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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL ADJUNTO À VARA FEDERAL DA

SSJ DE GURUPI/TO,

Autos: 1002549-87.2023.4.01.4302

ROSA ARAUJO DOS SANTOS SILVA, já qualificada nos autos em


epígrafe, da AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO – PROFESSORA que promove em face do INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL – INSS, por sua procuradora que esta subscreve, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor, tempestivamente, o
presente

RECURSO INOMINADO

ante o inconformismo com a respeitável sentença prolatada por este Juízo,


pretendendo, portanto, submeter a causa a uma nova apreciação, pela TURMA
RECURSAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO TOCANTINS, substanciado
nas razões anexas, as quais deverão ser recebidas e, após cumprimento das
formalidades legais, encaminhadas à instância superior.

Termos em que, pede deferimento.

Palmas/TO, 11 de dezembro de 2023.

ARIANE DE PAULA MARTINS TATESHITA


OAB/TO 4.130-A

ALO

Palmas: Av. JK, 105 Norte, Lote 21, Tel.: (63) 3215 8258
E-mail: arimartinsadv@hotmail.com
RAZÕES DO RECURSO

Egrégia Turma Recursal,

A parte recorrente apresenta suas RAZÕES RECURSAIS, conforme


segue:

1. DA SÍNTESE DA DEMANDA

A autora, ora recorrente, ajuizou o presente processo judicial


visando a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição – professora,
tendo em vista o preenchimento dos requisitos para a concessão da benesse.

Por ocasião da sentença, porém, o N. Magistrado deixou de


conceder o benefício, sob a justificativa de ausência de tempo de contribuição.
No ponto, em que pese tenha reconhecido o período de 01/01/2001 até
09/12/2022 (DER), não analisou detidamente a documentação dos autos que
demonstram que a autora laborou como professora desde 1997.

Todavia, é inequívoco que o vínculo obtido pela autora junto


ao Município de Alvorada/TO (01/08/1997 a 09/12/2022), detalhado na
exordial e devidamente comprovado merece ser reconhecido como tempo
de carência e contribuição.

Por este motivo é pertinente o presente recurso.

2. DAS RAZÕES RECURSAIS

Inicialmente, cabe mencionar que toda a documentação acostada


aos autos ratifica que a demandante exercera somente a função de magistério,
conforme Declaração de Tempo de Contribuição, Termo de Posse em Cargo de
Provimento Efetivo, Portaria Municipal e Fichas Financeiras, constando sua
função como professora. Sendo assim, é incontroverso o exercício de
magistério pela parte autora.

In casu, fora reconhecido judicialmente o vínculo na função de


magistério junto ao Município de Alvorada/TO em relação ao interregno de

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01/01/2001 até 09/12/2022 (DER), subsistindo controvérsia apenas quanto ao
período de 01/08/1997 a 31/12/2000.

No ponto, aduz o sentenciante que não foi possível reconhecer o


referido lapso temporal em razão de que a demandante não apresentou a Certidão
de Tempo de Contribuição (CTC), bem como não comprovou que era filiada ao
RGPS no período controvertido de 01/08/1997 a 31/12/2000.

Todavia, consta nos autos início razoável de prova material acerca


do período em discussão, dentre os quais podemos destacar:

• Termo de Posse em Cargo de Provimento Efetivo:

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• Portaria Municipal:

• DTC emitida pela Prefeitura Municipal de Alvorada/TO:

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Destaca-se que, consoante demonstrado, a parte autora tornou-
se servidora do Município de Alvorada/TO em 01 de agosto de 1997, no
cargo de professora, computando até a data de entrada do requerimento
administrativo (09/12/2022) o total de 25 anos, 04 meses e 09 dias de tempo
de contribuição.

Todavia, o Juízo a quo reconheceu somente 21 anos, 11 meses e


09 dias de tempo de contribuição, pois, não computou o período de forma
integral, contando somente a partir de 01/01/2001, em que pese a demandante
tenha ingressado em 01/08/1997.

Excelências, a documentação dos autos, juntamente com a


apresentada ao Recurso Inominado, ratifica que a parte autora é vinculada ao
RGPS desde 01/08/1997, ao passo que, o próprio município declara que
utiliza o RGPS como Regime de Previdência. Em tempo:

Além do mais, em que pese o Município de Alvorada possuísse


Regime Próprio da Previdência Social – RPPS, houve sua extinção em 26/06/2002,
por meio da Lei n. 679, passando os servidores públicos municipais a serem regidos
pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS.

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Portanto, todas as contribuições anteriores ou posteriores a
vigência da referida legislação passaram a ser do INSS, de forma que não
existe razão para exclusão do período de 01/08/1997 a 31/12/2000, em
que a demandante efetivamente trabalhou e contribuiu para a Previdência
Social.

Ademais, municípios que não possuem regime próprio de


previdência subordinam-se ao Regime Geral da Previdência Social, ou seja, os
servidores, sejam eles efetivos ou não, se vinculam ao RGPS. Logo, o dever de
arrecadar as contribuições é do Município, razão pela qual é injusto a negativa em
conceder o benefício, vez que, não se trata de responsabilidade do segurado o
repasse dos recolhimentos.

Vejamos o entendimento jurisprudencial:

PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO.


