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Aula 08 Parte 2

Serviço Social p/ INSS - Analista do Seguro Social - Serviço Social - 2016

Professor: Ana Paula de Oliveira


SERVIÇO SOCIAL PARA INSS
Teoria e exercícios comentados
Profa. Ana Paula Aula 08

AULA 08 (Parte 2): 2 Estado, Políticas Públicas e


Direitos Sociais no Brasil. 2.1 Estado: Conceito e
mudanças na organização do Estado moderno.
Estado e governo. Dominação racional legal com
quadro burocrático. Os quadros e meios
administrativos do Estado. 2.2 O Estado de Bem-
estar social e cidadania. As crises do Estado de
Bem-Estar social. A noção de cidadania regulada
no Brasil. 2.3 As diferentes conceituações de
políticas públicas. O processo de elaboração de
políticas no Estado moderno. 2.4 Regimes
políticos. Principais correntes ideológicas da
política no século XIX: liberalismo e
nacionalismo. A construção dos Estados
nacionais. Principais correntes ideológicas da
política no século XX: democracia, fascismo,
socialismo e comunismo. Neoliberalismo,
contexto político e econômico atual.
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SUMÁRIO PÁGINA
1. Introdução 3
2. Estado: Conceito e mudanças na organização do Estado 4
moderno.
2.1 Estado e governo 23

2.2 Dominação racional legal com quadro burocrático. 26

2.3 Os quadros e meios administrativos do Estado. 28

3. O Estado de Bem estar social e cidadania.


3.1 As crises do Estado de Bem-estar social. 36
3.2 A noção de cidadania regulada no Brasil. 41

4. As diferentes conceituações de políticas públicas. 54


4.1 O processo de elaboração de políticas no Estado moderno. 54
4.2 A política como política pública 56

4.3 Relação das políticas públicas com os direitos de cidadania 61

5. Regimes políticos e Estados Nacionais: nacionalismo 65


5.1 Principais correntes ideológicas da política no século XX: 67
democracia, fascismo, socialismo e comunismo.
5.2 Neoliberalismo, contexto político e econômico atual. 71

6.Resumo do concurseir@ 73
7. Questões comentadas 92
8. Lista de questões 97
9. Gabarito 95478731994

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1. INTRODUÇÃO

Olá alun@! Preparad@ para mais uma aula? Espero que esteja
preparado e animado, pois esta aula é bem complexa, pois tão um
conteúdo muito amplo. Assim, havendo dúvidas, releia o conteúdo e
também participe do Fórum.

Acredito que você já possua uma base consistente quanto a este


tema em decorrência da graduação em Serviço Social, mas é sempre bom
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retomarmos os conceitos e temas aqui assinalados, pois eles nos dão a


base necessária para compreendermos a organização do Estado e das
Políticas Públicas. Compreenderemos também o conceito de Estado de
Bem-Estar Social, e de algumas outros tipos de organização do Estado,
como o comunismo e o fascismo. Aliás, é comum ouvirmos por aí que o
Brasil nunca efetivamente constituiu um Estado de Bem-Estar Social.

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Portanto, é importante que você entenda o porquê diversos autores no


âmbito do Serviço Social e da Ciências Sociais trazem essa afirmativa.

Bons estudos!!!!

2. ESTADO: CONCEITO E MUDANÇAS NA ORGANIZAÇÃO DO


ESTADO MODERNO.

Essa imagem ilustra bem a visão que temos do


Estado, não? Um Estado que arrecada trilhões
em impostos, e atualmente tira recursos até do
Bolsa Família!!! Se você, assim como eu, trabalha
com atendimento ao público, com certeza sabe
que em decorrência da crise o valor do Bolsa
Família da maior parte das pessoas foi reduzido
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(com certeza não é só de quem eu atendo) no
INSS.

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Car@ alun@, como é próprio das Ciências Sociais, não há uma


definição unívoca acerca do conceito de Estado. É possível identificar
diversas concepções e estas variam de acordo com a corrente teórica.
O Professor Luciano Gruppi1 (1986) realiza uma incursão sobre os
principais estudos acerca do Estado. Inicialmente o autor recorre a uma
definição de Enciclopédia (Trecciani), um recurso bastante utilizado lá nos
anos de 1980 e poucos...., quando não existia o google.

[...] modernamente a maior organização política que a


humanidade conhece, ela se refere quer ao complexo
territorial e demográfico sobre o qual se exerce uma
dominação (isto é, o poder político), quer à relação de
coexistência e de coesão das leis e dos órgãos que
dominam sobre esse complexo”. (GRUPPI, 1986, p.
07)

Gruppi (1986) partindo do entendimento assinalado afirma que o


Estado é um poder político que se exerce sobre um território e um
conjunto demográfico, isto é, uma população, ou um povo.
Além disso, a Enciclopédia supramencionada traz três elementos
que devem ser considerados presentes no Estado: PODER POLÍTICO,
POVO e TERRITÓRIO, elementos necessários para a caracterização do
Estado.

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Car@ Aluno, vou dar um exemplo para que a ideia apresentada


acima possa ser melhor compreendida.

1
GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel - As concepções de Estado em
Marx, Engels, Lênin e Gramsci. 11.ed. Porto Alegre: L&PM, 1986.

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VATICANO

Não é um Estado, no verdadeiro sentido da palavra, pois possui


poder político (GOVERNO), TERRITÓRIO, mas não possui um povo
(NACIONALIDADE).

Importante assinalar que até o momento estou falando de uma


descrição externa do Estado, para nos aproximarmos do tema. Ainda não
discorremos sobre sua natureza intrínseca, que farei por meio dos autores
clássicos e dos estudos da teoria marxista.

O nosso edital se detém nas análises sobre o Estado moderno.


Neste sentido, Gruppi (1986, p. 09) compreende este conceito como
“Estado moderno: unitário, dotado de um poder próprio
independente de quaisquer outros poderes”. Ainda afirma que este
Estado começa a nascer na segunda metade do século XV em alguns
países, dentre eles, França, Inglaterra e Espanha. O autor compreende

Segundo o autor supramencionado, Maquiavel é quem primeiro


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reflete sobre o Estado no livro O Príncipe e, para este pensador, Estado


seria “todas as dominações que tiveram e têm o império sobre os
homens e foram e são repúblicas ou principados”. O Estado
consiste, portanto, na dominação (poder) e nesse caso, a dominação
sobre os homens.

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Para Gruppi (1986) o pensamento de Maquiavel se moldou


em uma Itália em que havia fracassado a revolução das
Comunas (Cidades-Estado), O país apresentava-se
fragmentado em muitos Estados pequenos, e estava a
caminho de perder a sua independência nacional desde a
invasão das tropas do rei francês Carlos VIII, em 1494.
Maquiavel , ao refletir sobre a experiência de outros países
(Espanha, Inglaterra e França), analisa a maneira como se
deveria construir na Itália um Estado moderno e unitário.

Desse modo, segundo Gruppi (1986) podemos identificar que desde


o seu nascimento, o Estado moderno apresenta dois elementos que o
diferem dos modelos anteriores de Estados (dos povos gregos e
romanos).

PRIMEIRO – AUTONOMIA - entendida como a plena soberania do


Estado, o qual não permite que sua autoridade dependa de nenhuma
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outra autoridade;
SEGUNDA - distinção que se faz entre ESTADO e SOCIEDADE CIVIL -
que é evidenciada no século XVII, principalmente na Inglaterra, com a
ascensão da burguesia. Ou seja, o Estado é apresentado como uma
organização distinta da sociedade civil, embora seja expressão dela.

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Apesar de citar dois elementos básicos que não existiam nos


Estados antigos em comparação ao Estado moderno, Gruppi (1986, p. 10)
apresenta um terceiro elemento diferenciador (este em relação ao Estado
da Idade Média). Para ele, o Estado Medieval, é apresentado como a
propriedade do senhor, é um Estado patrimonial, patrimônio do Monarca,
do Conde, do Barão. O senhor é dono do território e tudo que se encontra
nele (homens e bens), e pode vendê-lo ou cedê-lo a qualquer momento.
Já no Estado Moderno há uma identificação absoluta entre o
Estado e o Monarca, o qual representa a soberania estatal.

Gruppi (1986) relata que uma fase importante da formação


do Estado Moderno foi a rebelião da Inglaterra, quando o rei
Henrique VIII se separou da Igreja Católica, criando e se
tornando o chefe da Igreja Anglicana. Este fato demarca a
proclamação da absoluta autonomia e soberania do Estado.

Car@ Alun@, vou realizar uma breve explanação acerca de


pensadores que tentaram conceituar o Estado Moderno para facilitar a sua
compreensão e estudos.
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Para Thomas Hobbes (1588-1679) – “O Estado de natureza é um


estado configurado pela existência de um desejo perpétuo de poder pelos
homens. O poder é definido pela capacidade individual de adquirir
riqueza, reputação e de comandar e dominar os outros.” (MONTAÑO;
DURIGUETO2, 2010, p. 23)

2
MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, Classe e Movimento Social.
1. Ed. Biblioteca Básica do Serviço Social. Volume 5. São Paulo: Cortez, 2010.
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Para Hobbes, o Estado foi constituído em virtude da necessidade de


estabelecimento de um contrato social.

CONTRATO SOCIAL – “Uma espécie de pacto entre homens


para estabelecer tais normas e autoridades às quais se
submeterão consensualmente – seria o meio pelo qual
ocorreria a passagem de um estado para o outro. O Estado
seria o produto do contrato social, ou seja, da conjunção de
vontades individuais”. (MONTAÑO; DURIGUETO, 2010, p. 23)

Segundo Montaño e Duriguetto (2010, p. 25) para Hobbes:

[...] a finalidade da constituição do Estado é a


garantia da paz e da segurança e de fazer boas leis,
revertendo o ambiente (natural) de guerra de todos
contra todos. Se o Estado não se mostra capaz de
assegurar aos súditos a proteção, seja por inépcia ou
por ele mesmo a ameaçar por excesso de crueldade, o
pacto é violado e os súditos retomam sua liberdade
para se defender como quiserem”.

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Desse modo, Hobbes entende que haveria uma obrigação, um


contrato entre Estado e os súditos, enquanto houvesse a capacidade do
primeiro em proteger os segundos.

Outro pensador que discorre a respeito do Estado Moderno é John


Locke (1632-1704). Assim como Hobbes, Locke também realizou análises
a respeito da forma como o poder político deveria constituir-se para
“garantir a segurança, a paz e a liberdade da esfera privada”.

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De acordo com Montaño e Duriguetto (2010, p. 25).

Locke argumenta, como Hobbes, que os homens viviam em estado


de natureza, um estado de absoluta liberdade. Também, para ele,
esse estado é passível de conflitos em razão da ausência de leis e
de coerção, porém (a diferença de Hobbes), o possível conflito
ameaça a paz natural. [...] Locke justifica a legitimidade da posse
dos bens (a propriedade privada), não sendo objeto de disputa
pela força. Para ele, o fundamento originário da propriedade é o
trabalho. Os homens tornavam-se proprietários à medida que
transformavam o “estado comum” da natureza através de seu
trabalho, visando a sua subsistência e satisfação.

Gruppi (1986) afirma que Locke possui uma concepção


tipicamente burguesa para suas fundamentações, sendo
considerado o teórico da revolução liberal inglesa. Locke afirmava
que os homens se juntaram em sociedades políticas e submetiam-
se a um governo com a finalidade principal de conservarem suas
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propriedades. E que o Estado natural, entendido por ele, enquanto


a falta de um Estado, não garantiria a propriedade, sendo
necessário constituir um Estado para garantir o exercício da
propriedade, a segurança da propriedade.
Outro pensador extremamente citado nos estudos sobre Estado é
Jean Jacques Rousseau. Segundo Montaño e Duriguetto (2010, p. 27-28),
Rousseau “ocupa um lugar à parte pelas significativas formulações
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realizadas acerca das relações entre Estado e sociedade civil. Sua


concepção dessas relações é radicalmente oposta àquela
defendida por Hobbes e Locke”.

Em Jean Jacques Rosseau (1712-1778), Gruppi (1986) afirma que


nasce a concepção democrático burguesa.
Segundo Gruppi (1986), Rousseau entende que os homens não
nascem livres, nem iguais, só se tornam assim através de um
processo político. Assim, o pensador também acaba atribuindo a uma
suposta condição natural aquilo que, pelo contrário, é uma conquista
social. Ainda para ele, os homens não podem renunciar a dois bens
essenciais da sua condição natural: a LIBERDADE e a IGUALDADE. Eles
devem constituir-se em sociedade.
Conforme sinaliza Montaño e Duriguetto (2010, p. 29)

“Em Rousseau, o fundamento da ordem e da legitimidade sociopolítica


(republicana ou democrática) resulta de um pacto ou contrato social em
que cada um coloca a sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema
direção da vontade geral. Significa que cada indivíduo se aliena
totalmente e sem reserva, com todos os seus direitos, à comunidade.
Assim o contrato social repousa numa noção e num critério básico que é a
vontade geral”.

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VONTADE GERAL – “entendida como o que traduz o que há de


comum nas vontades individuais e não a simples soma de
vontades particulares ou da maioria. O que dá suporte à vontade
geral é, pois, o interesse comum, que é entendido como o
interesse de todos e de cada um enquanto componentes do
corpo coletivo. É com base no interesse comum que a sociedade
deve ser governada”. Montaño e Duriguetto (2010, p. 29)
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Car@ Alun@, adentrando um novo bloco de análise acerca do


Estado, vamos apresentar as análises de Gruppi (1986) com base nas
ideias de Marx, Engels, Lênin e Gramsci - teoria marxista.
Alun@, há uma diferença substancial entre pensamento marxiano e
pensamento marxista.

PENSAMENTO MARXIANO – são as análises construídas pelo


próprio Marx. Advém dos seus escritos.

PENSAMENTO MARXISTA – são as análises construídas por


autores que utilizaram com fonte as obras de Marx, mas estas são
de responsabilidade de cada autor.

Gruppi (1986) aponta que há para Marx uma conexão entre a


sociedade civil, entendida como o conjunto das relações econômicas, e a
sociedade política, o Estado. Para Marx, o Estado é a expressão da
sociedade civil, isto é, das relações de produção do capitalismo.
Diferentemente do pensamento liberal, em que há a separação
entre sociedade civil e sociedade política.

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Gruppi ressalta que para Marx não é o Estado que funda a


sociedade civil, como afirmava Hegel, pelo contrário, é a
sociedade civil, entendida como o conjunto das relações
econômicas que explica o surgimento do Estado, seu caráter, a

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natureza de suas leis, e assim por diante. E em A Ideologia Alemã,


vê-se a elaboração da essência do seu método/concepção e a
descoberta da correlação existente entre o desenvolvimento das
relações econômicas, o Estado e as ideologias.

Conforme sinaliza Gruppi (1986, p. 22), para Marx, dizer que o


Estado é uma superestrutura não significa afirmar que seja uma
coisa acessória ou supérflua. Tampouco, significa separar o Estado
da sociedade civil. Visto que, a sociedade civil, enquanto relações
econômicas, vivem no quadro de um Estado determinado, na
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medida em que o Estado garante aquelas relações econômicas.


Desse modo pode-se dizer que o Estado é parte essencial da
estrutura econômica, justamente porque a garante.

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Certamente você já ouviu falar que Marx não elaborou uma teoria
sobre o Estado. Para Gruppi (1986), a teoria marxista do Estado está
implícita na análise das relações econômicas. Já outros autores, como
Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Netto, entendem que não era o
objetivo de Marx realizar uma teoria a respeito do Estado, mas sim a
análise acerca do Capitalismo.
Porém, independente desta polêmica, é importante que você alun@
compreenda que Marx forneceu a teoria fundamental, a partir da qual se
constitue a teoria do Estado: a estrutura econômica está na base do
próprio Estado.

Outra importante obra nas análises sobre o Estado é “A origem da


família, da propriedade e do Estado”, de Friedrich Engels (1820-
1895). Segundo Gruppi (1986) está obra é considerada por Lênin como o
texto fundamental para a teoria do Estado.

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A obra supracitada mostra a conexão histórica entre família,


propriedade e Estado. Engels parte do conhecimento do Estado
capitalista para buscar na história sua origem e gênese. O autor afirmava
que a sociedade não é a soma das famílias que a constituem, como
pensava Aristóteles e como se pensou durante séculos até Engels.
Ademais, a formação da sociedade e da família são duas coisas que se
desenvolvem juntas. Para Engels, o momento em que surge a
sociedade em suas formas mais primitivas coincide com a
regulamentação das relações sexuais segundo normas
determinadas.

Muitas sociedades primitivas prescindiam do Estado, não tinham a


menor ideia de Estado e de poder estatal. Lenin considera que o Estado
se constitui como uma necessidade a partir de um determinado
grau de desenvolvimento econômico – relacionado à divisão da
sociedade em classes. Deste modo, o Estado começa a nascer
quando surgem às classes sociais, e, com elas, a luta de classe. Ou
seja, a classe que detém a propriedade dos principais meios de
produção deve institucionalizar sua dominação econômica sobre a
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sociedade inteira, através dos organismos de dominação política,


com estruturas jurídicas, com tribunais, com forças repressivas –
através do Estado.
Portanto, a correlação entre modo de produção, classe social e
Estado é apresentada na análise do Estado representativo moderno como
instrumento para a exploração do trabalho assalariado pelo capital.

