional (na vigência do CPC/73,
os Tribunais Superiores entendiam que NÃO cabia, pois alegavam haver
supressão de instância e usurpação de competência).
276
Segundo este instituto jurídico, em casos de julgamento não unânime, este terá
prosseguimento na mesma sessão ou, não sendo possível, em nova assentada,
a qual contará com a presença de novos Desembargadores convocados, em
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial.
Qual a natureza jurídica deste instituto jurídico previsto no art. 942 do NCPC?
O referido dispositivo não enuncia uma nova espécie recursal, mas, sim, uma
técnica de julgamento, a ser aplicada de ofício, independentemente de
277
requerimento das partes, com o objetivo de aprofundar a discussão a respeito
da controvérsia fática ou jurídica sobre a qual houve dissidência.
Informações importantes:
NÃO se aplica aos Juizados Especiais (Enunciado n. 552 do FPPC);
APLICA-SE ao mandado de segurança e à rescisão parcial do julgado
(Enunciados 62 e 63 JCJF, respectivamente).
DECISÃO DETERMINATIVA
278
Assim, diz-se que, quando o juiz profere uma decisão em que delimita um
conceito indeterminado, aplicando-o ao caso concreto, a referida decisão é
"determinativa", já que "determinou o conceito".
O assunto ganha relevância em razão da previsão do art. 489, parágrafo 1º, II,
do NCPC, segundo o qual não se considerará fundamentada a decisão quando
o magistrado empregar um conceito indeterminado sem, porém, explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso.
Tema dos mais interessantes a respeito da coisa julgada diz respeito à sua
relativização, tese defendida por parcela considerável da doutrina nacional.
Não se discute que o fenômeno da coisa julgada deve ser preservado e que, sem
ele, haveria grave comprometimento da função pacificadora das decisões
judiciais. Mas isso não afasta o risco de, por meio da coisa julgada, poderem
279
ser eternizadas situações tão nocivas, ou ainda mais, que aquelas que adviriam
da rediscussão posterior da decisão.
Por isso, já há alguns anos, por força dos ensinamentos do Ministro José
Augusto Delgado e de Humberto Theodoro Junior, às quais foram
acrescentados novos argumentos por Cândido Rangel Dinamarco, tem-se
falado na relativização da coisa julgada.
280
É POSSÍVEL RECONVENÇÃO SUCESSIVA
(RECONVENÇÃO DA RECONVENÇÃO)?
281
Contudo, insta salientar que parte da doutrina afirma, como condicionante, que
“a nova demanda a propor não seja portadora de uma pretensão que ele poderia
ter cumulado na inicial e não cumulou” (COLOTÔNIO, Camila Satsuki Yuko.
Análise jurisprudencial acerca do tema Reconvenção à Reconvenção).
282
será permitida, tão somente, uma nova utilização do instituto, agora, por parte
do autor reconvindo.
283
CAPÍTULO 05
Direito Civil
284
DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DO “NOVO” DIREITO CIVIL
285
sociedade evolua paulatinamente e o direito civil apenas se revitalize
pelo farto uso dos princípios e cláusulas gerais.
286
DIREITO DE NÃO SABER
O indivíduo tem a autonomia de optar por não tomar ciência, no que tange a
fatos informações indesejados que possam provocar abalo em sua vida.
287
suplantado por um direito maior, qual seja, o direito à vida
longeva e saudável.
De acordo com José Saldanha da Gama e Silva, os contratos “gré à gré” são
aqueles que se formam mediante discussão entre as partes, diretamente ou
por meio de representantes legais daqueles.
288
Em outras palavras: são os contratos formados mediante tratativa, convenção,
consenso, pactuação ou acordo de forma bilateral e recíproca entre as partes.
EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE
289
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se
obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até
que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de
satisfazê-la.
290
Segundo a teoria do corpo neutro, é eximido de responsabilidade o condutor do
veículo que foi lançado contra o carro de terceiro em virtude de colisão anterior
a que não deu causa.
Desse modo, todos os danos deverão ser suportados pelo causador da batida,
não havendo de se falar sequer em responsabilidade de Tício com direito de
regresso em face do causador da batida.
Não se deve confundir o exemplo dado com uma situação diversa: caso Tício,
prevendo o engavetamento, tentasse fazer uma manobra e acabasse causando
danos a terceiros, não haveria de se falar em corpo neutro.
291
houve de fato um ato do condutor, muito embora, em ambos os casos, Tício
não vá suportar os prejuízos do ocorrido.
Muito pelo contrário, para além de uma mera lesão a uma obrigação pré-
constituída, a finalidade primária da pena civil é preventiva e dissuasiva,
objetivando tutelar o interesse geral de evitar que o potencial ofensor pratique
292
qualquer comportamento de perigo social. Isso é, o interesse do particular só
será relevante enquanto coincidir com o interesse público de intimidar uma
pessoa natura ou jurídica, por media de desestímulo, a adotar um
comportamento que não coloque em risco interesses supraindividuais.
Destaca-se que as indenizações punitivas não se aplicam apenas aos danos não
econômicos. Essa modalidade de indenização possui o condão de punir o
gerador do dano, com o escopo de este não repetir essa conduta danosa.
293
trabalho, vem sendo concretizado nas jurisprudências devido a sua magnitude
e extensão, não sendo mais visto como um simples princípio norteador.
294
Na boa-fé subjetiva, portanto, o indivíduo se contrapõe psicologicamente à má-
fé, convencendo-se a não estar agindo de forma a prejudicar outrem na relação
jurídica.
A boa-fé assume feição de uma regra ética de conduta e tem algumas funções
como: fonte de novos deveres de conduta anexos à relação contratual;
limitadora dos direitos subjetivos advindos da autonomia da vontade, bem
como norma de interpretação (observar a real intenção do contraente) e
integração do contrato.
295
Conforme Ricardo Lorenzzeti (1998, p. 551) o contrato deixou de ser
visualizado como um representativo de interesses antagônicos, divisando-se um
affectio contractus, tornando os contraentes como se fossem parceiros.
CLÁUSULA ABERTA
Isso significa certa autonomia ao juiz quanto à solução da questão, o que tem
sido objeto de crítica. É um antagonismo entre segurança, de um lado, e o
anseio de justiça de outro.
296
Inicialmente, a boa fé obrigacional se apresentou no direito brasileiro como
modelo dogmático (puramente teórico) para concretizar-se como modelo
jurídico através da atividade materializadora da jurisprudência.
SUPRESSIO E SURRECTIO
Essa prática pode ser visivelmente notada na leitura do artigo 330 do CC/2002,
que em sua redação diz: “o pagamento reiteradamente feito em outro local faz
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.
297
A supressio se traz através da renuncia tácita de determinada posição jurídica,
enquanto a surrectio dá-se pelo costume, em que uma pratica que antes não era
legitimada, se torna exequível por força do seu uso reiterado na relação.
298
Nesse sentido é o Enunciado n. 169, do CJF/STJ na III Jornada de Direito Civil:
“O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do
próprio prejuízo”.
299
TU QUOQUE
“Tu quoque, Brutus, fili mi! A célere frase históricamente atribuída a Júlio
Cesar, pela constatação da traição de seu filho Brutus, dá nome a um dos mais
comuns desdobramentos do princípio da boa-fé objetiva”.
Tal conceito, correlato à boa-fé objetiva, “proíbe que uma pessoa faça contra
outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo
princípio inspirador da exceptio non adimplendi contractus”.
300
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM
301
funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do
Código Civil‟.
EXCEPTIO DOLI
302
PRINCÍPIO DA ETICIDADE: simboliza o rompimento com a visão
patrimonialista, sendo o ser humano visto como um fim em si mesmo e,
como tal, protegido; ademais, simboliza um afastamento dos tecnicismos
que tradicionalmente são associados ao direito civil.
DESOBEDIÊNCIA CIVIL
O tema da desobediência civil foi tratado de forma pioneira pelo autor norte-
americano Henry David Thoreau, porém ganhou “corpo” a partir dos estudos
de John Rawls.
303
O ato de desobediência civil situa-se entre o protesto e a resistência, ganhando
contornos de insatisfação social, sem que isso ameace o funcionamento da
ordem em vigor.
