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1.2.

Delimitação do tema

O tema em alusäo enquadra-se no ramo de Direito Privado, concretamente na


disciplina de Direito Processual Privado, relativamente ao processo ordinário, no que
diz respeito ao prazo para contestar (art. 486.º, n.º 1 CPC). O âmbito de abrangência
espacial deste tema engloba todo o ordenamento jurídimo Moçambicano.

1.3. Problematização

O Processo Civil materializa-se através de um acto jurídico à disposição de


qualquer sujeito de direito que tenha capacidade judiciária (definida pelo artigo 9, n.º 1
do CPC), este acto é designado "acção"1 e, esta, por sua vez é intentada através do
documento conhecido como petição inicial.2 (Fernandes, 2009)

A petição inicial é onde o autor, via de regra, vai formular sua acusação contra o
réu, expurgando todos os factos que tem contra o réu, e, por uma exigência legal, o
mesmo (autor) deverá se fazer acompanhar das provas que confirmem os factos que o
mesmo alega em relação à pessoa do réu, ou mesmo do direito que pretende reclamar,
reconhecer ou exigir, dependendo do tipo de acção em causa (art. 342.º CC, conjugado
com o n.º 2 do art. 467.º do CPC).

Ora, é consagrado no âmbito do processo civil o princípio do contraditório3 que


consiste necessariamente na faculdade das partes deduzirem contradição aos factos que
se lhes são apresentados sob forma de acusação, portanto, o princípio do contraditório
quer, pra assim dizer, "contradição", é um conceito amplo e como princípio do Direito
Processual Civil, este deve ser respeitado e deve servir de base informadora, tanto no
âmbito de criação de normas do Direito Processual Civil, quanto na aplicação das
mesmas normas nos casos em concreto. Assim, como um dos princípios norteadores do
Direito Processual Civil, este princípio não pode de forma alguma ser violado ou
limitado, sob pena de estar-se a quebrar um todo sistema normativo.

É sobre esta última proibição (limitação do princípio do contraditório) que se


começa a construir a problemática do tema em discussão, à medida que pelo artigo
486.º, n.º 1 primeira parte do Código de Processo Civil sabemos que "O réu pode

1
Acção é a forma pela qual se materializa um processo civil.
2
Documento pelo qual se intenta a acção ou se instaura um processo judicial.
3
Pelo qual todos sujeitos de direito podem contradizer os factos contra sí formulados na Petição inicial, é
uma forma de autodefesa.
contestar dentro de vinte dias, a contar da citação". Assim como a petição inicial se deve
fazer acompanhar das provas que confirmem os factos alegados pelo autor, a
contestação deve se fazer acompanhar em anexo de todos os documentos e apresentar
em conjunto o rol de testemunhas, permitindo-lhe a lei requerer outras provas (art. 488,
n.º 2 CPC).

O problema em causa, é que o prazo dado para contestar, e é este mesmo prazo que a lei
dispõe em benefício do réu para reunir o rol de testemunhas e documentos probatórios
(prazo de 20 dias) mostra-me insuficiente por três vias:

1 - a lei não faz distinção do prazo para a contestação (e consequentemente, de


reunião e apresentação de documentos probatórios e rol de testemunhas) entre os
diferentes tipos de acção e formas de processo, "com excepção da acção de
simples apreciação negativa quando o réu justifique a necessidade de
prorrogação", sendo que existem tipos de acção e formas de processo, que pela
sua natureza levam mais tempo, tem um tratamento mais minucioso e, portanto,
necessitam de um prazo mais longo para a reunião de provas, e não sejam
necessariamente acções declarativas de simples apreciação negativa;

2 - Caso o réu não conteste no prazo de 20 dias a contar do dia em que recebeu o
despacho de "citação" do tribunal, independentemente deste estar em processo
de levantamento de provas documentais ou reuniao do rol de testemunhas, o
mesmo fica sujeito ao risco de cair em "revelia"4 (art. 484, n.º1 conjugado com o
art. 480 ambos do CPC) e se for o caso, mesmo sem intenção por parte do réu, o
tribunal irá considerar confessados pelo réu os factos descritos contra si na
petição inicial.

