FOLHA TRIBUTÁRIA

JANEIRO 2023 | N.º 56

IMPOSTO PREDIAL E IMPOSTO SOBRE

OS VEÍCULOS MOTORIZADOS
FICHA TÉCNICA
FOLHA TRIBUTÁRIA

A Folha Tributária,
com periodicidade mensal, é um meio
de comunicação da Administração
Geral Tributária, para a divulgação
de informações, notícias, artigos
técnicos, eventos com relevância
fiscal e aduaneira ou novidades sobre
os seus serviços, dirigida a todos os
interessados em matérias tributárias.

FICHA TÉCNICA
Propriedade:
AGT - Administração Geral Tributária
Título: Folha Tributária
Edição: Janeiro 2022 - N.o 56
Redacção e Edição:
Gabinete de Comunicação Institucional
(GCI - AGT)

Equipa de Trabalho:
Bráulio E. Assis, Fernando Costa,
Josemar Dias, Denise Garrocho Panzo,
Natacha Nunda, Osvaldo Domingos,
Tarciso Gourgel, Raúl Dias,
Augusto Delgado, Lee Cambeia.

AGT Digital:
www.agt.minfin.gov.ao
portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
apoio.agt@minfin.gov.ao
Central de Apoio ao Contribuinte:
+244 923 16 70 10
Justinho (Assistente Virtual)
WhatsApp AGT: +244 923 167 011
IMÓVEIS & VEÍCULOS
ADMINISTRAÇÃO GERAL TRIBUTÁRIA LANÇA CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO AO
PAGAMENTO DO IP E DO IVM
A Administração Geral Tributária (AGT) lançou,
no dia 11 de Janeiro, no auditório da Biblioteca
e Sala de Exposições da Tributação, uma
campanha de sensibilização ao pagamento do
Imposto Predial (IP) e do Imposto sobre os
Veículos Motorizados (IVM).
A referida campanha visa alertar os contribuintes
para o cumprimento voluntário do pagamento
destes impostos dentro dos prazos estabelecidos
por lei. De acordo com o director dos Serviços
Fiscais da AGT, Denis Barbosa, que falava em
conferência de imprensa durante o lançamento
da campanha, a liquidação e o pagamento do
IP deve ser feito de 1 de Janeiro até ao último
dia útil do mês de Março, sendo que o IVM deve
ser pago de 1 de Janeiro até o último dia útil de
Junho de cada ano.
“O incumprimento da obrigação de pagamento
implica a aplicação de uma multa à taxa de
25% do valor do imposto e outros acréscimos
legais”, referiu.
A liquidação destes impostos pode ser feita a
partir da Central de Apoio ao Contribuinte (CAC),
no Portal do Contribuinte, nas Administrações
Municipais e Repartições Fiscais. A Referência
Única de Pagamento (RUPE), gerada na
FOLHA TRIBUTÁRIA
liquidação, pode ser paga em diferentes
meios de pagamento disponíveis, como o
Internet Banking, ATM, aplicativo Multicaixa
Express, bancos comerciais ou no interior das
repartições fiscais (na dependência bancária ou
via Terminal de Pagamento Automático). Devem
pagar o IP, os detentores, os proprietários, os
usufrutuários, beneficiários que tenham a posse
de imóveis e todos aqueles que obtenham rendas
provenientes de arrendamento de imóveis.
Estão isentos do pagamento do IP, o Estado, as
autarquias locais, as representações diplomáticas
e consulares (desde que haja reciprocidade para
com o Estado Angolano), os institutos públicos,
os partidos políticos com assento na Assembleia
Nacional ou órgão deliberativo autárquico, as
instituições religiosas legalmente reconhecidas,
os detentores de imóveis de construção precária
e as habitações sociais, os detentores de prédios
rústicos com aproveitamento útil, entre outros.
A matéria colectável nos prédios urbanos
corresponde ao valor patrimonial que resulta da
avaliação efectuada nos termos da legislação
aplicável. Entretanto, a matéria colectável nos
prédios rústicos corresponde ao valor patrimonial
de Kz 10 397,00 (dez mil, trezentos e noventa