Classificação:
304
uma determinada causa ou contra determinada situação ocasionada pelos
governantes.
2) Desobediência civil indireta: São os consectários do movimento:
paralisação de ruas, ocupação de prédios e repartições públicas, bloqueio
de rodovias e ruas e etc.
Isso, por um lado, é bom, uma vez que confere maior autonomia a essas pessoas
e combate a discriminação. Entretanto, por outro lado, trouxe aspectos
problemáticos, como é o caso da prescrição.
305
nos valermos da Teoria “contra non valentem”, formulada por Bártolo de
Sassosferrato.
306
que nenhuma delas fique em uma situação pior do que se encontraria se o
contrato tivesse sido cumprido.
307
contempla a igualdade formal e, ainda, a substancial, como fica claro a partir
da leitura do art. 3º.
308
Por fim, ressalta-se que a discriminação indireta, diferentemente da
discriminação de fato, NÃO comporta aplicação harmônica com o princípio da
igualdade (no exemplo, a norma que permite que a polícia realize revistas
pessoais nos carros pode ser aplicada de modo compatível com a igualdade).
309
Portanto, não é possível alegar a impenhorabilidade do bem de família após
concluída a arrematação. O STJ, estipulou um marco para alegação da
impenhorabilidade, ao afirmar que não é possível alegar após a arrematação, ou
seja, a venda do bem adquirida por terceiro:
310
Tal decisão é importantíssima, normalmente em ações civis públicas, na
execução a parte executada alega impenhorabilidade do bem quando vê que vai
perdê-lo depois da adjudicação.
NULIDADE DE ALGIBEIRA
311
quando se perde um poder processual em razão de seu não
exercício. Surge a nulidade de algibeira. Na nulidade de algibeira
a parte, embora tenha o direito de alegar a nulidade, mantém-se
inerte durante longo período, deixando para exercer seu direito
somente no momento em que melhor lhe convier. Nesse caso,
entende-se que a parte renunciou tacitamente ao seu direito de
alegar a nulidade, inclusive a nulidade absoluta, aplicando a
supressio (ou seja, a supressão de um direito)”.
312
INFERNO DE SEVERIDADE
EXCEÇÕES:
313
Erro gráfico evidente;
Prenomes “ridículos” (art. 55 Lei 6.015/73);
Adoção (art. 47, p. 5o, ECA);
Apelidos públicos notórios;
Fundado temor em razão de colaboração com apuração de crimes
(programa de proteção a testemunhas);
Alteração imotivada do nome aos 18 anos;
Naturalização do estrangeiro;
Cirurgias de redesignação sexual - Ressalta-se, à título de
complementação, que o STJ admite retificação do registro de nascimento
para troca de prenome e sexo independentemente da realização de
cirurgia dê transgenitalização (REsp 1.626.739).
CONTRATO SÍNGRAFO
314
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
Assim, segundo essa teoria, se a parte devedora cumpriu quase tudo que estava
previsto no contrato, então, neste caso, a parte credora não terá direito de pedir
a resolução do contrato porque, como faltou muito pouco, o desfazimento do
pacto seria uma medida exagerada, desproporcional, injusta e violaria a boa-fé
objetiva.
315
Conforme supramencionado, existem julgados adotando expressamente a
aludida teoria. Entretanto, seu uso não pode ser banalizado a ponto de inverter
a lógica jurídica de extinção das obrigações. O “normal” que as partes esperam
legitimamente é que os contratos sejam cumpridos de forma integral e regular.
Diante disso, a fim de que haja critérios, o STJ afirma que são necessários 3
requisitos para a aplicação da teoria:
a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento das
partes;
b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total do
negócio;
c) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo ao
direito do credor de pleitear a quantia devida pelos meios ordinários. STJ. 4ª
Turma. REsp 1581505/SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
18/08/2016.
316
De acordo com o art. 944, “caput”, do CC, mensura-se a indenização pela
extensão do dano, o que demonstra claramente a pretensão REPARATÓRIA,
indenizatória.
317
Segundo o CC/02 (art. 1.707), SIM: (...) é vedado ao credor renunciar
o direito ao alimento.
318
Nesse sentido: STJ, REsp 764.488.
319
além, indagando concretamente sobre as funções exercidas, sobre as inserções
sociais das categorias. A curatela entra nessa discussão, aliás de modo intenso,
forte. Assim, a solidariedade social renova a visão que tínhamos de curatela.
Fala-se do “perfil funcionalizado da curatela”.
Com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a curatela passou a ser uma medida
EXCEPCIONAL (art. 84), de modo que a pessoa com deficiência apenas será
submetida à curatela quando necessário, tratando-se de medida protetiva
extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso,
durando o menor tempo possível.
320
COMPRA E VENDA DE ASCENDENTE PARA
DESCENDENTE (BEM MÓVEL)
321
A CLÁUSULA DE “HARDSHIP”
322
lacunas dos conceitos clássicos no que se refere à solução do problema da
incerteza nos contratos internacionais e, principalmente, nos de longa duração.
323
REGISTRO TORRENS
O Registro de Torrens, por sua vez, é uma forma de registro diferenciada, pois
uma vez efetivado, fornece ao proprietário um título com força absoluta vez
que contra ele não é admitido prova em contrário. É a única forma de registro
que goza dessa presunção absoluta.
O feito poderá ser impugnado por qualquer pessoa. Salienta-se, ainda, que o
Ministério Público deverá intervir obrigatoriamente.
324
Caso o imóvel rural seja hipotecado, o registro Torrens, procedimento especial
de registro de imóvel rural que visa garantir sua titularidade, somente será
possível com a anuência expressa do credor hipotecário ou da pessoa em favor
de quem se tenha instituído o ônus (questão CORRETA e cobrada no concurso
PC-BA 2013).
A doutrina brasileira possui algumas teorias acerca do nexo causal, para nortear
o julgador no momento de caracterizar a extensão da responsabilidade do seu
causador.
325
De acordo com esta teoria, o causador do dano será responsável por danos
futuros, decorrentes do cometimento do ato ilícito, ainda que este e aquele
não tenham relação imediata e adequada. A dizer, por exemplo, que se uma
pessoa é empurrada por outra, vindo a cair e causar uma pequena lesão em seu
braço, mas que por motivo de doença pré-existente não haja possibilidade de
cicatrização, causando a morte da vítima, todos os resultados serão atribuídos
àquele que casou a queda, que deverá indenizar a família daquele que morreu.
326
Nerilo (2016) explica que se trata da responsabilização que leva em
consideração uma vulnerabilidade ínsita à vítima. Nesses casos, ao contrário
da teoria dos danos diretos e imediatos, haveria responsabilização pelos danos
indiretos, mesmo que o indigitado não pudesse saber da vulnerabilidade da
vítima.
Para elucidar, cita o julgado REsp. 419.059/SP, cujo relatório foi feito pela
Ministra Nancy Andrighi:
327
hipermercado e pelo shopping center, porquanto a principal
diferença existente entre estes estabelecimentos e os centros
comerciais tradicionais reside justamente na criação de um
ambiente seguro para a realização de compras e afins, capaz de
induzir e conduzir o consumidor a tais praças privilegiadas, de
forma a incrementar o volume de vendas. – Por ser a prestação de
segurança e o risco ínsitos à atividade dos hipermercados e
shoppings centers, a responsabilidade civil desses por danos
causados aos bens ou à integridade física do consumidor não
admite a excludente de força maior derivada de assalto à mão
arma ou qualquer outro meio irresistível de violência. – A
condenação em danos materiais e morais deve estar adstrita aos
limites do pedido, sendo vedada a fixação dos valores em salários-
mínimos. – O termo final da pensão devida aos filhos por danos
materiais advindos de morte do genitor deve ser a data em que
aqueles venham a completar 24 anos. – Primeiro e segundo
recursos especiais parcialmente providos e terceiro recurso
especial não conhecido”.(BRASIL – Superior Tribunal de
Justiça – Resp. 419.059/SP – Relª. Min.ª Nancy Andrighi –
Terceira Turma – j. em 19.10.2001 – DJ 29.11.2001 – p.315)
Nesse sentido, Stolze (2017, s/p) destaca que “se o agente do dano deu causa a
um resultado mais grave, ainda que não se possa visualizar a sua
responsabilidade segundo as teorias convencionais da causalidade, seria justo
que compensasse a vítima”, de forma que haveria aplicação da teoria ora
debatida.