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Em síntese, para Engels, o Estado é o produto de uma sociedade


que chegou num determinado nível de desenvolvimento, apresentando a
confissão de que essa sociedade se envolveu numa contradição insolúvel
consigo mesma (entre detentores dos meios de produção e detentores de
força de trabalho), de que ela está cindida por antagonismos
irreconciliáveis, sendo incapaz de eliminá-los.
Com base nos escritos de Engels, Gruppi (1986, p. 26) define
Estado
[...] enquanto a expressão da dominação de uma
classe, a necessidade de regulamentar juridicamente
a luta de classes, de manter determinados equilíbrios
entre as classes em conformidade com a correlação
de forças existente, a fim de que a luta de classes não
se torne dilacerante. O Estado é a expressão da
dominação de uma classe, mas também um momento
de equilíbrio jurídico e político, um momento de
mediação.

Car@ Alun@, há dois autores que dão continuidade à teoria do


Estado, tendo como referência as análises de Marx e Engels. São eles:
Lênin e Gramsci.
A primeira obra teórica de Lênin sobre o Estado é o livro O Estado
e a Revolução. 95478731994

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Nesta obra Lênin reafirma de maneira contundente o caráter de


classe do Estado, de todo tipo de Estado. Lênin retoma integralmente a
ideia de Marx, segundo a qual, o Estado é uma máquina para o exercício
do poder, e afirma: “Todo Estado é uma ditadura de classe”. Ao fazer
esta afirmação Lênin não ignorava que podem existir atuações de
equilíbrio relativo entre as diferentes classes sociais, fazendo com que o
Estado possa temporariamente assumir uma posição equidistante entre
as classes. A palavra ditadura usada neste contexto tem um sentido
muito diferente daquele tradicional e até daquele jurídico, em que se
entende como “ditadura o poder absoluto de um indivíduo ou de um
grupo, exercido fora de todo controle e fora de quaisquer
limitações estabelecidas por leis”. No capitalismo, a ditadura pode ter
uma face mais tênue, nas palavras de Lênin: “a democracia burguesa,
mesmo em sua forma mais avançada, é uma ditadura da minoria
sobre a maioria, para a grande maioria do povo, não é uma
democracia real, mas sim uma forma de opressão”. (GRUPPI, 1986,
p. 27)

E as democracias modernas só reforçam esta


compreensão!!! Foi noticia neste início de ano os
estudos de uma ONG britânica Oxfam, os quais
projetavam para 2016 a maior concentração de renda
da história do capitalismo: A riqueza de 1% da
população (os mais ricos) deverá ultrapassar a renda
dosrestante 99% da população!!! A democracia
burguesa é ou não é a ditadura de uma minoria sobre a
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maioria do povo???

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Por isso, Lênin aponta que é preciso opor à democracia


burguesa à ditadura do proletariado, pois esta é a democracia da
maioria e para a maioria. Lênin ressalta ainda que a democracia
proletária (ditadura do proletariado) realiza e dá substancia às liberdades
políticas e amplia enormemente a esfera de todas as liberdades. Porém,
“a fim de permitir o trânsito de uma ditadura para outra, é preciso
quebrar o Estado, não é possível tomar o Estado burguês assim como ele
está e usá-lo para fins do proletariado, porque esse Estado não serve à
edificação do socialismo, da democracia proletária. É um Estado
centralizado, burocrático, policialesco, por conseguinte deve ser quebrado
em todos esses seus elementos”. (GRUPPI, 1986, p. 30)

A análise de Gramsci acerca do Estado parte do entendimento deste


enquanto ampliado. O que isto significa?

TEORIA DO ESTADO AMPLIADO EM GRAMSCI

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Preste atenção que este


conteúdo costuma cair em
prova!!!

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Conforme sinaliza Simionatto3 (2011), tanto Engels, quanto Rosa


Luxemburgo iniciam uma análise ampliada a respeito do Estado, mas
Antônio Gramsci é quem aprofunda a perspectiva da ampliação do Estado,
por meio de um tratamento mais sistemático.
Para Simionatto (2011, p. 67)

A concepção marxista de Estado será tanto mais „ampla‟


quanto maior for o número de determinações do fenômeno
estatal por ela mediatizados/sintetizados na construção do
conceito de Estado; e que, vice-versa, será „restrita‟ uma
formulação que (consciente ou inconscientemente) se
concentra no exame de apenas uma ou relativamente
poucas determinações do fenômeno político-estatal.

Ou seja, para Simionatto (2011, p. 67) se a noção de Estado


aparece no pensamento de Marx a partir de uma abordagem mais
restrita, isso não minimiza a importância de sua teorização, uma vez que
residem nela as raízes que fundamentam o debate sobre a compreensão
do Estado na perspectiva marxista.

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Car@ alun@ importante assinalar que Marx e Engels viveram um


período histórico em que não existiam ainda os grandes partidos de
massa e os grandes sindicatos econômicos, e a sociedade estava sob

3
SIMIONATTO, Ivete. Gramsci: sua teoria, incidência no Brasil, influência no Serviço
Social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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muitos aspectos, por assim dizer, em estado de fluidez. (SIMIONATTO,


2011, p. 67-68)
Segundo Simionatto (2011), cabe observar, contudo, que a partir
do 18 Brumário de Luís Bonaparte, a análise marxiana sobre o Estado se
amplia, e incorpora as novas determinações delineadas na história da
realidade francesa. Mas, o ponto de chegada para o Marx do Manifesto do
Partido Comunista é exatamente o ponto de partida para Gramsci. Ou
seja, se, para Marx, o Estado é um aparelho coercitivo,
instrumento de dominação, para Gramsci, o Estado não é algo
impermeável às lutas de classe, mas é atravessado por elas. (p.
68)
Gramsci, Conforme sinaliza Simionatto (2011), percebe que na
sociedade capitalista moderna, o Estado se ampliou e os problemas
relativos ao poder se complexificaram, fazendo emergir uma nova esfera
social que é a “sociedade civil”. Ou seja, “a esfera política „restrita‟
[...] cede progressivamente lugar a uma nova esfera pública
„ampliada‟, caracterizada pelo protagonismo político de amplas e
crescentes organizações de massa”. (Coutinho, 1987, p. 65)
Partindo desse pressuposto, Simionatto (2011, p. 68) afirma que

Gramsci evidenciará nos Cadernos do Cárcere que a


complexidade das relações Estado/sociedade próprias
do capitalismo desenvolvido exigia estratégias
diversas das encaminhadas na Rússia em outubro de
1917. É com base nessa reflexão que ele propõe o
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conceito “ampliado” de Estado como perspectiva para


a análise das sociedades contemporâneas mais
desenvolvidas. Dessa forma, a partir de 1930,
encontramos no pensamento gramsciano duas
concepções de Estado, ou seja, conforme escreve
Christine Buci-Gluksmann (1980, p. 128), dois
momentos distintos de articulação do campo estatal:
o Estado em sentido “restrito” e o Estado em sentido
“amplo”, denominado também Estado integral.

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Verifica-se, portanto, que é a partir do entendimento da crescente


socialização da política que Gramsci elabora a sua teoria marxista
“ampliada” do Estado. Conforme assinala Simionatto (2011, p. 69) “as
discussões gramscianas sobre o Estado apresentam-se a partir da
existência de duas esferas distintas no interior das superestruturas, quais
sejam: a) SOCIEDADE CIVIL; e b) SOCIEDADE POLÍTICA”.

Em Gramsci – “sociedade civil é o espaço onde se organizam os


interesses em confronto, é o lugar onde se tornam conscientes os
conflitos e as contradições. (SIMIONATTO, 2011, p. 70)

Ou seja, “a sociedade civil compreende o conjunto de relações


sociais que engloba o devir concreto da vida cotidiana, da vida em
sociedade, o emaranhado das instituições, ideologias, projetos e
interesses de classe distintos e, portanto, espaço de disputa pela
hegemonia”. (SIMIONATTO, 2011, p. 71)

“A sociedade política, no pensamento gramsciano, indica o


conjunto de aparelhos através dos quais a classe dominante
exerce a violência. Na sociedade política (Estado em sentido
estrito, ou Estado coerção), ocorre sempre o exercício da
ditadura, ou seja, da dominação baseada na coerção. Em outros
95478731994

termos, “o aparelho de coerção estatal assegura „legalmente‟ a


disciplina dos grupos que não consentem nem ativa nem
passivamente, mas que é constituído para toda a sociedade, na
previsão dos momentos de crise no comando e na direção, nos
quais fracassa o consenso espontâneo”. (Simionatto, 2011, p. 71)

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Simionatto (2011) afirma que é possível apontar duas questões


básicas que marcam a diferenciação entre a esfera da sociedade civil e a
esfera da sociedade política na análise de Gramsci.

PRIMEIRA – Para Coutinho (1989, p. 77) seria a “diferença na função


que exercem na organização da vida social, na articulação e
reprodução das relações de poder”. Ou seja, enquanto na sociedade
política o exercício do poder ocorre sempre através de uma dominação
mediante coerção, na sociedade civil esse exercício do poder ocorre
através da direção política e do consenso. A partir dessas considerações,
Gramsci compreende que essas esferas podem tornar-se o terreno para o
encaminhamento de uma ação transformadora ou de uma ação
conservadora. Simionatto (2011, p. 72)

SEGUNDA - Refere-se “à “materialidade (social-institucional) ”


própria a cada uma. Os portadores materiais da sociedade política
são os aparelhos repressivos do Estado, cujo controle é realizado
A segunda diferença refere-se à “materialidade (social-institucional)” própria a cada
pelas burocracias executiva e policial-militar; já na sociedade civil,
uma. Os portadores materiais da sociedade política são os aparelhos repressivos do Estado,
os portadores materiais são denominados por Gramsci „aparelhos
cujo controle é realizado pelas burocracias executiva e policial-militar; já na sociedade civil,
privados de hegemonia‟, os quais possuem uma certa autonomia em
os portadores materiais são denominados por Gramsci „aparelhos privados de hegemonia‟, os
relação à sociedade política”. (SIMIONATTO, 2011, p. 72)

Para Gramsci em cada formação social, embora de maneira


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diversificada, ocorre uma relação dialética entre sociedade política


e sociedade civil, relação esta que se manifesta principalmente
nos momentos de crise. Essa relação dialética entre a esfera da
sociedade civil e da sociedade política é explicitada por Gramsci (1977, p.
2010) da seguinte forma,

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A supremacia de um grupo social se manifesta de


duas maneiras: como „domínio‟ e como „direção
intelectual e moral‟. Um grupo social é dominante dos
grupos adversários que tende a „liquidar‟ ou submeter
também mediante a força armada e é também
dirigente dos grupos afins e aliados.

Nestes sentido, Simionatto (2011, p. 74) ressalta que “o


desaparecimento do Estado ou a construção da sociedade
regulada significa, pois, a extinção gradativa dos mecanismos
coercitivos e autoritários e o fortalecimento dos organismos da
sociedade civil, portadores materiais da hegemonia”.
Por fim, é importante assinalar que para Gramsci, é fundamental a
democratização das funções do Estado, na perspectiva de sua superação
enquanto órgão de coerção e manutenção dos privilégios e desigualdades.

Alun@! Este conteúdo é bastante


denso, como disse no início da aula.
Portanto continue muito
concentrado nos estudos.

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2.1 ESTADO E GOVERNO

Car@ Alun@, a distinção entre Estado e Governo é essencial


para nós assistentes sociais e também para qualquer profissional
que atue com políticas públicas.
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Para a instituição de uma política pública – esta enquanto dever do


Estado -, como por exemplo, Política Pública de Saúde, imprescinde da
ação de governos eleitos. Ademais, a direção desses governos interfere
diretamente no modelo de implantação e consequentemente execução
destas políticas.
Conforme assinala Simões4 (2007, p. 35)

Um governo neoliberal, por exemplo, para efetivar os


princípios constitucionais sobre a política de saúde,
tenderá a desmobilizar o aparelho de Estado e
transferir os serviços para pessoas jurídicas privadas,
por meio de licitações públicas; outro, de tendência
estatizante, para efetivar os mesmos princípios,
tenderá a prestigiar os órgãos públicos.

Portanto, o Estado brasileiro é instituído pela Constituição Federal


por meio da organização do Poder Público e este deve ser dividido nos
três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), “entes e órgãos
considerados fundamentais, às instituições e respectivas
competências e às políticas públicas”. (SIMÕES, 2007, p. 35). O
Estado brasileiro ainda é organizado nos níveis Federal, Estadual,
Municipal.
Já o “governo é a soma organizada dos representantes do
Estado, executando funções específicas que este se propõe
realizar para cumprir expressa e refletidamente os fins estatais
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que a Constituição Federal ou estadual ou a lei orgânica dos


municípios instituem”. (SIMÕES, 2007, p. 35)

4
SIMÕES, Carlos. Curso de Direito do Serviço Social. 1. Ed. Biblioteca Básica do
Serviço Social. Volume 3. São Paulo: Cortez, 2007.
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Para melhor exemplificar a ideia de Governo, Simões (2007, p. 36)


afirma que

[...] na vigência da Constituição Federal de 1988, por


exemplo, o governo Collor, o governo FHC e o governo
Lula diferenciam-se pelos diversos modos de
governar, embora a estrutura estatal seja a mesma,
no essencial. Por isso, o governo é geralmente
identificado com o Poder Executivo, como a forma por
meio da qual um ou mais partidos políticos, em
aliança, administram o aparelho do Estado.

Porém, é importante que você compreenda que o Governo não se


reduz à Administração Executiva, decorre dos órgãos que constituem o
exercício do poder estatal, como um todo.
Car@ Alun@, outro exemplo para facilitar a sua compreensão. No
Brasil, o presidente representa o Estado e o Governo, já em países onde
há o sistema parlamentarista, comumente o Rei representa o Estado e o
Primeiro-Ministro o Governo, pois este último é o responsável pela
execução das tarefas.

ESTADO – poder político que se exerce sobre um território e um


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conjunto demográfico, isto é, uma população, ou um povo.

GOVERNO – conjunto de funções pelas quais é assegurada a ordem


jurídica no Estado.

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2.2 DOMINAÇÃO RACIONAL LEGAL COM QUADRO BUROCRÁTICO.

Car@ Alun@, para tratar deste tema faremos referências a Max


Weber, um dos grandes teóricos da Burocracia.
Santos5 (2006) se referencia em Weber para compreender o
fenômeno burocrático, como forma de administração. Para para Weber
(1998), “a burocracia só se consuma quando recebe a legitimidade
dos subordinados e a partir daí passa a funcionar como
administração” ( Santos, 2006, p. 2). Portanto, compreende-se que
partindo desta perspectiva, Weber vê a burocracia como forma de
dominação.

BUROCRACIA
FORMA DE ADMINISTRAÇÃO E DE DOMINAÇÃO

Conforme sinaliza Santos (2006) Weber realizou vários estudos


acerca dos diferentes tipos de dominação e a burocracia se insere na
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dominação legal-burocrática. Ou seja,

Essa dominação possui um caráter racional,


fundamentado na crença da validade dos
regulamentos estabelecidos racionalmente e na
legalidade dos chefes designados nos termos da lei.
Assim a relação entre dominantes e dominados se
estabelece, não por vontade própria, mas por estar

5
Disponível em: http://www.anima-opet.com.br/pdf/anima5-Seleta-Externa/Mirian-dos-
Santos.pdf. Acesso em 25 janeiro 2016.
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previsto, em estatuto, que determina quem deve


mandar e quem deve obedecer. Quem manda, assim o
faz para obedecer ao estatuído. O dominante, que
está apenas exercendo uma função como dever
objetivo do cargo que ocupa, deve agir
impessoalmente, sem interferência subjetiva, sem
consideração a pessoas, sem influência de qualquer
espécie. Deve agir de maneira estritamente formal,
segundo regras racionais.

Ressalta-se que no modo burocrático de administração é aplicado o


princípio da separação entre o quadro administrativo e os meios de
administração e produção. Conforme Santos (2006, p. 2) há a
substituição do governo das pessoas pela administração das coisas e “as
ideias de organização, controle, administração e planificação transformam
o universal abstrato em ação adequada a fins”. Desse modo,
“dominação burocrática significa obediência a cargos,
hierarquização das pessoas e saberes, impessoalidade de ação,
nivelação no plano formal, divisão horizontal e vertical do
trabalho, separação do administrador dos meios de
administração”. (SANTOS, 2006, p. 3)

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Alun@! Este tema é bastante denso. Por isso, caso você tenha
ficado com dúvidas, sugiro o curso de Direito Administrativo oferecido
pelo Estratégia para o Curso do INSS. É um material construído por
professores especializados na temática, o que não é o meu caso (rs).
Também estou no fórum, para estudar e te ajudar a esclarecer qualquer
dúvida.

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2.3 OS QUADROS E MEIOS ADMINISTRATIVOS DO ESTADO.