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e sete kwanzas) por hectare. O rendimento
colectável dos imóveis arrendados é igual a 15%
de 60% das rendas efectivamente recebidas.
Os 40% correspondem a despesas relacionadas
com a conservação e manutenção do imóvel,
pelo que se exclui da matéria colectável.
TAXAS A PAGAR
A taxa do Imposto Predial aplicável aos terrenos
para a construção é de 0,6%. Já a taxa aplicável
aos prédios arrendados é de 25%. A taxa do IP
sobre a transmissão de bens imóveis é de 2%.
IVM EM PAGAMENTO ATÉ JUNHO
O IVM é a prestação anual que todos os
proprietários ou possuidores de veículos
motorizados têm de pagar ao Estado, pela posse
do veículo motorizado, até ao último dia útil do
mês de Junho.
O Imposto incide sobre os veículos motorizados
matriculados ou registados nos serviços
competentes do território nacional, ou seja,
automóveis ligeiros e pesados, motociclos,
ciclomotores, triciclos e quadriciclos, aeronaves,
embarcações e veículos eléctricos.
Estão isentos do pagamento do IVM, o
Estado, as autarquias, os partidos políticos,
as missões diplomáticas e consulares,
quando haja reciprocidade de tratamento, as
organizações internacionais (nos termos dos
acordos celebrados pelo Estado angolano), os
veículos adaptados para pessoas portadoras
de deficiência física e os tractores destinados
ao trabalho agrícola, porém, a isenção do
pagamento do IVM não afasta a obrigação de
cadastramento.
Todos os veículos que se encontram registados
e matriculados em Angola estão sujeitos ao
pagamento do IVM. O pagamento não implica,
necessariamente, que o veículo tenha de estar
em circulação. A taxa a pagar do IVM varia
consoante o tipo de veículo – quer sejam
automóveis ligeiros, ciclomotores, motociclos,
triciclos e quadriciclos e eléctricos – e a
cilindrada ou potência (cc/Kw) do motor.
FOLHA TRIBUTÁRIA
ARRECADAÇÃO
Em 2022, a AGT arrecadou, em sede de IP, mais
de 58 mil e quinhentos milhões de kwanzas.
Os dados foram apresentados pelo director dos
Serviços Fiscais, Denis Barbosa, na Conferência.
O evento serviu igualmente para apresentar os
resultados obtidos pela AGT relativamente às
receitas arrecadadas com o IP e IVM durante
o ano transacto, bem como para fazer o
lançamento da campanha de sensibilização do
pagamento destes impostos.
“Tendo sido arrecadado o valor de Kz 58 559
149 315,00 (cinquenta e oito mil milhões,
quinhentos e cinquenta e nove milhões, cento e
quarenta e nove mil, trezentos e quinze kwanzas),
da diferenciação entre a receita prevista e a
receita arrecadada, verificou-se um grau de
alcance calculado em 83%, faltando 17% para
atingir a meta de arrecadação traçada”, disse o
director dos Serviços Fiscais.
De acordo com Denis Barbosa, em 2022 foram
inscritos, na base de dados da AGT, 295.288
imóveis. Por outro lado, segundo o responsável,
durante o exercício económico de 2022, foram
arrecadados Kz 3.848.728,185,00 (três mil
milhões, oitocentos e quarenta e oito milhões,
setecentos e vinte e oito mil, cento e oitenta e
cinco kwanzas) em Imposto sobre os Veículos
Motorizados (IVM).
Nesse mesmo período, foram cadastrados, a
nível nacional, um total de 79 682 veículos,
sendo 87 aeronaves, 788 embarcações, 59.069
ligeiros,12.293 motociclos e 7.455 pesados.
Participaram na conferência de imprensa da
AGT, o director do Gabinete de Comunicação
Institucional, Bráulio Assis, vários técnicos
tributários, bem como jornalistas dos órgãos de
comunicação público e privado.
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 GRANDE
ENTREVISTA

