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Fisiopatologia das Principais Doenças

Carenciais

Conteudista: Prof.ª Dra. Karolina Marie Alix Benedictte Van Sebroeck Dória
Revisão Textual: Esp. Luiza Venturini

Objetivo da Unidade:

Proporcionar conhecimento sobre os mecanismos das principais doenças


carenciais, apresentando quais são os seus efeitos e as possíveis estratégias para
evitá-las.

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📄 Material Complementar
📄 Referências
📄 Material Teórico
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Vitaminas, Minerais e a
Fisiopatologia
As vitaminas são compostos orgânicos (ou moléculas relacionadas) e são micronutrientes
essenciais que os organismos dos seres humanos necessitam em quantidades mínimas, cada
uma com as suas especificidades, de microgramas a miligramas, para um bom funcionamento
do metabolismo. Elas devem ser ingeridas por meio da alimentação, uma vez que, na sua
maioria, não podem ser produzidas ou sintetizadas pelo corpo humano (AWUCHI, 2019).

Existem algumas exceções em que os seres humanos podem produzir algumas vitaminas a
partir da ingestão de precursores, como a vitamina A, que pode ser sintetizada a partir do
betacaroteno ou, ainda, a niacina, que pode ser sintetizada a partir do triptofano. As células da
pele humana, quando expostas a alguns comprimentos de onda de UV presente na luz solar,
também produzem a vitamina D.

As vitaminas e os minerais proporcionam inúmeros benefícios à saúde, como a manutenção dos


tecidos e a formação dos dentes e ossos, além de atuarem como cofatores e coenzimas em
vários sistemas enzimáticos e auxiliarem na regulação e coordenação da maioria das funções

bioquímicas e fisiológicas do corpo.


Figura 1 – Vitaminas
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia de cubos de madeira empilhados. Em cada um,


está escrito o nome de uma vitamina em vermelho. No topo, há dois cubos,
sendo um deles a vitamina C, e o outro, as multivitaminas. Ao centro, três cubos,
da esquerda para a direita: vitamina E, vitamina A e vitamina D. Na base, quatro
cubos: Ferro, o óleo de fígado de bacalhau, o ácido fólico e a vitamina B. Fim da
descrição.

A quantidade dos micronutrientes exigidos pelo corpo humano é variável ao longo da vida para a
manutenção da saúde (GERNAND et al. 2016; TUCKER, 2016). A recomendação nutricional de
referência internacional é dada pelo Dietary Reference Intakes (DRI), publicado pelo Instituto de
Medicina (EUA) e Health Canada (Canadá). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) estabelece os valores nacionais de DRI.

Saiba Mais
A palavra “vitamina” foi criada em 1912 pelo bioquímico polonês
Casimir Funk, que isolou um complexo de micronutrientes essenciais à
vida que presumia ser “aminas”, dando o nome em inglês de
“vitamin”.

As vitaminas podem ser classificadas como hidrossolúveis ou lipossolúveis. As hidrossolúveis


(vitamina C e as oito vitaminas B) são facilmente dissolvidas em água e excretadas pelo corpo
através do trato urinário (FUKUWATARI; SHIBATA, 2008). Como não são armazenadas pelo

corpo, é necessária a sua ingestão contínua. As lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidas pelo
trato intestinal com o auxílio dos lipídeos (gorduras). As vitaminas desse último grupo ficam
armazenadas no fígado.

Vídeo
Qual é o Valor das Vitaminas? – Ginnie Trinh Nguyen
How do vitamins work? - Ginnie Trinh Nguyen

Os minerais são elementos inorgânicos essenciais para o organismo realizar suas funções
necessárias à vida. Os elementos químicos carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio, juntos

com os minerais cálcio, sódio, magnésio, fósforo e potássio, compõem 96% do peso do corpo
humano e são denominados macroelementos (BERDANIER, 2013, apud AWUCHI, 2020). O
restante é composto por oligoelementos, que apresentam função bioquímica específica no
corpo humano e são representados pelo zinco, manganês, molibdênio, iodo, selênio, enxofre,
ferro, cloro, cobalto e cobre (BERDANIER et al., 2016, apud AWUCHI, 2020).
Figura 2 –Minerais
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia de cinco cápsulas coloridas de vitaminas. Da


direita para a esquerda: cápsula azul-ciano “Mg, magnésio”, cápsula verde-
claro “K, potássio”, cápsula laranja “Cu, cobre”, cápsula vermelha “ Fe, ferro”,
cápsula magenta “Zn, zinco”, e, por fim, cápsula lilás “Mn, manganês”. Fim da
descrição.