Car@ Alun@, para compreender os quadros e meios administrativos


do Estado é necessário que você entenda o que é Administração
Pública Direta e Indireta.
Segundo Simões (2007, p. 37)

Administração Pública é o conjunto dos órgãos


federais, estaduais e municipais que desempenham
serviços públicos, por meio de agentes públicos,
organizados por leis, decretos e normas
regulamentares, para cumprimento dos fins estatais e
dos objetivos do governo.

A Administração Pública constitui-se como atividade inerente às


funções do Estado, não se confundindo com o modo pelo qual os distintos
governos a executam.
Desse modo, Simões (2007, p. 37) apresenta que

Objetivamente, a administração pública é a atividade concreta e


imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses
coletivos, abrangendo as funções exercidas pelas pessoas jurídicas,
órgãos e agentes incumbidos de atender, concretamente, às
necessidades coletivas”.

Subjetivamente, é o conjunto de órgãos, agentes e pessoas jurídicas


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aos quais a lei atribui o exercício da função administração estatal”.

Administração Pública Direta: constitui-se em órgãos que


integram os aparelhos do Estado, não possuem personalidade jurídica, e
existem como parte da Administração. Já os órgãos e entidades da
Administração Pública Indireta são as autarquias, as fundações, as
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empresas públicas e as sociedades de economia mista, possuem


personalidade jurídica própria, e por isso, devem responder diretamente
pelos atos de sua responsabilidade legal.

AUTARQUIAS – “São pessoas jurídicas de direito público que se destacam da


administração direta por exercerem serviços autônomos, instituídos em
determinada atividade típica do Estado”. (SIMÕES, 2007, p. 40)
Exemplos de Autarquias: CFESS; CRESS; INSS; USP, dentre outros.

EMPRESAS PÚBLICAS – são entidades dotadas de personalidade jurídica de


direito privado, constituídas com capital exclusivamente do Estado, de um ou
mais entes públicos, com a finalidade de exploração econômica de determinada
atividade, considerada de interesse público (por exemplo, produção de energia
elétrica, atividade financeira e outras). (SIMÕES, 2007, p. 40-41)

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – “Constituem-se sob forma de


sociedades anônimas, como o Metro de São Paulo, com capitais públicos e
privados, mas cujas ações, com direito a voto, são majoritariamente dos entes
federativos de entidade da administração indireta”. (SIMÕES, 2007, p. 41)
2. O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E CIDADANIA

3. O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL E CIDADANIA

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Car@ alun@, para tratar do Estado de bem-estar social utilizarei


como referência o livro “Política social: fundamentos e história”6,
(especificamente o capítulo III), de autoria das Professoras Elaine Rossetti
Behring e Ivanete Boschetti.

6
BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história.
3ed. São Paulo: Cortez, 2007 – Biblioteca básica do Serviço Social v.2.
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Você já deve ter percebido que


frequentemente recorro a esta obra,
sobretudo quando vamos abordar o
tema da política social. Assim, é
importante que você também dê uma
conferida neste livro, pois se trata de
uma importante referência no Serviço
Social, cujas ideias são bastante
utilizadas nas provas de concurso
público.

Pois bem, primeiramente alun@, é fundamental entender que o


Estado de bem-estar social, também conhecido como Welfare
State, é resultado de um momento específico do capitalismo,
denominado “anos de ouro” (pós-1945 – até o final dos anos de
1960). Segundo Behring e Boschetti (2007), o período é marcado por
altas taxas de lucros e ganhos de produtividade para as empresas,
além de políticas sociais para os trabalhadores.
As autoras esclarecem que a associação dos modelos
keynesiano e fordista sustentaram os “anos de ouro” do
capitalismo, combinados a condições políticas e culturais, tais
como: “[...] compromissos e reposicionamentos políticos das classes e
seus segmentos, ajustando-se às novas condições e a difusão em massa
do novo ethos consumista de massas.” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p.
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88)

Para a burguesia, a manutenção das altas taxas de lucros,


fundadas numa superexploração dos trabalhadores durante
um intervalo estável de tempo, pressuponha concessões e
acordos. Para o movimento operário organizado, essa
possibilidade histórica implicou abrir mão de um projeto
mais radical, em prol de conquistas e reformas imediatas,
incluindo-se aí os direitos sociais, viabilizados pelas políticas
sociais. (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 88)

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Mas, o que foi esse modelo keynesiano?

Behring e Boschetti (2007) elucidam que o keynesianismo


fundamenta-se nas ideias de John Maynard Keynes (1883-1946),
economista britânico, que, com o objetivo de compreender a crise de
1929 e encontrar saídas para esse momento, propôs a intervenção
estatal com vistas a reativar a economia. “Ele propugnava a mudança
da relação do Estado com o sistema produtivo e rompia parcialmente com
os princípios do liberalismo.” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 83)

O Estado, com o keynesianismo, tornou-se produtor e


regulador, o que não significava o abandono do
capitalismo ou a defesa da socialização dos meios de
produção. Keynes defendeu a liberdade individual e a
economia de mercado, mas dentro de uma lógica que
rompia com a dogmática liberal-conservadora da
época. (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 84)

Quando as autoras explicitam esse rompimento com a dogmática


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liberal-conservadora, você deve lembrar que se trata da ideia da “mão


invisível”, ou seja, para Keynes a busca pelo interesse individual não
necessariamente poderia resultar em melhoria do bem comum.

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O conceito da “mão invisível do mercado” foi empregado pelo


economista e filósofo Adam Smith, segundo o qual, em uma
economia concorrencial há um mecanismo natural do
mercado que distribui socialmente os ganhos individuais;
assim, a busca pelo interesse individual resulta no bem
comum.

Neste sentido, Keynes refuta a ideia da “mão invisível”,


argumentando que as escolhas individuais podem gerar disputas
de interesses entre o empresariado, os consumidores e os
assalariados. Nestas situações de crise, cabe ao Estado “[...]
restabelecer o equilíbrio econômico, por meio de uma política
fiscal, creditícia e de gastos, realizando investimentos ou
inversões reais que atuem nos períodos de depressão como
estímulo à economia.” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 85)

Para Keynes, diante do animal spirit dos empresários, com


sua visão de curtíssimo prazo e que tem fortes implicações
para o investimento e a renda, o Estado – como agente
externo em nome do bem comum, o que supõe uma visão
de Estado neutro e árbitro – tem legitimidade para intervir
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por meio de um conjunto de medidas econômicas e sociais,


tendo em vista gerar a demanda efetiva, ou seja,
disponibilizar meios de pagamento e dar garantias ao
investimento, até mesmo contraindo déficit público, para
controlar o volume de moeda disponível e as flutuações da
economia. (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 85)

Behring e Boschetti (2007, p. 86) explicam que, a partir desses


pressupostos, a política keynesiana objetivava amortecer os

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períodos de crise, por intermédio dos seguintes mecanismos: “[...]


a planificação da economia, na perspectiva de evitar os riscos das amplas
flutuações periódicas; a intervenção na relação capital/trabalho através
da política salarial e do „controle de preços‟; a distribuição de subsídios; a
política fiscal; a oferta de crédito combinada a uma política de juros; e as
políticas sociais”.
Nesta direção, alun@, o programa estatal estava fundado no pleno
emprego e na maior igualdade social. Em suma, preconizava-se que o

“[...] bem-estar ainda deve ser buscado individualmente no


mercado, mas se aceitam intervenções do Estado em áreas
econômicas, para garantir a produção, e na área social,
sobretudo para as pessoas consideradas incapazes para o
trabalho: idosos, deficientes e crianças. Nessa intervenção
global, cabe, portanto, o incremento das políticas sociais.
(BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 86)

Pois bem, no início deste tópico pontuei que os “anos de ouro”


também se sustentaram no modelo fordista. Aqui não aprofundarei
os detalhamentos deste modelo, pois, o edital do INSS não solicita,
porém, você deve saber que o fordismo é um sistema de produção
criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, cuja principal
característica é a produção em massa.

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Possivelmente, você já deve ter


ouvido falar, ou até mesmo
assistiu, o filme “Tempos
Modernos”, com Charles Chaplin.
Esta produção ilustra como se
organiza a linha de produção
fordista. Se ainda não teve a
oportunidade, assista o filme!

Profa. Ana Paula de Oliveira


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Behring e Boschetti (2007, p. 86) situam que esta produção em


massa estava vinculada ao consumo de massa, desse modo, além de
significar uma mudança técnica no sistema de produção, o fordismo
também foi uma “forma de regulação das relações sociais, em condições
políticas determinadas”.

Essa crença na articulação entre consumo de


massa e produção em massa como via de
sustentação de um capitalismo sem grandes
abalos, para Ford, implicava o controle sobre o
modo de vida e de consumo dos trabalhadores.
(BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 87)

Situados estes aspectos gerais acerca dos “anos de ouro”, tratarei


agora do denominado Welfare State.

Welfare State, de acordo com Behring e Boschetti (2007, p. 97) é


um termo originado na Inglaterra, também utilizado na literatura anglo-
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saxônica. As autoras sinalizam que o conceito é permeado por grandes


polêmicas e imprecisões, no tocante à sua origem e à sua abrangência -
indicativos que demonstram “[...] a necessidade de maior aproximação
conceitual no debate sobre as políticas sociais”.
De modo geral, Behring e Boschetti (2007, p. 92) afirmam que
após a Segunda Guerra Mundial gera-se um “consenso” entre as
classes sociais, assegurando “[...] o estabelecimento de acordos e
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compromissos que permitiram a aprovação de diversas legislações


sociais e a expansão do chamado Welfare State”.

Esse “consenso”, materializado pela assunção ao poder de


partidos social-democratas, institucionalizou a possibilidade
de estabelecimento de políticas abrangentes e mais
universalizadas, baseadas na cidadania, de compromisso
governamental com aumento de recursos para expansão de
benefícios sociais, de consenso político em favor da
economia mista e de um amplo sistema de bem-estar e de
comprometimento estatal com crescimento econômico e
pleno emprego. (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 86)

Neste sentido, as autoras (2007) afirmam que para um grupo de


estudiosos não são todas e quaisquer formas de política social que
podem ser entendidas por Welfare State. Assim, “[...] o que marca
a emergência do Welfare State é justamente a superação da
óptica securitária e a incorporação de um conceito ampliado de
seguridade social com o Plano Beveridge na Inglaterra, que
provocou mudanças significativas no âmbito dos seguros sociais
até então predominantes.” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 93)

Na Inglaterra, o sistema de Seguridade Social, implantado em 1942


sob a coordenação de William Beveridge (1879 – 1963), inaugurou,
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de fato, um esquema unificado de proteção social que, além de


contemplar os desempregados, os inválidos, as crianças e os idosos,
previa a aposentadoria e acatava demandas no campo da saúde e da
educação. William Beveridge elaborou sua proposta de Seguridade
Social sob os princípios da universalidade, unificação dos sistemas e
uniformidade das prestações. Este compromisso não reservou ao
Estado nacional somente um papel ativo na administração
macroeconômica. A base deste compromisso teve por eixo o pleno
emprego, obtido através da rede de serviços sociais gerados pelo
Estado de Bem-Estar Social. Desse modo, este plano propunha uma
nova lógica para a organização da política social, a partir da crítica
aos seguros sociais bismarckianos, cujo
Profa. Ana Paula acesso aos direitos vinculava-
de Oliveira
se a um sistema contributivo (tal como é a Previdência Social
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brasileira atualmente)
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Por conseguinte, os princípios que estruturam o Welfare State


são:

- Responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida


dos cidadãos, por meio de um conjunto de ações em três direções:
regulação da economia de mercado a fim de manter elevado nível de
emprego; prestação pública de serviços sociais universais, como
educação, segurança social, assistência médica e habitação; e um
conjunto de serviços sociais pessoais;
- Universalidade dos serviços sociais;
- Implantação de uma “rede de segurança” de serviços de
assistência social. (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p.94)

3.1 As crises do Estado de bem-estar social

Conforme sinalizei no item anterior, ao final dos anos de 1960


inicia-se um processo de esgotamento dos “anos de ouro” do
capitalismo, o que culminou no rompimento da política de pleno
emprego keynesianista-fordista, bem como de expansão das
políticas sociais.
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O Professor Ademir Alves da Silva (2004) apresenta algumas teses


que justificam a crise do Estado de bem-estar social, quais sejam:

Profa. Ana Paula de Oliveira


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 A tese progressista que afirma que o Estado de bem-estar


social não passa por uma verdadeira crise, sofre antes uma
mutação em sua natureza e operação;

 A tese conservadora afirma que o Estado de bem-estar


social é uma estrutura perniciosa e corresponde a uma
concepção perversa e falida do Estado;

 A tese de conservadores e progressistas de que a crise do


Estado de bem-estar social é sobretudo uma crise de caráter
financeiro – fiscal;

 Além de outras teses que afirmam, que a crise do Estado de


bem-estar social deve-se a sua perda e eficácia social; que ela
é principalmente uma crise de legitimidade e de baixa
capacidade de resistência da opinião pública, e também que
se deve ao colapso do pacto político do pós-guerra sobre o
qual erigiu-se;

 Por fim, a tese de que a crise do Estado de bem-estar social


ocorre em decorrência da sua incapacidade de responder aos
novos valores predominantes nas sociedades pós-industriais.

Na Europa e nos Estados Unidos, o Estado de bem-estar social


foi a forma mais expressiva, pela qual a sociedade capitalista
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buscou a regulação de conflitos sociais em torno do acesso à


riqueza. O que equivale dizer que o Estado de bem-estar social
representou historicamente crescentes graus de institucionalidade
democrática (criação de instrumentos e instâncias de negociação;
direitos sociais assegurados pela legislação; socialização de bens,
recursos e serviços).

Profa. Ana Paula de Oliveira


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Ou seja, O Estado de bem-


estar foi a solução para a
crise capitalista. Depois, o
mesmo Estado passou a ser
apontado como causa da
crise.

Nesse cenário, o desemprego volta a ser considerado


resultado natural da economia de mercado e os cortes nos gastos
sociais passam a ser uma medida necessária para a diminuição do
déficit público.

Qualquer semelhança com a


crise capitalista atual não é
mera coincidência. Parece
até que estamos falando do
Brasil no ano de 2016!!!

Portanto, o capitalismo contemporâneo com a configuração que


vem assumindo, especificamente nas últimas três décadas do século XX,
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acentuou sua lógica destrutiva, num contexto de crise estrutural do


capital, desenhando algumas tendências que podem assim ser resumidas:
o padrão produtivo taylorista e fordista vem sendo crescentemente
substituído ou alterado pelas formas produtivas flexibilizadas e
desregulamentadas, das quais a chamada acumulação flexível e o modelo
japonês, toyotismo, são exemplos. O modelo de regulação social-
democrático que deu sustentação ao chamado Estado de bem-estar social

Profa. Ana Paula de Oliveira


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em vários países desenvolvidos, vem também sendo solapado pela


desregulação neoliberal, privatizante e anti-social.

Verifica-se, a partir de 1960, maior distanciamento entre as


lideranças sindicais e a militância das fábricas, resultado de uma relativa
estabilização após mais de 20 anos de renovação e crescimento do
movimento sindical e do maior tamanho e complexidade dos locais de
trabalho, que deslocaram a atenção dos trabalhadores das questões
sindicais mais amplas.

Para o Professor Ricardo Antunes (1999), “a enorme expansão do


neoliberalismo a partir de fins de 1970 e a consequente crise do
Estado de bem-estar deu-se sobre um processo de regressão da
própria social-democracia, que passou a atuar de maneira muito
próxima da agenda neoliberal”.

Car@ alun@! Nos já falamos bastante


sobre neoliberalismo na aula passada.
Mas vou reforçar o conteúdo agora, pois
tem sido muito cobrado em concursos.

O neoliberalismo passou a ditar o ideário e o programa a


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serem implementados pelos países capitalistas, inicialmente nos


desenvolvidos e, logo depois, nos subdesenvolvidos, contemplando
reestruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do
Estado, políticas fiscais e monetárias sintonizadas com os organismos
mundiais de hegemonia do capital, como o Fundo Monetário Internacional
– FMI.

Como resposta do capital à sua crise estrutural, várias mutações


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ocorreram e ainda vem ocorrendo. Temos as formas flexibilizadas de


acumulação capitalista, baseada na reengenharia, que apresenta algumas
consequências importantes, tais como:

 Crescente redução do proletariado fabril estável, que se


desenvolveu na vigência do binômio taylorismo/fordismo e que
vem diminuindo com a reestruturação produtiva, flexibilização e
desconcentração do espaço físico produtivo, típico da fase do
toyotismo;
 Enorme incremento do novo proletariado, do subproletariado
fabril e de serviços, o que tem sido denominado de trabalho
precarizado, são os terceirizados;
 Aumento significativo do trabalho feminino;
 Incremento dos assalariados médios e de serviços;
 Exclusão dos jovens e pessoas de meia idade no mercado de
trabalho dos países centrais;
 Inclusão precoce e criminosa de crianças no mercado de
trabalho;
 Expansão do trabalho social combinado, onde trabalhadores de
diversas partes do mundo participam do processo de produção e
serviços;

Combinados os efeitos da recessão dos anos 1970 com a


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reestruturação produtiva e o crescente desemprego, a integração


transformou-se em perda da identidade de classe e em impotência
social e política. Os trabalhadores foram historicamente os
maiores impulsionadores do Estado de bem-estar social e o
enfraquecimento como movimento autônomo e a sua ausência no
cenário internacional dificultaram o surgimento de alternativas
contrapostas às encaminhadas pelos detentores do capital.