Ivo N’hany
Director do Segundo Serviço Regional Tributário

2.ª REGIÃO TRIBUTÁRIA

APOSTA NO REFORÇO DO ALARGAMENTO
DA BASE TRIBUTÁRIA

A 2.ª Região Tributária (2.ª RT), sediada na capital da província de Malanje,

compreende igualmente as províncias de Cuanza-Norte e Uíge. A nível da
Região, o imposto que mais contribui é o Imposto sobre os Rendimentos do
Trabalho (IRT) por Conta de Outrem, contribuindo com 43,80% do total das
receitas arrecadadas nos últimos três anos.

Em entrevista à Folha Tributária, o director da 2.ª Região Tributária, Ivo

N’hany, referiu que “neste ano, a região perspectiva dar continuidade às
reformas estruturais com medidas de impacto na arrecadação de receitas e
promover o crescimento do vector do alargamento da base tributária”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 5
UMA DAS QUESTÕES QUE SE TEM DESTACADO NO
TRABALHO NA 2.ª REGIÃO É A COORDENAÇÃO COM
OS DIVERSOS ÓRGÃOS PÚBLICOS. FALE-NOS DE
COMO TEM DECORRIDO ESSE TRABALHO.
Cada uma das várias instituições que actuam
nas três províncias que compõem a região
desempenha um papel fundamental no
processo de sensibilização dos contribuintes e
de alargamento da base tributária.
Os governos provinciais, na pessoa dos seus
governadores, têm o papel de promover
mecanismos que garantam a inter-relação,
interdependência e a coordenação institucional.
O papel do INAPEM reside na cooperação para
a promoção da educação e cidadania fiscal
das Micros, Pequenas e Médias Empresas,
por ser o interlocutor privilegiado do Estado
na concertação e diálogo institucional com as
mesmas, e que, nos termos do seu estatuto
orgânico, presta assistência fiscal às empresas,
em particular, reconvertendo actividades
económicas informais.
Por isso mesmo temos de trabalhar em conjunto.
Os meios de comunicação social também são
parceiros fundamentais, na medida em que têm
a função de realizar entrevistas e dar visibilidade
das actividades em curso, de modo a elucidar
os contribuintes e utentes dos nossos serviços
sobre matérias de interesse fiscal e aduaneiro.
QUAL É A PROVÍNCIA QUE TEM REGISTADO MAIS
FUGA AO FISCO?
Muitos contribuintes não pagam impostos por
falta de informação, por isso, bastantes agentes
económicos não declaram os seus rendimentos.
Por outro lado, já existe um crescimento
considerável de operadores económicos a
cumprirem, de forma voluntária, com as suas
obrigações fiscais.
Diria que a província de Malanje regista maior
índice de fuga ao fisco, a julgar pelas receitas
arrecadadas não provenientes das retenções na
fonte feitas pelas instituições públicas.
FOLHA TRIBUTÁRIA
QUAL É O IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA NA
ECONOMIA DA 2.ª RT?
A reforma tributária tem impactado
positivamente na medida em que veio reformular
os regimes de tributação, simplificar e clarificar
os impostos, apesar de ainda ser prevalecente,
na perspectiva do sistema de tributação de
rendimento, o sistema cedular, porquanto,
em virtude de se caracterizar pela existência
de códigos de impostos para cada parcela do
rendimento, consumo ou do património.
Outro sinal visível prende-se com a concretização
de inspecções tributárias, com a qualidade e
a quantidade desejada, apesar de ainda não
termos atingido o nível óptimo. Pretendemos
reduzir ao máximo o número de declarações
apresentadas e chegar ao nível de inspeccionar
as declarações entregues no período transacto.
Até lá, “mãos à obra”.
Por outro lado, a reforma tributária permitiu a
adopção de ferramentas de operacionalização
das inspecções tributárias, mormente com
uma progressiva submissão de informação
contabilística e fiscal por via electrónica,
também gerada, em parte, através de softwares
certificados pela própria AGT.
QUE BALANÇO PODE FAZER DAS RECEITAS
ARRECADADAS NA 2.ª RT ATÉ AO TERCEIRO
TRIMESTRE DE 2022 COMPARATIVAMENTE AO ANO
DE 2021?
A receita arrecadada pela 2ª Região Tributária
apresentou uma tendência crescente ao longo
dos meses de Janeiro a Setembro de 2022.
Até ao terceiro trimestre de 2022, a receita
arrecadada pela 2ª RT suplantou o período
homólogo, tendo-se verificado um crescimento
de mais 67,40%.
QUAIS TÊM SIDO AS ESTRATÉGIAS IMPLEMENTADAS
NA 2ª RT COM VISTA AO AUMENTO DA ARRECADAÇÃO
DE RECEITAS?
Consideramos relevantes duas dimensões.
Uma relacionada com a contínua partilha de
informações relevantes sobre as obrigações e os
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seus prazos e outra com o acesso aos serviços
