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AO DOUTO JUÍZO DA 6ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

ARACAJU/SE

ATSum 0000364-68.2023.5.20.0006

OFERTÃO SUPERMERCADO EIRELI, já qualificada nos autos da


Reclamatória Trabalhista em epígrafe, a qual lhe é movida por MANOEL MESSIAS
COSTA FILHO vem, respeitosamente, por sua procuradora abaixo firmado,
apresentar CONTESTAÇÃO, conforme os fatos e fundamentos que passa a expor:

DA SÍNTESE DA INICIAL

O reclamante ajuíza ação trabalhista suscitando, em suma, ter laborado


para a reclamada na função de operador de loja, de 01/10/2021 a 02/01/2023,
quando dispensado sem justa causa, ocasião em que recebia salário mensal de R$
R$ 1.304,53 (mil trezentos e quatro reais e cinquenta e três centavos).
Refere o reclamante que, em que pese ter laborado até o dia 02/01/2023,
somente obteve o registro da dispensa em sua Carteira de Trabalho, o que lhe teria
lhe causado prejuízos e constrangimentos que não foram descritos e explicitados na
exordial trabalhista.
Aduz o reclamante que extrapolava a jornada de 44 horas semanais,
posto que, segundo seu relato, laborava das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às
20h30, de segunda-feira a sábado, sem receber horas extras.
Por fim, sustenta que ao final da relação empregatícia não recebe as
verbas salariais, indenizatórias e rescisórias que lhe seriam devidas.

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Assim, pugna pela concessão do benefício da justiça gratuita, bem como
pela condenação da reclamada ao pagamento de: Saldo de salário (28 dias) Aviso
prévio indenizado (30 dias); Férias Proporcionais; Terço de Férias; 13º Proporcional
e aplicação de multa dos artigos 467 e 477 da CLT.

DO MÉRITO

O reclamante efetivamente laborou para a reclamada como operador de


loja, da data de 01/10/2021 a 02/01/2023, quando dispensado sem justa causa,
ocasião em que recebia salário mensal de R$ R$ 1.304,53 (mil trezentos e quatro
reais e cinquenta e três centavos).

DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS

Aduz o reclamante que sua jornada era, em média, das 10h00 às 13h00
e das 14h30 às 20h30, de segunda-feira a sábado, pelo que considera ter
prestado média de 9 horas extras semanais e 468 horas extras realizadas
durante toda a contratualidade e, assim, requer o pagamento das horas extras
supostamente não pagas com adicional de 50% (cinquenta por cento).
Sem razão o reclamante, senão vejamos.
Primeiramente, merece ser observado que, na instrução processual
compete a ambos os litigantes demonstrar bem e convincentemente suas
respectivas alegações, com o objetivo de ministrar elementos ao juiz para uma boa
e justa decisão, favorável ao interesse de quem a produz, impondo a veracidade
de suas alegações, como, também, para destituir, abalar ou desacreditar a prova
contrária.
No que concerne ao trabalho em regime de sobretempo, como fato
excepcional que é, deve ser cabalmente provado pelo reclamante, por se tratar
de fato constitutivo do seu pretenso direito, a teor dos
artigos 818 da Consolidação das Leis do Trabalho e 373, I, Código de Processo
Civil.

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Neste sentido, são os julgados dos Egrégios Tribunais Regionais do
Trabalho:

HORAS EXTRAS - ÔNUS DA PROVA. - Porque fato constitutivo do seu


direito, é do empregado o encargo de comprovar o trabalho em regime
de sobrejornada sem a devida contraprestação ou compensação
autorizada pelas partes, nos termos do art. 818 da CLT. Não tendo o
Reclamante demonstrado qualquer irregularidade na quitação ou
compensação das horas extras registradas nos cartões de ponto, mera
consequência é o indeferimento do pedido das diferenças respectivas.
(TRT-3 - ROPS: 00105692320215030032 MG 0010569-23.2021.5.03.0032,
Relator: Marcelo Moura Ferreira, Data de Julgamento: 15/09/2021, Terceira
Turma, Data de Publicação: 16/09/2021.)

HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. É do empregado o ônus da prova


do labor em horas extras, por constituir fato constitutivo de seu
direito. Restrita a instrução processual aos depoimentos das partes e
apresentado-se contraditório do depoimento do autor em relação à jornada
de trabalho alegada na inicial, resta inviável o acolhimento do pedido de
pagamento de horas extras e reflexos. Recurso conhecido, mas desprovido.
(TRT-11 00001165020205110009, Relator: JORGE ALVARO MARQUES
GUEDES, 3ª Turma)

ORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. RECLAMANTE - Incumbe à


reclamante o ônus da prova do labor em sobrejornada, à luz do art.
818, I, da CLT c/c o art. 373,I, do CPC/2015, sendo indeferidas as horas
extras, quando a parte não produz as provas necessárias para
albergar suas pretensões. INTERVALO INTRAJORNADA. AUSÊNCIA DE
PROVAS DA NÃO CONCESSÃO DO DESCANSO. HORAS EXTRAS
CORRESPONDENTES. IMPOSSIBILIDADE - Tendo em vista que a
reclamante não se desincumbiu de provar que o intervalo previsto no art. 71
da CLT não era concedido, impossibilita a concessão das horas extras
correspondentes. Recurso conhecido e não provido. (TRT-16
00186754720165160012, Relator: ILKA ESDRA SILVA ARAUJO, Data de
Publicação: 21/03/2020)

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Veja-se que, em que pese o seu ônus probatório o reclamante, em
anexo, junta folha de ponto com apuração de apenas o mês de março, em que se
verifica de forma clara e concisa que jamais houve trabalho em horas extras sem a
devida compensação, muito menos houve a prestação de serviço laborais em
regime habitual de sobretempo.
Depreende-se também que o reclamante não cumpria com o devido
preenchimento de sua folha de ponto, uma vez que não indicava a data correta do
ponto registrado, ou mesmo indicada a data de descanso semanal remunerado,
inserindo apenas dias aleatórios de folga.
A fim de melhor elucidar este Douto Juízo, a reclamada traz de forma
sucinta e organizada os reais horários indicados na folha de ponto trazida pelo
reclamante:

EXTRAS
DATA ENTRADA REPOUSO SAÍDA TOTAL
HORAS MINUTOS
ter 1 09:00 13:07 14:59 19:00 8h
qua 2 10 13:15 15:01 20:36 8h30 30 min
qui 3 09:02 11:16 13:17 20:21 9h 1h
sex 4 10:10 13:12 15:05 20:13 8h
sab 5 10:08 13:10 15:12 20:14 8h
dom 6 DSR
seg 7 08:03 12:16 14:05 18:40 8h53 53 min
ter 8 10:01 13:01 15:28 20:17 8h
qua 9 10:03 11:23 13:20 20:11 8h20 20 min
qui 10 11:56 13:44 15:00 20:14 7h02 -1
sex 11 10:10 13:10 15:30 20:30 8h
sab 12 07:15 13:15 6h -2
dom 13 DSR
seg 14 10:00 13:08 15:00 20:23
ter 15 10:03 13:05 14:40 20:05 8h15 15min
qua 16 10:00 13:10 15:09 20:10 8h
qui 17 FOLGA
sex 18 10:11 13:46 15:30 20:20 8h25 25min
sab 19 09:56 13:05 15:04 20:09 8h
dom 20 DSR
seg 21 10:00 13:05 15:00 20:10 8h
ter 22 10:08 12:08 13:58 20:25 8h
qua 23 08:50 12:10 13:34 19:45 9h 1h
qui 24 10:17 13:05 14:57 20:12 8h

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sex 25 10:05 12:44 14:37 20:16 8h
sab 26 10:00 13:07 14:57 20:20 8h
dom 27 DSR
seg 28 10:05 12:36 13:32 20:45 7h45 -15 min
ter 29 10:05 12:36 13:33 20:15 9h15 1h 15 min
qua 30 09:00 12:25 14:21 20:37 9h25 1h 25 min
qui 31 Sem registro identificado

Verifica-se pela amostragem trazida pelo próprio reclamante que, na


eventualidade de a reclamada ter sido devedora de algumas horas ao obreiro,
decorrente da apuração do banco de horas, estas foram devidamente pagas na
forma legal, o que se cogita apenas por amor ao debate.
Logo, a própria amostragem trazida pelo reclamado demonstra que este
jamais prestou 9 horas extras semanais, muito menos 468 horas extras realizadas
durante toda a contratualidade, sendo inverídicas as considerações trazidas pelo
autor.
Neste sentido, considerando que incumbiria ao reclamante o ônus da
prova do labor em sobrejornada, à luz do art. 818, I, da CLT c/c o art. 373,I, do
CPC/2015, merecem ser indeferidas as horas extras, visto que a parte não produziu
as provas necessárias para albergar suas pretensões e a única prova que trouxe
aos autos somente demonstra a inverdade na narrativa do ex-empregado.
Contudo, na remota hipótese de condenação a horas extras, merecem
ser observados o art. 58, § 1º da CLT e Súmula 366 do TST, excluindo-se da
condenação os minutos que estiverem dentro dos limites impostos pelo dispositivo
legal e entendimento jurisprudencial. Além disso, requer seja autorizada a
dedução/compensação dos valores pagos a maior à parte autora.
Por último, requer que, na remota hipótese de condenação, seja satisfeito
o pagamento apenas do adicional de horas extras, e não a hora extra + o adicional,
para os casos em que o excesso de jornada diária não exceda o limite máximo
constitucional e legal.