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Portanto, segundo, Antunes (1999) “a classe trabalhadora


fragmentou-se, heterogeneizou-se e complexificou-se ainda mais”. Ou
seja, tornou-se mais qualificada em vários setores, como na siderurgia,
em que houve uma relativa intelectualização do trabalho, mas
desqualificou-se e precarizou-se em diversos ramos, a exemplo da
indústria automobilística.

Constata-se desse modo, que para o conjunto da classe


trabalhadora, ou “classe-que-vive-do-trabalho”, utilizando termo de
Antunes (1995), o desenvolvimento tecnológico não produziu
necessariamente o desenvolvimento de uma subjetividade cheia de
sentido, mas ao contrário, desfigurou e aviltou a personalidade humana.

3.2 A noção de cidadania regulada no Brasil

Falamos no item acima sobre o Estado de bem-estar social,


enquanto uma experiência de alguns países da Europa Ocidental. É
importante ressaltar que a organização de sistemas de proteção social
não se dá da mesma maneira dos mais diferentes países, mesmos nos
ditos de capitalismo central. Sobretudo em países de capitalismo
periférico, como o Brasil, não podemos falar de Estado de bem-estar
social, tampouco em instituição de sistemas de proteção social como os
verificados nos países europeus.
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Alun@, analisando o cenário nacional verifica-se que as principais


etapas do desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Proteção
Social ocorreram, sobretudo, sob fortes governos
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presidencialistas, marcadamente corporativistas e populistas, ou


sob regimes autoritários7.

Esta forma de constituição do sistema de proteção social


contribuiu para criar uma “distorcida percepção de cidadania”,
dado o modo como os direitos sociais foram institucionalizados e
o papel que foi atribuído ao Estado nesse processo. Mais que
resultado do conflito político e da negociação entre partidos políticos,
grupos de pressão e movimentos sociais, os direitos passaram a ser
percebidos como dádivas paternalistas, concedidas pelas elites
políticas e pelo Estado provedor de benesses.
Assim, não houve uma compreensão dos direitos sociais como
direitos garantidos aos cidadãos, mas como uma benesse do Estado, na
perspectiva da cidadania regulada. O termo cidadania regulada pode
assim ser compreendido: como o mecanismo de engenharia institucional
(do Estado) que tem por objetivo relacionar os direitos do cidadão com o
lugar ocupado pelos indivíduos no processo produtivo, assegurando
direitos apenas àqueles cujas ocupações são reconhecidas e definidas
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pela legislação.

CIDADANIA REGULADA
SÓ TEM DIREITO QUEM TEM EMPREGO FORMAL

7
O governo de Getúlio Dornelles Vargas (1930 – 1945) e os governantes do período da
Ditadura Militar (1964 – 1985).

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Neste sentido, para que você compreenda de forma ampliada como


foram se constituindo os direitos sociais no Brasil, apresento uma breve
trajetória da incorporação desses direitos no curso da história
constitucional brasileira.

Primeiramente vemos que os direitos sociais são aqueles que


estabelecem conexão com os direitos de igualdade (direitos
individuais) na medida em que criam condições materiais mais
propícias ao auferimento da igualdade real, oferecendo condições
mais compatíveis com o exercício efetivo da liberdade. Esses
mesmos direitos possuem uma natureza de direitos de créditos,
pois envolvem poderes de exigir, através de prestações positivas
do Estado.
Dessa forma, vamos começar pela Constituição de 18248, a qual
trouxe um rol de direitos que consagravam uma ótica liberal e um
capítulo especial sobre as declarações de Direitos, de acordo com um
sistema americano-francês. A Constituição do Império, no campo dos
direitos fundamentais, era extremamente avançada, pois
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assegurou alguns direitos de cunho social, como o direito à


educação e à saúde, embora adotando um sistema não-
intervencionista.

8
Outorgada em 25 de março de 1824 por D. Pedro I, Pedro Alcântara Francisco Antônio
João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano
Serafim de Bragança e Bourbon (1789 – 1834).
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Já a Constituição de 18919 adotou como forma de governo a


República Federativa, optando pelo presidencialismo. Rompeu com a
divisão quadripartite vigente no Império para abraçar a doutrina de
Montesquieu10. Porém, faltou-lhe a vinculação com a realidade do
país, e por isso não obteve eficácia social. Previu o direito de
associação e de reunião, mas não previu o direito ao socorro público, nem
à instrução pública gratuita.

Antes da promulgação da Constituição de 1934, temos no país a


instituição de uma importante legislação referente à proteção social
do trabalhador, é Lei Elóy Chaves (1923), considerada o marco
inicial da Previdência Social no Brasil.

Já falamos sobre a Lei Eloy Chaves em nossas aulas sobre


Seguridade Social e Previdência Social. Caso fique com alguma
dúvida, é só consultar !!!

A Lei Elóy Chaves instituiu


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um fundo especial de
aposentadorias e pensões – Caixas de Aposentadorias e Pensões,

9
Promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891 pelo Marechal Deodoro da Fonseca (1827 –
1892).
10
Tripartição dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.

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as CAP‟s11 – para os trabalhadores em ferrovias. Mais tarde a lei é


ampliada aos marítimos e portuários pelo Decreto nº 5.109 de
1926.
Verifica-se que as bases do moderno sistema previdenciário
brasileiro que vigorou até 1966, teve seus pilares definidos no período
Vargas (1930-1945) e se constroem a partir desse sistema proposto em
1923.

A proposta previdenciária da referida lei não


se dirige aos trabalhadores em geral, nem se
referencia a um conceito de cidadania, mas,
cria medidas de proteção para um grupo
específico, tomando a empresa como unidade
de cobertura. Propõe ainda benefícios
pecuniários de aposentadorias e pensões e
prestações de serviços médicos e
farmacêuticos.

Assim, na década de 1930, vemos a ascensão de Getúlio


Dornelles Vargas ao poder, com a “Revolução de 1930”. Como Presidente
da República, Getúlio criou o Ministério do Trabalho, deu novo
impulso à cultura, preparou um novo sistema eleitoral para o
Brasil, marcando eleições para a Assembleia Constituinte, além de
uma tentativa, sem sucesso, de reformar o sistema previdenciário,
com um projeto de unificação da Previdência com a criação do
Instituto de Serviços Sociais.
Em 1934, foi promulgada uma nova Constituição Federal, a qual
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representou um grande avanço no campo dos direitos sociais,


concebendo um Estado intervencionista. Elevou os direitos e
garantias trabalhistas ao status de norma constitucional e previu
como dever dos Poderes Públicos o direito à educação.

11
As CAP`s eram estruturadas como organizações privadas, supervisionadas pelo
governo e financiado pelos trabalhadores, patronato e pela contribuição dos usuários da
rede ferroviária, via impostos.

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A Constituição Federal de 193412 trouxe, ainda, a ordem econômica


e social, com a instituição da Justiça do Trabalho, do salário mínimo 13,
das férias anuais do trabalhador obrigatoriamente remuneradas, e a
indenização ao trabalhador dispensado.
Entretanto, para Silva; Yazbek; Giovanni (2006), a
construção da proteção social estatal remontada nos anos de
1930, mostra que a regulação do Estado brasileiro, no campo das
políticas sociais tem historicamente se efetivado mediante
programas e ações fragmentadas, eventuais, portanto,
descontínuas.
A Constituição Federal de 193714 preocupou-se em fortalecer o
Poder Executivo, atribuindo-lhe uma intervenção mais direta e eficaz na
elaboração das leis; reduziu o papel do congresso nacional, em sua
função legislativa; reformou o processo representativo; conferiu ao
Estado a função de orientador e coordenador da economia nacional. No
campo do direito coletivo do trabalho, deu ao sindicato -
reconhecido pelo Estado - o privilégio de representar a todos os
que integravam a correspondente categoria, além de estipular
contratos coletivos de trabalho e impor contribuições sindicais. A
greve, entretanto, foi considerada um recurso anti-social e nocivo ao
trabalho e ao capital.
A Constituição de 194615 foi decretada e promulgada por uma
Assembleia Constituinte. No capítulo intitulado “Da Ordem Econômica e
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12
Promulgada em 16 de julho de 1934. Tendo como Presidente do período Getúlio
Dorneles Vargas (1882 – 1954).
13
O salário mínimo só tem o significado de uma renda mínima para os trabalhadores
legalmente inseridos no mercado de trabalho, ficando de for a, portanto, grande maioria
da população que participa do mercado informal de trabalho.
14
Promulgada em 16 de novembro de 1937 por Getúlio Dorneles Vargas. (1882 – 1954)
15
Promulgada em 18 de setembro de 1946 pelo General Eurico Gaspar Dutra (1883 –
1974)

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Social”, em seu art. 145, dispunha “A ordem econômica deve ser


organizada conforme os princípios da justiça social, conciliando a
liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano”.
Assegurou a todos, trabalho que possibilitasse a existência digna;
os direitos do trabalho e da previdência social que visassem à
melhoria da condição dos trabalhadores; e o direito à educação e
à cultura.
Já a Constituição de 196716 representou um retrocesso nos
direitos civis e políticos, entretanto, não interferiu nos direitos sociais
trabalhistas. As convenções coletivas do trabalho foram reconhecidas
como instrumentos de negociação entre empregados e empregadores.
Um ano antes (1966), foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), com base na unificação e uniformização dos planos de benefícios
e expulsão dos trabalhadores da gestão previdenciária. Em 1967, o INPS
assume o seguro de acidente, apesar da resistência das seguradoras.
Os anos seguintes à promulgação da referida Constituição foram de
forte repressão a todo e qualquer movimento social. Esse período foi
conhecido também pela censura severa a todos os meios de comunicação
brasileira. O direito de imprensa que vinha sendo incorporado nas
Constituições brasileiras desde 1824 (art. 179, inciso IV), foi nos anos
1970, erradicado por uma junta militar.

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16
Promulgada em 24 de janeiro de de 1967 pelo Marechal Arthur da Costa e Silva (1902
– 1975). Nesse período foi desfechado o Golpe Militar de 1964, que representou para os
brasileiros os anos mais violentos e repressivos da história do Brasil, onde foi
impossibilitada toda e qualquer forma de expressão política, artística, televisiva e
radiofônica.

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O governo militar com a intenção de abafar as massas, cria


várias medidas no campo social, dentre eles temos a criação do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)17, extensão da
Previdência Social aos trabalhadores rurais no ano de 1971; em
1972 há a incorporação das empregadas domésticas ao sistema
em caráter compulsório; em 1977 há a instituição do Sistema
Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), composto
pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e
do Instituto de Administração Financeira da Previdência Social
(IAPAS).
Nos últimos anos do governo Militar, o Brasil apresentou vários
problemas. O País experimentou a mais dramática crise econômica,
social, política e moral de sua história. Em 1984, milhões de brasileiros
participaram do movimento das “Diretas Já”, pela redemocratização do
país e pelas eleições diretas para os cargos políticos já no ano de 1985,
entretanto, tal movimento não saiu vitorioso.

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17
Fundo federal criado no ano de 1966 e obtido da arrecadação compulsória de 8%
sobre a folha salarial e vinculado ao financiamento dos programas federais de
desenvolvimento urbano: habitação, saneamento e infra-estrutura urbana. O dinheiro do
FGTS pode ser sacado pelo trabalhador a qualquer momento, como se fosse uma conta
bancária. Os saques são feitos em algumas situações específicas.
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Os anos da década de 1980 foram marcados pelo período de


transição até a Constituição da República Federativa de 198818.
Também chamada de Constituição-cidadã, a mesma reconheu
direitos sociais. Cabe pontuar que a incorporação dos referidos direitos
não ocorreu de forma pacífica, foi necessário a luta e manifestação
intensa dos movimentos sociais que se fortaleceram em fins da década de
1970 e durante os anos 1980 e dos partidos políticos então em ascensão
e dos que ressurgiram no cenário brasileiro.

A Constituição de 1988, com o Estado Democrático de


Direito, inaugurou um novo período no constitucionalismo
brasileiro. Avançou, entre outros temas, com os direitos
fundamentais sociais. Assumiu ainda os direitos sociais como
valores essenciais de uma sociedade. Dando - se claramente uma
ênfase maior que à apresentada pelas Constituições anteriores.

Em seu Capítulo II – Dos Direitos Sociais, artigo 6º temos:

Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


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trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência


sócia, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº90, de 2015)

18
Promulgada em 5 de outubro de 1988 por José Sarney.
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Ao analisar os direitos sociais na supracitada Constituição, verifica-


se que os mesmos quando se referem ao trabalhador apresentam-se de
duas espécies, primeiro os direitos dos trabalhadores em suas relações
individuais de trabalho: C.F., art. 7º; e os segundos aos direitos coletivos
dos trabalhadores: C.F., arts. 9º a 11.

Também foram introduzidas modificações nos planos de


benefícios, incorporando novos direitos e recompondo valores.
Dentre as alterações teve-se a licença maternidade de 120 dias, extensiva
aos rurais e domésticos, direito à pensão para maridos e companheiros,
redução do limite de idade – 60 anos para homens e 55 para as
mulheres, aposentadoria proporcional para as mulheres aos 25 anos de
serviço, direito de contribuição independente do exercício de atividade,
recomposição das aposentadorias e pensões pelo número de salários
mínimos da época de concessão, integralidade do 13º salário e correção
das últimas trinta e seis contribuições para efeito de cálculo do salário de
benefício.
As alterações mais significativas diziam respeito ao conceito
de Seguridade Social tomado do ponto de vista de direito do
cidadão e dever do Estado. Reconhecendo-se assim, a Seguridade
Social como um direito inerente à condição de cidadania.

Lembre-se que nós já


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estudamos a
“Seguridade Social” na
aula 04! Se tem dúvidas,
retome o conteúdo!!!

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Constata-se, portanto, que a legislação brasileira de viés


corporativista, é um elemento importante na moldagem institucional das
políticas sociais, principalmente a partir de Getúlio Vargas. As decisões na
esfera da política social foram formuladas e implementadas pela
burocracia estatal sempre subordinada à ótica da política econômica.

Devemos ressaltar que as políticas sociais gerenciadas pelo


Estado no Brasil tiveram uma função de “colchão amortecedor”
dos conflitos sociais derivados das condições de vida em que se
encontravam e ainda encontram-se submetidas às classes
subalternas ao longo de todo o desenvolvimento histórico de
nossa sociedade.
Entre 1945 e 1980 a economia brasileira cresceu e apresentou uma
taxa média superior a 7% ao ano, e se tornou uma das dez maiores
economias do mundo, com o maior sistema previdenciário do hemisfério
sul. Entretanto, o Estado brasileiro realizou de forma superficial a
universalização dos direitos políticos e sociais da cidadania, isto é, sem a
institucionalização de um Estado de bem-estar social.

Observando os anos de 1990, verifica-se que representam um


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período de profunda contradição no campo do bem-estar social no


Brasil. Pois, tem-se de um lado, um avanço no plano político-
institucional representado, sobretudo, pelo estabelecimento da
Seguridade Social e dos princípios de descentralização e de
participação social, enunciados na Constituição Federal de 1988.
Entretanto, as medidas neoliberais ocasionaram o
aprofundamento do processo de flexibilização das relações de
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trabalho, com o desmonte dos direitos sociais e trabalhistas


consagrados na Constituição Federal de 1988.

Com a prioridade atribuída ao ajuste econômico neoliberal, as


políticas sociais passaram a ser consideradas como variável dependente
do crescimento econômico, com recomendações de cortes nos gastos
sociais, ocorrendo consequente desativação e redução de programas
sociais, o que vem representando total abandono do movimento em
direção à universalização e ampliação dos direitos sociais, que marcaram
as lutas políticas dos anos 1980.
Para Silva (2006), o maior erro apresentado por tal política é a
concepção de que desenvolvimento econômico se faz sem
desenvolvimento social e que este não pode prescindir do progresso
econômico.
Assim, iniciamos o século XXI com distâncias, cada vez mais
amplas, entre indicadores econômicos e sociais. Nosso Sistema de
Proteção Social tem se mostrado incapaz de enfrentar o empobrecimento
crescente e a desproteção social de amplo contingente da população
brasileira, sem lugar no mercado de trabalho ou sujeita a ocupar postos
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de trabalhos precários, instáveis, sem proteção social e com remuneração


cada vez mais rebaixada.
Os programas sociais têm sido orientados historicamente por
políticas compensatórias e desvinculadas das políticas de
desenvolvimento econômico, cujos modelos só tem servido para
incrementar a concentração de renda e a manutenção de uma
economia centrada na informalidade, que exclui a maioria dos
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trabalhadores dos serviços sociais que deveriam atender a


população mais vulnerável.
Para Moraes (1999: 4) “nossos sistemas de proteção social foram
mais mecanismos de reprodução da desigualdade estrutural de nossas
sociedades do que instrumentos de incorporação dos segmentos
economicamente excluídos ou de redução das diferenças sociais”.
Na verdade, não chegamos a conhecer o Estado de bem-estar
social. A cultura do privilégio nos levou muitas vezes ao Estado de mal-
estar social que, ao reproduzir as estruturas de desigualdade do modelo
de crescimento econômico, em geral não foi capaz de resolver os
problemas das maiorias.
Assim, verifica-se que os trabalhadores com vínculo formal podem
recorrer aos serviços do sindicato, aos serviços da empresa, aos serviços
previdenciários, aos serviços sociais públicos, aos serviços particulares
contratados, mesmo que precários. Mas o trabalhador que não possui
esse amparo legal fica à mercê de políticas compensatórias, fragmentadas
e descontínuas.
Por isso é importante resistir à tendência de dissociar a política
social da política econômica e a seguridade social do mercado. A
seguridade social não pode sucumbir às pressões em favor da liberdade
do mercado em face dos constrangimentos de ter que financiar e manter
a seguridade social, especialmente em seu elenco de benefícios “não
contributivos” 95478731994

Com a perspectiva de sucateamento do Estado, durante a


década de 1990, a lógica do mercado tornou-se hegemônica e
invadiu os espaços sociais que antes não tinham a sua
interferência. Sob a ótica da defesa da diminuição da intervenção
estatal na economia, viabiliza-se um receituário de reduções de
gastos sociais, privatizações das empresas do setor público e

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desregulamentação dos mercados, principalmente o da força de


trabalho.