328
Portanto, não se trata da aplicação da teoria nos moldes em que se aplica nos
países em que seu uso é mais comum, mas em hipóteses em que foi o próprio
autor do dano que colocou a vítima em situação de vulnerabilidade, o que
parece bastante plausível.
ANATOCISMO
329
Essa MP foi considerada constitucional pelo STF. Desse modo, os bancos
podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano,
desde que expressamente pactuada.
330
CAPÍTULO 06
Direito
AdminiSTRATIVO
331
DIREITO
ADMINISTRATIVO
“DIREITO ADMINISTRATIVO DO ESPETÁCULO”
332
de observar fielmente os princípios e regras jurídicas. Não se exige sequer a
efetiva promoção de direitos fundamentais ou o respeito à democracia.
333
especialmente quando se estabelece uma comparação em vista das regras. É
que as regras contém comandos com conteúdo mais preciso e determinado).
334
“A liberdade de conformação do legislador, sem dúvida, encontra
limites no texto constitucional. Entre esses limites, costuma-se
apontar, no Direito Comparado a existência da denominada
“reserva de administração” como um verdadeiro “núcleo
funcional resistente à lei” (CANOTILHO). Daí que a
Constituição, em situações específicas, determina que o
tratamento de determinadas matérias fica adstrito no âmbito
exclusivo da Administração Pública, não sendo lícita a
ingerência do parlamento. A reserva geral de administração
fundamenta-se no princípio da separação de poderes” e significa
que a atuação de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear
o “núcleo essencial” da competência de outros órgãos”. Nesse
contexto, compete exclusivamente à administração executar as
leis, especialmente no exercício da discricionariedade
administrativa”. (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. A
Constitucionalização do Direito Administrativo. 2a ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010, pp. 64-65).
335
interferência indevida na gestão do contrato administrativo de
concessão, matéria reservada ao Poder Executivo, estando
evidenciada a ofensa ao princípio da separação dos poderes. 2.
Não obstante o nobre escopo da referida norma de estender aos
idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos,
independentemente do horário, a gratuidade nos transportes
coletivos urbanos esteja prevista no art. 230, § 2o, da Constituição
Federal, o diploma em referência, originado de projeto de
iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria
sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos
administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de
transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inciso V, da
Constituição Federal). (ARE 929591 AgR, Relator(a): Min. DIAS
TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 06/10/2017, PROCESSO
ELETRÔ- NICO DJe-247 DIVULG 26-10-2017 PUBLIC 27-10-
2017).
336
Suas principais funções são a regulação de atividades empresariais ou
profissionais, que, por apresentarem relevância pública, não podem ser
deixadas à livre regulação privada.
337
A accountability é uma forma de controle social, de sujeição do poder público
a estruturas formais e institucionalizadas de constrangimento de suas ações à
frente da gestão pública, tornando-o obrigado a prestar contas e a tornar
transparente sua administração.
Mas não é somente a dimensão legal da accountability que deve ser levada em
conta.
É preciso dar ênfase à dimensão política, devendo, para tanto, haver uma
conscientização da classe política em torno da necessária comunicação com a
sociedade, não só na implementação das políticas públicas como também na
aferição dos resultados conforme as expectativas da sociedade.
338
A accountability vertical é caracterizada pela realização de eleições livres e
justas, sendo o voto o meio pelo qual os cidadãos podem premiar ou punir o
mandatário na eleição seguinte.
339
“quanto mais uma norma for capaz de gerar fundadas
consequências sobre direitos políticos, civis e patrimoniais dos
indivíduos, tanto mais deve ser nítida, bem delineada nos
pressupostos das punições que comina e na descrição dos poderes
que entrega aos agentes que exercem a perseguição em nome do
Estado”.
340
O uso de conceitos abertos é uma técnica legítima utilizada nos ordenamentos
jurídicos modernos, pois tem o condão fechar o cerco para todas as práticas
ilícitas, impossíveis de serem narradas e previstas pelo legislador.
Administração Policêntrica
341
inovado o mundo jurídico, deixando, portanto, de ser “simples instâncias de
execução de normas heterônomas” para tornar-se, em maior ou menor medida,
“fonte de normas autônomas” (BINENBOJM), o que leva, indubitavelmente, a
uma crise de legitimidade da atividade administrativa, apenas passível de
superação quando estabelecida uma ligação direta não com a lei, mas com o
plexo principiológico constitucional.
Para evitar o desvio democrático destas instituições devemos ter sempre clara
a sua vinculação às pautas estabelecidas pelo Legislador para as políticas
públicas cuja implementação lhes é atribuída, assim como a necessária
coordenação que devem possuir com o restante da Administração Pública, com
o Poder Executivo central e com a rede composta do conjunto das demais
instituições independentes.
342
A nomenclatura "independente" é, assim, apenas um meio de denotar a sua
autonomia reforçada, que, todavia, é, como toda autonomia, por definição
limitada.
Corrupção e Transparência
343
Subtema: Direito fundamental do povo a governos honestos e regime global de
proibição da corrupção
344
TEORIA DA ENCAMPAÇÃO
345
Dizer o Direito) que a Teoria da Encampação não poderá também ser aplicada,
pois haverá mudança de competência.
346
(b) direito de retificação dos registros errôneos e (c) direito de
complementação dos registros insuficientes ou incompletos.
4. Sua utilização está diretamente relacionada à existência de
uma pretensão resistida, consubstanciada na recusa da
autoridade em responder ao pedido de informações, seja de forma
explícita ou implícita (por omissão ou retardamento no fazê-lo).
5. Hipótese em que a demora da autoridade impetrada em
atender o pedido formulado administrativamente pela impetrante
– mais de um ano – não pode ser considerada razoável, ainda mais
considerando-se a idade avançada da impetrante.
6. Ordem concedida.
(HD 147/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2007, DJ 28/02/2008, p.
69).
347
Trata-se de princípio implícito às desapropriações indiretas, reconhecido na
doutrina e na jurisprudência de Direito Público de vários países.
No caso, a restituição deve ser substituída pela indenização, atento o dano que
causaria ao interesse público a restituição ao proprietário.
348
A licitude do apossamento é base para as desapropriações diretas, regulares, e
não para as desapropriações anômalas ou indiretas.
A teor do art. 37, § 6o, da CF, a ação por danos causados por
agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa
jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo
parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
(STF, RE 1027633/SP, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral)
- Info 947).
349
✅ TEORIA DA INEXISTÊNCIA DO BENEFÍCIO DE ORDEM (Posição
do STJ): a vítima pode propor ação diretamente contra o agente público.
Convém lembrar que essa posição do STF foi reforçada com o advento do
CPC/15 (arts. 143, 181, 184 e 187 do CPC).
TEORIA DA CAPTURA
Formas da captura:
350
a) Econômica (acontece pelo setor privado);
b) Política (interesse que prevalece é advém do próprio setor público).
DOUTRINA CHENERY
Segundo essa teoria, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado
pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de
metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e
complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios
adotados pela Administração são corretos ou não.
Desse modo, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não
sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo
Poder Judiciário, uma vez que este não possui a expertise necessária para
compreender as consequências econômicas e políticas de uma decisão que
invada o mérito administrativo de tais medidas, sejam elas disciplinadas pelo
Direito Administrativo (atos discricionários) ou pelo Direito Constitucional e
Ciência Política (atos de governo).
351
Exemplo próximo de tal variante da insindicabilidade diz respeito aos atos
emanados pelas Agências Reguladoras, autarquias especiais que possuem
relativa independência (parafraseando a eminente Prof. Maria Sylvia Zanella
Di Pietro) e atribuição para publicarem atos administrativos normativos de
caráter técnico.
352
Nesse sentido: REsp 1351701/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 17/3/2015, DJe 8/9/2016 18.5.2010, DJe 22.6.2010.