3 - O prazo da contestação começa a contar a partir da citação do réu, ou ao


termo da dilação se esta tiver lugar. Oque significa que não importa se o réu
citado se encontra na região aonde foi emitido o despacho de citação ou não e se
pode este voltar a tempo útil ou não.

Deste modo, o prazo dado para a contestação constitui uma limitação ao princípio do
contraditório, à medida que em detrimento deste derivam situações que impossibilitam
o réu de contestar em tempo útil. Pode por exemplo dar-se o caso de uma do réu estar

4
Situação em que o réu não deduz oposição à petição inicial. Não contradiz à acusação.
viajando fora do país por motivos de força maior e não puder voltar a tempo útil e
colectar as provas e deduzir contradição à petição inicial em detrimento do prazo dado
pela lei.

Desta limitação ao princípio do contraditório podem resultar algumas implicações ou


efeitos danosos na esfera juridica do réu, nomeadamente:

 O réu pode desanimar-se com a situação e cair em revelia (arts. 480, 484, n.º1
CPC) e disso resulta que têm-se por confessados os factos contra si arrolados e
pode lhe custar a perda da causa ou processo;
 Uma deficiência na materialização do princípio da igualdade das partes - a
princípio porque estás devem dispor dos mesmos meios disponibilizados pelo
tribunal para reconhecerem seus direitos e ter as mesmas limitações face às
questões administrativas do processo.
Em face deste problema e das implicações que dele resultam somos remetidos à
seguinte questão de partida:

1.4. Pergunta de partida

 Até que ponto prazo ordinário para contestação no processo civil moçambicano
pode causar danos na esfera jurídica do réu?
1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral

 Analisar os efeitos danosos na esfera jurídica do réu emergentes do prazo


ordinário para contestação (art. 486.º, n.º 1 CPC) no processo civil
Moçambicano.
1.5.2. Objectivos específicos
 Discutir a limitação ao princípio do contraditório em detrimento do prazo para a
contestação;
 Compreender as consequências jurídicas do prazo para a contestação na esfera
do réu;
 Discutir as implicações negativas na esfera jurídica do réu decorrente do prazo
para a contestação dado pelo artigo 486 CPC.
1.6. Justificativa
A escolha do tema "Efeitos danosos na esfera juridica do réu resultantes do
prazo ordinário para contestação no Processo Civil Moçambicano" é motivada pela
evidente insegurança jurídica decorrente da insuficiência do prazo ordinário para a
contestação que em bom rigor, implica à limitação do princípio do contraditório, que é
um princípio basilar no processo Civil e é garante da defesa dos direitos do réu,
particularmente do direito à defesa.

Ora, sendo limitado na prática o princípio do contraditório em consequência da


insuficiência do prazo ordinário para a contestação (previsto pelo artigo 486.º n.º 1
CPC), para além de ocasionar uma deficiente defesa do réu, cria desigualdades no
processo, oque gera situações de violação do princípio da igualdade das partes
processuais. O presente trabalho mostrar-se relevante à medida que discute um
problema que coloca em causa direitos fundamentais e processuais do cidadão
Moçambicano.

1.7. Metodologia de Pesquisa

a) Quanto à abordagem

Quanto à abordagem, será utilizda uma metodologia de pesquisa qualitativa em


razäo de esta pesquisa trabalhar os dados buscando o significado dentro do seu
contexto. Deste modo, o trabalho irá descrever qualitativamente os dados por ele
abordados de modo a transmitir a essência do problema nele discutido. Esta pesquisa
preocupa-se com aspectos da realidade que nao podem ser quantificados, portanto, para
a elaboraçäo do mesmo, a abordagem qualitativa mostra-se a mais adequada.

b) Quanto à natureza

Quanto à natureza o presente trabalho trata-se de uma pesquisa aplicada, pois,


visa gerar conhecimentos de aplicação prática, dirigidos a solução de problemas
legislativos específicoa e de interesse nacional.