Esse cenário
continuar a
agudizar-se na
atualidade.

4. AS DIFERENTES CONCEITUAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS.

Car@ alun@! Entramos agora numa discussão, no sentido pleno da


palavra. A conceituação de política pública não é unanime entre os
diferentes autores, mesmo dentro do Serviço Social. Para este curso
tomamos como referência os estudos da Professora Potyara Amazoneida,
sobretudo em seu texto intitulado “Discussões conceituais sobre política
social como política pública e direito de cidadania”.

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4.1 O significado clássico da política

O termo política tem origem grega, era associado à pólis, isto


é, à cidade, e indicava toda a atividade humana que tinha como
referência a esfera social, pública e cidadã. Com o decorrer do
tempo, o termo política foi perdendo seu sentido original e adquirindo
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várias conotações, mas sempre mantendo como centro da atividade


política o Estado.
É importante ressaltar que a política resulta do imperativo de
convivência entre os homens que, ao viverem em sociedade,
passam a viver conflitos em decorrência de suas diferenças.
Assim, diante desses conflitos, existem na história das sociedades
duas principais formas de regulação social (Rua, 1998):

a) a coerção pura e simples, como acontece nas ditaduras ou nos Estados


restritos; e
b) a política como instrumento de consenso, negociação e entendimento
entre as partes conflitantes, usado nas democracias ou nos Estados
ampliados.

A política, ao contrário da simples coerção, possibilita o exercício de


procedimentos democráticos. Não estamos sendo ingênuos e inferindo
que a política não implica na possibilidade de coerção. Entretanto, esta
coerção está circunscrita aos limites das leis legitimadas pela sociedade e
de princípios irrevogáveis previamente fixados. Da mesma forma, o poder
coercitivo do Estado, além de lhe ser delegado pela sociedade, deve ser
controlado por ela (controle democrático). Trata-se assim, a política, “de
uma possibilidade de resolver conflitos sem a recíproca destruição
dos conflitantes e com ganhos
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expressivos em termos de
convivência” (Nogueira, 2001, p.13/14).
A política, dialeticamente, é uma arena de conflito de interesses.
Contudo, é justamente por ser conflituosa (e contraditória), que a política
permite a formação de contra poderes em busca de ganhos para a
comunidade e de ampliação da cidadania. É por meio da luta política que
a cidadania se amplia e amadurece.

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4.2 A Política como Política Pública

A política, na sua configuração recente e restrita, tem a conotação


de política pública, e tem a política social como uma espécie do gênero.

Oi? Perai professora, como é


mesmo isso? É assim: a política
pública é mais ampla. Política
social é um dos gêneros de
política pública.

A política pública faz parte do ramo de conhecimento


denominado policy science, que, segundo Howlett e Ramesh (1995,
p.2) surgiu nos Estados Unidos e na Europa, no segundo pós-guerra. Com
o crescente distanciamento que se verificou entre prescrição e a ação dos
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Estados modernos, novas abordagens teóricas e metodológicas


emergiram com o intuito de conciliar teoria e prática. Disso resultou a
valorização da análise empírica das políticas realmente existentes para a
construção de teorias.
No contexto dessas mudanças e reorientações teóricas e
metodológicas, várias abordagens se constituíram ou se reformularam.
Vamos destacar aqui a Policy Science.
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A Policy Science destaca-se por não ter como objeto privilegiado a estrutura
dos governos, ou o comportamento dos atores políticos, e nem o que os
governos podem ou não fazer, mas sim o que os governos efetivamente
fazem. Por conseguinte, o objeto privilegiado desse ramo de conhecimento é a
politica pública, assim como a dinâmica de sua formação e processamento.
Com essa disposição, a policy science pretende não apenas se diferenciar dos
tradicionais estudos políticos, mas também resgatar a relação orgânica entre
teoria politica e prática política, sem cair na esterilidade dos estudos formais e
legais (Howlett e Ramesh). Segundo Lasswell (apud Howlett e Ramesh), esse
ramo de conhecimento tem três características principais: a) é multidisciplinar;
b) é intervencionista; c) é normativa.

Essa delimitação teórica não significa, porém, que haja


unanimidade na definição do conceito de politica pública, na
interpretação da sua dinâmica de constituição e processamento e na
concepção da natureza da relação entre Estado e sociedade requerida por
essa dinâmica.
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Dentre as competitivas interpretações conhecidas, destacam-se


duas:

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 A que privilegia o Estado como produtor exclusivo de politica


pública, a ponto de conceber o termo público como sinônimo do
termo estatal; e
 A que privilegia a relação dialeticamente contraditória entre
Estado e sociedade como o fermento da constituição e
processamento dessa politica. Neste sentido, a politica publica
não é só do Estado, visto que para sua existência, a sociedade
também exerce papel ativo e decisivo.

Preste atenção alun@!


Pois este conteúdo
costuma ser cobrado em
forma de pegadinha.

Política pública não é sinônimo de politica estatal!!!!!

Coisa (res) de todos (publica), que se pauta pelo interesse comum.


É ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente,
ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o
controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do
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governo. Portanto, quando se fala de política pública, está se


falando de uma política cuja principal marca definidora é o fato de
ser pública, isto é, de todos, orientada pelo interesse comum, e
não porque seja estatal (do Estado) ou coletiva (de grupos
particulares da sociedade) e muito menos individual.

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O caráter público da política pública significa que ela é pautada em


um conjunto de decisões e ações que resulta ao mesmo tempo de
ingerências do Estado e da sociedade, apresentando as seguintes
características (PEREIRA, 2002, p.98):

a) Constitui um marco ou linha de orientação para a ação pública, sob a


responsabilidade de uma autoridade também pública, sob o controle da
sociedade;
b) Visa concretizar direitos sociais conquistados pela sociedade e
incorporados nas leis (materializados através de programas, projetos e
serviços sociais)
c) Guia-se pelo princípio do interesse comum, ou público, e da soberania
popular;
d) Deve visar à satisfação das necessidades sociais e não das
necessidades do capital (Gough, 2003).

A palavra política, que compõe o termo política pública, tem uma


conotação específica. Refere-se a medidas e formas de ação formuladas e
executadas pelos Estados modernos, com vista ao atendimento de
legítimas demandas e necessidades sociais.
O estudo da política pública é também o estudo do Estado em ação
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(Meny e Toenig) nas suas permanentes relações de reciprocidade e


antagonismo com a sociedade, a qual constitui o espaço privilegiado das
classes sociais.

Politica pública não significa só ação. Pode ser também não-ação


intencional de uma autoridade pública frente a um problema ou
responsabilidade de sua competência.
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No período posterior ao segundo pós-guerra, as políticas públicas,


longe de serem receitas governamentais, resultaram de novas relações
entre Estado e sociedade, em que os conceitos de justiça social e
equidade tornaram-se menos abstratos, como já falamos no decorrer da
aula.
A Professora Potyara Pereira (2002, p.100/101) defende que duas
são as principais funções da política pública:

a) Concretizar direitos conquistados pela sociedade e incorporados nas


leis; e
b) Alocar e distribuir bens públicos;

Neste sentido, a autora classifica as políticas públicas tendo como


parâmetro os principais padrões de arenas de conflito em que a politica é
produzida, associados à forma de regulamentação que resulta desses
padrões. Assim, são basicamente quatro os tipos de política, a saber:

a) Politica regulamentadora: politicas que “consistem em ditar as


regras autoritárias que afetam o comportamento dos cidadãos” (Meny e
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Thoenig, p.99);
b) Política constitutiva: ações que, basicamente, definem regras sobre
normas ou o poder constituído.

Além destes dois tipos, temos as políticas distributivas e


redistributivas, que são muito cobradas nas provas de concursos.

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c) Política redistributiva: tem o objetivo de produzir um maior


equilíbrio na distribuição de bens, ou seja, redistribuir a renda
concentrada por classe social e reduzir a desigualdade social. Neste
sentido, o poder público “dita critérios que dão acesso a vantagens a
categorias de casos e sujeitos” em detrimento de outros; Ex: isenção de
IPTU para pessoas de baixa renda.
d) Política distributiva: Políticas que não incitam confrontos de
interesses. Os governos retiram de um fundo público constituído com
recursos arrecadados da população um montante para atender demandas
e necessidades sociais pontuais. Este tipo de política não tem caráter
universal. Ex: distribuição de cadeiras de rodas a pessoas com deficiência.

4.3 Relação das Políticas Públicas com os Direitos de Cidadania

Vamos tratar agora de um tema muito debatido dentro do Serviço


Social: OS DIREITOS DE CIDADANIA. Na maior parte das vezes, no
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entanto, de forma bem superficial....

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Existem atualmente quatro gerações de direitos que, mais do que


constituir uma classificação para fins analíticos, indicam um processo real
de ininterruptos esforços da humanidade para conquistar direitos,
transitando de valores liberais para social-democratas, de modo
progressivo. Portanto, a história de conquista desses direitos é a história
de sua expansão e fusão. E é isso que, de certa forma, torna a cidadania
um processo paradoxal.
É importante destacar que esta conceituação também não é
inequívoca dentro das Ciências Sociais. Diferentes autores classificam os
a geração de direitos (ou as dimensões de direitos) de modo diferente.
Vamos lá!!!
Como demostrou T.H.Marshall (1967) os primeiros direitos
conquistados foram os civis que, no século XVIII, inspiraram-se no ideário
liberal. São direitos individuais de caráter negativo (pois preconizam a
abstenção do Estado), relacionados à liberdade. Posteriormente,
surgiram, no século XIX, os direitos políticos, que demarcaram a transição
para as liberdades positivas (que exigem a atuação do Estado). Estes são
os direitos de primeira geração.

DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS –


DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO

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No século XX, surgiram os direitos econômicos, sociais e culturais,


ou simplesmente os direitos sociais, referenciados no princípio da
igualdade. São considerados direitos fundamentais de segunda geração, e
tem como instituição responsável o Estado.

DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO

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Foi com o advento dos direitos sociais que as tensões entre


princípios liberais e social-democratas se evidenciaram. Muitos adeptos da
ideologia liberal, diante das mudanças estruturais impostas pelo segundo
pós-guerra e da ameaça criada pelas conquistas operárias socialistas,
preferiram encampar e regular os direitos sociais. Assim, a cidadania
acabou por se constituir como uma fusão entre direitos individuais e
sociais, em que os direitos civis constituem a base de sustentação e de
ampliação dos direitos políticos e sociais, ao mesmo tempo em que são
fortalecidos por eles. Esse processo tensionou, recriou e expandiu a
cidadania, associando a ela novos temas e dimensões. Mas, no modo de
produção capitalista, concretizá-la significa lutar permanentemente contra
um problema que lhe é intrínseco: a divisão da sociedade em classes
impõe diferenciações de acessos e usufrutos, submetendo o universalismo
jurídico à lógica do mercado.
No que diz respeito aos direitos sociais, o fato de eles dependerem
de recursos para serem efetivados, impõe, às políticas públicas que
devem concretizá-los, desafios reais. Por isso, contemporaneamente tais
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políticas (notadamente a social) devem se inscrever num quadro de


mudanças que também preveja a recuperação e transformação do
Estado, tendo como horizonte uma estratégia que vá além dos direitos
como postulação normativa respaldada no seguinte lema: que o livre
desenvolvimento de cada um seja a condição do livre desenvolvimento de
todos. (Marx e Engels, 1988, p.87)

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Na atualidade ganharam visibilidade os chamados direitos difusos,


que, para muitos analistas, são extensões dos direitos sociais num mundo
globalizado e tecnologicamente avançado. Relacionados aos valores da
fraternidade e solidariedade, em tal categoria é difícil demarcar os
titulares e a instituição que os defenderá, posto que nela se insere toda a
humanidade, que tem direito, por exemplo, ao meio-ambiente, ao
desenvolvimento, etc.

DIREITOS DIFUSOS – DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Alguns teóricos classificam também os direitos de quarta geração,


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mas aqui vamos nos ater na definicação acima, em consonância com os


estudos da Professora Potyara Pereira (2002).

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5. REGIMES POLÍTICOS E ESTADOS NACIONAIS: NACIONALISMO.

Car@ Alun@ neste item vamos tratar dos Estados Nacionais e dos
Regimes Políticos.

Eita que esta aula não


acaba!!!!!!!!!

Segundo Guimarães19 (2008) “Nação e nacionalismo


correspondem a realidades que têm forte impacto sobre a política
e se encontram vinculadas ao fato mais concreto da realidade
quotidiana de todos os indivíduos, que é o Estado”.
Cabe assinalar que o conceito de nacionalismo possui diversas
interpretações. Para Guimarães (2008), a diferenciação decorre dos locais
onde se desenvolvem os processos de movimentos nacionalistas. Na
Europa, por exemplo, os movimentos nacionalistas são fortemente
marcados pelo ideário nazi-fascista.
Considerando o exposto, o conceito de NACIONALISMO carrega
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um forte conteúdo negativo. Desse modo, Guimarães (2008) assinala que


“Nacionalismo é o sentimento de considerar a nação a que se
pertence, por uma razão ou por outra, melhor do que as demais
nações e, portanto, com mais direitos, sendo manifestações

19
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0103-
40142008000100010&script=sci_arttext. Acesso em 26 de janeiro de 2016.

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extremadas desse sentimento a xenofobia, o racismo e a


arrogância imperial”.
Porém, “Nacionalismo é, também, o desejo de afirmação e de
independência política diante de um Estado estrangeiro opressor
ou, quando o Estado já se tornou independente, o desejo de
assegurar em seu território um tratamento pelo Estado melhor, ou
pelo menos igual, ao tratamento concedido ao estrangeiro, seja
ele pessoa física seja jurídica”. (GUIMARÃES, 2008).
Ademais, Guimarães (2008) ressalta que “os movimentos
nacionalistas significativos do ponto de vista político, cujas manifestações
históricas mais simples decorrem de identidade étnica, linguística ou de
pertencimento, no passado, a uma organização política, têm como seu
principal objetivo o estabelecimento de um Estado ou a modificação das
políticas do Estado para defender ou privilegiar interesses dos que
integram certo movimento”.
O autor assinalado traz ainda o conceito de Nação para reforçar
suas análises acerca do tema. Para ele,

NAÇÃO – “em seu sentido político moderno, é uma comunidade de


indivíduos vinculados social e economicamente, que compartilham
certo território, que reconhecem a existência de um passado
comum, ainda que divirjam sobre aspectos desse passado; que têm
uma visão de futuro em comum; e que acreditam que esse futuro
será melhor se se mantiverem unidos do que se separarem, ainda
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que alguns aspirem modificar a organização social da nação e seu


sistema político, o Estado”. (GUIMARÃES, 2008)

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Ou seja, com base no entendimento assinalado podemos falar de


nação brasileira, nação mexicana, nação americana, e assim por diante.

Car@ alun@! Para complementar o


exposto, vou apresentar brevemente
os conceitos de Democracia,
Fascismo, Socialismo e Comunismo.

5.1 Democracia, Fascismo, Socialismo e Comunismo.

Por meio da etimologia da palavra, compreende-se Democracia


como proveniente do grego, significando demos – povo e kratein –
governar. Sendo comum o entendimento de Democracia como o
governo do povo – demokratia.
Para compreensão conceitual de Democracia, Tejadas20 (2012)
apresenta como a Democracia era organizada na Grécia Antiga, explica
qual o papel da Assembleia, do Conselho e da Magistratura, enquanto
componentes para a materialização do que os gregos consideravam como
Democracia. Todavia, importante ressaltar que na Grécia, os direitos
políticos não eram extensivos a todos os cidadãos, sendo que as mulheres
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e os escravos, por exemplo, estavam excluídos da participação na


democracia ateniense, e eles à época constituíam a maior parte da
população.
Apresentando uma síntese provisória, nas palavras da autora,
Tejadas (2012, p.46) afirma que “naquela conjuntura, a democracia

20
TEJADAS, Sílvia da Silva. O Direito Humano à proteção social e sua
exigibilidade: um estudo a partir do Ministério Público. Juruá Editora: Curitiba, 2012.

