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Prefeitura Municipal de Blumenau

Secretaria Municipal de Saúde


Diretoria de Ações em Saúde
Serviço de Atenção Domiciliar (SAD)

PROTOCOLO PARA DESOSPITALIZAÇÃO DE PACIENTES


EM VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA

BLUMENAU/SC
2020
1 CRITÉRIOS PARA USO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA NO
DOMICÍLIO

1.1 Critério clínico


 Paciente em conforto respiratório após adaptação aos parâmetros ventilatórios que
serão utilizados no domicílio;
 Condições clínicas controladas (crises convulsivas, episódios de agitação ou dor,
entre outros), com possibilidade de manejo seguro no domicílio;
 Avaliação de parâmetros e ou condições clínicas para registro e documentação da
estabilidade do paciente antes da alta hospitalar, conforme a necessidade do caso: gasometria,
frequência respiratória, padrão respiratório, expansibilidade, ausculta e radiografia de tórax;
 Estabilidade clínica e controle da doença de base;
 Parâmetro próximo a fração de oxigênio inspirado (FiO2) ou menor que 40%, com
saturação de O2 > 94%;

1.2 Existência de cuidador


Existência de cuidador apto e capacitado para o cuidado domiciliar (preferencialmente
dois cuidadores);

1.3 Capacitação do cuidador


 O cuidador deve ser treinado no ambiente hospitalar, para que esteja apto e seguro na
realização dos procedimentos necessário ao cuidado no domicílio. Para isso é recomendado que
o paciente passe pela enfermaria antes de ir para casa;
 Assegurar a adaptação do paciente ao ventilador que será utilizado no domicílio e o
treinamento do cuidador. Este momento deve ser compartilhado entre as equipes da unidade
hospitalar e da atenção domiciliar, e que sejam consideradas as especificidades das patologias, o
que definirá o tempo adequado para o processo de transição;
 O cuidador deve estar orientado sobre os cuidados básicos, incluindo
posicionamento, cuidados com higiene e conforto como:
1. Interpretação dos sinais vitais;
2. Aspiração endotraqueal e de vias aéreas;
3. Cuidados com a traqueostomia;
4. Higiene e prevenção de lesões de pele;
5. Utilização dos materiais da oxigenoterapia;
6. Instruções sobre os equipamentos (ventilador, concentrador de oxigênio, circuitos do
ventilador, bateria, nobreak, umidificadores, inaladores, reanimador manual);
7. Orientações sobre manobras e atividades que podem ser realizadas por cuidador
capacitado;
8. Planos de contingência para casos de intercorrências (decanulação acidental, falta de
energia elétrica, problemas técnicos com o ventilador), com reavaliações periódicas junto aos
familiares/cuidadores;
9. Suporte Básico de Vida;
10. Limpeza e desinfecção dos equipamentos;

2 EQUIPAMENTOS PARA A VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA


DOMICILIAR

2.1 Tipos de aparelho


 BIPAP (Dependência baixa/ moderada):
08 á 16 horas/dia
Atende ventilação não invasiva e invasiva (VNI e VMI)
Modelos:
-Mais de 10 Kg=Bipap A40 (bateria de 3h a 4H) ( Philips Respironics)
-Mais de 13 Kg= Stellar (bateria interna 2h) (Resmed)
 Suporte a Vida (Dependência Alta):
24 horas/dia
Atende ventilação não invasiva e invasiva (VNI e VMI)
Modelos:
-Trilogy 100 (bateria interna de até 8h) (Philips Respironics)
-Astral (bateria interna 8h) (Resmed)

2.2 Definição e adaptação ao ventilador


 Definir o equipamento mais adequado para o caso, ocorrendo a adaptação do
paciente ainda durante a internação hospitalar (critérios de inclusão e especificações dos
aparelhos fornecidos pelo estado em anexo divulgação oficial 11/2019);
 Garantir, nos contratos de fornecimento dos equipamentos de suporte a ventilação
mecânica invasiva, a assistência técnica 24 horas dos equipamentos utilizados na VMID, bem
como manutenção preventiva e corretiva;
 Especificações mínimas do aparelho de Ventilação Mecânica Domiciliar:
1. Definição do aparelho de acordo com as necessidades do paciente, incluindo avaliação de
necessidade de garantia de suporte de vida (ventilador volumétrico/pressórico)
2. Considerar modalidades A/C ou SIMV a Volume ou Pressão, PS, CPAP, BIPAP, AVASP;
3. Existência de bateria interna;
4. Existência de compensação de fuga aérea;
5. Existência de compensação do circuito;
6. Existência de alarmes sonoros de Volume Mínimo e Pico de Pressão;

3 PROCEDIMENTOS HOSPITALARES A SEREM REALIZADOS ANTESDA


ALTA PARA O DOMICÍLIOCOM VMID

3.1 Consentimento da família


 Tomar a decisão para o cuidado em domicílio e compartilhar com a família, obtendo
o consentimento e esclarecendo as responsabilidades entre todos os envolvidos no processo;
 Obter o consentimento informado da família/cuidador com a assinatura do Termo de
consentimento livre e esclarecimento;

3.2 Solicitação da equipe do SAD


 Iniciar o processo de alta hospitalar do paciente para o domicílio, assim que for dada
a entrada no processo de solicitação de equipamentos de VMID na Secretária de Saúde do
Estado de Santa Catarina (SES/SC), mais ou menos 30 dias antes da alta efetiva, realizando o
primeiro contato com a equipe de busca ativa, com encaminhamento através do SISREG de
avaliação do Serviço de Atenção Domiciliar e Oxigenoterapia Domiciliar;
 Para haver atenção domiciliar a um paciente em uso de VMID, é imprescindível a
garantia de retaguarda hospitalar quando for necessária a reinternação;