353
Desta forma, somente em situações de teratologia, em que a aplicação da
reprimenda não se amolda ao substrato fático-jurídico, é que seria possível o
manejo da ação rescisória. Lado outro, a argumentação de, por exemplo, o valor
da multa – ainda que aplicada dentro dos limites do art. 12, LIA – é exorbitante,
não ensejará o manejo do presente mecanismo de impugnação.
Essa garantia NÃO é aplicada quando a autoridade é convocada para ser ouvida
na condição de investigado ou de acusado. STJ. 5ª Turma. HC 250.970-SP,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/9/2014 (Info 547).
354
Esemplo: A inquirição de um prefeito em exercício, RÉU em ação de
improbidade, se dará em local,dia e hora previamente ajustados entre ele e o
juiz.
355
Quanto à obtenção de benefícios indevidos, em que pese a possibilidade de
pessoa jurídica ser destinatária deles (como, por exemplo, no caso de certo bem
público móvel ser desviado para seu patrimônio), terceiro será o dirigente ou
responsável que eventualmente coonestar com o ato dilapidatório do agente
público. Demais disso, tal conduta, como vimos, pressupõe dolo, elemento
subjetivo incompatível com a responsabilização de pessoa jurídica.
356
Contudo, a nível jurisprudencial, o Superior Tribunal de Justiça entendeu
pela possibilidade da aplicação da lei de improbidade administrativa s
pessoas jurídicas, no REsp 970393-CE, relatoria do Ministro BENEDITO
GON ALVES, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012, quando assim
decidiu:
xce ões:
1) Nepotismo cruzado (Info 952 STF);
2) Fraude à lei (Info 952 STF);
357
3) Inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência
de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. Nesse
sentido: “Poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando
de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de
razoabilidade na nomeação por manifesta aus ncia de qualificação t
cnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1a Turma. Rcl 28024
AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018”.
358
Segundo Emerson Garcia, a sua conduta poderá ser enquadrada no tipo residual
(ou de aplicação subsidiária)previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, porquanto
certamente terá transgredido algum princípio regente da atividade estatal, a ele
se aplicando, portanto, as sanções previstas no art. 12, inciso III, da LIA
(equivalendo, na esfera penal, com a punição pela tentativa).
EMERGÊNCIA FABRICADA
359
Nessas hipóteses, sem se desconhecer entendimento no sentido da
impossibilidade da dispensa emergencial, que, se realizada, seria considerada
ilegal, com nulidade do contrato firmado, tem-se posicionamento sólido no
sentido de que, em casos tais, deve ser verificado se a urgência efetivamente
existe e se a contratação direta é a melhor possível frente às circunstâncias
concretas.
Em caso afirmativo, para que não haja agravamento do ônus suportado pela
comunidade afetada, a contratação com dispensa de licitação poderá ser
realizada. Todavia, simultaneamente, deverá ser desencadeada a indispensável
licitação.
DESPOLARIZAÇÃO DA DEMANDA
360
lado do autor desde que essa opção seja tomada com a finalidade de garantir
a observância do interesse público (STJ, REsp 1391263/SP).
Nota-se, dessa maneira, que o único requisito é que tal interesse jurídico
coincida com o interesse público.
A intervenção móvel está prevista expressamente no art. 6º, §3º, da Lei 4717/65
(Lei da Ação Popular) e também na Lei de Improbidade Administrativa (art.
17, §3º).
361
é causa de nulidade processual. Aplicável, no caso, o princípio da
instrumentalidade das formas (STJ, REsp 886524/SP).
Na ocasião, o STF deixou claro que a imputação da culpa “in vigilando” ou “in
eligendo” à Administração Pública, por suposta deficiência na fiscalização
362
da fiel observância das normas trabalhistas pela empresa contratada, somente
pode acontecer nos casos em que se tenha a efetiva comprovação da ausência
de fiscalização.
363
O ordenamento jurídico brasileiro adotou, como regra, a teoria do risco
administrativo, a qual pressupõe que o Estado assume prerrogativas especiais e
tarefas diversas em relação os cidadãos que possuem riscos de danos inerentes.
Obs: Essa última hipótese foi cobrada no TJSC/2015 (banca FCC): “Na
hipótese de danos causados a terceiros, em decorrência de atentado terrorista
que venha a ser praticado contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por
empresas brasileiras de transporte aéreo público, a União é legalmente
autorizada a assumir as consequentes despesas de responsabilidade civil que a
empresa aérea teria em relação aos terceiros”.
364
CAPÍTULO 07
365
Processo
Coletivo
PROCESSO COLETIVO
PROCESSO COLETIVO COMUM X ESPECIAL
366
se relacionam ao controle abstrato de constitucionalidade. Em verdade,
ação coletiva comum é toda aquela que não é dirigida ao controle
abstrato de constitucionalidade. São exemplos Ação Civil Pública (lei
7.347/85); a Ação Coletiva prevista no CODECON; a Ação Popular (lei
4.717/65); a Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) e o
Mandado de Segurança Coletivo (Lei 12.016).
LITÍGIO ESTRATÉGICO
367
Em que pese o incentivo do Novo Código de Processo Civil para a
sedimentação de um sistema de precedentes, sempre pautado pelos valores da
segurança jurídica e da estabilidade, o professor Mangabeira Unger propõe que
em determinadas situações o intérprete e aplicador do direito brasileiro deve se
pautar por um direito a desestabilização.
368
Por outro lado, a propositura de uma PEC no Congresso Nacional visando
inserir o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Constituição seria um erro
crasso de litígio estratégico em direitos humanos, uma vez que certamente a
PEC seria rejeitada pela maioria do Congresso Nacional e posteriormente os
parlamentares argumentariam que “isto é democracia”.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal não parece o local mais adequado para
litigar em matérias que envolvem distribuição de riquezas (aqui novamente um
dos critérios utilizados por Nancy Fraser e já estudado neste curso). Exemplo:
Na PET 3388 (Caso Raposa Serra do Sol), o Supremo Tribunal Federal
estabeleceu um marco temporal para determinar o que é ou não terra indígena,
sendo tal decisão extremamente prejudicial aos povos indígenas brasileiros.
369
Deste modo, a utilização de discursos calorosos e ideológicos deve ser deixada
em segundo plano, dando-se primazia por uma atuação eminentemente técnica.
370
(fora do seu gabinete) seja no âmbito extrajudicial seja no âmbito judicial
buscando êxito no litígio de interesse público e tutelando direitos humanos de
grupos vulneráveis.
LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA
A sentença não adentra nas situações individuais dos lesados (razão pela qual
trata-se de uma SENTENÇA CONDENATÓRIA GENÉRICA, cujo conteúdo
precisa ser complementado via liquidação, antes de ser executado ).
371
simplesmente o “quantum debeatur”, ou seja, qual o valor a ser
executado;
Diferentemente, na liquidação de sentenças coletivas que geram a
obrigação de indenizar os titulares de direitos individuais homogêneos
lesados, os interessados (vítimas ou sucessores) devem comprovar não
apenas o “quantum debeatur”, mas TAMBÉM a própria condição de
vítima do evento reconhecido na sentença, uma vez que a sentença
condenatória não identifica cada uma das vítimas do evento. Em razão
disso, a liquidação dessas sentenças coletivas é denominada por
Dinamarco como “liquidação imprópria”.
372
Nota-se uma mudança de paradigma na conceituação estática dos direitos
coletivos em sentido lato, passando a basear o processo coletivo no CONFLITO
(no litígio em si).
373
medida, pelo resultado. Ex: Conflitos decorrentes da instalação de uma
usina hidrelétrica.
O grau de conflituosidade e complexidade é ALTO e complexo.
Estamos diante de “mega-conflitos”.
A titularidade do direito material é atribuída em graus diferentes
(proporcional à gravidade da lesão experimentada).
PROCESSOS ESTRATÉGICOS
374
As partes são instrumentais a esse objetivo e há uma articulação entre os
operadores do direito envolvidos no caso, a fim de que ele seja conduzido do
modo mais propício para a obtenção do resultado jurídico esperado.
FLUID RECOVERY
375
liquidação e o cumprimento da sentença, quando não tiverem sido promovidas
execuções individuais suficientes para reparar o dano no prazo de um ano (a
contar do trânsito em julgado da sentença condenatória):
376
De acordo com Grinover, não. Mesmo que já apurado e executado o débito a
título de “fluid recovery”, enquanto não transcorrido o prazo prescricional de
sua pretensão individual, a vítima poderá promover individualmente a
liquidação e execução de seu crédito.