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tinha como núcleo central: o autogoverno, a igualdade política,


liberdade, justiça, participação do cidadão, discussão política para
interesses comuns, controle sobre as ações dos governantes”.
Para a teoria clássica, que tem fundamento nas ideias de Aristóteles,
“Democracia é o Governo do povo, ou seja, de todos os que gozam
dos direitos do cidadão” (p.47) e este distingue da monarquia como
Governo de um só e da aristocracia, como o Governo de poucos.
Para a teoria medieval (romana), a ideia base é a da soberania
popular, ou seja, “o poder supremo pode derivar do povo e tornar-
se representativo (ascendente) ou derivar do Príncipe e ser
transmitido por delegação (descendente) ”. (TEJADAS, 2012, p. 47)
Para a teoria moderna (Maquiavel), esta, nascida com o Estado
moderno, “a democracia se equipara à República”. (TEJADAS, 2012,
p. 47)
Tejadas (2012, p. 47) apresenta a análise de que “o conceito de
Democracia sofreu alterações no decorrer da história, contudo seu
desenvolvimento está marcado pelo conteúdo liberal, sendo que
as ideias básicas do conceito, como liberdade, comunidade e
igualdade, sofreram mudanças a partir do final do século XIX”.
Tejadas (2012) utiliza ainda as análises de Chauí (2000), para
auxiliá-la nas leituras das mutações sofridas pela democracia a partir das
categorias classe social e capitalismo. Tejadas afirma ainda que Chauí
(2000) realiza uma provocação ao relacionar o debate sobre a democracia
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ao modo de produção capitalista. Porém, este não é o foco de nossas


considerações neste documento.
Alun@s, sugiro que aqueles que têm o interesse em
aprofundar o debate da Democracia relacionando com a realidade
brasileira e o modo de produção capitalista leiam os escritos de
Marilena Chauí.

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Quanto ao Fascismo, segundo Feijó21 (2008) este em conjunto com


o nazismo (vertente alemã), “representam um movimento da
extrema direita em prol da regeneração nacional contra a ameaça
do comunismo e da democracia liberal”.
Ademais, tanto o fascismo, quanto o nazismo, constituem-se
enquanto regimes de extrema direita e apresentam-se apenas como
inimigos mortais do comunismo, “mas também, e principalmente,
pela sua oposição fundamental ao valor da igualdade”. Pois, ambos
defendem o entendimento de superioridade de uma raça em relação à
outra.
Segundo Feijó (2008) “O fascismo não se confunde com o
conservantismo do século XIX, embora ambos os movimentos
ideológicos abominem a igualdade humana. Há uma ligação
histórica entre o fascismo e o conservantismo monárquico, como
movimentos da direita. O conservantismo monárquico apega-se a
um tipo de elitismo ligado aos antigos valores das famílias
tradicionais da Europa, o fascismo é um movimento de massas
inimigo da igualdade racial entre os povos (tida como fonte de
ruína da humanidade)”.
Quanto ao Socialismo, para Carlos Nelson Coutinho22 (1980, p. 27)

“o socialismo não consiste apenas na socialização dos


meios de produção, o que se tornou possível pela
prévia socialização do trabalho realizada sob o
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impulso da própria acumulação capitalista; consiste


também ou deve consistir, se pretende explicitar
todas as suas potencialidades – numa progressiva
socialização dos meios de governar. E essa última
socialização também se torna possível graças à

21
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
31572008000100006. Acesso em 26 de janeiro de 2016.
22
COUTINHO, Carlos Nelson. A Democracia como Valor Universal. São Paulo: Editora
Ciências Humanas, 1980.

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crescente participação das massas organizadas na


vida política, através da formação dos sujeitos
políticos coletivos que já as vicissitudes da
reprodução capitalista –sobretudo na fase
monopolista – impõem às várias classes e camadas
sociais prejudicadas pela dinâmica privatista dessa
reprodução”.

Ou seja, para Coutinho (1980, p. 27-28) “o socialismo não


elimina apenas a apropriação privada dos frutos do trabalho
coletivo; elimina também – ou deve eliminar – a apropriação
privada dos mecanismos de dominação e de direção da sociedade
em seu conjunto”.
Segundo Coutinho (1980, p.28),

a superação da alienação política pressupõe o fim do


“isolamento” do Estado, sua progressiva reabsorção pela
sociedade que o produziu e da qual ele se alienou. Ora, com
o atual nível de complexidade social, essa reapropriação só
se tornará possível por meio de uma articulação entre os
organismos populares de democracia de base e os
mecanismos “tradicionais” de representação indireta (como
os parlamentos). Essa articulação fará com que esses
últimos adquiram uma nova função – ampliando o seu grau
de representatividade – na medida em que vierem a se
tornar o local de uma síntese política dos vários sujeitos
coletivos. E essa síntese é imprescindível se não se quer que
tais sujeitos coletivos se coagulem ao nível da defesa
corporativa de interesses puramente grupais e
particularistas, reproduzindo assim em outro nível a
atomização da sociedade civil que serve objetivamente à
perpetuação do domínio burguês.
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Sobre o Comunismo, vou utilizar como referência um artigo


produzido por Bruno Groppo23 (2008) intitulado O Comunismo na
História do Século XX publicado na revista Lua Nova. Para maiores
aprofundamentos sobre a temática há textos produzidos por Leandro
Konder Comparato, Carlos Nelson Coutinho, Antônio Carlos Mazzeo,

23
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ln/n75/07.pdf. Acesso em 27 de janeiro de
2016.
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dentre diversos outros autores, que tratam deste tema enquanto


referências teóricas brasileiras.
Para Groppo (2008) o modelo de comunismo do século XX
apresentou desde o seu início uma dimensão dupla:

 Por um lado, de movimento revolucionário;


 Por outro, de sistema de poder estatal;

Ressalta-se que os dois aspectos apresentados acima são


indissociáveis. Groppo (2008) assinala que “a história do comunismo
como movimento revolucionário em escala mundial está estreitamente
ligada à história da Rússia e, em seguida, à da União Soviética”.

5.2 Neoliberalismo, contexto político e econômico atual.

Car@ Alun@ para tratarmos do Neoliberalismo e do contexto


político e econômico atual partimos do pressuposto assinalado por Netto24
e Braz (2007) de que o capitalismo contemporâneo encontra-se na
terceira fase do estágio imperialista.
Já assinalei nesta aula e em outras aulas a respeito da profundidade
da crise vivenciada em cenário mundial após os anos 1970, que colocou
fim aos anos considerados “dourados” da economia mundial.
Uma das consequências desta crise foi o estabelecimento do ideário
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neoliberal como assinalado na aula anterior. Nesta aula vamos retomar e


aprofundar o tema.
Para Netto e Braz (2007, p. 226),

24
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política. 3. Ed. Biblioteca Básica do
Serviço Social – Volume 01. São Paulo: Cortez, 2007.
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O que se pode denominar ideologia neoliberal


compreende uma concepção de homem (considerado
atomisticamente como possessivo, competitivo e
calculista), uma concepção de sociedade (tomada
como um agregado fortuito, meio de o indivíduo
realizar seus propósitos privados) fundada na ideia da
natural necessária desigualdade entre os homens e
uma noção rasteira da liberdade (vista como função
da liberdade de mercado)

A ideologia neoliberal sustenta a necessidade da diminuição do


papel do Estado por meio do corte de excedentes, justificado pelo ataque
do grande capital contra as dimensões democráticas da intervenção do
Estado na economia. (Netto e Braz, 2007)
Netto e Braz (2007, p.227) assinalam que se apresenta enquanto
falácia a defesa da diminuição do Estado, pois é notório que a economia
capitalista “não pode funcionar sem a intervenção estatal; por isso
mesmo, o grande capital continua demandando essa intervenção”.

“Na verdade, ao proclamar a necessidade de um “Estado mínimo” o


que pretendem os monopólios e seus representantes nada mais é que
um Estado mínimo para o trabalho e máximo para o capital”.
(NETTO; BRAZ, 2007, p. 227)

Como resultado desse processo neoliberalizante o grande capital


impôs algumas “reformas” objetivando retirar do controle estatal
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empresas e serviços por meio de um processo de privatização da coisa


pública.
O processo de privatização incidiu na entrega ao
“grande capital, para exploração privada e lucrativa,
complexos industriais inteiros (siderurgia, indústria naval e
automotiva, petroquímica) e serviços de primeira
importância (distribuição de energia, transportes,
telecomunicações, saneamento básico, bancos e seguros)

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Portanto, compreende-se que o objetivo real do capital monopolista


não seria a diminuição do Estado, mas a diminuição de algumas das
funções que o Estado exerce com a transferência delas para a iniciativa
privada.

6. RESUMO D@ CONCURSEIR@

- Estado: Conceito e mudanças na organização do Estado


moderno.
 Enciclopédia Trecciani – Estado - “[...] modernamente a maior
organização política que a humanidade conhece, ela se refere quer
ao complexo territorial e demográfico sobre o qual se exerce uma
dominação (isto é, o poder político), quer à relação de coexistência
e de coesão das leis e dos órgãos que dominam sobre esse
complexo”. (GRUPPI, 1986, p. 07)
 A Enciclopédia supramencionada traz 3 elementos que devem ser
considerados presentes no Estado: PODER POLÍTICO, POVO e
TERRITÓRIO, ressaltando que seria necessário a existência destes 3
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elementos para que se possa falar em Estado.


 Gruppi (1986, p. 09) nos traz que compreende o Estado moderno
como “unitário, dotado de um poder próprio independente de
quaisquer outros poderes” e que este Estado começa a nascer na
segunda metade do século XV em alguns países, dentre eles,
França, Inglaterra e Espanha.

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 Analisando as formações do Estado moderno, Gruppi (1986) relata


que uma fase importante da formação do Estado Moderno foi a
rebelião da Inglaterra, quando o rei Henrique VIII se separou da
Igreja Católica, criando a Igreja Anglicana e sendo o chefe desta
última, pois neste momento temos a proclamação da absoluta
autonomia e soberania do Estado.
 Para Thomas Hobbes (1588-1679) – “O Estado de natureza é um
estado configurado pela existência de um desejo perpétuo de poder
pelos homens. O poder é definido pela capacidade individual de
adquirir riqueza, reputação e de comandar e dominar os outros.”
(MONTAÑO; DURIGUETO , 2010, p. 23)
 CONTRATO SOCIAL – “Uma espécie de pacto entre homens para
estabelecer tais normas e autoridades às quais se submeterão
consensualmente – seria o meio pelo qual ocorreria a passagem de
um estado para o outro. O Estado seria o produto do contrato
social, ou seja, da conjunção de vontades individuais”. (MONTAÑO;
DURIGUETO, 2010, p. 23)
 Assim como Hobbes, Locke também realizou análises a respeito da
forma como o poder político deveria constituir-se para “garantir a
segurança, a paz e a liberdade da esfera privada”. Montaño e
Duriguetto (2010, p. 25).
 “Locke argumenta, como Hobbes, que os homens viviam em estado
de natureza, um estado de absoluta liberdade. Também, para ele,
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esse estado é passível de conflitos em razão da ausência de leis e


de coerção, porém (a diferença de Hobbes), o possível conflito
ameaça a paz natural. [...] Locke justifica a legitimidade da posse
dos bens (a propriedade privada), não sendo objeto de disputa pela
força. Para ele, o fundamento originário da propriedade é o
trabalho. Os homens tornavam-se proprietários à medida que

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transformavam o “estado comum” da natureza através de seu


trabalho, visando a sua subsistência e satisfação.
 Gruppi (1986) afirma que Locke possui uma concepção tipicamente
burguesa para suas fundamentações, sendo considerado o teórico
da revolução liberal inglesa. Locke afirmava que os homens se
juntaram em sociedades políticas e submetiam-se a um governo
com a finalidade principal de conservarem suas propriedades.
 Segundo Montaño e Duriguetto (2010, p. 27-28), Rousseau “ocupa
um lugar à parte pelas significativas formulações realizadas acerca
das relações entre Estado e sociedade civil. Sua concepção dessas
relações é radicalmente oposta àquela defendida por Hobbes e
Locke”.
 VONTADE GERAL – “entendida como o que traduz o que há de
comum nas vontades individuais e não a simples soma de vontades
particulares ou da maioria. O que dá suporte à vontade geral é,
pois, o interesse comum, que é entendido como o interesse de
todos e de cada um enquanto componentes do corpo coletivo. É
com base no interesse comum que a sociedade deve ser
governada”. Montaño e Duriguetto (2010, p. 29)
 Para Marx, o Estado, é a expressão da sociedade civil, isto é, das
relações de produção que nela se instalaram. Verifica-se que para o
pensamento liberal há a separação entre sociedade civil e sociedade
política e não a conexão apontada por Marx.
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 Gruppi ressalta que para Marx não é o Estado que funda a


sociedade civil, que absorve em si a sociedade civil, como afirmava
Hegel, pelo contrário, é a sociedade civil, entendida como o
conjunto das relações econômicas que explica o surgimento do
Estado, seu caráter, a natureza de suas leis, e assim por diante.
 Para Gruppi (1986), a teoria marxista do Estado está implícita na
análise das relações econômicas, pois em Marx falta uma

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elaboração da teoria do Estado. Já outros autores como Carlos


Nelson Coutinho e José Paulo Netto entendem que não era o
objetivo de Marx realizar uma teoria a respeito do Estado, mas sim
a análise acerca do Capitalismo.
 Gruppi considera que para compreendermos a gênese, a origem do
Estado, é preciso examinar a forma completamente desenvolvida do
Estado moderno capitalista. E que Engels parte do conhecimento do
Estado capitalista para buscar na história sua origem e sua gênese.
 Assim Gruppi (1986) afirma que o Estado se apresenta com base
nos estudos de Engels enquanto resultado de um processo pelo qual
a classe economicamente mais forte, isto é, a que detém os meios
de produção decisivos nessa determinada sociedade, afirma todo o
seu poder sobre a sociedade inteira, e estabelece também
juridicamente esse poder, essa preponderância de caráter
econômico.
 Para Gramsci, também como para Lênin, a conquista do Estado não
é pura e simplesmente um momento negativo de destruição, mas
sim o processo de crescimento de um novo tipo de Estado, que se
organiza ainda antes da conquista do poder.
 Quanto às análises de Gramsci acerca do Estado – Gruppi (1986)
entende que o pensador italiano foi quem estabeleceu o contato do
movimento operário italiano com os ensinamentos de Lênin e a
partir disso foi possível dar continuidade aos estudos sobre o
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Estado.
 Para Simionatto (2011, p. 67), “A concepção marxista de Estado
será tanto mais „ampla‟ quanto maior for o número de
determinações do fenômeno estatal por ela
mediatizados/sintetizados na construção do conceito de Estado; e
que, vice-versa, será „restrita‟ uma formulação que (consciente ou

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inconscientemente) se concentra no exame de apenas uma ou


relativamente poucas determinações do fenômeno político-estatal”.
 Se, para Marx, o Estado é um aparelho coercitivo, instrumento de
dominação, para Gramsci, o Estado não é algo impermeável às
lutas de classe, mas é atravessado por elas. (p. 68)
 Em Gramsci – “sociedade civil é o espaço onde se organizam os
interesses em confronto, é o lugar onde se tornam conscientes os
conflitos e as contradições. (SIMIONATTO, 2011, p. 70)
 Conforme assinala Simionatto (2011, p. 71) “A sociedade política,
no pensamento gramsciano, indica o conjunto de aparelhos através
dos quais a classe dominante exerce a violência. Na sociedade
política (Estado em sentido estrito, ou Estado coerção), ocorre
sempre o exercício da ditadura, ou seja, da dominação baseada na
coerção. Em outros termos, “o aparelho de coerção estatal assegura
„legalmente‟ a disciplina dos grupos que não consentem nem ativa
nem passivamente, mas que é constituído para toda a sociedade,
na previsão dos momentos de crise no comando e na direção, nos
quais fracassa o consenso espontâneo”.

- Estado e governo

 Simionatto (2011, p. 74) ressalta que “o desaparecimento do


Estado ou a construção da sociedade regulada significa, pois, a
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extinção gradativa dos mecanismos coercitivos e autoritários e o


fortalecimento dos organismos da sociedade civil, portadores
materiais da hegemonia”.
 O Estado brasileiro é instituído pela Constituição Federal por meio
da organização do Poder Público e este deve ser dividido nos três
poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), “entes e órgãos

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considerados fundamentais, as instituições e respectivas


competências e as políticas públicas”. (SIMÕES, 2007, p. 35)
 No tocante ao Governo brasileiro nos níveis (Federal, Estadual,
Municipal) – é compreendido como o modo como a organização do
Estado brasileiro é exercida, representado pelo partido político e
seus políticos eleitos.

- Dominação racional legal com quadro burocrático.