Levando em consideração que o termo “fisiopatologia” pode ser definido como: “A área da
medicina que estuda as funções fisiológicas durante uma doença ou das modificações dessas
funções, permitindo a determinação da origem” (MICHAELIS, 2023, on-line), o conteúdo que
você estudará a seguir aborda a relação da fisiopatologia com a nutrição, a partir dos efeitos das
principais deficiências vitamínicas, de minerais e de oligoelementos no organismo dos seres
humanos.

Deficiências de Micronutrientes
A carência de micronutrientes, também conhecida como deficiência dietética, é a insuficiência
de ao menos um micronutriente necessário à saúde humana. Essa carência pode ser de
vitaminas ou minerais.

Essas deficiências em micronutrientes afetam mais de 2 bilhões de pessoas em diferentes faixas


etárias, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento (FAO, 2023). Elas

são responsáveis por muitas doenças, agravam outras e são conhecidas pelos impactos que
podem ter à saúde global.

Importante!
As deficiências de micronutrientes estão associadas a 10% de todas as
mortes de crianças, sendo, portanto, preocupação para as pessoas
envolvidas com o bem-estar e cuidados infantis (WESTPORT, 2012).

A deficiência de vitaminas (também chamada de avitaminose ou hipovitaminose) é dada pela


condição prolongada da falta de uma vitamina. Ela pode ser primária (causada pela ingestão
insuficiente) ou secundária (ocasionada por um distúrbio, como a diarreia crônica, má absorção
etc., distúrbios metabólicos, como a falha genética para conversão de triptofano para niacina).

Também pode ocorrer devido à necessidade aumentada, como durante a gravidez, lactação e
certas doenças ou, ainda, pela escolha de estilo de vida.

A deficiência de minerais é caracterizada pela falta de micronutrientes minerais na dieta para a


manutenção da saúde. As causas podem variar de ingestão insuficiente a disfunções na
absorção. Deficiências em minerais como iodo, ferro e zinco impactam negativamente a saúde
pública, enquanto outros minerais como cálcio, flúor, magnésio e selênio afetam a saúde do
indivíduo (CHINAZA et al., 2019).

Figura 3 – A deficiência de vitaminas e minerais afeta a


saúde
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia de paisagem com a silhueta de uma pessoa. Sobre


um fundo amarelo-claro, há presença do sol e de uma pequena nuvem à direita.
À esquerda, há uma pessoa de pé com o aspecto de cansada, com as mãos
apoiadas nos joelhos e o tronco curvado. Ela está olhando em direção ao chão.
Seus pés estão sobre a areia. Fim da descrição.
Saiba Mais
Algumas vitaminas podem causar toxicidade crônica ou aguda. Esse

processo é chamado de hipervitaminose e ocorre com as vitaminas


lipossolúveis quando ingeridas excessivamente. A hipervitaminose A e
a hipervitaminose D são as mais comuns (NATIONAL LIBRARY OS

MEDICINE, 2023). Essa última é decorrente do excesso de ingestão de


suplementos de vitamina D.

Doenças Carenciais
Desde meados do século XVIII, tem-se o conhecimento de que o escorbuto poderia ser evitado

pela ingestão de suco de frutas cítricas ou pela vitamina C. Essa moléstia conduzia os
navegadores ao sangramento das gengivas, a perdas dentárias, à desnutrição grave ou mesmo
ao óbito, quando partiam em longas travessias oceânicas (FAINTUCH, 2016).
Figura 4 – As frutas cítricas previnem o escorbuto
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia. Sobre um fundo de madeira com tons de


marrom, há frutas cítricas cortadas ao meio. Laranjas ao fundo em tons de
vermelho e amarelo e alguns limões sicilianos com a coloração verde-claro. Há
fatias de um pomelo rosa, e ao redor, partes de um limão taiti. Fim da descrição.

A história da descoberta das deficiências de vitaminas se prolongou ao longo dos séculos.