377
CLÁUSULA “NO MEU QUINTAL, NÃO”
De acordo com essa teoria, não há razão para julgar várias ações individuais
(que seriam átomos) quando é possível julgamento coletivo (molécula).
378
que se somam e se confundem, quase que destacando-se dos indivíduos a que
tradicionalmente se reportavam com exclusividade”.
379
A razão de ser é a de economia processual e para se evitar decisões
contraditórias. Afinal, com a ação civil pública é possível que se decida a
macro-lide, beneficiando os indivíduos e evitando o risco de prolação de
decisões contraditórias (REsp 1.353.801/RS).
380
TEORIA DA QUALIDADE
O art. 105-A da Lei no 9.504/1997, que dispõe sobre as regras gerais das
eleições, estabelece o seguinte:
381
Ante tal previsão normativa, a jurisprudência o TSE caminhou no sentido de
vedar o inquérito civil em matéria relacionada com o Direito Eleitoral:
382
ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO
COLETIVA
EXCEÇÃO:
383
sse art. o- da ei no . e constituciona . no
u gamento do e. in. arco ure io u gado em 10/5/2017,
declarou a constitucionalidade do art. 2o-A da Lei no 9.494/97.
384
caráter exaustivo, haja vista ter o sistema brasileiro de substituição processual
encampado o requisito da previsão em lei da autorização de defesa em juízo de
direitos alheios.
Uma vez considerada lista taxativa, a definição leva o intérprete a não admitir
o emprego do recurso da analogia para ampliá-la.
385
A COISA JULGADA NA AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA
A segunda corrente entende que a coisa julgada tem um regime misto. Com
relação às sanções punitivas (ex: suspensão dos direitos políticos, perda da
função pública, etc.), o regime aplicável é o do Código de Processo Civil. Já
com relação à sanção de ressarcimento ao erário, a coisa julgada segue o regime
do art. 16 da Lei da ACP (erga omnes e secundum eventum litis). É a posição
seguida por Teori Zavascki.
386
Por fim, a terceira corrente, e a que prevalece na doutrina, entende que a coisa
julgada segue o mesmo sistema do microssistema processual coletivo, tendo
em vista à dimensão difusa do interesse tutelado (eficácia erga omnes). É a
posição adotada por Emerson Garcia, Wallace Paiva Martins Júnior e Sérgio
Sobrane, examinador do 93o MPSP.
Para Cândido Dinamarco, não existe ação coletiva passiva, justamente pela
ausência de previsão legal.
Para a segunda corrente, defendida por Ada Pellegrini Grinover e Fredie Didier
Jr., há sim a existência dessas ações coletivas passivas, pois a prática tem
demonstrado que, em algumas situações, a coletividade deve ser acionada, e a
sua existência decorre da interpretação sistemática de nosso
387
ordenamento jurídico, sendo dispensada a necessidade de uma previsão
expressa.
a) Art. 5o, parágrafo 2o da Lei 7.347.1985 (Lei de Ação Civil Pública) que
permite o ingresso do Poder Público e das associações como litisconsorte de
qualquer das partes, o que abrange a passiva;
b) O art. 83 do CDC que determina que para a defesa dos interesses coletivos
são admitidos todas as espécies de ações, capazes de propiciar a adequada e
efetiva tutela;
388
embargos à execução coletiva, ou o mandado de segurança impetrado pelo réu
da ação coletiva contra ato judicial.
CLASSIFICAÇÃO
389
adequação, há a imposição de que se crie o sistema de coisa julgada coletiva
passiva.
Conforme Fredie Didier Jr., o ideal é considerar que a coisa julgada em uma
ação coletiva proposta contra a coletividade em uma situação jurídica coletiva
difusa seja pro et contra e erga omnes, isto é, há coisa julgada
independentemente do resultado do processo coletivo e a sua eficácia vincula
todos os membros do grupo. Isso é o ideal, pois a situação jurídica passiva é
indivisível, ou seja, não há como dar soluções diferentes para os membros do
grupo, pois o dever é do grupo e, pois, a decisão que lhe diz respeito vincula
todos os membros deste grupo.
390
transportada para eles, que poderão ingressar com uma ação própria ou
incidental para afastar os efeitos dessa decisão.
LITÍGIOS ESTRUTURAIS
391
CAPÍTULO 08
Difusos
e Coletivos
392
DIFUSOS E COLETIVOS
RECOMENDAÇÃO E A FUNÇÃO OMBUDSMAN
393
Ministério Público, no exercício da função de ombudsman, de procurador dos
direitos fundamentais e do interesse do cidadão e da coletividade. Podem ser
dirigidas a pessoas naturais, jurídicas, públicas ou privadas, órgão e outros
entes despersonalizados, dando ensejo à responsabilização, quando for o caso,
por seu descumprimento.
b) proteção das pessoas do povo, e tutela dos seus direitos em face dos
equívocos, insultos, negligências e decisões administrativas injutas adotadas
pela administração pública.
394
judiciais – os direitos fundamentais; d) submeter propostas de
alterações legislativas para melhorar e tornar mais efetiva a tutela
dos direitos.”
Ressalta-se, por fim, que os “efeitos sinérgicos” dos danos ambientais também
justificam a adoção da teoria da responsabilidade objetiva, além de lastrear a
teoria da equivalência dos antecedentes para identificar o nexo causal entre a
conduta e o resultado danoso.
395
De acordo com a Teoria do caus (ou “efeito borboleta”), tudo no universo está
conectado e os vínculos de causa e efeito se estabelecem em múltiplos níveis
difíceis de discernir, de maneira que uma perturbação, muito fraca em princípio,
é suficiente para impor progressivamente um ritmo novo macroscópico.
Desse modo, segundo essa teoria, “o bater de asas de uma borboleta no Brasil,
pode desencadear um tornado no Texas”, isto é, pequenas alterações numa
situação trazem efeitos incalculáveis.
396
O efeito borboleta também possui relação com os efeitos sinérgicos no meio
ambiente - o dano ambiental pode ser resultado de várias causas concorrentes,
simultâneas ou sucessivas, levando à pulverização do nexo causal (em um
processo de reação em cadeia).
A pessoa jurídica pode ser considerada „terceiro‟ para fins de sujeição à lei de
improbidade administrativa quando receber algum benefício, pois consoante o
entendimento do STJ (Resp.1.122.177-MT, Rel. Herman Benjamin, Dje
27.04.11).
Por um lado, para José dos Santos Carvalho Filho, terceiro jamais poderá ser
pessoa jurídica. As condutas de indução e colaboração para a improbidade são
próprias de pessoas físicas. Tal conduta pressupõe dolo, elemento subjetivo
incompatível com a responsabilização de pessoa jurídica.
397
Por outro lado, Emerson Garcia sustenta que “contrariamente ao que ocorre
com o agente público, sujeito ativo dos atos de improbidade e necessariamente
uma pessoa física, o art. 3o da Lei de Improbidade não faz qualquer distinção
em relação aos terceiros, tendo previsto que „as disposições dessa lei são aplicá-
veis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público...‟ o que
permite concluir que as pes- soas jurídicas também estão incluídas sob tal
epígrafe.”
398
Resumidamente, são consequências da modalidade permanente nos crimes
ambientais:
Regra especial da prescrição: a consumação se perdura no tempo até que
ocorra a cessação da atividade lesiva ao meio ambiente, momento a partir
do qual se considera consumado, iniciando a contagem do prazo
prescricional.
Configuração da situação de flagrância (art. 303 CPP): Nas infrações
permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não
cessar a permanência.
Sem qualquer pretensão de esgotar o vasto rol de crimes ambientais que podem
ser enquadrados na conceituação de crimes permanentes, é possível fazer a
abordagem de algumas condutas que nos afiguram como inseridas em tal
âmbito, delineando um ponto de partida para novas reflexões sobre a importante
temática.
399
renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-se, portanto, de
crime permanente. Tratando-se de crime permanente, o lapso prescricional
somente começa a fluir a partir do momento em que cessa a permanência.