 Segundo Santos (2006, p. 2), para Weber (1998), “a burocracia só


se consuma quando recebe a legitimidade dos subordinados e a
partir daí passa a funcionar como administração”. Portanto,
compreende-se que partindo desta perspectiva, Weber vê a
burocracia como forma de dominação.”
 Ressalta-se que no modo burocrático de administração é aplicado o
princípio da separação entre o quadro administrativo e os meios de
administração e produção. Conforme Santos (2006, p. 2) há a
substituição do governo das pessoas pela administração das coisas
e “as ideias de organização, controle, administração e planificação
transformam o universal abstrato em ação adequada a fins”.
 Desse modo, “dominação burocrática significa obediência a cargos,
hierarquização das pessoas e saberes, impessoalidade de ação,
nivelação no plano formal, divisão horizontal e vertical do trabalho,
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separação do administrador dos meios de administração”. (SANTOS,


2006, p. 3)

- Os quadros e meios administrativos do Estado.

 “Administração Pública é o conjunto dos órgãos federais, estaduais


e municipais que desempenham serviços públicos, por meio de

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agentes públicos, organizados por leis, decretos e normas


regulamentares, para cumprimento dos fins estatais e dos objetivos
do governo”.
 A Administração Pública constitui-se como atividade inerente às
funções do Estado, não se confundindo com o modo pelo qual os
distintos governos a executam.
 Objetivamente, a administração pública é a atividade concreta e
imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses
coletivos, abrangendo as funções exercidas pelas pessoas jurídicas,
órgãos e agentes incumbidos de atender, concretamente, às
necessidades coletivas”.
 Subjetivamente, é o conjunto de órgãos, agentes e pessoas
jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administração
estatal”.
 Referente à Administração Pública Direta – esta constitui-se em
órgãos que integram os aparelhos do Estado, não possuem
personalidade jurídica, e existem como parte da Administração.
 Já os órgãos e entidades da Administração Pública Indireta são as
autarquias, as fundações, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, possuem personalidade jurídica própria, e por isso,
devem responder diretamente pelos atos de sua responsabilidade
legal.
 AUTARQUIAS – “São pessoas jurídicas de direito público que se
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destacam da administração direta por exercerem serviços


autônomos, instituídos em determinada atividade típica do Estado”.
(SIMÕES, 2007, p. 40)
 EMPRESAS PÚBLICAS – são entidades dotadas de personalidade
jurídica de direito privado, constituídas com capital exclusivamente
do Estado, de um ou mais entes públicos, com a finalidade de
exploração econômica de determinada atividade, considerada de

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interesse público (por exemplo, produção de energia elétrica,


atividade financeira e outras). (SIMÕES, 2007, p. 40-41)
 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – “Constituem-se sob forma de
sociedades anônimas, como o Metro de São Paulo, com capitais
públicos e privados, mas cujas ações, com direito a voto, são
majoritariamente dos entes federativos de entidade da
administração indireta”. (SIMÕES, 2007, p. 41)

- O Estado de Bem-estar social e cidadania.

 Ao final dos anos de 1960 inicia-se um processo de esgotamento


dos “anos de ouro” do capitalismo, o que culminou no rompimento
da política de pleno emprego keynesianista-fordista, bem como de
expansão das políticas sociais;
 A tese progressista que afirma que o Estado de bem-estar social
não passa por uma verdadeira crise, sofre antes uma mutação em
sua natureza e operação;
 A tese conservadora afirma que o Estado de bem-estar social é
uma estrutura perniciosa e corresponde a uma concepção perversa
e falida do Estado;

 A tese de conservadores e progressistas de que a crise do


Estado de bem-estar social é sobretudo uma crise de caráter
financeiro – fiscal; 95478731994

 Na Europa e nos Estados Unidos, o Estado de bem-estar social foi a


forma mais expressiva, pela qual a sociedade capitalista buscou a
regulação de conflitos sociais em torno do acesso à riqueza. O que
equivale dizer que o Estado de bem-estar social representou
historicamente crescentes graus de institucionalidade democrática
(criação de instrumentos e instâncias de negociação; direitos
sociais assegurados pela legislação; socialização de bens, recursos
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e serviços).

 Para o Professor Ricardo Antunes (1999), “a enorme expansão do


neoliberalismo a partir de fins de 1970 e a consequente crise do
Estado de bem-estar deu-se sobre um processo de regressão da
própria social-democracia, que passou a atuar de maneira muito
próxima da agenda neoliberal”.

 O neoliberalismo passou a ditar o ideário e o programa a serem


implementados pelos países capitalistas, inicialmente nos
desenvolvidos e, logo depois, nos subdesenvolvidos, contemplando
reestruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do
Estado, políticas fiscais e monetárias sintonizadas com os
organismos mundiais de hegemonia do capital, como o Fundo
Monetário Internacional – FMI.

- A noção de cidadania regulada no Brasil.

 É importante ressaltar que a organização de sistemas de proteção


social não se dá da mesma maneira dos mais diferentes países,
mesmos nos ditos de capitalismo central. Sobretudo em países de
capitalismo periférico, como o Brasil, não podemos falar de Estado
de bem-estar social, tampouco em instituição de sistemas de
proteção social como os verificados nos países europeus.
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 Analisando o cenário nacional verifica-se que as principais etapas do


desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Proteção Social
ocorreram, sobretudo, sob fortes governos presidencialistas,
marcadamente corporativistas e populistas, ou sob regimes
autoritários.
 Primeiramente vemos que os direitos sociais são aqueles que
estabelecem conexão com os direitos de igualdade (direitos

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individuais) na medida em que criam condições materiais mais


propícias ao auferimento da igualdade real, oferecendo condições
mais compatíveis com o exercício efetivo da liberdade. Esses
mesmos direitos possuem uma natureza de direitos de créditos,
pois envolvem poderes de exigir, através de prestações positivas do
Estado.
 A Constituição de 1824 trouxe um rol de direitos que consagravam
uma ótica liberal e um capítulo especial sobre as declarações de
Direitos, de acordo com um sistema americano-francês. A
Constituição do Império, no campo dos direitos fundamentais, era
extremamente avançada, pois assegurou alguns direitos de cunho
social, como o direito à educação e à saúde, embora adotando um
sistema não-intervencionista.
 A Constituição de 1891 adotou como forma de governo a República
Federativa, optando pelo presidencialismo. Rompeu com a divisão
quadripartite vigente no Império para abraçar a doutrina de
Montesquieu. Porém, faltou-lhe a vinculação com a realidade do
país, e por isso não obteve eficácia social. Previu o direito de
associação e de reunião, mas não previu o direito ao socorro
público, nem à instrução pública gratuita.
 Antes da promulgação da Constituição de 1934, temos no país a
instituição de uma importante legislação referente à proteção social
do trabalhador, é Lei Elóy Chaves (1923), considerada o marco
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inicial da Previdência Social no Brasil.


 A Lei Elóy Chaves instituiu um fundo especial de aposentadorias e
pensões – Caixas de Aposentadorias e Pensões, as CAP‟s – para os
trabalhadores em ferrovias. Mais tarde a lei é ampliada aos
marítimos e portuários pelo Decreto nº 5.109 de 1926.
 A proposta previdenciária da referida lei não se dirige aos
trabalhadores em geral, nem se referencia a um conceito de

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cidadania, mas, cria medidas de proteção para um grupo específico,


tomando a empresa como unidade de cobertura. Propõe ainda
benefícios pecuniários de aposentadorias e pensões e prestações de
serviços médicos e farmacêuticos.
 Em 1934, foi promulgada uma nova Constituição Federal, a qual
representou um grande avanço no campo dos direitos sociais,
concebendo um Estado intervencionista. Elevou os direitos e
garantias trabalhistas ao status de norma constitucional e previu
como dever dos Poderes Públicos o direito à educação.
 Para Silva; Yazbek; Giovanni (2006), a construção da proteção
social estatal remontada nos anos de 1930, mostra que a regulação
do Estado brasileiro, no campo das políticas sociais tem
historicamente se efetivado mediante programas e ações
fragmentadas, eventuais, portanto, descontínuas.
 A Constituição Federal de 1937 preocupou-se em fortalecer o Poder
Executivo, atribuindo-lhe uma intervenção mais direta e eficaz na
elaboração das leis; reduziu o papel do congresso nacional, em sua
função legislativa; reformou o processo representativo; conferiu ao
Estado a função de orientador e coordenador da economia nacional.
 Constituição de 1946 foi decretada e promulgada por uma
Assembleia Constituinte. No capítulo intitulado “Da Ordem
Econômica e Social”, em seu art. 145, dispunha “A ordem
econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça
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social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do


trabalho humano”. Assegurou a todos, trabalho que possibilitasse a
existência digna; os direitos do trabalho e da previdência social que
visassem à melhoria da condição dos trabalhadores; e o direito à
educação e à cultura.
 O governo militar com a intenção de abafar as massas, cria várias
medidas no campo social, dentre eles temos a criação do Fundo de

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Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) , extensão da Previdência


Social aos trabalhadores rurais no ano de 1971; em 1972 há a
incorporação das empregadas domésticas ao sistema em caráter
compulsório; em 1977 há a instituição do Sistema Nacional de
Previdência e Assistência Social (SINPAS), composto pelo Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS), Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social (INAMPS) e do Instituto de
Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS).
 Os anos da década de 1980 foram marcados pelo período de
transição até a Constituição da República Federativa de 1988 .
Também chamada de Constituição-cidadã, a mesma reconheu
direitos sociais. Cabe pontuar que a incorporação dos referidos
direitos não ocorreu de forma pacífica, foi necessário a luta e
manifestação intensa dos movimentos sociais que se fortaleceram
em fins da década de 1970 e durante os anos 1980 e dos partidos
políticos então em ascensão e dos que ressurgiram no cenário
brasileiro.
 A Constituição de 1988, com o Estado Democrático de Direito,
inaugurou um novo período no constitucionalismo brasileiro.
Avançou, entre outros temas, com os direitos fundamentais sociais.
Assumiu ainda os direitos sociais como valores essenciais de uma
sociedade. Dando - se claramente uma ênfase maior que à
apresentada pelas Constituições anteriores.
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 Devemos ressaltar que as políticas sociais gerenciadas pelo Estado


no Brasil tiveram uma função de “colchão amortecedor” dos
conflitos sociais derivados das condições de vida em que se
encontravam e ainda encontram-se submetidas às classes
subalternas ao longo de todo o desenvolvimento histórico de nossa
sociedade.

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 Iniciamos o século XXI com distâncias, cada vez mais amplas, entre
indicadores econômicos e sociais. Nosso Sistema de Proteção Social
tem se mostrado incapaz de enfrentar o empobrecimento crescente
e a desproteção social de amplo contingente da população
brasileira, sem lugar no mercado de trabalho ou sujeita a ocupar
postos de trabalhos precários, instáveis, sem proteção social e com
remuneração cada vez mais rebaixada.
 Os programas sociais têm sido orientados historicamente por
políticas compensatórias e desvinculadas das políticas de
desenvolvimento econômico, cujos modelos só tem servido para
incrementar a concentração de renda e a manutenção de uma
economia centrada na informalidade, que exclui a maioria dos
trabalhadores dos serviços sociais que deveriam atender a
população mais vulnerável.
 Com a perspectiva de sucateamento do Estado, durante a década
de 1990, a lógica do mercado tornou-se hegemônica e invadiu os
espaços sociais que antes não tinham a sua interferência. Sob a
ótica da defesa da diminuição da intervenção estatal na economia,
viabiliza-se um receituário de reduções de gastos sociais,
privatizações das empresas do setor público e desregulamentação
dos mercados, principalmente o da força de trabalho.

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- O processo de elaboração de políticas no Estado moderno.

 O termo política tem origem grega, era associado à pólis, isto é, à


cidade, e indicava toda a atividade humana que tinha como
referência a esfera social, pública e cidadã. Com o decorrer do
tempo, o termo política foi perdendo seu sentido original e

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adquirindo várias conotações, mas sempre mantendo como centro


da atividade política o Estado.
 É importante ressaltar que a política resulta do imperativo de
convivência entre os homens que, ao viverem em sociedade,
passam a viver conflitos em decorrência de suas diferenças. Assim,
diante desses conflitos, existem na história das sociedades duas
principais formas de regulação social (Rua, 1998)
 A política, ao contrário da simples coerção, possibilita o exercício de
procedimentos democráticos. Não estamos sendo ingênuos e
inferindo que a política não implica na possibilidade de coerção.
Entretanto, esta coerção está circunscrita aos limites das leis
legitimadas pela sociedade e de princípios irrevogáveis previamente
fixados. Da mesma forma, o poder coercitivo do Estado, além de lhe
ser delegado pela sociedade, deve ser controlado por ela (controle
democrático). Trata-se assim, a política, “de uma possibilidade de
resolver conflitos sem a recíproca destruição dos conflitantes e com
ganhos expressivos em termos de convivência” (Nogueira, 2001,
p.13/14).

- A Política como Política Pública

 A política pública faz parte do ramo de conhecimento denominado


policy science, que, segundo Howlett e Ramesh (1995, p.2) surgiu
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nos Estados Unidos e na Europa, no segundo pós-guerra. Com o


crescente distanciamento que se verificou entre prescrição e a ação
dos Estados modernos, novas abordagens teóricas e metodológicas
emergiram com o intuito de conciliar teoria e prática. Disso resultou
a valorização da análise empírica das políticas realmente existentes
para a construção de teorias.

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 Quando se fala de política pública, está se falando de uma política


cuja principal marca definidora é o fato de ser pública, isto é, de
todos, orientada pelo interesse comum, e não porque seja estatal
(do Estado) ou coletiva (de grupos particulares da sociedade) e
muito menos individual.
 A palavra política, que compõe o termo política pública, tem uma
conotação específica. Refere-se a medidas e formas de ação
formuladas e executadas pelos Estados modernos, com vista ao
atendimento de legítimas demandas e necessidades sociais.
 Política pública não significa só ação. Pode ser também não-ação
intencional de uma autoridade pública frente a um problema ou
responsabilidade de sua competência.

- Relação das Políticas Públicas com os Direitos de Cidadania


 Existem atualmente quatro gerações de direitos que, mais do que
constituir uma classificação para fins analíticos, indicam um
processo real de ininterruptos esforços da humanidade para
conquistar direitos, transitando de valores liberais para social-
democratas, de modo progressivo. Portanto, a história de conquista
desses direitos é a história de sua expansão e fusão. E é isso que,
de certa forma, torna a cidadania um processo paradoxal.
 Como demostrou T.H.Marshall (1967) os primeiros direitos
conquistados foram os civis que, no século XVIII, inspiraram-se no
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ideário liberal. São direitos individuais de caráter negativo (pois


preconizam a abstenção do Estado), relacionados à liberdade.
Posteriormente, surgiram, no século XIX, os direitos políticos, que
demarcaram a transição para as liberdades positivas (que exigem a
atuação do Estado). Estes são os direitos de primeira geração.
 No século XX, surgiram os direitos econômicos, sociais e culturais,
ou simplesmente os direitos sociais, referenciados no princípio da

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igualdade. São considerados direitos fundamentais de segunda


geração, e tem como instituição responsável o Estado.
 No que diz respeito aos direitos sociais, o fato de eles dependerem
de recursos para serem efetivados, impõe, às políticas públicas que
devem concretizá-los, desafios reais. Por isso, contemporaneamente
tais políticas (notadamente a social) devem se inscrever num
quadro de mudanças que também preveja a recuperação e
transformação do Estado, tendo como horizonte uma estratégia que
vá além dos direitos como postulação normativa respaldada no
seguinte lema: que o livre desenvolvimento de cada um seja a
condição do livre desenvolvimento de todos. (Marx e Engels, 1988,
p.87)
 Na atualidade ganharam visibilidade os chamados direitos difusos,
que, para muitos analistas, são extensões dos direitos sociais num
mundo globalizado e tecnologicamente avançado. Relacionados aos
valores da fraternidade e solidariedade, em tal categoria é difícil
demarcar os titulares e a instituição que os defenderá, posto que
nela se insere toda a humanidade, que tem direito, por exemplo, ao
meio-ambiente, ao desenvolvimento, etc.

- Regimes políticos: liberalismo, nacionalismo. A construção dos


estados nacionais. Democracia, fascismo, socialismo, comunismo.

 Segundo Guimarães25 (2008) “Nação e nacionalismo correspondem


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a realidades que têm forte impacto sobre a política e se encontram


vinculadas ao fato mais concreto da realidade quotidiana de todos
os indivíduos, que é o Estado”.
 O conceito de NACIONALISMO carrega um forte conteúdo negativo.
Desse modo, Guimarães (2008) assinala que “Nacionalismo é o
25
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0103-
40142008000100010&script=sci_arttext. Acesso em 26 de janeiro de 2016.