da Administração Geral Tributária. Isto quer
dizer que estamos apostados em servir cada vez
mais e melhor todos os contribuintes.
É neste sentido que temos realizado diferentes
acções, como campanhas informativas,
workshops, palestras e formações. A AGT
tem recorrido também à inovação digital
oferecendo aos contribuintes cada vez mais
serviços tecnológicos, de modo a que possam
submeter as declarações tributárias, liquidar
e pagar os impostos de forma simples e fácil
e, maioritariamente, sem necessidade de
deslocação às instalações da AGT.
É neste sentido que lançámos o Portal de
Atendimento por Marcação, como abordado
acima, que constitui mais uma ferramenta
para acesso aos nossos serviços de forma
sistematizada e de acordo com a gestão do
tempo dos contribuintes.
A NÍVEL DA REGIÃO, QUAL É O IMPOSTO QUE MAIS
CONTRIBUI?
Considerando os últimos três anos, podemos
concluir que o imposto que mais contribui no
total das receitas arrecadas a nível da região é o
Imposto sobre os Rendimentos de Trabalho por
Conta de Outrem, contribuindo com 43,80% do
total das receitas arrecadadas.
QUAIS SÃO OS GRANDES DESAFIOS DA REGIÃO?
Os grandes desafios da 2.ª Região Tributária
consistem na maximização da arrecadação
de receitas, o alargamento da base tributária,
a melhoria dos mecanismos de cobrança e de
gestão da dívida tributária, o fortalecimento
da assistência ao contribuinte com foco
na educação fiscal e a modernização das
infraestruturas físicas e tecnológicas.
TODOS OS OBJECTIVOS PRECONIZADOS EM 2022
PELA 2.ª RT FORAM ALCANÇADOS?
De um modo geral, os resultados acumulados
obtidos de Janeiro a Dezembro de 2022, quando
comparado com os objectivos traçados, deixam-
FOLHA TRIBUTÁRIA
nos inquietos, porquanto demonstra existirem
grandes desafios ainda em sede da arrecadação
de receitas fiscais provenientes do pagamento
voluntário, ou seja, que não dependa das
retenções na fonte dos organismos do Estado.
Por isso, continuaremos a empreender o
esforço de alargamento da base tributária,
por meio da sensibilização e cadastramento
dos contribuintes, articulação com as diversas
entidades públicas das 3 provinciais, bem
como a divulgação das informações por meio da
comunicação social.
DE QUE FORMA É QUE OS IMPORTADORES E
EXPORTADORES SÃO ENVOLVIDOS?
Neste quesito foram desenvolvidos vários
programas de facilitação do comércio como o
do Operador Económico Autorizado (OEA) que
permite diminuir controlos sobre as consignações
de agentes do comércio identificados como
cumpridores e idóneos.
Angola tem também um Comité Nacional para
a Facilitação do Comércio, criado pelo Decreto
Presidencial n.º 176/18, de 27 de Julho de
2018, no qual a AGT está representada, e que
enquanto órgão consultivo multissectorial do
Governo, está, também, encarregue de propor
medidas que visam a implementação da
Facilitação do Comércio em Angola, conforme o
previsto no Acordo de Facilitação do Comércio
ratificado pelo Estado angolano.
QUAL É A PERSPECTIVA DE CRESCIMENTO DA 2.ª
RT PARA 2023?
Como referimos, daremos continuidade às
reformas estruturais ao nível do 2.ª RT com
medidas de impacto na arrecadação de receitas
para haver crescimento ao nível do vector do
alargamento da base tributária.
Isto quer dizer que pretendemos ver um
aumento do cadastro de mais empresas, mais
imóveis e mais veículos motorizados que deverá
ser conseguido por intermédio da melhoria
de processos e procedimentos de fiscalização
e tributários. Pretende-se ainda promover o
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cadastro massivo de pessoas e bens (imóveis e
veículos motorizados), com particular destaque
para aqueles contribuintes cuja estrutura de
produção se encontra ao nível da 2ª RT, mas
cuja sede corporativa se encontra noutras
paragens. Vamos incentivar ao cumprimento
voluntário das obrigações fiscais e ampliar
as acções de educação e cidadania fiscal e
monitoramento, controlo e a compliance dos
processos tributários.
Em virtude da forte dependência das receitas
provenientes das retenções dos organismos
do estado ao nível da 2ª RT, perspectiva-se,
para este ano, alterar esse quadro e trazer os
operadores económicos que se encontram
na base cadastral da AGT, que, por razões
desconhecidas, ainda não têm efectuado o
pagamento dos tributos como deve ser, como
são os casos do IRT – grupo C, do Imposto
Predial, do IVM, bem como do Imposto de Selo,
que revelaram deficits expressivos em 2022, ao
nível da arrecadação face às projecções.