Notou-se que certas enfermidades poderiam ser tratadas ou prevenidas com alguns alimentos
com altos teores de vitaminas. Durante o século XX, muitos cientistas receberam o Prêmio Nobel
de Química, o Prêmio Nobel de Fisiologia ou o de Medicina por seus papéis em descobertas das
vitaminas. Um exemplo foi o Prêmio Nobel de Química de 1937, que foi dividido igualmente entre

Walter Norman Haworth, por suas pesquisas sobre carboidratos e vitamina C, e Paul Karrer, por
suas investigações sobre carotenoides, flavinas e vitaminas A e B2 (THE NOBLE FOUNDATION,
2023).
Até 1935, a única fonte de nutrientes era a alimentação. Se a ingestão das vitaminas fosse
insuficiente, o resultado era a deficiência de vitaminas seguida por doenças relacionadas a essa
carência. Na década de 1950, iniciaram-se a produção e a comercialização de suplementos de
vitaminas, incluindo as multivitaminas, para prevenir as deficiências de vitaminas na
população.

Figura 5 – Suplementos vitamínicos


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: imagem com fundo em tom de bege claro e em primeiro


plano, ao centro, duas mãos sobrepostas seguram vários medicamentos em
forma de pílula, comprimido e cápsulas em cores branco, amarelo e
transparentes. Fim da descrição.

Essa disponibilização de vitaminas, minerais e oligoelementos pela indústria farmacêutica


representou um avanço para o tratamento de enfermidades que afetavam milhões de indivíduos,

seja por administração de algumas gotas, comprimidos ou injeções. Hoje, as manifestações de


doenças carenciais estão relacionadas aos bolsões de pobreza nos países pobres ou em
desenvolvimento (FAINTUCH, 2016).

Você Sabia?
Você sabe por que surgiu o sal iodado? Na deficiência crônica de iodo, a
glândula tireoide aumenta de tamanho para tentar reter o iodeto do

sangue para a síntese de hormônios. Eventualmente, ela se transforma


em um caroço visível na frente do pescoço (bócio). Foi observado que o
surgimento do caroço ocorria de maneira mais frequente em países

continentais (longe do mar). A iniciativa de adicionar o iodo ao sal foi


para ter uma redução na incidência de bócio nessas localidades.

Vitaminas

Vitamina A
A deficiência de vitamina A pode causar a cegueira noturna, a ceratomalácia (cegueira
permanente se não for tratada) e aumenta o risco de morte por doenças infantis comuns, como
a diarreia. A cegueira infantil é a principal doença evitável. A OMS classificou a deficiência de
vitamina A como problema de saúde pública, pois afeta 1/3 das crianças com idade de seis a 59
meses, com taxas mais elevadas na África subsaariana (48%) e no sul da Ásia (44%) e
recomenda a suplementação em países pobres (UNICEF, 2023).

Saiba Mais
Existem esforços globais para a suplementação de vitamina A. De
acordo com a UNICEF (2023), a suplementação periódica com altas
doses de vitamina A é uma intervenção comprovada e de baixo custo.
Quando realizada, demonstrou reduzir entre 12% e 24% a mortalidade
infantil.

A ingestão regular de alimentos que contenham a vitamina A pode evitar o estabelecimento


dessa carência.
Figura 6 – Fonte alimentar de vitamina A
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Em um fundo de madeira


branco, há uma composição de alimentos que contém vitamina A. São eles:
brócolis, damascos secos, salsinha, cenoura, ovos, tomate, maçã-verde,
espinafre, fígado e queijo. Fim da descrição.

A deficiência nutricional da vitamina A no Brasil ocorre de forma generalizada, ou seja, em todas


as regiões.

Vitamina B

Vitamina B1 – Tiamina
Sua deficiência ocorre em países em que não há fortificação da farinha de milho, trigo ou arroz.
A perda dessa vitamina ocorre durante o processo de branqueamento, moagem ou polimento do
grão. A deficiência grave de tiamina ocasiona o beribéri, que ganhou destaque na Ásia à medida

que o arroz branco foi incorporado na dieta. A síndrome de Korsakoff e a encefalopatia de


Wernicke também são formas de beribéri. A ingestão regular de alimentos que contenham a
vitamina B1 pode evitar o estabelecimento dessa carência.