Prescrição não consumada. (STF - RHC 83.437, rel. min. Joaquim Barbosa, 1ª
T, j. 10-2-2004, DJE 70 de 18-4-2008)
400
CLÁUSULA DE CONTRATO SAÚDE QUE AUTORIZA
AUMENTO DE MENSALIDADES
Mas e o art. 15, § 3º, do Estatuto do Idoso que dispõe ser vedada a discriminação
do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade?
401
Para o STJ, não se pode interpretar de forma absoluta o art. 15, § 3º, do EI, ou
seja, não se pode dizer que, abstratamente, todo e qualquer reajuste que se
baseie na idade será abusivo. O que o Estatuto do Idoso quis proibir foi a
discriminação contra o idoso, ou seja, o tratamento diferenciado sem qualquer
justificativa razoável.
Ademais, a Lei n.° 9.656/98 (Lei dos Planos e Seguros Privados de Saúde)
previu expressamente a possibilidade de que a mensalidade do seguro-saúde
sofra aumentos a partir do momento em que o segurado mude sua faixa etária,
estabelecendo, contudo, algumas restrições a esses reajustes (art. 15).
402
CAPÍTULO 09
Direito do
Consumidor
403
DIREITO DO
CONSUMIDOR
TEORIA DO “CAVEAT EMPTOR” NO DIREITO DO
CONSUMIDOR
Essa teoria é adotada pelo CDC? NÃO. Isso porque, atualmente, é direito
básico do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem (art.
6º, III, do CDC).
Posição do Superior Tribunal de Justiça: O tema foi abordado pelo STJ, que
assim decidiu:
404
Ainda que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor
responderá por vício de quantidade na hipótese em que reduzir o
volume da mercadoria para quantidade diversa da que
habitualmente fornecia no mercado, SEM INFORMAR na
embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição do
conteúdo. STJ. 2a Turma. REsp 1.364.915-MG, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 14/5/2013.
405
Nota-se que, por fim, que o dever de informar não é tratado como mera
obrigação anexa, e sim como dever básico, essencial e intrínseco às relações de
consumo.
VENDA CASADA ÀS AVESSAS OU INDIRETA
406
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO CDC
407
“A responsabilidade civil pela perda do tempo livre ou desvio
produtivo de consumo consiste na perda de tempo considerável e
acima do razoável pelo ofendido (consumidor) diante do ofensor
(ou empresa) para resolver impasses decorrentes da relação de
consumo, no exercício de seu direito, por quadro de funcionários
insuficientes, mero capricho ou desrespeito da empresa, com o
objetivo de criar entraves e delongas para desestimular o
consumidor a tanto”.
408
modalidade de enganação que não está, necessariamente, atrelada ao produto
ou serviço em si.
409
410
CAPÍTULO 10
Direito
EMPRESARIAL
411
DIREITO EMPRESARIAL
412
Fábio Ulhoa entende que a EIRELI - Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada também é uma sociedade unipessoal, mas essa posição não é
majoritária.
413
contados da publicação da decisão de deferimento, para a apresentação do
plano de recuperação judicial. Por meio deste documento, a recuperanda
apresentará aos credores as medidas de reestruturação a serem implementadas,
as condições de pagamento dos créditos sujeitos e a exposição da viabilidade
da empresa.
414
de recuperação judicial pela assembleia geral de credores, facultam ao juiz a
concessão da recuperação judicial.
São elas: (i) o voto favorável de credores que representem mais da metade do
valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes
(ii) a aprovação do plano em todas as classes de credores votantes, menos uma,
(iii) o voto favorável de mais de um 1/3 (um terço) dos credores da classe em
que o plano foi rejeitado e (iv) a equivalência do tratamento entre todos os
credores da classe em que o plano foi rejeitado.
415
A professora ainda indica que, na maioria das legislações estrangeiras que
preveem a superação do veto de uma classe de credores, os requisitos
estabelecidos se baseiam na necessidade de aprovação do plano por pelo menos
uma das classes votantes, na inexistência de tratamento diferenciado entre os
componentes da classe que rejeitou o plano (unfair discrimination) e na
caracterização do plano como justo e equitativo quanto ao tratamento da classe
discordante com relação às demais (fair and equitable rule).
Eduardo Secchi Munhoz, por sua vez, propõe uma espécie de flexibilização dos
requisitos para o “cram down”, a partir do reconhecimento da possibilidade de
o juiz aprovar um plano de recuperação judicial rejeitado pela assembleia geral
de credores, desde que fosse assegurado (i) que nenhum credor recebesse
menos do que receberia na falência (best-interest-of- creditors), ou (ii) que os
credores que rejeitarem o plano recebessem tratamento semelhante e
proporcional ao dispensado à maioria dos credores com crédito da mesma
natureza (unfair discrimination).
416
CAPÍTULO 11
PACOTE
Anticrime
417
PACOTE ANTICRIME
JUIZ DAS GARANTIAS
Assim, o Juiz das Garantias seria responsável por toda a etapa investigativa,
ficando vedada sua atuação no processo dela decorrente, ante a possibilidade
de que as convicções formadas no curso da investigação acabem por
contaminar a imparcialidade necessária ao justo julgamento do feito, seja para
418
absolver ou condenar o acusado. Logo, nota-se que o objetivo primordial dessa
separação é garantir a imparcialidade.
O juiz das garantias (projetado), de outro lado, não tem nada a ver com o juiz
ou juizado de instrução (da Espanha e França, v. G.). O juiz das garantias não
419
vai presidir o inquérito policial. A presidência do inquérito continua com a
polícia, em regra.
ACORDO DE IMUNIDADE
420
C) A colaboração se refira a fato que o membro do Ministério Público não
teve conhecimento prévio.
421
Em outros termos, trata-se de impedir que o juiz que conheceu de prova ilícita
julgue a causa, porquanto, ainda que não queira, poderá ser influenciado pelo
conteúdo do material probatório ilícito conhecido.
Não há, pela própria condição humana, pelas próprias características que
revestem qualquer tipo de interpretação, como garantir-se, no caso, uma
pretensa imparcialidade.
422
Por fim, insta destacar a natureza jurídica deste instituto jurídico. Trata-se de
uma hipótese de impedimento, vez que traz uma circunstância objetiva que
impede o magistrado de proferir a decisão.
AGENTE DISFARÇADO
A Lei 13.964/2019 trouxe a nova figura do agente disfarçado, que não deve ser
confundido com outras técnicas especiais de investigação, como agente
infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação controlada.
423
Além do relativo grau de expertise, notabilizado pela habilidade de atuar
descaracterizado de forma a permitir a coleta de provas do crime e de sua
autoria, sem, entretanto, interferir em seu curso causal.
Assim, ainda que o agente policial tenha uma pequena participação na cadeia
causal da conduta criminosa, resta afastado o crime impossível porque,
doravante, a norma penal erigiu como nova hipótese normativa (suporte fático)
uma conduta que produz um resultado jurídico bem delimitado, qual seja, a
dispersão daqueles produtos ilícitos, independentemente de serem identificadas
outras pessoas no negócio.
424
Contudo, caso um policial disfarçado realize um prévio levantamento
investigativo que indique que determinada pessoa exerce função de vendedor
de drogas em pequenas quantidades, sem que as mantenha consigo antes das
propostas de compras, e realize com ela uma negociação pela substância,
poderá, no momento da venda ou da entrega, efetuar sua prisão porque o crime,
neste instante, resta caracterizado ante a realização dos elementos específicos
do tipo, ainda que criminoso mantenha com ele exclusivamente a exata quantia
de drogas comercializada.
Observe-se que neste caso, não fosse a nova figura delitiva em estudo com
participação do agente disfarçado, não seria possível a prisão do traficante pelos
demais núcleos verbais vez que restariam descaracterizadas a voluntariedade
acerca da posse da droga envolvida na comercialização.
425
Sanches, o colaborador concorre de qualquer modo para a infração penal e age
com o intuito de obter o abrandamento de futuras sanções a que estaria sujeito.
O informante, por sua vez, não tem qualquer participação ou envolvimento nos
delitos, mas deseja simplesmente cooperar com as autoridades para que as
infrações sejam apuradas.