c) Quanto ao objecto

Quanto ao objecto, trata-se de uma pesquisa explicativa porque preocupa-se com


factores que determinam a ocorrênci de fenómenos. No caso, analisamos o prazo
ordinário para a contestação como factor que determina a ocorencia de certos feitos
danosos na esfera jurídica do réu.
d) Quanto aos procedimentos

Quanto aos procedimentos o método de pesquisa utilizado na elaboração do


trabalho compreende:

 A pesquisa bibliográfica, caracterizando-se pelo levantamento de referências


teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como
(livros, artigos ciêntificos, páginas de web sites) contendo informação ja
estudada sobre o assunto;

 A pesquisa documental, utilizando livros e artigos científicos localizados em


bibliotecas, bem como a legislação disponível sobre o tema.

Capítulo II: Revisão bibliográfica

1. Definição de processo civil

O direito privado é constituído por normas que visam regulamentar as relações


entre os particulares, ou entre estes e o Estado (ou qualquer entre público), agindo este
como um particular, e susceptível de gerar, além do mais, a dicotomia entre um direito
subjectivo (o de exigir de alguém indeterminado comportamento) e um dever jurídico.5
Ao direito contrapõe-se um dever e quando esse dever não é cumprido, a situação de
tem comprimento tem de ser regulada, sempre que o titular desse direito pretende reagir,
não se conformando com esse quadro. (Pimenta, 2014, p.7)

Nesta medida, e nos termos do do artigo n.º 1 do Código de Processo Civil, "a
ninguém é lícito o recurso à força, com o fim de realizar ou assegurar o seu próprio

5
Pimenta, P. (2014), Processo Civil Declarativo. p. 7
direito.6 Será necessário fornecer ao titular do direito meios que se mostram adequados
para que seja reposto o seu direito, tais meios passam pelo recurso ao tribunal e são
efetivados por via de um processo.

Em sentido lato, chama-se processo a um conjunto de actos que conduzem a um


determinado resultado. Etimologicamente, a palavra processo deriva do latim,
"procedere" que significa "avançar para". Logo, ao falar de processo transmite-se desde
já a ideia de uma sequência de fenômenos para atingir uma certa finalidade. Do ponto
de vista técnico jurídico processo é uma sequência de actos destinado à ajusta a
composição, por um órgão imparcial de autoridade (o tribunal), de um conflito de
interesse ou litígio. Os conflitos de interesse podem ser de qualquer natureza, mas tendo
em conta o objeto de estudo da cadeira, interessa-nos apenas o processo civil.

Tendo em conta a proibição da autoutela ou autodefesa nos termos do artigo 1.º


do Código de Processo Civil, a lei estabelece, um conjunto de mecanismos para fazer
valer os direitos violados.

Surge desta forma a garantia do acesso à justiça, que segundo o artigo 2.º do
Código de Processo Civil, "consiste na protecção jurídica através dos tribunais, que
implica o direito de, em prazo razoável, obter ou fazer executar uma decisão judicial
com força de caso de julgado".7 O número 2 deste artigo acrescenta que "A todo o
direito excepto quando a lei determine o contrário, corresponde uma acção, destinada
a fazê-lo reconhecer em juízo ou a realizá-lo coercivamente, bem como as providências
necessárias para a cautelar o efeito útero da decisão"

Assim, se num contrato de compra e venda, o comprador paga o preço, mais o


vendedor não entrega a coisa, tem o comprador o direito de exigir judicialmente o
cumprimento daquela obrigação, designadamente, para o reconhecimento do seu direito
de propriedade e condenação do devedor a entregar a coisa. Esse direito decorre
essencialmente dos efeitos do contrato de compra e venda que derivam do art. 879.º do
Código Civil.

