Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E


MINERALOGIA

HIGON MARCELINO

JÚLIO MANUEL ADRIANO CACEBOLA

NGACHA DE ROSA SAMUEL ANTÓNIO BUANAR

RAMALDINA DE NELSON AMÉRICO JOSÉ

SILVIA RODRIGUES SAMO

A GÊNESE DA COMUNIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA


ÁFRICA AUSTRAL (SADC)

Trabalho de investigação da cadeira de Direito da Integração


Regional, curso de Direito, 3 ̊ ano, período laboral, orientado pela
Docente Rosina Zandamela

TETE

2023
Índice

1. Introdução………………………………………………………………………….………….03

1.1. Objectivos…………………………………………………………………………………..03

1.1.2. Objectivo Geral………………………………………………..…………………………03


1.1.3. Objectivos Específicos……………………………………………………..…………….03

1.2. Metodologia……………………..................................................………………………….03

2. SADCC………………………………………………………………………………………..04

3. Necessidade de um novo modelo institucional………………………………………….


……..04

3.1. SADC………………………………………………………………………………….....…04

3.1.1. Objetivos politicos da


SADC……………………………………………………………..05

3.1.2. Natureza e funcionamento da SADC…………………………………………….


……….05

3.1.3. Personalidade e capacidade Jurídica…………………………………………...…………


06

4. Protocolo das trocas


comerciais………………………………………………………………..06

5. Processo da integração económica até 2018………………………………………….


………..06

6. Estrutura orgânica e funcionamento da SADC……………………………………..


………….07

6.1. Fórum Parlamentar da SADC………………………………………………………….……


08
6.2. Tribunal da SADC…………………………………………………………………….
…….09

7. Abordagem do contecioso caso Zimbabwiano no Tribunal da SADC…………………...


…….11

8. Questão de reflexão………………………………..………………....…………………….…………………………………12

9. Conclusão……………………………………..……………………………………………….14

10. Referencia bibliográfica…………………….......……………………………………………15


1. Introdução

A década de 1990 foi acompanhada de importantes mudanças no âmbito regional e internacional,


como o fim da Guerra Fria, a dissolução da União Soviética, o aprofundamento da globalização,
entre outras, que impulsionaram o processo de integração e permitiram maior colaboração entre
os Estados nas questões políticas, econômicas e de segurança.
Nesta presente pesquisa abordar-se-á sobre a SADC, focando se nos objetivos políticos e
económicos, a sua natureza e funcionamento, estrutura orgânica. A SADC que significa
Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral foi criada em 1992, a partir de dois
blocos já existentes (ELF- Estados da Linha de Frente e SADCC- Conferencia de Coordenação
para o Desenvolvimento da Africa Austral). Diferentemente da maioria dos acordos que possuem
a integração econômica regional como objetivo, a SADC possui como as principais metas o
desenvolvimento político e econômico. (SHAMS, 2003).
Considerando o desenvolvimento como o objetivo principal da Comunidade, buscar-se-á
demonstrar como a SADC, enquanto bloco de integração regional, contribuiu para o
desenvolvimento dos países membros.

1.1. Objectivos

1.1.2. Objectivo Geral


 Abordar no tocante à Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral.

1.1.3. Objectivos Específicos

 Compreender a origem da SADCC;


 Analisar o gênese da SADC, seus princípios, metas a alcançar, personalidade e
capacidade Jurídica e o processo de Integração Económica Até 2018;
 Identificar o Fórum Parlamentar como Assembleia Consultiva, o Tribunal da SADC e
suas competências
1.2. Metodologia

No que tange a realização do trabalho, este passou por um processo de pesquisa qualitativa e
bibliográfica de informações referentes ao tema em estudo.
4
2. SADCC

A SADCC foi oficialmente formada em 1.ᵒ de abril de 1980, seguindo a adoção do Protocolo de
Lusaka, e passou a funcionar em Lusaka, Zâmbia. Tornaram-se membros da SADCC Angola,
Botsuana, Lesoto, Malavi, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Assim, a
SADCC nasceu das experiências positivas de íntima cooperação entre governos e povos da
África Austral em sua luta contra a resistência colonial e as políticas do apartheid na região.
Fortes laços de solidariedade surgiram de um sentimento de propósito comum e acção conjunta
contra o colonialismo e o racismo.