TRABALHADOR URBANO. TEMPO DE SERVIÇO NÃO REGISTRADO
EM CTPS. RECONHECIMENTO. PROVA TESTEMUNHAL BASEADA EM
INÍCIO DE PROVA DOCUMENTAL. RECOLHIMENTO DE
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESNECESSIDADE. ARTIGO
30, I, A, DA LEI 8.213/91. 1. Comprovado o tempo de atividade
urbana por prova testemunhal baseada em início de prova
documental, a autora tem direito à averbação para fins
previdenciários. 2. A responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias é do empregador, como
determina a Lei 8.212/91 (art. 30, I, a), cabendo a
fiscalização ao INSS, não devendo tais irregularidades ser
imputadas à autora. 3. Remessa oficial desprovida. (TRF1 - REO:
00104079420134019199 0010407-94.2013.4.01.9199, Relator:
JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRANDÃO, Data de Julgamento:
11/11/2015, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 26/11/2015
eDJF1 P. 858) (grifos acrescidos)

Não bastasse, o fato de o ente público não possuir mais a


documentação necessária para comprovação do vínculo da autora durante todo o
período alegado não deve prejudica-la, tendo em vista que é de responsabilidade

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do município empregador o repasse das verbas previdenciárias, bem como a
respectiva comprovação de que foram efetivamente realizadas, nessa linha:

PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO. ATIVIDADE URBANA. INÍCIO DE


PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. CONSECTÁRIOS DA
SUCUMBÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. 1. O
tempo de serviço urbano pode ser comprovado mediante a
produção de início de prova material, complementada por
prova testemunhal idônea - quando necessária ao
preenchimento de eventuais lacunas - não sendo esta
admitida exclusivamente, salvo por motivo de força maior ou
caso fortuito, a teor do previsto no artigo 55, § 3º, da Lei nº
8.213/91. 2. É possível o reconhecimento do período urbano
exercido pelo segurado, desde que demonstrada, além da
efetiva prestação do labor, a existência de vínculo não
eventual, dotado de subordinação do empregado em relação
ao empregador, e objeto de contraprestação através do
pagamento de salário (art. 3º da CLT). 3. Quanto ao
recolhimento das contribuições previdenciárias da atividade
urbana exercida pelo segurado empregado, como é bem
sabido, tal encargo incumbe ao empregador, não se podendo
prejudicar o trabalhador pela desídia de seu dirigente laboral
em cumprir com seus compromissos junto à Previdência
Social. 4. Improvido o recurso da parte, majora-se a verba
honorária, elevando-a de 15% para 20% sobre o valor da causa
atualizado, consideradas as variáveis dos incisos I a IV do § 2º e o
§ 11, ambos do artigo 85 do CPC. (TRF4 5001382-
66.2020.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR,
Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA, juntado aos autos em
15/03/2021) (grifos acrescidos)

A bem da verdade, o período controvertido (01/08/1997 a


31/12/2000) está integralmente comprovado pela documentação anexa aos
autos, qual seja, Declaração de Tempo de Contribuição, Certidão de Tempo de
Contribuição, Termo de Posse em Cargo de Provimento Efetivo, Portaria Municipal e
Fichas Financeiras, além do CNIS, constatando a data de início do vínculo junto ao
Município de Alvorada/TO como sendo em 01/08/1997.

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Observem:

Deste modo, caso a análise do nobre magistrado tivesse sido


realizada de maneira minuciosa, data venia, buscando-se a verdade real, outro não
seria o resultado senão a procedência total dos pedidos.

Dito isso, tem-se evidente que o período laborado junto ao


Município de Alvorada/TO deve ser integralmente reconhecido, de
01/07/1997 a 09/12/2022, totalizando 25 anos, 04 meses e 09 dias de
tempo de contribuição.

In casu, a questão posta em debate não merece maiores


digressões, haja vista que o arcabouço-documental faz prova de toda a vida
laborativa da recorrente, possuindo esta, carência e contribuições necessárias à
concessão da aposentadoria por tempo de contribuição como professora desde a
data do requerimento administrativo (DER em 09/12/2022).

Dessa forma, considerando que no Direito Previdenciário vigora o


princípio da proteção social, como também deve-se buscar pela verdade real, a
anulação da sentença é a medida que se impõe.

3. DO PREQUESTIONAMENTO

Para fins de oportunizar eventuais recursos aos tribunais


superiores, ficam prequestionadas todas as matérias de ordem constitucional e
infraconstitucional ventiladas neste recurso, cujo enfrentamento é indispensável à
adequada solução da lide.

4. DOS PEDIDOS

Em face do exposto, a autora requer o conhecimento, apreciação


e provimento do presente Recurso Inominado, para fins de anulação da sentença
proferida pelo Juízo a quo, sendo concedido o benefício de APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – PROFESSORA (NB 204.860.035-7), a partir da

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data do requerimento administrativo (09/12/2022), com a condenação do
pagamento das prestações em atraso, corrigidas na forma da lei, acrescidas de
juros de mora desde quando se tornaram devidas.

Termos em que, pede deferimento.

Palmas/TO, 11 de dezembro de 2023.

ARIANE DE PAULA MARTINS TATESHITA


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