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UNIDADE 3

A BNCC – as competências e as habilidades

Tópicos principais:

- BNCC
- Competências
- Habilidades

Educação e cidadania

A formação humana e integral, com uma sociedade mais justa, inclusiva e


democrática, foram marcos essenciais que envolveram toda a discussão em torno
da elaboração da BNCC – Base Nacional Comum Curricular. Nessa perspectiva,
dois conceitos permeiam todo o documento: o desenvolvimento das competências e
das habilidades de forma integrada às diferentes áreas do conhecimento.

Como afirma Perrenoud (1999), são múltiplos os significados da noção de


competência. Para ele, a definição pode ser entendida como sendo uma capacidade
de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimento,
mas sem limitar-se a eles, pois numa situação de enfrentamento deve-se pôr em
ação e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais, o
conhecimento. Para o autor, quase toda ação humana mobiliza, por parte do sujeito,
alguns conhecimentos, por vezes básicos, outros mais complexos e desafiadores.
Para esta disciplina e com base no documento da BNCC, a definição de
competência aparece como “a mobilização de conceitos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho”. Em síntese, é a capacidade do educando de
mobilizar recursos, conhecimentos ou vivências para resolver questões da vida
cotidiana, como, por exemplo pensamento crítico e empatia.

Vale destacar que ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a


“educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a
transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e,
também, voltada para a preservação da natureza”.

Já as habilidades indicam o que aprendemos a fazer e são sempre


associadas a verbos de ação, como identificar, classificar, descrever e planejar. No
contexto escolar, ler e interpretar um texto, apresentar um trabalho para os colegas
e realizar operações matemáticas são exemplos de habilidades que os estudantes
devem desenvolver ao longo do processo educacional.

Por essa razão, os objetivos e as habilidades da BNCC são as aptidões


desenvolvidas ao longo de cada etapa de ensino e que contribuem para o
desenvolvimento das competências gerais e específicas da Base.

O desenvolvimento de competências passa pela articulação de várias


habilidades, que são organizadas na BNCC de maneira progressiva, ou seja, das
mais simples para as mais complexas.

No livro Ensaios Pedagógicos, Lino de Macedo, professor da USP e


referência na obra de Jean Piaget (1896-1980), define competências como
"conjuntos de saberes, de possibilidades ou de repertórios de atuação e
compreensão". A Base contempla em parte essa ideia, associando o conceito a
conhecimentos indispensáveis para a vida em sociedade. Já o Conselho Nacional
de Educação (CNE), responsável por aprovar o texto final em dezembro de 2017,
resolveu que, na BNCC, competências e habilidades podem ser entendidas como
sinônimos de direitos e objetivos de aprendizagem.

Perspectiva histórica

O termo competência foi utilizado pela primeira vez na língua francesa, ao fim
do século XV, para referir-se ao poder outorgado a uma determinada instituição para
tratar de certos assuntos e desempenhar tarefas específicas.

A partir do século XVIII, porém, o conceito foi ganhando uma conotação mais
complexa, associando-se à ideia de capacidade individual oriunda do saber e da
experiência. Tal perspectiva abre vasta margem para a intervenção educacional, já
que parte do princípio de que as competências não são necessariamente
congênitas.

Pode-se dizer, de maneira geral, que a porta de entrada definitiva para a área
educacional se dá, mais precisamente, pela formação técnica e profissional. A partir
da década de noventa, com a intensificação do processo de globalização.

Outro aspecto fundamental, diz respeito à proposta de educação por


competências que veio atender uma preocupação coletiva com a qualidade da
educação, como uma maneira de dar sentido aos conteúdos transmitidos pela
escola e de garantir que os conhecimentos fossem de fato convertidos em ações
concretas, de acordo com as necessidades de cada indivíduo.

Independente de qual noção se adote, portanto, é válido perceber que as


competências supõem conhecimentos colocados em prática, já que a competência é
inseparável da ação.
Os primeiros passos em direção a uma transformação mais substantivam da
política educacional foram percebidos pelo Plano Decenal de Educação (BRASIL,
1993), preparado à luz dos acordos das Conferências sobre Educação para Todos
(1990).

O texto do Plano já traz consigo as primeiras manifestações do


comprometimento brasileiro em ensinar por competências, mencionando
competências comunicativas, cognitivas, sociais.

Com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), aprovados em


complementação à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 (Lei
Federal 9.394), são positivadas oficialmente as prerrogativas para o
desenvolvimento de competências no sistema de ensino brasileiro.
Assim, as competências são modalidades estruturais da inteligência, ou
melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre
objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. [...] As
habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato
do saber fazer. Através das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e
articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências.

No documento, os conteúdos das diferentes disciplinas devem ser o principal


instrumento para o desenvolvimento dessas habilidades. O que se necessita é
mudar o enfoque, a abordagem que se faz de muitos assuntos, além da postura do
professor, que em geral considera o conteúdo como de sua responsabilidade, mas a
habilidade como de responsabilidade do aluno.

Em síntese, a grande Importância de ensinar desenvolvendo competências e


habilidades é construir a autonomia e a responsabilidade do aluno na construção do
seu conhecimento. Neste sentido, o papel do educador é despertar e ampliar as
inúmeras possibilidades de conhecimentos à disposição dos alunos.

Profa. Dra. Cátia Rodrigues


Graduada em Letras e Pedagogia
Especialista em Alfabetização e Letramento
Didática do Ensino Superior
Mestre em Comunicação e Letras
Doutora em Língua Portuguesa

Dicas do professor:

Documentos curriculares como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), além de diferentes correntes de pensamento dos
Estados Unidos e da Europa, se apoiam no pensamento do suíço Philippe Perrenoud (1944).
Com base em estudos que investigaram como a cognição se desenvolve, como os elaborados
por Jean Piaget (1896-1980), ele consolidou as ideias de competências, de mobilização de
conhecimentos, saberes, valores, atitudes e sentimentos que são utilizados para resolver
situações complexas.
Em sua obra, Perrenoud realiza reflexões sobre como as competências são
desenvolvidas e também quais são aquelas fundamentais para que professores realizem seu
trabalho todos os dias com os alunos.

https://www.institutoclaro.org.br/educacao/nossas-novidades/videos/pensadores-na-
educacao-perrenoud-e-o-desenvolvimento-de-competencias/

2. Entrevista com a Profa. Dra. Guiomar Noma de Mello sobre Philippe Perrenoud
https://www.youtube.com/watch?v=lYvoCDRCfOw
Saiba mais:

1. https://novaescola.org.br/conteudo/14591/conhecimento-pratica-e-engajamento-
entenda-a-matriz-de-competencias-do-professor-na-base

Conhecimento, prática e engajamento: entenda a matriz de competências do


professor na Base

2. Artigo acadêmico
https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/4440_2385.pdf
BASES TEÓRICAS E CONCEITUAIS DA PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS: ESTUDO
SEGUNDO PHILIPPE PERRENOUD MELLO, Cheila Dionisio de – IFPR

3. https://porvir.org/base-nacional-reacende-debate-das-competencias-para-seculo-
21/
Artigo jornalístico - Base Nacional reacende debate de competências para o século 21

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