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DO RECOLHIMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS E SALARIAIS - MULTAS
DOS ARTIGOS 477 § 8º E 467 DA CLT

A reclamada colaciona aos autos o comprovante de recolhimento das


verbas rescisórias às quais o reclamado faz jus, de modo que inexiste fundamento
para a pretensão acerca das multas em tela, na medida em que todas as parcelas e
obrigações rescisórias foram adimplidas/cumpridas dentro do prazo legal, conforme
documentação em anexo, restando afastada a incidência da multa do art. 477 da
CLT.
Ademais, inexistem parcelas rescisórias incontroversas, razão pela qual
não procede o pedido de pagamento da multa do art. 467 da CLT.

DA DEDUÇÃO/RETENÇÃO/COMPENSAÇÃO

A contestante requer a dedução/retenção e/ou compensação dos valores


eventualmente já alcançados à parte autora com a mesma rubrica ou a mesmo título
e/ou à maior, na forma do artigo 767 da CLT e da Súmula nº. 48 do TST.

DO PEDIDO DE AJG – JUSTIÇA GRATUITA E HONORÁRIOS DE


SUCUMBÊNCIA

O reclamante não comprova que atualmente encontra-se em situação de


pobreza, devendo, para todo caso, ser observada a disposição da nova redação do
art. 789-B, § 4º da CLT, sopesando-se, ainda, que não há nos autos credenciais
sindicais.
Logo, não restaram comprovados os requisitos previstos na Constituição
Federal e nas Leis de nº 1.060/50 e 7.115/73, os quais devem ser interpretados à
luz do comando da Lei nº 5.584/70, por sua aplicação específica ao processo do
trabalho, devendo a parte autora arcar com todos os custos no processo.
Assim, requer sejam indeferidos os pedidos de JG, AJG e julgado
improcedente o pedido de condenação de honorários advocatícios de AJ,
condenando-se o reclamante ao pagamento das custas processuais.

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Todavia, uma vez sucumbente o reclamante (ainda que parcialmente),
merecem ser arbitrados honorários de sucumbência em favor deste patrono, fulcro
disposições do art. 791-A da CLT.
Impugna-se, por cautela, qualquer alegação contrária.
Na remota hipótese de procedência da ação – o que se diz em respeito
ao Princípio da Eventualidade – a reclamada requer a aplicação das Súmulas 219 e
329, do TST e do disposto na Orientação Jurisprudencial 348, da SBDI-1, do TST,
devendo a condenação limitar-se ao valor de 15% conforme regra processual
celetista vigente.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante do exposto, REQUER:

a) a intimação do reclamante para se manifestar – por ocasião da abertura do


seu prazo para manifestação sobre a contestação e documentos;
b) que sejam todos os pedidos julgados improcedentes, conforme razões e
fundamentos supra;
c) a dedução/retenção e/ou compensação dos valores eventualmente já
alcançados à parte autora com a mesma rubrica ou a mesmo título, na forma
do artigo 767 da CLT e da Súmula nº. 48 do TST;
d) a condenação do reclamante ao pagamento das custas, honorários periciais
e advocatícios, na forma legal;
e) uma vez protocolada esta contestação, caso o reclamante não compareça à
audiência inaugural, requer seja aplicada a pena de confissão, e não o
arquivamento da demanda, por inteligência da aplicação conjunta dos artigos
841, § 3º, 844, § 2º e 847, parágrafo único, todos da CLT, já que o não
comparecimento do autor implica em desistência da ação, e esta é vedada
sem a concordância da reclamada após oferecida a defesa;
f) os documentos ora juntados, inclusive aqueles referentes à representação
processual, são declarados por este procurador signatário como autênticos, a
teor do que dispõe o artigo 830 da CLT;

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g) restam, ainda, prequestionados, para todos os fins de direito, os artigos de
Lei e da Constituição Federal, Súmulas, Enunciados, Orientações
Jurisprudenciais e Normas Coletivas ora invocadas em defesa;
h) protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
em especial o depoimento pessoal do Reclamante, prova testemunhal e
pericial;
i) por derradeiro, a ora contestante impugna expressamente os argumentos
lançados na exordial, os documentos juntados pela parte autora aos autos,
bem como os valores requeridos.

Termos em que, pede Deferimento

Aracaju/SE, 19 de junho de 2023.

Nathalie Cruz de Oliveira


OAB/SE n. 11.883

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