2.1 Objectivos da SADCC

A SADCC foi formada com objectivos do propósito comum de todos os Estados-Membros e


acção conjunta contra o colonialismo e o racismo. Por outro lado, com a independência, a
maioria dos países enfrentava pobreza em massa e atraso econômico. No entanto, foram
constituidos os seguintes objetivos estratégicos:

1. reduzir a dependência do mundo exterior;


2. promover a autoconfiança coletiva dos Estados membros;
3. promover e coordenar a cooperação econômica por meio de um projeto e de uma abordagem
orientada por sector;
4. promover uma acção conjunta para garantir a compreensão internacional e seu apoio prático
para a estratégia da SADCC.

3. Necessidade de um novo modelo institucional

3.1. SADC

A antiga SADCC promoveu a solidariedade tanto entre os governos quanto entre os povos da
região em várias esferas da vida. "Antiga" porque, com o estabelecimento da democracia e do
governo da maioria na África do Sul, em 1994, o papel dos Estados da Linha de Frente chegou
ao fim e a liderança da SADCC passou a enfocar as questões econômicas. Para isso, ela foi
transformada de uma livre fraternidade de nações de uma mesma região em uma comunidade
5
econômica. O objetivo passou a ser de desenvolver estratégias e políticas que levassem os
Estados da África Austral a emergir como um bloco econômico. A Conferência de Coordenação
para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC) deixou de existir e nasceu a Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

3.1.1. Objetivos politicos da SADC

Os principais objectivos da SADC consistem em alcançar o desenvolvimento económico, a paz e


a segurança, o crescimento, reduzir a pobreza, elevar o nível e a qualidade de vida das
populações da África Austral, e apoiar as camadas sociais desfavorecidas, mediante a integração
regional.

O alcance desses objectivos tem por base numa maior integração regional, assente em princípios
democráticos e no desenvolvimento equitativo e sustentável. Por outro lado, Os objectivos da
SADC são estipulados no artigo 5.º do Tratado da SADC (1992).

3.1.2. Natureza e funcionamento da SADC

A SADC tem uma natureza intergovernamental e é composta por Estados membros que
colaboram em diversas áreas para promover o desenvolvimento regional e a integração
econômica. Nofuncionamento da SADC, cada Estado membro da SADC mantém sua soberania e
independência. A SADC não tem autoridade supranacional sobre os Estados membros, o que
significa que cada país continua a tomar suas próprias decisões políticas e mantém seu sistema
de governo e as decisões dentro da SADC são geralmente tomadas por consenso entre os Estados
membros. Isso significa que todos os países membros devem concordar com uma decisão antes
que ela seja adoptada. Essa abordagem enfatiza o respeito pela igualdade de todos os membros e
a busca de soluções aceitáveis para todos.

3.1.3. Princípios e metas a alcançar

Relativamente aos principios e metas da SADC. Os princípios da SADC encontram-se


consagrados no artigo 4.º do Tratado da SADC (1992).

6
3.1.4. Personalidade e capacidade Jurídica

A SADC é uma organização internacional e tem personalidade legal com capacidade e poderes
para firmar contratos, adquirir, possuir ou alienar propriedade móvel ou imóvel e propor ou ser
demandada em acções judiciais, conforme o previsto no art. 3 do Tratado da SADC (1992). Não
obstante o disposto no n.°2, art. 3 do mesmo Tratado.