Figura 7 – Fonte alimentar de vitamina B1


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Em um fundo de superfície


escura, há uma composição de alimentos fontes de vitamina B1. Amendoim,
arroz integral, laranja, farinha de aveia, batata, lentilha, salmão, feijão, aveia em
flocos, presunto, ervilha, pistache, pepita de girassol e couve-de-bruxelas. Fim
da descrição.

Vitamina B2 – Riboflavina
A deficiência de riboflavina é comum em países que não exigem a fortificação da farinha de
milho, trigo ou arroz. A perda também ocorre no processo de branqueamento, moagem ou
polimento do grão. Sua deficiência causa queilite angular (inflamação dos cantos da boca),
língua vermelha dolorida, dor de garganta e lábios rachados. Os olhos tornam-se sensíveis à luz
e podem coçar.
A deficiência de riboflavina também pode ocasionar anemia, com os glóbulos vermelhos
normais em tamanho e níveis de hemoglobina, porém em números reduzidos. A ingestão
regular de alimentos que contenham a vitamina B2 pode evitar o estabelecimento dessa
carência.

Figura 8 – Fonte alimentar de vitamina B2


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Em um fundo de madeira


branca, há uma composição de alimentos fontes de vitamina B2. Leite, carne
suína, queijo, espinafre, cogumelos, fígado, ovos, peixe, amêndoas e carne
vermelha. Fim da descrição.

Vitamina B3 – Niacina
A deficiência de niacina causa a pelagra. Essa doença nutricional debilitante pode ser reversível.
Ela é conhecida pelos sintomas típicos dos 4 Ds: demência, diarreia, dermatite e death (morte).
A dermatite ocorre na região da pele exposta a raios solares. A deficiência de niacina é resultado
de uma dieta pobre na ingestão de niacina e de triptofano (precursor da niacina). A ingestão
regular de alimentos que contenham a vitamina B3 pode evitar o estabelecimento dessa

carência.

Figura 9 – Fonte alimentar de vitamina B3


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Sobre um fundo branco com


tábuas de madeira, há uma composição de alimentos fontes de vitamina B3. Na
parte superior, pedaços de carne vermelha, carne suína, fígado, carne de frango,
abacate, pão integral, amendoim, peixe, manga, cogumelos e ervilha. Há uma
placa verde na parte inferior da fotografia na qual está escrito, em cor branca,
“vitamina B3”. Fim da descrição.

Vitamina B5 – Ácido Pantotênico


A deficiência de ácido pantotênico é incomum. Os sintomas incluem fadiga, irritabilidade e
apatia. A ingestão regular de alimentos que contenham a vitamina B5 pode evitar o
estabelecimento dessa carência.

Figura 10 – Fonte de vitamina B5


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Sobre um fundo branco com


tábuas de madeira, há vários alimentos que são fonte de vitamina B5. Trutas,
aves, carne suína, sementes, salmão, cogumelos, carne vermelha, abacate,
iogurte e ovos. No centro da fotografia, há uma lousa negra com borda de
madeira na qual está escrito, com giz branco, “vitamina B5”. Fim da descrição.

Vitamina B6 – Piridoxina
É muito rara a deficiência de vitamina B6, mas pode ser observada em pacientes com doenças
renais em estágio terminal, nas síndromes de má absorção, como a doença de Chron, a doença
celíaca ou a colite ulcerativa. Os sintomas observados são: anemia microcítica, dermatite,
anomalias eletroencefalográficas e depressão. A ingestão regular de alimentos que contenham a
vitamina B6 pode evitar o estabelecimento dessa carência.

Vitamina B7 – Biotina
É muito rara a deficiência de vitamina B6, mas pode ser observada em pacientes com doenças
renais em estágio terminal, nas síndromes de má absorção, como a doença de Chron, a doença
celíaca ou a colite ulcerativa. Os sintomas observados são: anemia microcítica, dermatite,
anomalias eletroencefalográficas e depressão. A ingestão regular de alimentos que contenham a
vitamina B6 pode evitar o estabelecimento dessa carência.
Figura 11 – Fonte alimentar de vitamina B7
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Sobre um fundo cinza, há


vários alimentos que são fonte de vitamina B7. Amêndoas, avelãs, nozes,
ervilhas, brócolis, queijo, banana, ovos de codorna, vagens, ovos de codorna,
cogumelos, feijão, fígado, semente de abóbora. Do lado esquerdo da fotografia,
há uma lousa negra na qual está escrito, com giz branco, “vitamina B7 –
biotina”. Fim da descrição.