CONFISCO ALARGADO
O confisco de bens consiste em uma medida penal com efeitos civis contra a
corrupção sistêmica.
426
A doutrina aponta três modelos de confisco (LINHARES, S. C. CONFISCO
DE BENS - uma medida penal com efeitos civis contra a corrupção sistêmica.
1a. ed. São Paulo: R T - Revista dos Tribunais, 2016):
427
A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) trouxe o denominado CONFISCO
ALARGADO, de modo expresso, no artigo 91-A, do Código Penal.
É mais um capítulo de uma longa discussão sobre esse tipo de acordo. Em 2013,
com a aprovação da Lei Anticorrupção, foi prevista a primeira possibilidade de
acordo envolvendo atos de improbidade administrativa. Mas a lei diz
expressamente que esses acordos, chamados de acordo de leniência,
428
só podem ser tocados pela Controladoria-Geral da União ou suas contrapartes
nos estados e municípios, a depender de regulamentação local.
Agora, com a Lei 13.964/2019, o acordo de não persecução cível nas ações de
improbidade administrativas passou a ser expressamente previsto na Lei
8.429/92 (LIA), embora anteriormente parte da doutrina já vinha realizando
uma interpretação lógico-sistemática das normas que combatem a corrupção, a
fim de admitir a extensão dos efeitos do acordo de leniência para a esfera de
improbidade administrativa.
429
Essa situação já se encontrava abarcada pela legítima defesa de terceiro, no
entanto, o legislador entendeu por bem reforçar a excludente de ilicitude da
referida conduta do agente de segurança pública.
430
impedir que o agente se locuplete do produto ou proveito do crime – Por vezes,
o produto ou proveito do crime não são encontrados, desta maneira o novo
efeito da condenação tem o escopo de decretar o perdimento dos bens do
indivíduo que for incompatível com a sua renda.
431
EXCEÇÕES : Será de ação pública incondicionada se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
O Código Penal trata da execução da pena de multa no seu artigo 50. A Lei de
Execução Penal, por sua vez, cuida do tema em seu artigo 164.
Tem prevalecido que o prazo para pagamento é aquele do artigo 164 da LEP,
que prevê o seu início apenas após a “citação” do condenado para pagar o valor
da pena de multa ou nomear bens à penhora.
É importante observar que o tema passou por uma grande mudança com a Lei
9.268/96 que, dando nova redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a
432
determinar o tratamento da pena de multa, imposta por sentença transitada em
julgado, como dívida de valor da Fazenda Pública.
A atual redação foi dada pela Lei 13.694, de 24 de dezembro de 2019, que
passou a prever a competência do Juízo da Execução Penal:
433
Entretanto, mesmo após a modificação do entendimento do STF, o STJ tem
decidido de forma oposta:
434
JUIZ DAS GARANTIAS
O juiz das garantias atuará durante a investigação penal e será responsável por,
em conjunto com a autoridade policial, observar os direitos individuais do
investigado.
Além disso, competirá ao juiz das garantias analisar eventuais habeas corpus
em favor do investigado antes do oferecimento da denúncia.
Importante destacar que o juiz das garantias não atuará nas infrações de
menor potencial ofensivo.
435
final julgamento (arts. 75, parágrafo único, e 83 do CPP). E, que o juiz que
julgará o caso – juiz de instrução – somente terá contato com o resultado da
investigação depois de oferecida e recebida a inicial acusatória. A ideia que
permeia a criação do instituto do juiz das garantias é a de distanciar o juiz de
instrução da fase anterior, o que, acredita-se, lhe dará maior imparcialidade.
Além disso, destaca-se que o art. 10, CPP, determina a conclusão do inquérito
para o acusado preso em 10 dias, sem possibilidade de prorrogação. O art. 3º-
B, §2º, por sua vez, determina a conclusão em 15 dias, admitindo uma
436
prorrogação. Para Rogério Sanches, pelo princípio da posterioridade, deve
prevalecer essa última norma.
Nota-se, portanto, que o magistrado não tem mais o poder de decisão sobre o
arquivamento ou não do inquérito policial. Agora, o arquivamento é
ordenado diretamente pelo Ministério Público.
437
Salienta-se que a vítima será comunicada acerca do pedido de arquivamento
pelo Ministério Público e caso ela discorde, poderá submeter a matéria à revisão
da instância competente do MP.
Para que o agente se beneficie deste acordo de não persecução penal deverão
ser observados alguns requisitos (não ter cometido infração penal com
violência ou grave ameaça, pena mínima do delito ser inferior a quatro anos,
438
dentre outras) e o investigado deverá se submeter a determinadas condições
(reparar o dano, prestar serviços a comunidade, dentre outras).
De maneira resumida:
439
a) Ocorreu a revogação do parágrafo único do artigo 122 do Código de
Processo Penal, sendo que antes da aludida alteração o valor era
destinado ao Tesouro Nacional. Atualmente, após o Pacote Anticrime, o
valor apurado com a alienação das coisas apreendidas será destinado ao
Fundo Penitenciário Nacional.
440
DAS PROVAS CONSIDERADAS ILÍCITAS
Importante alteração que ocorreu no artigo 157 do CPP se refere ao fato de que
o juiz que tomar contato com a prova ilícita não poderá julgar a ação em que
essa ilicitude tenha sido reconhecida (é a denominada TEORIA DA
DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO).
O legislador entendeu que o magistrado que tenha tido contato com a prova
ilícita tem sua parcialidade afetada de forma que não poderá mais prosseguir
com o julgamento da ação.
CADEIA DE CUSTÓDIA
441
No que diz respeito à preservação das informações coletadas a cadeia de
custódia possibilita documentar a cronologia das evidências, quem foram os
responsáveis por seu manuseio, garantir a inviolabilidade do material, lacrar as
evidências, restringir acesso, tudo isso visando à perda da confiança do
elemento (com)probatório, seja em qual área for.
442
A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que deve ser
percorrido pela prova até a sua análise pelo magistrado, sendo
certo que qualquer interferência indevida durante esse trâmite
processual pode resultar na sua imprestabilidade (STJ. 5ª Turma.
RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
05/02/2019).
Por fim, foi sedimentado em lei o conceito de vestígio (Art. 158-A, parágrafo
3º do CPP: Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente,
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal).
443
MEDIDAS CAUTELARES
Essas alterações deverão ser lidas em conjunto com o artigo 282, caput, incisos
I e II e parágrafo 1º do CPP – esses dispositivos não foram alterados.
No entanto, com o Pacote Anticrime, o juiz não poderá mais decretar medidas
cautelares de ofício durante a ação penal (Art. 282. § 2º As medidas cautelares
serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da
investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
requerimento do Ministério Público).
444
PRISÃO SEM EXIBIÇÃO DE MANDADO
Com a nova redação do artigo 287, após a realização da prisão, em tal situação
deverá ser apresentado o preso imediatamente ao juiz para a realização da
audiência de custódia.
PRISÃO EM FLAGRANTE
Observações:
445
Diante das hipóteses que constam no dispositivo supramencionado, o juiz
deverá denegar a liberdade provisória.
PRISÃO PREVENTIVA
Com o Pacote Anticrime, a prisão preventiva mais não poderá ser decretada de
ofício pelo juiz durante a ação penal, salvo na hipótese do artigo 316 do CPP
(somente poderá o juiz revogar de ofício a prisão preventiva se faltarem
motivos para que subsista ou decretá-la novamente no caso de sobrevierem
motivos que a justifiquem).
446
verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
447
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Por fim, salienta-se que o art. 312 incluiu uma nova hipótese de prisão
preventiva: perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado (Art. 312.
A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado).
448
PRISÃO APÓS SENTENÇA CONDENATÓRIA DO JÚRI
A redação do antigo artigo 492, inciso I, alínea “e” apenas trazia a previsão da
possibilidade de prisão preventiva após a sentença condenatória do júri.
DAS NULIDADES
Com o advento da lei 13.964/2019 foi acrescido no CPP uma nova hipótese de
nulidade, qual seja: a decisão carente de fundamentação.
449
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação”.