O artigo 789.º do Código Civil traça a norma de conduta para esse caso,
celebrado o contrato de compra e venda o comprador deve pagar o preço e o vendedor

6
Art. 1 CPC
7
Art. 2.º, n.º1 CPC
deve entregar a coisa vendida, transferindo-se com isso a propriedade da coisa. Mas se
um deles não cumpre, por exemplo, o vendedor recebe o preço mas não entrega a coisa,
o direito Civil é insuficiente para reagir ao litígio, porque apenas traça a conduta para a
norma de conduta. Torna-se pois necessário instituir meios de imposição coactiva do
comando da norma, impondo oque deve ou não fazer.

Há pois que recorrer aos tribunais, onde se irão verificar um conjunto de


procedimentos para o reconhecimento do direito violado, esses procedimentos na esfera
jurídica de sujeitos particulares ou de entes pública que intervém em relações despidos
do seu ius imperi, se irão designar por processo civil. E como vem contemplado pelo n.º
1 do Código de Processo Civil, este permite que os cidadãos tenham acesso aos
tribunais para que se sejam efectuados os seus direitos, quer os que tenham sido
violados, quer os que estão em eminência de violação por outro sujeito de direito. Na
realização do processo civil haverão princípios, que serão bases informadoras e
norteadores deste processo, que irão orientar a realização de um processo imparcial,
legal e que não favoreça apenas a uma das partes processuais (autor ou réu).

2. Princípios do Processo Civil Moçambicano

2.1. Princípio do dispositivo

De acordo com Pimenta (2014), o princípio do dispositivo manifesta-se em três


vertentes principais, nomeadamente, no impulso processual, na delimitação dos
contornos fácticos do litígio e nos limites da sentença. Quando se fala em impulso
processual, pretende-se assinalar que a existência e a pendência de uma acção deriva da
pura vontade dos particulares. A acção só existe a partir do momento em que é recebida
em juízo a respectiva petição inicial (art. 467 CPC), sendo tá apresentação a expressão
de um poder atribuído aos particulares de disporem da sua própria esfera jurídica,
diferentemente do processo penal, onde vigora o princípio da oficialidade que confere o
poder de exercício da ação ao ministério público.

Pimenta (2014) refere ainda que o princípio do dispositivo implica ainda que
sejam as partes já definir os contornos fácticos do litígio, ou seja, devem ser elas a
carregar para os autos os factos que sustentam as respectivas pretensões. O autor deverá
pois alegar os factos que dão consistência ao pedido por se formulado. ao réu competirá
alegar os factos que servem de base a sua defesa. Trata-se do princípio da
disponibilidade do objecto nas palavras de Teixeira de Souza citado por Pimenta (2014,
p. 15)

A última vertente do dispositivo assinala os limites da sentença do que se trata e


da necessária correspondência entre o pedido formulado pelo autor e a decisão firmada
na sentença, na medida em que o juíz não pode condenar objecto diverso do pedido ou
em quantidade superior à peticionada pelo autor. Estamos ainda no domínio da
disponibilidade das partes sobre o processo, pois o autor, enquanto titular do interesse
feito valer em juízo, e que melhor saberá o que pretende obter do recurso havia judicial
expressando isso mesmo por pedido formulado na petição inicial. (Pimenta, 2014, p.23)

2.2. Princípio da igualdade das partes no Processo Civil

Segundo Cordeiro (2013), outro princípio do processo civil, é o princípio da


igualdade das partes ou da paridade processual.8 Este princípio, que supõe uma
inevitável e que distância jurisdicional mas não é do que uma decorrência, ao nível do
Direito processual Civil, da norma constitucional que consagra a igualdade dos cidadãos
perante a lei (art. 35 CRM). Deste modo, tem-se que o tribunal deve assegurar ao longo
do todo o processo, um estatuto de igualdade substancial das partes, designadamente no
exercício de faculdades, no uso de meios de defesa e na aplicação de combinações ou de
sanções processuais.

2.3. Princípio da cooperação

De acordo com Pimenta (2014, p. 26) o princípio da cooperação assume


particular importância na concepção moderna de processos civil, que passa a ser visto
como uma comunidade de trabalho, assim se apelando ao contributo de todos os
intervenientes processuais na realização dos fins do processo e responsabilizando os
pelos resultados obtidos. A efectiva concretização deste princípio implica determinados
deveres processuais de cooperação, tanto para as partes e os seus mandatários, como
para o juiz, havendo todos de colaborar entre si, deste modo contribuindo para se obter,
com brevidade e eficácia, a justa a composição do litígio, tal como estabelece a lei.