Vitamina B9 – Folato ou Ácido Fólico


A deficiência de folato é comum e está associada principalmente aos Defeitos do Tubo Neural
(DTN) em bebês, ocasionados pela baixa concentração plasmática na mãe no primeiro terço da

gravidez. Com a exigência da fortificação dos alimentos com ácido fólico, houve a diminuição da
incidência de DTN em nações que usam essa fortificação. A deficiência de folato também pode
ocasionar alterações genéticas, como a mutação do gene MTHFR, que compromete o
metabolismo do folato. A ingestão regular de alimentos que contenham o folato pode evitar o
estabelecimento dessa carência.
Figura 12 – Fonte alimentar de vitamina B9
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Sobre um fundo cinza, há


vários alimentos que são fonte de vitamina B9. Banana, espinafre, queijo,
cenoura, abacate, azeite, laranja, lentilha, brócolis, ervilha, legume, feijão,
fígado, trigo integral e pão integral. Na parte inferior da fotografia, há uma lousa
negra na qual está escrito, com giz branco, “B9”. Fim da descrição.

Vitamina B12 – Cobalaminas


A deficiência de cobalaminas pode ocasionar anemia perniciosa, anemia metilmalônica
acidêmica, degeneração subaguda combinada da medula espinhal, anemia megaloblástica, entre
outras. A ingestão regular de alimentos que contenham cobalaminas pode evitar o
estabelecimento dessa carência.
Figura 13 – Fonte alimentar de vitamina B12
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior – sobre um fundo cinza claro


há vários alimentos que são fonte de vitamina B12. Mexilhões, frutos do mar,
filé de arenque, leite, ovos, truta, carne vermelha, peixe defumado, salmão,
sardinhas em lata e fígado. Fim da descrição.

Vitamina C – Ácido Ascórbico


A deficiência de vitamina C é rara, ou seja, nenhum país fortifica alimentos como meio de
prevenir sua deficiência. A importância história da deficiência de vitamina C está relacionada às
grandes navegações, uma vez que os barcos não eram abastecidos com alimentos fontes de

vitamina C, ocasionando o escorbuto. A deficiência leva à perda de peso, fraqueza, dores


generalizadas. Em longo prazo, afeta os tecidos conjuntivos, causa sangramentos de pele e
doença gengival. A ingestão regular de alimentos que contenham a vitamina C pode evitar o
estabelecimento dessa carência.
Figura 14 – Fonte alimentar de vitamina C
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: fotografia com vista superior. Sobre um fundo cinza-
escuro, há vários alimentos que são fonte de vitamina C. Pimentão amarelo,
brócolis, frutas cítricas, repolho, tomate-cereja, espinafre, couve-de-bruxelas,
kiwi, limão siciliano, maracujá, mexerica e manga. No centro da fotografia, há
um quadro negro no qual está escrito, com giz branco, “C”. Fim da descrição.

Vitamina D
A deficiência de vitamina D é comum. Pode ocasionar o raquitismo e está ligada a vários outros
problemas de saúde. A carência pode ser evitada com a ingestão regular de alimentos que
contenham vitamina D.
Vitamina E
Sua deficiência é rara. Normalmente, ocorre como consequência de anormalidades no
metabolismo de gordura (ou absorção). Sua deficiência causa má condução de impulsos
elétricos nos nervos ocasionada por modificações nas estruturas e funções da membrana
nervosa. A carência pode ser evitada com a ingestão regular de alimentos que contenham a
vitamina E.

Vitamina K
Sua deficiência ocasionada por ingestão alimentar é rara. Ocorre como resultado da má absorção
de gordura. Os sinais e sintomas variam de sangramento nas gengivas, nasal, menstrual intenso

em mulheres e sensibilidade a hematomas. A carência pode ser evitada com a ingestão regular
de alimentos que contenham a vitamina K.

Minerais

Cálcio
O cálcio está presente nos ossos e nos dentes. Uma baixa ingestão de cálcio na infância e na
adolescência pode causar problemas de calcificação óssea. Em adultos, a osteoporose é comum,
principalmente em mulheres na pós-menopausa.