De acordo com a nova redação do artigo 638 do CPP (Art. 638. O recurso
extraordinário e o recurso especial serão processados e julgados no Supremo
Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça na forma estabelecida por
leis especiais, pela lei processual civil e pelos respectivos regimentos internos),
o processamento e julgamento do recurso extraordinário e do
450
recurso especial serão regulamentados não tão somente por regimento interno,
mas também por leis especiais e a lei processual civil.
Foi adicionada uma nova hipótese de falta grave no rol do artigo 50 da Lei de
Execução Penal: A recusa do preso a se submeter ao procedimento de
identificação do perfil genético.
451
O regime disciplinar diferenciado (RDD) é uma sanção disciplinar aplicada
para:
Observações:
452
regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem
realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico
e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de
terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas)
horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias
para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que
não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu
defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico
e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em
contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.
453
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional
federal.
PROGRESSÃO DE REGIME
Para que o preso seja beneficiado com a progressão de regime, faz-se necessária
a observância de requisitos objetivos e subjetivos.
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática
454
de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática
de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
Observações:
SAÍDA TEMPORÁRIA
455
Será vedada a saída temporária para os condenados pela prática de crimes
hediondos ou equiparados com resultado morte: mais uma vez o legislador
demonstrou que os crimes dessa natureza serão tratados com maior severidade.
Art. 122. (...) § 1º( ...) § 2º Não terá direito à saída temporária a
que se refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena
por praticar crime hediondo com resultado morte.
EXECUÇÃO DA PENA
456
organização criminosa não poderá progredir de regime de
cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros
benefícios prisionais se houver elementos probatórios que
indiquem a manutenção do vínculo associativo.
COLABORAÇÃO PREMIADA
Principais alterações:
457
criminosa, ser o primeiro a prestar a colaboração e prestar colaboração
sobre existência de infração penal que não se tinha prévio conhecimento.
458
13.964/2019 regulamentou a referida técnica especial de investigação na lei
12.850/2013.
Insta salientar que na infiltração virtual do ECA o prazo é diferente. Nos termos
do artigo. 190-A, inciso III, o prazo não poderá exceder a 90 (noventa) dias,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720
(setecentos e vinte) dias e seja comprovada a efetiva necessidade.
459
ROL DOS CRIMES HEDIONDOS
Insta salientar que, para Rogério Sanches, essa lei altera o Estatuto do
Desarmamento para diferenciar arma de uso restrito e de uso proibido.
460
Ademais, altera o rol da lei dos crimes hediondos para prever como tal a posse
ou porte de arma de fogo de uso proibido.
Além disso, outra observação pontuada pelo professor Rogerio Sanches é que
o legislador contemplou como hediondo o crime de FURTO qualificado
pelo emprego de explosivo, mas deixou de trazer igual previsão para o roubo
cometido nas mesmas circunstâncias, ferindo demasiadamente a razoabilidade
e proporcionalidade.
Destaca-se que por integrarem o rol de crimes hediondos, a eles serão aplicadas
as regras da prisão temporária em conformidade com o artigo 2º, parágrafo 4º
da lei 8.072/1990.
461
f. Comércio ilegal de armas de fogo e o tráfico internacional de armas
de fogo.
g. Furto qualificado pelo emprego de explosivo OU de artefato
análogo que cause perigo comum.
h. Extorsão qualificada pela restrição de liberdade da vítima
(sequestro relâmpago).
i. Crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido.
Antes, a lei dos crimes hediondos estipulava fração diferenciada a ser cumprido
pelo preso que cometesse crime hediondo ou equiparado para que fosse
beneficiado com a progressão de regime (quais sejam: 2/5 se primário e 3/5 se
reincidente).
Com o Pacote Anticrime, entretanto, o dispositivo que fazia essa previsão foi
revogado, uma vez que agora a Lei de Execução Penal passou a tratar sobre
a progressão de regimes para os crimes de natureza hedionda ou
equiparada.
CAPTAÇÃO AMBIENTAL
462
A Lei de Organização Criminosa já previa a captação ambiental como meio de
obtenção de prova e, agora, a aludida técnica especial de investigação está
prevista e regulamentada na lei de interceptação telefônica (lei 9296/1998).
463
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for
exigida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos
interlocutores.
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que
descumprir determinação de sigilo das investigações que
envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das
gravações enquanto mantido o sigilo judicial.
Esses meios de obtenção de prova já estão previstos, dentre outras leis, na Lei
12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa) e na Lei 11.343/2006 (Lei de
Drogas).
464
Insta salientar que a ação controlada é também denominada de flagrante
retardado ou diferido, uma vez que os agentes policiais deixam de realizar o
flagrante no momento da prática da infração penal para realizá-lo em momento
mais oportuno para obtenção de provas.
Agora há penas diferentes para aqueles que portam arma de fogo de uso restrito
daqueles que portam arma de fogo de uso proibido, sendo o porte de arma de
fogo de uso PROIBIDO mais grave (hediondo).
465
Ademais, foi criada uma figura equiparada ao crime de comércio ilegal de
arma de fogo e ao tráfico internacional de armas (artigo 17, parágrafo 2º e artigo
18, parágrafo único, ambos da lei 10.826/2003).
466
Verifica tratar-se de outra espécie de técnica especial de investigação e atuação
policial, utilizável em situações peculiares e que reclamam uma sofisticação
operacional intermediária, situada entre uma simples campana policial e uma
infiltração policial/ação controlada.
Assim, ainda que o agente policial tenha uma pequena participação na cadeia
causal da conduta criminosa, resta afastado o crime impossível porque,
doravante, a norma penal erigiu como nova hipótese normativa (suporte fático)
uma conduta que produz um resultado jurídico bem delimitado, qual seja, a
dispersão daqueles produtos ilícitos, independentemente de serem identificadas
outras pessoas no negócio.
467
ALTERAÇÕES NA LEI DE DROGAS
PERFIS GENÉTICOS
468
absolvição, não será necessário aguardar o respectivo período, sendo neste caso
excluído de forma imediata após a absolvição do acusado. Vejamos:
469
A lei cria mecanismos de proteção e incentivo aos informantes, prestigia a
atuação do homem de bem em prol da segurança coletiva e ordem jurídica e
assegura a eficiente atuação das autoridades responsáveis na repressão e
prevenção dos crimes.
470
Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais
Federais poderão instalar, nas comarcas sedes de Circunscrição
ou Seção Judiciária, mediante resolução, Varas Criminais
Colegiadas com competência para o processo e julgamento:
I - de crimes de pertinência a organizações criminosas armadas
ou que tenham armas à disposição;
II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal); e
III - das infrações penais conexas aos crimes a que se referem os
incisos I e II do caput deste artigo.
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência para todos
os atos jurisdicionais no decorrer da investigação, da ação penal
e da execução da pena, inclusive a transferência do preso para
estabelecimento prisional de segurança máxima ou para regime
disciplinar diferenciado.
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de distribuição,
processos ou procedimentos que tenham por objeto os crimes
mencionados no caput deste artigo, o juiz deverá declinar da
competência e remeter os autos, em qualquer fase em que se
encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Circunscrição ou
Seção Judiciária.
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a Vara
Criminal Colegiada terá competência para todos os atos
processuais posteriores, incluindo os da fase de execução.
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LEI 8.038/1990 (COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS
TRIBUNAIS)
Art. 3º (...)
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V - os recursos provenientes de convênios, contratos ou acordos
firmados com entidades públicas ou privadas, nacionais,
internacionais ou estrangeiras;
VI - os recursos confiscados ou provenientes da alienação dos
bens perdidos em favor da União Federal, nos termos da
legislação penal ou processual penal;
VII - as fianças quebradas ou perdidas, em conformidade com o
disposto na lei processual penal;
VIII - os rendimentos de qualquer natureza, auferidos como
remuneração, decorrentes de aplicação do patrimônio do FNSP.
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BIBLIOGRAFIA
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Masson, Cleber; Direito Penal, parte geral, vol. 01; 12ª edição; editora
método.
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Oliveira, Rafael Carvalho Rezende, Curso de Direito Administrativo; 5ª
edição; editora método.
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Andrade, Landolfo; Masson, Cleber; Andrade, Adriano; Interesses Difusos e
coletivos, volume 02; 2ª edição; editora método.
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