4 PROCEDIMENTO REALIZADO PELO SAD

4.1 Compete ao SAD


 Realizar reunião com a equipe hospitalar para planejar o atendimento no domicílio.
Dá mesma forma organizar reunião com o cuidador junto ao domicílio para averiguar se tem a
estrutura adequada para receber o paciente;
 Avaliar os aspectos socioeconômicos e possíveis sinais de risco e/ou situação de
vulnerabilidade social;
 Avaliar condições de renda familiar diante de eventuais custos envolvidos no
cuidado;
 Conscientizar, informar, orientar e encaminhar paciente e/ou família na busca e no
acesso aos benefícios e demais direitos, conforme demanda apresentada, para viabilizar o
atendimento na internação domiciliar;
 Identificar, avaliar, construir e acompanhar a rede social de apoio envolvida no
cuidado do paciente, na perspectiva de trabalhar a co-responsabilidade da assistência prestada,
de forma articulada e integrada aos demais atores, serviços e políticas;

4.2 Adequação do domicílio


 Avaliar as condições do domicílio quanto ao fornecimento regular de água e energia
elétrica, bem como acesso a um telefone fixo ou celular;
 Verificar a existência de tomadas exclusivas e individualizadas para cada
equipamento envolvido no cuidado ao paciente;
 Luz de emergência;
 Ambiente físico livre de objetos/móveis que possam provocar quedas, atrapalhar o
deslocamento ou que possam cair sobre o paciente;
 Posicionamento do leito com espaços vagos ao redor;
 Ambiente com boa ventilação (se necessário, pode-se utilizar ventilador, ar-
condicionado), boa iluminação e proteção contra insetos (tela nas janelas);
 Pia e local para higienização dos materiais envolvidos no cuidado, bem como
lavagem de mãos de cuidadores e profissionais;
 Forro, piso e pintura lavável;
 Cama hospitalar se for indicado;
 Acessibilidade ao redor do domicílio, para o SAMU ou serviço equivalente;

4.3 Verificar se possuem os seguintes equipamentos e materiais:


 Reanimador Manual (Ambu);
 Aspiradores de secreção a vácuo;
 Oxímetro de pulso portátil, (conforme avaliação de necessidade a ser julgada pela
equipe de atendimento domiciliar).
 Cilindro de oxigênio com umidificador, válvula reguladora, fluxômetro e extensores.
 Cânulas de traqueostomia (diâmetro menor que a utilizada);
 Sondas de aspiração;
 Circuito ventilatório de reserva especialmente para aparelho de suporte à vida.

5 EFETIVAÇÃO DA ALTA HOSPITALAR E A CHEGADA AO DOMICÍLIO


5.1 Processo de alta
 O hospital deve comunicar o dia e horário da alta, para que possa ser realizada a alta
assistida;
 A alta não deve ser realizada nas sextas-feiras, finais de semana, feriados, ou em
período noturno;
 No momento da alta hospitalar deverão estar presentes no domicilio medico do SAD,
enfermeiro, fisioterapeuta e se possível fisioterapeuta da Secretária do Estado de Saúde
(previamente agendada) responsável pela adaptação do aparelho e dos parâmetros ventilatórios
após transporte e estabilização do paciente e confiança da família/cuidadores.
 As Visitas domiciliares da equipe do SAD serão realizadas diariamente no período
de adaptação da rotina e dos cuidados necessários ao paciente no domicilio e posteriormente
espaçadas de acordo com o diagnóstico e gravidade do paciente e características do cuidador e
conforme decisão da equipe;
 A equipe realizará orientações aos familiares e cuidadores, no domicilio, sobre os
procedimentos e cuidados;
 A equipe disponibilizará informativos com os números de contato em casos de
intercorrências em letra visível e orientar que seja colocado em local de fácil acesso;
 A equipe entregará uma cartilha de leitura fácil e acessível relativa aos principais
procedimentos que serão realizados pelos familiares/cuidadores.

5.2 Transporte
O transporte do paciente ao seu domicílio deve acontecer em veículo apropriado.
Sugere-se uso de ambulância de suporte básico tipo B que possui: ponto de energia elétrica para
adaptação do aspirador e do ventilador, e fonte de oxigênio (com volume suficiente para o
deslocamento) e equipamentos mínimos para atender intercorrências.

6 COMPETENCIAS DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR


 Elaborar plano terapêutico com as seguintes indicações:
 Após alta hospitalar imediata, que as visitas domiciliares da equipe do SAD
responsáveis sejam mais freqüentes, a fim de analisar a adaptação do paciente e dos familiares
no domicilio com rotina de cuidados necessária;
 Em casos gerais, idealmente, as sessões de fisioterapia devem ocorrer no mínimo 03
vezes por semana (acordar durante quanto tempo permanecerá assim com os profissionais);
 Consulta médica pelo menos 1x/semana especialmente logo após a admissão no
SAD (acordar durante quanto tempo permanecerá assim com os profissionais).
 Realizar a reavaliação periódica do plano terapêutico conforme evolução clínica do
paciente;
 Realizar monitoramento telefônico durante as primeiras horas da alta hospitalar para
colher informações sobre o quadro clinico do paciente, funcionamento adequado do aparelho e
para tranqüilizar e dar segurança aos cuidadores.
OBS: o ideal seria inicialmente ser realizado de 06 em 06 horas no primeiro dia e evoluir para
cada 12 horas no próximo e a cada 24 horas durante a semana.
 Médico reforçará as orientações quanto a medicamentos, dieta cuidados e
intercorrências conforme necessidades;
 A enfermagem reforçará informações quanto a cuidados de higiene, conforto, troca
de dieta e cuidados gerais. Orientando de forma prática e segura como podem ser realizados,
agora adaptados ao ambiente da residência;

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