A cooperação pode assumir diferentes facetas. De acordo com (Pimenta 2014),


por exemplo as partes devem mostrar-se sempre disponíveis para fornecer ao tribunal
quaisquer informações e esclarecimentos que sejam solicitados, devem comparecer
8
Cordeiro, A. M. (2013), Litigância de má-fé Abuso do Direito de Acção, p. 235
sempre que sejam convocados, devem facultar tudo o que eles for requisitado e devem
praticar os actos que lhes forem determinados. Por outro lado, quaisquer insuficiências
ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto detectada pelo juíz
impõe que este convide as partes a aperfeiçoarem o respectivo articulado. É também à
luz do dever de cooperação que o juiz e os mandatários devem dar o cumprimento à
previsão da programação dos actos a praticar na audiência final, estabelecendo o
número de sessões e a sua provável duração e designando as respectivas datas.

2.3. Princípio do inquisitório

À luz da previsão contida no artigo 342.º CC aquele que invoca um direito cabe
fazer a prova dos fatos constitutivos do direito invocado (n.º 1), sendo que a prova dos
factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado compete aquele com
quem a invocação é feita (n.º 2) este preceito estabelece o ônus da prova dos factos que
sustentam as pretensões deduzidas pelas partes, sendo habitual afirmar-se que o autor
tem o ônus da prova quanto aos factos que integram a causa de impedir e que o réu tem
o ônus da prova quanto aos factos em que se baseia as excepções.

Na verdade, uma vez que a prova de tal facto pode provir de iniciativa da parte a
quem o mesmo aproveita, mas também pode resultar de diligência determinada
oficialmente pelo juiz no exercício dos poderes inquisitórios e até resultar da diligência
requerida pela parte contrária se o facto se provou, provado está e assim será
considerado. Se o facto não se provou então sim serão accionados os efeitos decorrentes
dessa falta de prova conforme os critérios de ônus da prova.

2.4. Princípio do contraditório

Segundo Cordeiro (2013), no Direito processual Civil, é basilar o princípio do


contraditório. A estrutura da acção regulada pelo Direito processual Civil apresenta uma
inegável bilateralidade, porquanto, em termos gerais, a relação processual se estabelece
entre duas partes litigantes, o que exige, antes de mais, que qualquer pessoa ou entidade
tenha conhecimento de que foi formulado contra si um pedido, dando-se oportunidade
de defesa, mas ainda que, ao longo da tramitação, qualquer das partes tenha
conhecimento das iniciativas ou pretensões deduzidas pela outra parte, com a inerente
possibilidade de pronúncia antes de ser proferida a respectiva decisão. Pode dizer-se que
esta vertente do contraditório o direito de conhecimento de pretensão contra si deduzida
e o direito de pronúncia prévia da decisão, corresponde ao sentido tradicional do
princípio em alusão.

Segundo Badaró (2008), o principio do contraditório e da ampla defesa, em


Direito processual, é um princípio jurídico fundamental do processo judicial moderno.
Exprime a garantia de que ninguém pode sofrer os efeitos de uma sentença sem ter tido
a possibilidade de ser parte do processo do qual esta provém, ou seja, sem ter tido a
possibilidade de uma efetiva participação na formação da decisão judicial (direito de
defesa). O princípio é derivado da frase latina Audi alteram partem (ou audiatur et altera
pars), que significa "ouvir o outro lado", ou "deixar o outro lado ser ouvido bem"

2.4.1. Garantes do princípio do contraditório

2.4.1.1. Citação do réu

A petição inicial é o acto pelo qual se dá início a um processo judicial civil, de


acordo com Pimenta (2014), recebida a petição inicial e cumpridas as formalidades
introdutórias da instância, nomeadamente as relativas à distribuição e autuação, o
processo está em condições de seguir os seus trâmites. Neste contexto, por regra, o
primeiro acto processual a levar a cabo é a citação do réu. 9 O mesmo é dizer que,
normalmente, o processo não é feito concluso ou seja, não é apresentado ao juiz da
causa logo no início da instância.