4. Protocolo das trocas comerciais

O Protocolo Comercial da SADC é um Instrumento Legal que regula as relações comerciais


entre os Países Membros subscritores da SADC (Botswana, Lesotho, Malawi, Maurícias,
Moçambique, Namíbia, África do Sul, Swazilândia, Seychelles, Tanzania, Zâmbia e Zimbabwe).
Foi assinado em Maseru – Lesotho, em Agosto de 1996. Moçambique ratificou através da
Resolução nº. 44/99, publicado no BR nº52, de 29 de Dezembro de 1999, I Série.

O protocolo das trocas comerciais de 24 de Agosto de 1996 tem como um dos seus objectivos,
conforme o disposto no n.ᵒ.5, art. 2 do protocolo das trocas comerciais de 24 de Agosto de 1996,
estabelecer uma Zona de Comércio Livre Região da SADC.

5. Processo da integração económica até 2018

Relativamente ao processo de integração, de acordo com Penna Filho: "O processo de


integração na África Austral foi realizado com características específicas dos países da região
tendo, como principal alicerce, a proximidade geográfica dos países que iriam integrar o bloco e
devido às questões culturais que os uniam, o que implicaria numa manutenção dos laços
econômicos entre os países africanos. Em termos concretos, os principais objectivos da zona de
Livre Comércio da Comunidade para o Desenvolvimento da África (SADC) baseiam-se em
protocolos de desenvolvimento e crescimento econômico. Além do crescimento e
desenvolvimento, o bloco visa outras metas como a de defesa nacional e a proteção da cultura e
dos recursos ambientais. Alguns dos princípios estipulados na SADC são voltados às

7
necessidades da comunidade, como direitos humanos, democracia, paz e segurança,
solidariedade e igualdade a todos os Estados-Membros."

(Penna Filho, 2000).

Nesse sentido, foi estabelecida uma agenda com metas que deveriam ser alcançadas por etapas
para atingir a integração dos países associados. As metas estabelecidas pela SADC para a
liberalização do comércio segundo o Ministério da Industria e Comercio (MIC) foram:

 Criação da zona de livre comércio em 2008;


 A criação de uma união aduaneira, onde as negociações deveram ser concluídas até
2010;
 O estabelecimento do mercado comum da SADC, com negociações concluídas até
2015;
 A união monetária, com a introdução da moeda única em 2018.

6. Estrutura orgânica e funcionamento da SADC

A estrutura organizacional é composta por vários órgãos e instituições que desempenham


funções específicas dentro da organização. Tais órgãos e instituições da estrutura orgânica da
SADC são:

 Cúpula de Chefes de Estado e de Governo

 Troika

 Conselho de Ministros

 Comitê de Coordenação

 Secretariado da SADC

 Comitê de Ministros das Finanças e Investimento

 Comitês Técnicos e Grupos de Trabalho

8
Cúpula de Chefes de Estado e de Governo

A Cúpula é o órgão supremo da SADC e é composta pelos chefes de Estado e de governo dos
países membros. Eles se reúnem regularmente para tomar decisões políticas importantes e
estabelecer diretrizes para a organização.

Troika

A Troika é um subconjunto da Cúpula e é composta pelo presidente em exercício da SADC, o


presidente anterior e o presidente seguinte. Eles desempenham um papel importante na tomada
de decisões rápidas e na gestão de crises na região.

Conselho de Ministros

O Conselho de Ministros é composto pelos ministros dos países membros responsável por
assuntos relacionados à SADC. Eles se reúnem regularmente para discutir questões políticas,
econômicas e de desenvolvimento na região.

Comitê de Coordenação

O Comitê de Coordenação é encarregado de coordenar a implementação das decisões da Cúpula


e do Conselho de Ministros. Ele é composto por altos funcionários dos países membros.

Secretariado da SADC

O Secretariado é a instituição executiva da SADC e é responsável por coordenar a


implementação dos programas e projetos da organização. Ele é liderado por um Secretário
Executivo e está localizado em Gaborone, Botswana.

