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SENTENÇA

1. RELATÓRIO

Cuida-se de ação de exoneração de alimentos ajuizada por HELIO


ALESSANDRO RIBEIRO em face de AUGUSTO TONELLI DA CUNHA
RIBEIRO, partes qualificadas nos autos.

Segundo a inicial, o requerente foi obrigado ao pagamento de alimentos


ao requerido no valor correspondente a 1,5 salários mínimos. No entanto, em 14 de abril
e 2020, o requerido completou 18 (dezoito) anos, sendo que, atualmente, não estuda e
possui renda própria.

Ao final, pugnou, liminarmente e no mérito, pela exoneração da pensão


alimentícia.

Liminar indeferida ao ID.....

Citado, o requerido não apresentou resposta no prazo legal (ID


9543300351).

O autor requereu o julgamento antecipado da lide (ID 9545422129).

Vieram os autos conclusos.

É o relatório.

Fundamento e decido.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Promovo o julgamento antecipado do mérito, na forma do artigo 355,


inciso I, do Código de Processo Civil - CPC, pois as provas constantes dos autos são
suficientes para o desate da lide, razão pela qual é desnecessária dilação probatória.
Registro que o juiz é o destinatário das provas (artigo 370 do CPC), sendo seu dever
zelar pela fiel observância ao princípio da razoável duração do processo, expressamente
adotado como norteador da atividade jurisdicional, nos termos do art. 4º do CPC,
devendo anunciar o julgamento antecipado do mérito quando presentes os requisitos
para tanto.

Presentes os pressupostos processuais e os requisitos de admissibilidade


da demanda e não havendo outras questões processuais pendentes, passo ao exame do
mérito.

Orientado pelo princípio da persuasão racional, inserto no art. 371, do


Código de Processo Civil, passo a apreciar os elementos de prova trazidos a estes autos.

Pretende o autor a exoneração dos alimentos pagos ao requerido. Alega


que seu filho atingiu a maioridade, razão pela qual não mais necessita da pensão, pois
possui condições de se sustentar.

Com efeito, durante a menoridade, há uma presunção de que os filhos


dependem dos pais para a sua subsistência. Neste caso, os pais têm o dever de prestar
alimentos aos filhos (art. 1.566, inciso IV, do Código Civil).

No entanto, com a maioridade e consequente cessação do poder familiar


(art. 1.635, inciso III, do Código Civil), em regra, cessa a obrigação alimentar.

Apesar disso, a jurisprudência firmou-se no sentido de que a partir da


cessação da menoridade os alimentos podem continuar sendo devidos, porém com
fundamento diverso do poder familiar, pautados, dessa vez, na solidariedade que deve
existir entre os membros da família ou parentes, ou seja, eles passam a ser devidos com
fundamento na relação familiar. São os alimentos intuitu familiae (art. 1.694, caput, do
CC).

Todavia, a necessidade por alimentos intuitu familiae deve ser


comprovada por aquele que os pede, vale dizer, com a maioridade, é ônus do filho
demonstrar que ainda depende dos alimentos que até então eram prestados por seu
genitor.

Com efeito, conforme entende o Superior Tribunal de Justiça, “a


necessidade do alimentado, na ação de exoneração de alimentos, é fato impeditivo do
direito do autor, cabendo àquele a comprovação de que permanece tendo necessidade
de receber alimentos” (REsp 1198105/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 01/09/2011, DJe 14/09/2011)

No caso, além de o requerido ser revel, não há provas de que ainda


necessite dos alimentos paternos, ou seja, não há demonstração de que esteja estudando
ou de que se encontra impossibilitado de laborar, devendo, portanto, ser reconhecida a
procedência da demanda, com a exoneração da obrigação alimentar do genitor.

3. DISPOSITIVO

Diante do exposto, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de


Processo Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na presente ação, para o
fim de EXONERAR o requerente HELIO ALESSANDRO RIBEIRO do dever de
pagar alimentos ao requerido AUGUSTO TONELLI DA CUNHA RIBEIRO.

Na forma do artigo 85 do Código de Processo Civil, condeno o requerido


ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios do advogado
da autora, os quais arbitro em 10% sobre o valor da causa, em atenção ao grau de zelo
da profissional, ao lugar de prestação do serviço, à natureza e à importância da causa, ao
trabalho realizado pela advogada e ao tempo exigido para o seu serviço, conforme
previsão no artigo 85, parágrafo 2º do Código de Processo Civil.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Oportunamente, arquivem-se.

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