Sódio
A deficiência de sódio é rara. Os mecanismos de conservação do sódio no corpo são bastante
desenvolvidos, evitando a deficiência. Sintomas de níveis baixos de sódio incluem fraqueza,
cólicas, náuseas, tonturas e até coma.

Potássio
É muito comum nos alimentos, e a deficiência é rara. O potássio pode ser perdido durante uma
diarreia ou vômitos. Os sintomas observados na deficiência de potássio incluem câimbras
musculares, confusão, fraqueza e perda de apetite. Concentrações baixas de potássio no sangue

podem ocasionar hipocalemia, resultando em arritmias cardíacas.

Oligoelementos

Zinco
A deficiência de zinco causa problemas no sistema imunológico, no sistema reprodutivo e na
proliferação celular, além de aumentar o risco de câncer. Problemas psicomotores também são
relatados pela deficiência de zinco.

Iodo
A deficiência de iodo causa danos cerebrais que podem ser evitáveis. Durante a gravidez, a
deficiência de iodo pode prejudicar o desenvolvimento fetal, ocasionando o cretinismo (retardo

mental irreversível com anomalias no desenvolvimento e baixa estatura). Outras consequências


são déficits cognitivos e neuromusculares. A deficiência crônica resulta no bócio.

Ferro
É a deficiência nutricional mais comum. A deficiência de ferro pode resultar em anemia. Durante
a infância, a deficiência de ferro pode afetar o comportamento e as habilidades de
aprendizagem, bem como o crescimento. Em países em desenvolvimento, perdas de sangue
devido à ancilostomíase e outras infecções pioram a deficiência de ferro.

Cloro
O cloreto também é perdido em condições semelhantes à perda de sódio. A deficiência de cloreto
resulta em alcalose metabólica.

Estratégias para a Prevenção de Carências

Fortificação dos alimentos


De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO, 2023), a fortificação dos alimentos é

referida como a prática de aumentar intencionalmente o conteúdo de qualquer micronutriente


essencial (vitaminas e minerais) nos alimentos. Essa adição pode ocorrer tanto antes como
depois do seu processamento, com a finalidade de melhorar a qualidade nutricional, reduzindo o
número de pessoas com deficiência alimentar em uma determinada população, atuando, assim,
como uma política pública.

A Iniciativa de Fortificação dos Alimentos (FFI, 2023) lista todos os países do mundo que
conduzem programas de fortificação dos alimentos e quais os micronutrientes são adicionados
e em quais alimentos.

Site
Food Fortification Initiative

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
Os programas de fortificação com vitaminas existem em vários países e incluem folato, tiamina,
vitamina A, vitamina B6, niacina, riboflavina, vitamina B12, vitamina E, e vitamina D. A farinha
de trigo é o alimento mais comumente fortificado.

De acordo com Vellozo e Fisberg (2010), a OMS reconhece as seguintes categorias de


fortificação:

Fortificação em massa ou universal: consiste na adição dos micronutrientes


necessários à população de forma obrigatória;

Fortificação em mercado aberto: essa iniciativa é oriunda das indústrias


alimentícias e tem por objetivo melhorar o teor nutricional dos alimentos;

Fortificação direcionada ou localizada: pode ser obrigatória ou voluntária e tem


como objetivo ofertar alimentos enriquecidos para as populações que apresentam
risco de deficiência;

Fortificação domiciliar comunitária: tem sido implementada nos países em


desenvolvimento. Apresenta alto custo de implementação e há necessidade de
orientação à população. É de fácil aceitação pelo público-alvo, e sua composição
nutricional pode ser programada.

Site
Codex Alimentarius
Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Em 1990, menos de 20% das famílias que residem em países em desenvolvimento consumiam
sal iodado. No ano de 1994, surgiu a campanha para a iodização universal do sal. De acordo com
a UNICEF (2023), com essa campanha em 2020 foi estimado que 89% das famílias nos países em
desenvolvimento passaram a consumir sal iodado.

Outro exemplo de iniciativa para promoção da saúde pública foi o desenvolvimento do sal duplo
fortificado (DFS) com ferro e iodo. O uso do DFS é obrigatório no Programa Mid-Day Meal em
escolas administradas pelo governo da Índia, alcançando mais de 10 milhões de crianças em
idade escolar (DIOSADY et al., 2019).