A citação é o acto pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta


contra ele determinada acção e se chama ao processo para se defender, como está
previsto para o princípio do contraditório. Com a situação, assegura-se o cumprimento
do princípio do contraditório e o inerente exercício do direito da defesa, devendo, aliás o
réu ser advertido da consequência da falta de contestação10

2.4.1.2. Contestação

A contestação, como já foi dito ao falar da citação, tem em vista garantir o


contraditório e permitir ao rio a apresentação da sua defesa11. Tal defesa é feita em
regra, na peça processual denominada a contestação. Sucede que, em certas
circunstâncias, o réu pode ainda aproveitar a contestação para deduzir pedidos contra o

9
Art. 228.º e 233.º CPC
10
Art. 480.º CPC.
11
Art. 486, n.º1 CPC.
autor. Por isso, e usuário distinguir-se, dentro da contestação a defesa propriamente dita
e a reconvenção. E naquela, o réu toma posição perante a presença contra se formulada
pelo autor; nesta o demandado passa ao contra-ataque, formulando pedidos contra o
autor.

3. O problema do prazo para a contestação no Processo Civil Moçambicano e a


limitação do princípio do contraditório

Nos termos do artigo 486.º do Código de Processo Civil, o réu pode contestar
dentro do prazo de 20 dias, a contar da situação. O prazo começa a contar desde o termo
de depilação, quando esta haja lugar. O problema em causa, é que o prazo dado para
contestar, e é este mesmo prazo que a lei dispõe em benefício do réu para reunir o rol de
testemunhas e documentos probatórios (prazo de 20 dias) mostra-me insuficiente e caso
o réu não conteste no prazo de 20 dias a contar do dia em que recebeu o despacho de
"citação" do tribunal, independentemente deste estar em processo de levantamento de
provas documentais ou reuniao do rol de testemunhas, o mesmo fica sujeito ao risco de
cair em "revelia" (art. 484, n.º1 conjugado com o art. 480 ambos do CPC) e se for o
caso, mesmo sem intenção por parte do réu, o tribunal irá considerar confessados pelo
réu os factos descritos contra si na petição inicial.

O prazo da contestação começa a contar a partir da citação do réu, ou ao termo


da dilação se esta tiver lugar. Oque significa que não importa se o réu citado se encontra
na região aonde foi emitido o despacho de citação ou não e se pode este voltar a tempo
útil ou não. Deste modo, o prazo dado para a contestação constitui uma limitação ao
princípio do contraditório, à medida que em detrimento deste derivam situações que
impossibilitam o réu de contestar em tempo útil.
Proposta da Estrutura do Trabalho de Final do Curso (Monografia)

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Declaração de honra

Dedicatória

Epigráfe

Resumo

ELEMENTOS TEXTUAIS

Capítulo I: Introdução

Introdudução

Contextualização/Problematização

Justificativa

Objectivos (Geral e específicos)

Metodologia

Capítulo II: Fundamentação Teórica

Revisao de Literatura

Capítulo III: Conclusão

Conclsuão

Referências bibliográficas

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

Anexos

Apêndices

Referências bibliográficas

Doutrina:
Badaró, G. H. (2008). Direito Processual Penal. Rio De Janeiro: Tomo I.

Cordeiro, A. M. (2013). Litigancia de Ma-fe, Abuso do Direito de Accao. Coimbra:


Almedina.

Fernandes, L. A. (2009). Teoria Geral do Direito Civil I: Introducao aos pressupostos


da relacao jurídica (5 - revista e actualizada ed.). Lisboa: Universidade Católica.

Pimenta, P. H. (2014). Direito Processual Civil Declarativo. Coimbra: Almedina.

Legislacao:

Código Civil

Código de Processo Civil

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