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sentimento de considerar a nação a que se pertence, por uma razão


ou por outra, melhor do que as demais nações e, portanto, com
mais direitos, sendo manifestações extremadas desse sentimento a
xenofobia, o racismo e a arrogância imperial”.
 “Nacionalismo é, também, o desejo de afirmação e de
independência política diante de um Estado estrangeiro opressor ou,
quando o Estado já se tornou independente, o desejo de assegurar
em seu território um tratamento pelo Estado melhor, ou pelo menos
igual, ao tratamento concedido ao estrangeiro, seja ele pessoa física
seja jurídica”. (GUIMARÃES, 2008).
 NAÇÃO – “em seu sentido político moderno, é uma comunidade de
indivíduos vinculados social e economicamente, que compartilham
certo território, que reconhecem a existência de um passado
comum, ainda que divirjam sobre aspectos desse passado; que têm
uma visão de futuro em comum; e que acreditam que esse futuro
será melhor se se mantiverem unidos do que se separarem, ainda
que alguns aspirem modificar a organização social da nação e seu
sistema político, o Estado”. (GUIMARÃES, 2008)
 Por meio da etimologia da palavra, compreende-se Democracia
como proveniente do grego, significando demos – povo e kratein –
governar. Sendo comum o entendimento de Democracia como o
governo do povo – demokratia.
 Para compreensão conceitual de Democracia, Tejadas26 (2012)
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apresenta como a Democracia era organizada na Grécia Antiga,


explica qual o papel da Assembleia, do Conselho e da Magistratura,
enquanto componentes para a materialização do que os gregos
consideravam como Democracia. Todavia, importante ressaltar que
na Grécia, os direitos políticos não eram extensivos a todos os

26
TEJADAS, Sílvia da Silva. O Direito Humano à proteção social e sua
exigibilidade: um estudo a partir do Ministério Público. Juruá Editora: Curitiba, 2012.

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cidadãos, sendo que as mulheres e os escravos, por exemplo,


estavam excluídos da participação na democracia ateniense, e eles
à época constituíam a maior parte da população.
 Tejadas (2012, p. 47) apresenta a análise de que “o conceito de
Democracia sofreu alterações no decorrer da história, contudo seu
desenvolvimento está marcado pelo conteúdo liberal, sendo que as
ideias básicas do conceito, como liberdade, comunidade e
igualdade, sofreram mudanças a partir do final do século XIX”.
 Quanto ao Fascismo, segundo Feijó (2008) este em conjunto com o
nazismo (vertente alemã), “representam um movimento da
extrema direita em prol da regeneração nacional contra a ameaça
do comunismo e da democracia liberal”.
 Ademais, tanto o fascismo, quanto o nazismo, constituem-se
enquanto regimes de extrema direita e apresentam-se apenas como
inimigos mortais do comunismo, “mas também, e principalmente,
pela sua oposição fundamental ao valor da igualdade”. Pois, ambos
defendem o entendimento de superioridade de uma raça em relação
à outra.
 Quanto ao Socialismo, para Carlos Nelson Coutinho (1980, p. 27) “o
socialismo não consiste apenas na socialização dos meios de
produção, o que se tornou possível pela prévia socialização do
trabalho realizada sob o impulso da própria acumulação capitalista;
consiste também ou deve consistir, se pretende explicitar todas as
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suas potencialidades – numa progressiva socialização dos meios de


governar. E essa última socialização também se torna possível
graças à crescente participação das massas organizadas na vida
política, através da formação dos sujeitos políticos coletivos que já
as vicissitudes da reprodução capitalista –sobretudo na fase
monopolista – impõem às várias classes e camadas sociais
prejudicadas pela dinâmica privatista dessa reprodução”.

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 Para Coutinho (1980, p. 27-28) “o socialismo não elimina apenas a


apropriação privada dos frutos do trabalho coletivo; elimina
também – ou deve eliminar – a apropriação privada dos
mecanismos de dominação e de direção da sociedade em seu
conjunto”.
 Para Groppo (2008) o modelo de comunismo do século XX
apresentou desde o seu início uma dimensão dupla: por um lado, de
movimento revolucionário; por outro, de sistema de poder estatal;
 Ressalta-se que os dois aspectos apresentados acima são
indissociáveis. Groppo (2008) assinala que “a história do
comunismo como movimento revolucionário em escala mundial está
estreitamente ligada à história da Rússia e, em seguida, à da União
Soviética”.

- Neoliberalismo, contexto político e econômico atual.

 Para Netto e Braz (2007, p. 226), “O que se pode denominar


ideologia neoliberal compreende uma concepção de homem
(considerado atomisticamente como possessivo, competitivo e
calculista), uma concepção de sociedade (tomada como um
agregado fortuito, meio de o indivíduo realizar seus propósitos
privados) fundada na ideia da natural necessária desigualdade entre
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os homens e uma noção rasteira da liberdade (vista como função da


liberdade de mercado)”
 A ideologia neoliberal sustenta a necessidade da diminuição do
papel do Estado por meio do corte de excedentes, justificado pelo
ataque do grande capital contra as dimensões democráticas da
intervenção do Estado na economia. (Netto e Braz, 2007)

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 Netto e Braz (2007, p.227) assinalam que se apresenta enquanto


falácia a defesa da diminuição do Estado, pois é notório que a
economia capitalista “não pode funcionar sem a intervenção estatal;
por isso mesmo, o grande capital continua demandando essa
intervenção”.

7. QUESTÕES COMENTADAS

1) MPU – Analista – Serviço Social – CESPE - 2013.


Acerca dos fundamentos e das concepções das políticas sociais, julgue
o item que se segue.

Ao empregar a política social distributiva, o poder público estabelece


critérios que dão acesso a vantagens a uma categoria, em detrimento
de outras, visando maior equilíbrio na distribuição de bens, o que pode
causar conflitos de interesses.

( ) Certo
( ) Errado 95478731994

Comentário: Alun@, tratamos deste tema na aula! A afirmativa está


errada, pois, na realidade, diz respeito às políticas redistributivas, as
quais tem o objetivo de produzir um maior equilíbrio na distribuição de
bens, ou seja, redistribuir a renda concentrada por classe social e
reduzir a desigualdade social.

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Gabarito: Errado

2) DEPEN – Serviço Social – 2013 – CESPE.


As sociedades pré-capitalistas apresentavam escassas atenções às
necessidades sociais, sendo geridas por um Estado que via o
desprovido como um perigo à ordem pública. Considerando o período
histórico referido, julgue os próximos itens, relativos aos fundamentos
e à história da política social.

O sistema Speenhamland, sem destaque e sobreposição aos demais


sistemas, diferenciou-se ao instituir a ideia de direito do trabalhador, e
não apenas do incapaz, à proteção social pública.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário: Car@ alun@, no livro “Política Social: fundamentos e


história”, Behring e Boschetti (2007) elucidam que o sistema
Speenhamland garantia assistência social a empregados e
desempregados, permitindo ao trabalhador “[...] minimamente
„negociar‟ o valor de sua força de trabalho, impondo limites (ainda que
restritos) ao mercado de trabalho competitivo que se estabelecia.”
Desse modo, podemos afirmar que o referido sistema instituiu a ideia
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de direito do trabalhador.

Gabarito: Certo

3) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.

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A história das políticas sociais vincula-se à história da sociedade


capitalista e à consolidação dos modernos Estados nacionais.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário: Você lembra que na aula anterior tratamos da concepção


de política social? Pois bem, sempre tenha em vista que a política
social é um processo no qual interagem determinações econômicas,
políticas, sociais e culturais. Assim, é possível entender essas políticas
“[…] como processo e resultado de relações complexas e contraditórias
que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos
conflitos e lutas de classe, que envolvem o processo de produção e
reprodução do capitalismo […]” (BERING; BOSCHETTI, 2007, p. 36).
Portanto, a afirmativa está certa.

Gabarito: Certo

4) DEPEN – Serviço Social – 2013 – CESPE.


As sociedades pré-capitalistas apresentavam escassas atenções às
necessidades sociais, sendo geridas por um Estado que via o
desprovido como um perigo à ordem pública. Considerando o período
histórico referido, julgue os próximos itens, relativos aos fundamentos
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e à história da política social.


A residência e a naturalidade, princípios previstos nas leis dos pobres e
ainda utilizados atualmente, são condições para o direito à assistência
social local.

( ) Certo
( ) Errado

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Comentário: Alun@, para responder esta questão pense como está


organizada a política de assistência social nos dias de hoje. Vamos lá,
residência nos remete à territorialidade, por exemplo, os Cras e Creas
estão dispostos em determinadas regiões e atendem a população que
reside naquela área. Já a naturalidade, nos remete ao direito à
assistência social a qualquer cidadão que dela necessitar, ou seja, de
todo brasileiro.

Gabarito: Certo

5) TJ/AC – Analista Judiciário – Assistência Social – 2012 –


CESPE.
No que diz respeito a políticas sociais, julgue os itens a seguir.
A política social constitui estratégia de ação pensada, planejada e
avaliada, cuja execução compete exclusivamente ao Estado.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário: Alun@, no item 04 da aula apresentei as diferentes


conceituações de política pública, salientando que política pública
não é sinônimo de política estatal – aqui cabe um parênteses
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(primeiramente lembre-se que política social é um dos gêneros de


política pública, desse modo, a política social também não é sinônimo
de política estatal). Por conseguinte, quando se fala de política pública,
está se falando de uma política cuja principal marca definidora é o fato de
ser pública, isto é, de todos, orientada pelo interesse comum, e não
porque seja estatal (do Estado) ou coletiva (de grupos particulares da
sociedade) e muito menos individual.

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Gabarito: Errado

6) TJ/AC – Analista Judiciário – Assistência Social – 2012 –


CESPE.
No que diz respeito a políticas sociais, julgue os itens a seguir.
O caráter público de uma política social define-se pelo tamanho do
agregado social que lhe demanda atenção, sem considerar o princípio
do interesse comum.

( ) Certo
( ) Errado

Comentário: Olha só alun@, se você se atentou ao comentário da


questão anterior, de imediato conseguirá perceber que esta afirmativa
está errada, pois, o caráter público de uma política social diz respeito à
sua orientação por um interesse comum.

Gabarito: Errado

7) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.
O fenômeno do welfare state configura-se por meio de sistemas
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nacionais de proteção social marcados pela homogeneidade de suas


políticas, todas de caráter universal e redistributivo.

( ) Certo
( ) Errado

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Comentário: Esta afirmativa está errada, alun@, pois, conforme


pontuei na aula, o Welfare State foi uma experiência em alguns países
da Europa Ocidental, cuja organização dos sistemas de proteção social
não ocorreu da mesma maneira. Neste sentido, não podemos falar de
homogeneidade.

Gabarito: Errado

8. LISTA DE QUESTÕES

1) TJ/AC – Analista Judiciário – Assistência Social – 2012 –


CESPE.
Acerca da concepção da pobreza como questão social e sua relação com
as políticas sociais, julgue os itens que se seguem.
A pobreza das sociedades europeias pré-capitalistas propiciou a
elaboração de políticas sociais que garantiam o bem comum e
combatiam as desigualdades surgidas e evitou, com isso, que na
revolução industrial a pobreza fosse exacerbada.

( ) Certo
( ) Errado 95478731994

2) TJ/AC – Analista Judiciário – Assistência Social – 2012 –


CESPE.
Acerca da concepção da pobreza como questão social e sua relação com
as políticas sociais, julgue os itens que se seguem.

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O agravamento da pobreza em detrimento de crescente riqueza


acumulada no século XIX fortaleceu a organização dos trabalhadores,
que, na época, reivindicavam proteção social e trabalhista, bem como
representação política parlamentar.

( ) Certo
( ) Errado

3) TJ/AC – Analista Judiciário – Assistência Social – 2012 –


CESPE.
No que diz respeito a políticas sociais, julgue os itens a seguir.
As principais mediações profissionais do assistente social são as
políticas sociais, ainda que não solucionem totalmente as expressões da
questão social.

( ) Certo
( ) Errado

4) MPE/PI – Analista Ministerial – Serviço Social – 2012 –


CESPE.

O exercício profissional do assistente


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social exige, atualmente,
consistente conhecimento teórico-metodológico e capacitação técnico-
operacional, que possibilitem a definição de estratégias e táticas de
intervenção profissional. Com relação à dimensão técnico-operacional
do serviço social, julgue os itens que se seguem.
A socialização das informações relativas aos direitos sociais, para além
da simples orientação da legislação e dos atos normativos, constitui

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um processo político que visa tornar transparente para o usuário o


significado das políticas sociais.

( ) Certo
( ) Errado

5) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.
A principal contribuição da perspectiva marxista para a abordagem das
políticas sociais consiste no tratamento de processos sociais como
fatos sociais.

( ) Certo
( ) Errado

6) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.
Na perspectiva do Estado liberal, um dos pressupostos essenciais das
políticas sociais é a ideia de que o bem-estar individual maximiza o
bem-estar coletivo.

( ) Certo
( ) Errado 95478731994

7) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.
A concepção de Estado como produtor exclusivo de política pública
privilegia a relação dialética entre Estado e sociedade.

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( ) Certo
( ) Errado

8) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Julgue os itens a seguir, relativos à história da política social.
A intervenção do Estado em demandas sociais é o único fator que
determina a natureza pública de uma política social.

( ) Certo
( ) Errado

9) EBC – Analista – Serviço Social – 2011 – CESPE.


Sabendo que as concepções de política social supõem uma perspectiva
teórico-metodológica e relacionam-se com as perspectivas políticas e
as visões sociais de mundo, julgue os itens a seguir.
Apesar de caracterizarem uma nova institucionalidade na
democratização das ações públicas, os conselhos de políticas, de
direitos e tutelares podem ser utilizados por aqueles que apostam na
reiteração do conservadorismo político, fundamentado em tradicionais
práticas clientelistas e no cultivo do favor e da apropriação privada da
coisa pública, segundo interesses particularistas.

( ) Certo 95478731994

( ) Errado

10) CORREIOS – Analista de Correios – Assistente Social –


2011 – CESPE.
Sabendo que as concepções de política social supõem uma perspectiva
teórico-metodológica e relacionam-se com as perspectivas políticas e
as visões sociais de mundo, julgue os itens a seguir.

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A análise das políticas sociais como processo e resultado de relações


complexas e contraditórias entre Estado e sociedade é própria da
perspectiva idealista, na qual sujeito e objeto são historicamente
situados e estão em relação de igualdade quanto ao seu papel no
mundo.

( ) Certo
( ) Errado

11) TJ/ES – Analista Judiciário – Serviço Social – 2011 –


CESPE.
Tendo em vista que a relação entre Estado e sociedade civil deve ser
compreendida a partir do modo como ela se articula ao longo da
história, julgue os itens a seguir.
O estado de bem-estar deve ser identificado como uma instituição
unívoca em todos os países capitalistas industrializados, em razão de
seu processo histórico.

( ) Certo
( ) Errado

12) TJ/ES – Analista Judiciário – Serviço Social – 2011 –


CESPE. 95478731994

Tendo em vista que a relação entre Estado e sociedade civil deve


ser compreendida a partir do modo como ela se articula ao longo da
história, julgue os itens a seguir.
O Estado pode ser definido como uma condensação de forças sociais,
ou seja, uma arena de conflitos de interesses.

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( ) Certo
( ) Errado

13) DEPEN – Serviço Social – 2015 – CESPE.


No que diz respeito à questão social e aos direitos de cidadania, julgue
o item que se segue.
Para a garantia dos direitos sociais, é imprescindível a atuação do
Estado à frente da condução de políticas, programas e projetos sociais,
de caráter democrático e universal.

( ) Certo
( ) Errado

14) MPU – Analista – Serviço Social – 2013 – CESPE.


No que diz respeito à relação entre o Estado e sociedade e o
neoliberalismo, julgue o item seguinte.
De acordo com o conceito gramsciano de Estado ampliado e articulado
à hegemonia, há uma dinâmica entre o Estado e a sociedade civil
segundo a qual um não pode ser pensado sem o outro, havendo-se
uma totalidade.

( ) Certo
( ) Errado 95478731994

15) MPU – Analista – Serviço Social – 2013 – CESPE.


No que diz respeito à relação entre o Estado e sociedade e o
neoliberalismo, julgue o item seguinte.
O renascimento da sociedade civil ocorrido na década de 70 do século
passado está estritamente associado a tendências conservadoras que a

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usavam como arena representativa dos interesses privados e


coorporativos e suporte para a ofensiva neoliberal.

( ) Certo
( ) Errado

16) SERPRO – Analista – Serviço Social – 2013 – CESPE.


Considerando as mudanças no mundo do trabalho, a partir da
reestruturação produtiva e do contexto histórico, julgue os itens que se
seguem
O processo de reestruturação produtiva vivenciado nas últimas décadas
foi intensificado pelo modelo chinês de produtividade: subcontratação de
trabalhadores sem especialização e centralização das unidades de
produção nos países periféricos.

( ) Certo
( ) Errado

17) CORREIOS – Analista de Correios – Assistente Social – 2011


– CESPE.
Sabendo que as concepções de política social supõem uma perspectiva
teórico-metodológica e relacionam-se com as perspectivas políticas e
as visões sociais de mundo, julgue os itens a seguir.
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A consolidação dos direitos constitui condição para a ampliação da


cidadania, que se concretiza por meio de políticas sociais entendidas,
prioritariamente, como decorrentes da boa gestão tecnocrática.

( ) Certo
( ) Errado

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9. GABARITO

Questão Resposta Questão Resposta


1. Errado 11. Errado
2. Certo 12. Certo
3. Certo 13. Certo
4. Certo 14. Certo
5. Errado 15. Errado
6. Certo 16. Errado
7. Errado 17. Errado
8. Errado
9. Certo
10. Errado

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