Comitê de Ministros das Finanças e Investimento

Este comitê é responsável por questões financeiras e econômicas na SADC, incluindo a


supervisão do Fundo de Desenvolvimento da SADC.

9
Comitês Técnicos e Grupos de Trabalho

A SADC possui vários comitês técnicos e grupos de trabalho que lidam com questões
específicas, como saúde, agricultura, comércio, meio ambiente, segurança alimentar, entre
outras.

6.1. Fórum Parlamentar da SADC

Órgão interparlamentar regional composto por deputados dos parlamentos nacionais dos
Estados-Membros da SADC, em representação de mais de 3.500 parlamentares da Região da
SADC. Criado pela Cimeira da SADC a 08 de Setembro de 1997, o Fórum é composto pelo
Presidente da Sessão e um máximo de cinco representantes eleitos pelo Parlamento Nacional de
cada Estado-Membro.

O objectivo deste Fórum é proporcionar uma plataforma para apoiar e melhorar a integração
regional através da participação parlamentar e promover as melhores práticas a nível do papel
dos parlamentos na integração e cooperação regional.

Os objectivos específicos do Fórum Parlamentar abordam uma vasta gama de questões,


incluindo, entre outras, as seguintes:

 Promoção dos direitos humanos, igualdade de género, boa governação, democracia e


transparência;
 Promoção da paz, da segurança e da estabilidade;
 Aceleração do ritmo da cooperação económica, do desenvolvimento e da integração com
base na equidade e nos benefícios mútuos.
 Facilitação do trabalho em rede com outras organizações interparlamentares;
 Promoção da participação de organizações não governamentais, empresas e comunidades
intelectuais nas actividades da SADC;
 Familiarização dos cidadãos da SADC com as metas e os objectivos da SADC; e
 Informar a SADC sobre as opiniões populares sobre o desenvolvimento e questões que
afectam a região.

10
O Fórum Parlamentar da SADC não tem uma relação hierárquica com a Cimeira e outras
instituições da SADC, mas trabalha em conjunto com as mesmas em questões de interesse
comum.

6.2. Tribunal da SADC

O Tribunal da SADC foi criado em 1992 pela alinea f), artigo 9 do Tratado da SADC (1992)
como uma das instituições da SADC, embora os membros do Tribunal só tenham sido nomeados
durante a Cimeira dos Chefes de Estado ou de Governo da SADC em 2005. Ao abrigo do direito
internacional, o Tribunal é considerado um tribunal internacional tal como o Tribunal de Justiça
Europeu ou o Tribunal de Justiça da África Oriental. O Tribunal da SADC foi criado para
considerar litígios entre Estados, indivíduos, organizações ou instituições, funcionários do
Secretariado da SADC e a Comunidade e a SADC. A sede do Tribunal da SADC fica em
Windhoek, Namíbia.

O tribunal foi suspenso em 2010, depois de o governo do Zimbabué ter recusado implementar
uma decisão relativa ao programa de reforma agrária do Zimbabué no caso Mike Campbell e
outros contra República do Zimbabué SADC. Quando o governo do Zimbabué se recusou a
cumprir a ordem e questionou a jurisdição e os poderes do tribunal para fazer cumprir as
decisões, o tribunal consultou a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, que em
vez disso decidiu uma revisão do papel, funções e termos de referência do tribunal. . A cimeira
também impôs uma moratória sobre o tribunal para a recepção de quaisquer outros casos e sobre
a audiência de quaisquer questões parcialmente ouvidas até que a revisão tivesse ocorrido e fosse
aprovada.

A questão da suspensão do tribunal foi discutida durante a Cimeira da SADC realizada a 17 de


Agosto de 2012 em Maputo, Moçambique. Novos membros do tribunal foram seleccionados e
foram incumbidos da responsabilidade de interpretar o Tratado da SADC e os seus Protocolos.

