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DESENVOLVIMENTO INFANTIL E TRANSTORNOS

Ao longo dos anos a compreensão do desenvolvimento infantil e dos


transtornos que podem afetar as crianças tem evoluído, especialmente quando se
trata do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O TEA é um transtorno
neuropsiquiátrico que afeta a comunicação, interação social e o comportamento da
pessoa, e sua compreensão tem passado por avanços significativos e ainda existem
muitos estudos a respeito.
No passado eram diagnosticados com outros transtornos, como deficiência
intelectual, esquizofrenia, entre outros. A falta de compreensão das famílias e
sociedade resultou no isolamento social e muitos eram até internados. O autismo era
pouco compreendido e muitas vezes estigmatizado. As crianças com TEA eram
frequentemente diagnosticadas erroneamente ou não recebiam o suporte adequado.
No entanto, nas últimas décadas, houve um aumento no interesse e no investimento
em pesquisas sobre o TEA e seu impacto no desenvolvimento infantil, a inclusão e a
busca de aprimoramento e compreensão por profissionais de educação e
especialistas, além da luta das famílias em possibilitar experiências e convívio para as
crianças tem aberto portas e ampliado o olhar da sociedade.
A compreensão de que o TEA é um espectro e que existem uma ampla
variedade de características associadas foi de suma importância, já que
anteriormente, o autismo era visto como uma condição rígida e uniforme.
A primeira edição do DSM-1 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais) foi publicada em 1952, e nesta primeira edição, os diversos sintomas de
autismo eram classificados como um subgrupo da esquizofrenia infantil, não sendo
entendido como uma condição específica e separada. O DSM-5, a quinta edição do
manual, está em vigor desde 2013 e trouxe mudanças significativas na classificação do
autismo. O autismo passa a ter designação própria: “Transtorno Autista”, incluído nos
transtornos invasivos de desenvolvimento (TID). O DSM-5 manteve os domínios de
interação social, comunicação e padrão restrito e repetitivo de comportamento, mas
reduziu os subdomínios de interação social e comunicação, enquanto o padrão
restritivo e repetitivo de comportamento teve uma consolidação .
A CID-11 é a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde, uma das principais ferramentas utilizadas na rotina médica com
o objetivo de guiar diagnósticos e mapear estatísticas e tendências de saúde em nível
mundial. A nova versão da CID-11, que entrou em vigor no início de janeiro de 2022,
adotou a nomenclatura Transtorno do Espectro do Autismo para englobar todos os
diagnósticos anteriormente classificados na CID 10 como Transtorno Global do
Desenvolvimento. O TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) é identificado pelo
código 6A02 na CID-11, em substituição ao F84.0, e as subdivisões passam a estar
relacionadas com a presença ou não de Deficiência Intelectual e/ou comprometimento
da linguagem funcional. De acordo com as subdivisões, o TEA (6A02), na CID 11, é
classificado como: 6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem Transtorno do
Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem
funcional; 6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com Transtorno do
Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem
funcional.
Hoje compreendemos que cada indivíduo no espectro é único, com suas
próprias habilidades, desafios e necessidades.
Os estudos têm se concentrado cada vez mais na detecção precoce e na
intervenção precoce. É amplamente reconhecido que identificar sinais precoces de TEA
e iniciar intervenções especializadas o mais cedo possível pode fazer uma diferença
significativa no desenvolvimento e no bem-estar da criança.
A conscientização sobre o autismo tem crescido, o que levou a uma maior
aceitação e inclusão das pessoas no espectro. As crianças com TEA agora têm mais
oportunidades de educação inclusiva e de participação na sociedade.
Apesar de todos esses avanços, ainda existem desafios a serem enfrentados. O
acesso a serviços especializados, o suporte contínuo e a inclusão social plena ainda são
questões importantes. Além disso, a pesquisa continua em andamento para
aprofundar nossa compreensão do TEA e desenvolver novas abordagens terapêuticas.
Os estudos sobre o desenvolvimento infantil e os transtornos, como o TEA, têm
evoluído significativamente ao longo dos anos. O foco na detecção precoce,
intervenção precoce e inclusão social tem melhorado a qualidade de vida das crianças
no espectro e de suas famílias.
Ainda há muito a ser feito para garantir que todas as crianças recebam o
suporte necessário para alcançar seu pleno potencial, compreender o
desenvolvimento infantil e as diferenças garantindo equidade.
É preciso que especialistas trabalhem juntos para continuarmos
compreendendo cada vez mais nossas crianças, adolescentes, adultos e suas
especificidades e que se unam as instâncias legais para garantir políticas publicas de
qualidade.

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