Modificação Genética
A estratégia foi adotada pela primeira vez na Guatemala em meados dos anos de 1990 com a
produção da batata-doce de polpa laranja (OFSP), utilizada para reduzir a deficiência de vitamina
A (SOLOMONS; BULUX, 1997).
Figura 15 – Batata doce laranja
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: fotografia com vista frontal. Sobre um fundo de madeira


marrom, há várias batatas doces laranjas, sendo três inteiras ao centro. Nas
laterais, há duas batatas doces laranjas cortadas ao meio. No centro há tiras
dessa batata. Fim da descrição.

A biofortificação concentra-se no melhoramento de culturas básicas, como milho, arroz, feijão,


batata, milheto e mandioca. Existem três métodos que podem ser adotados, a saber:

melhoramento convencional de plantas, fertilização do solo ou engenharia genética


(SALTZMAN et al., 2013).

Em 2000, o arroz foi modificado geneticamente para produzir betacaroteno, conferindo-lhe


uma coloração laranja/amarela. Ele ficou conhecido como o arroz dourado (LI et al., 2022).

Quando ingerido, o betacaroteno é convertido em vitamina A (retinol). Esse processo atuaria de


maneira eficiente na redução da taxa de deficiência de vitamina A, reduzindo as consequências
dos problemas de visão, principalmente na infância.

Figura 16 – Arroz tradicional x arroz dourado (golden rice)


Fonte: Wikimedia Commons

#ParaTodosVerem: fotografia com vista frontal. Sobre uma toalha preta com
linhas pretas, há dois potes de cerâmica branca contendo grãos de arroz. À
direita, há grãos de arroz dourado escorrendo pela mão de uma pessoa, em
direção à cerâmica, que também contém seus grãos. À esquerda, há grãos de
arroz tradicional escorrendo pela outra mão da pessoa, em direção à cerâmica,
que também contém seus grãos. Fim da descrição.

Em 2017, foram relatados mais de 40 estudos de aceitação sensorial das culturas biofortificadas
envolvendo vários alimentos básicos como batata-doce, feijão, milho, arroz, mandioca e
milheto (TALSMA et al., 2017).
📄 Material Complementar
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Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites

UNICEF

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ACESSE

Leituras

World Health Organization Model List of Essential Medicines:


21st List 2019

Clique no botão para conferir o conteúdo.


ACESSE

Prevenção e Controle de Agravos Nutricionais

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Carência de Micronutrientes

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Resolução ANVISA RDC n° 71 de 22 de Dezembro de 2009

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
📄 Referências
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AWUCHI, C. G. et al. Evaluation of Patulin Levels and impacts on the Physical Characteristics of
Grains. International Journal Of Advanced Academic Research, [s. l.], v. 4, n. 51, p. 10-25, 2019.

DIOSADY, L. L.; MANNAR, M. G. V.; KRISHNASWAMY, K. Improving the lives of millions through new
double fortification of salt technology. Maternal & Child Nutrition, [s.l.], v. 15, n. 3, p. 1-9, mai. 2019.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1111/mcn.12773>. Acesso em: 17/10/2023.

FAINTUCHE, J. Necessidades e Carências de Nutrientes. In: MARTINS, M. de A. Clínica Médica:


Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais. 2. ed. Barueri: Manole, 2016.

FAO – Food And Agriculture Organization. Food fortification technology. 2023. Disponível em:
<https://www.fao.org/3/W2840E/w2840e03.htm>. Acesso em: 13/09/2023.

FFI – Food Fortification Iniciative. Why Fortify? Save Lives. 2023. Disponível em:
<https://www.ffinetwork.org/savelives>. Acesso em: 10/09/2023.

FUKUWATARI, T.; SHIBATA, K. Urinary Water-Soluble Vitamins and Their Metabolite Contents as
Nutritional Markers for Evaluating Vitamin Intakes in Young Japanese Women. Journal Of

Nutritional Science And Vitaminology, [s.l.], v. 54, n. 3, p. 223-229, 2008. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.3177/jnsv.54.223>.

GERNAND, A. D. et al. Micronutrient deficiencies in pregnancy worldwide: health effects and


prevention. Nature Reviews Endocrinology, [s.l.], v. 12, n. 5, p. 274-289, 1 abr. 2016. Disponível
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