De acordo com o artigo 16 do Tratado da SADC (1992), o principal objectivo do Tribunal é


garantir a adesão e a interpretação adequada do Tratado da SADC e dos seus instrumentos
subsidiários, bem como decidir sobre litígios.
11
Os Estados Membros da SADC e do Tribunal da SADC são Angola, Botswana, República
Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, África
do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué.

6.2.1. Jurisdição

O Tribunal da SADC tem jurisdição sobre todos os litígios decorrentes da interpretação e


aplicação do Tratado da SADC, dos seus Protocolos e de outros instrumentos
subsidiários. Também tem jurisdição sobre qualquer assunto relacionado com outros tratados e
acordos celebrados pelos membros da SADC entre si ou no âmbito da Comunidade e que
conferem jurisdição ao Tribunal. O Tribunal não tem uma jurisdição específica em matéria de
direitos humanos, mas certas disposições do Tratado da SADC aludem aos direitos humanos que
seriam da competência do Tribunal. O Tribunal pode ouvir questões decorrentes do Tratado da
SADC, do Protocolo que cria o Tribunal, de todos os Protocolos que fazem parte do Tratado e
dos instrumentos adoptados pela Cimeira, pelo Conselho e por qualquer instituição e órgão da
Comunidade. Pode também emitir pareceres consultivos a pedido dos Chefes de Estado e de
Governo da SADC e do Conselho de Ministros. Os reclamantes podem apresentar casos nas
línguas de trabalho da SADC: inglês, francês e português.

7. Abordagem do contecioso caso Zimbabwiano no Tribunal da SADC

12
O Zimbábue assumiu papel de destaque como parte demandada perante o Tribunal do SADC.
Das 19 decisões emitidas pela Corte (envolvendo provimentos diversos, como medida cautelar,
intervenção, mérito e descumprimento de ordem judicial), 11 tiveram o país como reclamado.
Dessas, oito versaram sobre desdobramentos da reforma agrária no Zimbábue, a partir da
demanda movida inicialmente por Campbell.

A acção movida por Campbell era um tanto directa do ponto de vista legal: questionava a
emenda constitucional n.ᵒ 17, artigo 4 do Tratado SADC, que, estabelecendo princípios
norteadores à Comunidade e aos Estados-Partes, elencara, na alínea c, “Direitos Humanos,
Democracia e Estado de Direito”; e o artigo 6ᵒ do mesmo dispositivo, sobre compromissos
gerais, que preceitua que a SADC e seus membros não devem promover a discriminação racial.

Em 20 de junho de 2008, os autores notificaram o Tribunal acerca do descumprimento, pelo


Estado reclamado, da ordem cautelar. O Tribunal, após apurar a procedência da alegação,decidiu
reportar o descumprimento à Cúpula, conforme lhe cabia.
O transcurso da ação foi marcado por tentativas de dilação pela equipe legal do Zimbábue.
Quando, depois de dois adiamentos, Tribunal por fim decidiu pelo prosseguimento da audiência
para apresentação dos argumentos orais, contrariando novo pedido de diferimento por parte do
advogado do Zimbábue. A equipe legal deste, alegando instruções recebidas do seu governo,
abandonou os procedimentos e deixou o Tribunal. Essa audiência foi marcada por outro facto
significativo, a ausência de Mike Campbell e o comparecimento, em cadeira-de-rodas, de Bem
Freeth, devido a grave espancamento que haviam sofrido, juntamente com a esposa de Campbell,
cometido por posseiros de Mount Carmell, que lhes teriam ainda obrigado a assinar declaração
prometendo retirar o processo no Tribunal da SADC.
Em decisão de 66 laudas, proferida em 28 de novembro de 2008, o Tribunal, após repassar os
argumentos das partes, dispôs como sendo quatro os pontos sujeitos a determinação: (a) se o
Tribunal possuía jurisdição para analisar a disputa; (b) se foi negado acesso aos autores às cortes
zimbabuanas; (c) se eles sofreram discriminação racial; (d) se lhes era devida compensação pelas
terras compulsoriamente adquiridas.

8. Questão de reflexão
13
O que oferece a SADC, em termos de instrumentos de integração jurídica?

O Tratado da SADC, não consagra nenhum instrumento que permita razoavelmente concluir pela
existência de um verdadeiro processo de uniformização das legislações dos Estados membros.
Neste sentido, conclui claramente o estudo promovido pelo SEPAC, em 1999: "A SADC ainda
não empreendeu um programa de harmonização do direito empresarial…". o objectivo da SADC
é de “cooperar”, isto é, coordenar a acção dos Estados membros num domínio determinado. O
instrumento privilegiado desta opção é o “Protocolo”. Assim, esses acordos entre Estados
membros aparecem como instrumentos particularmente indicados e adaptados para promoção de
uma cooperação entre Estados.

Todavia, esses instrumentos não são realmente concebidos para lutar contra a disparidade das
catorze legislações nacionais que constituem um obstáculo pela realização de um espaço
económico e social verdadeiramente integrado. Além disso, esta segmentação de facto e de
direito tem efeito perverso, porque é fonte de concorrência entre os próprios Estados no seio da
organização; alguns Estados tendo sistemas jurídicos mais atractivos do que outros.

Apesar da sua ratificação pela Cimeira de Chefes de Estados56, os protocolos são abertos à
assinatura e ratificação dos Estados e não existe nenhum mecanismo que garante e assegure que
todos os Estados membros procedam, de modo uniforme ao cumprimento de todas essas
formalidades.

Por outro lado, a melhor integração da SADC, porventura, se verificaria com a integração na fase
da União Política, onde observar-se-ia a perda da soberania de todos os seus Estados-Membros.
Podendo com isso verificar-se uma verdadeira uniformização das legislações dos Estados-
Membros por parte dos Estado-Membros. Todavia, ingressando-se em outras fases
posteriormente à União Política.

14
9. Conclusão

Chegando ao final das pesquisas no que diz respeito ao "génese da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC)" percebeu-se que a SADC (Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral) é um bloco econômico formado pelos países da África
Austral que são: África do Sul, Angola, Botsuana, Comores, República Democrática do Congo,
Lesoto, Madagascar, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, Seicheles, Essuatíni, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbábue. A Southern Africa Development Community como é chamada
oficialmente, se originou em 1992 a partir da transformação da SADCC, criada desde 1980 e que
era constituída por nove nações. Todavia, foram apresentados os objectivos da SADC, a natureza
Jurídica, o seu funcionamento, seus princípios e metas a alcançar. Por outro lado, a sua estrutura
orgânica, tendo-se apresentado o Fórum Parlamentar da SADC, que é um dos órgãos da estrutura
orgânica que não tem uma relação hierarquica com a Cimeira e outras instituições da SADC, mas
trabalha em conjunto com as mesmas em questões de interesse em comum. Como também, o
Tribunal da SADC que enfrentou dificuldades no seu exercício.

15
10. Referencia bibliográfica

AFRICAN UNION COMMISSION (AUC); THE AFRICAN DEVELOPMENT BANK


(AfDB); ECONOMIC COMMISSION FOR AFRICA (ECA). Relatório dos Índices de
Integração Regional na África 2016.

FONTES, Policarpo Óscar. O processo de integração regional na SADC: desafios e limites para
o aprofundamento da integração (2001-2010). 2012. 78 f. Dissertação (mestrado) -
UNESP/UNICAMP/PUC-SP, Programa San Tiago Dantas, 2012. Disponível em:
http://hdl.handle.net/11449/134085

GILLES, cistac. COMO FAZER DA SADC UMA ORGANIZAÇÃO REGIONAL


VERDADEIRAMENTE INTEGRADA?. Faculdade de direito: UNIVERSIDADE
EDUARDO MONDLANE.

16

Você também pode gostar