ESTRUTURA DA 2.ª REGIÃO TRIBUTÁRIA

O quadro abaixo representa as Repartições Fiscais (RF) da 2.ª Região Tributária

RF DE MALANJE RF DE N’DALATANDO RF DO UÍGE RF DE CAMABATELA RF DO DONDO

Postos Fiscais da 2.ª Região Tributária

Posto Fiscal Província

Cacuso
Malanje
SIAC

Negage

Songo

Maquela do Zombo Uíge

Sanza Pombo

SIAC

A região dispõe ainda de um Posto Aduaneiro do Quimbata, situado na província do Uíge.

FOLHA TRIBUTÁRIA 8
 GRANDES CONTRIBUINTES
AGT ELUCIDA CONTABILISTAS SOBRE TRANSACÇÕES
ENTRE EMPRESAS COM RELAÇÕES ESPECIAIS

A Administração Geral Tributária (AGT) participou, no dia 4 de Janeiro, na 1ª edição de

2023 do programa on-line “Quartas na Ordem”, um projecto da Ordem dos Contabilistas e
Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA). Esta primeira edição teve como objectivo elucidar os
contabilistas sobre como devem proceder quando confrontados com processos de transacções
entre empresas com relações especiais.
Na ocasião, a chefe do Departamento de Fiscalização da Direcção dos Grandes Contribuintes
(DGC) da AGT, Carla Nogueira, e o técnico da Unidade de Preços de Transferência da mesma
direcção Jorge Ramos, explicaram que existem relações especiais entre duas entidades quando
uma tem poder de exercer, directa ou indirectamente, uma influência significativa nas decisões
de gestão da outra. Quanto ao preço de transferência, consiste na política de preços que vigora
nas relações entre empresas interdependentes ou relacionadas.

FOLHA TRIBUTÁRIA 9
“Para efeitos fiscais, o tratamento dado às empresas relacionadas deve ser o mesmo dado às
empresas não relacionadas ou independentes, ou seja, às empresas que têm entre si relações
comerciais do mesmo grupo e que são consideradas especiais exige-se que implementem
os mesmos preços praticados pelas entidades independentes. O preço de transferência leva
necessariamente ao princípio da plena concorrência”, explicou Carla Nogueira.
“Temos a impressão de que este tema não tem merecido a devida atenção por parte de algumas
empresas. Isso preocupa a AGT, uma vez que o tratamento inadequado da informação pode levar
a agravamentos significativos em sede de Imposto Industrial”, referiu.
Por sua vez, Jorge Ramos referiu que existem três métodos de preços de transferência considerados
tradicionais e que servem para comprovar se as operações entre empresas relacionadas cumprem
ou não com os preços ou margens de mercado, segundo o princípio da plena concorrência.
“Para comprovar se as operações cumpriram o princípio da plena concorrência, usamos o Método
do Preço Comparável de Mercado que verifica se o preço praticado entre os relacionados é o
mesmo praticado pelos independentes. Temos o Método do Preço de Revenda Minorado que
determina o preço da compra, para que a margem bruta auferida de revenda seja de mercado
e, por último, temos o Método do Custo Majorado que adiciona aos custos incorridos pelo
fornecedor, uma margem bruta apropriada para que se obtenha um lucro apropriado”, explicou.
Jorge Ramos referiu, também, que existem outros métodos de preços de transferência
considerados não tradicionais, baseados nos lucros, sendo eles, o Método do Fraccionamento do
Lucro, o Método da Margem Líquida da Operação e o Sexto Método que se aplica especialmente
às transacções de commodities ou produtos cotados em bolsa.

“Em Angola, os métodos não tradicionais ainda não estão aplicados em lei, mas já há propostas
para serem incorporados aos regulamentos”, informou.

PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA - ANÁLISE FISCAL EM SEDE DE IMPOSTO INDUSTRIAL

De acordo com Jorge Ramos, todos os contribuintes que são tributados em sede do Imposto
Industrial são obrigados a entregar o dossier de preço de transferência. “Os contribuintes têm a
obrigação declarativa de preparar o dossiê e entregar à administração fiscal sempre que nas suas
transacções comerciais, vendas ou prestações de serviços tenham tido uma cifra de mais de 7
mil milhões de kwanzas e que, durante o exercício fiscal alvo da declaração, tenham ocorrido
transacções com entidades relacionadas”.

“Antes, a referida obrigatoriedade era apenas para os grandes contribuintes, mas agora estende-
se para os demais contribuintes”.

Além da verificação do cumprimento da obrigação declarativa, a análise fiscal é feita, igualmente,

pela identificação e delimitação precisa das operações vinculadas, pela análise funcional ou
factor de compatibilidade, assim como pela escolha do método adequado.
“A análise funcional constitui a base fundamental para verificar e validar os termos e condições
acordados nas operações vinculadas. É onde o contribuinte determina aqueles que foram os
riscos que ele assumiu ao longo da transação, os activos que ele empregou e as funções que o
mesmo exerceu no decorrer da transacção com a sua entidade relacionada. Temos ainda a análise
de comparabilidade com outras operações similares ocorridas entre partes independentes”,
concluiu o técnico da Unidade Técnica de Preços de Transferência, Jorge Ramos.

FOLHA TRIBUTÁRIA 10
ASSISTENTE
VIRTUAL
“JUSTINHO”
MAIS DE SEIS MIL CONTRIBUINTES
ATENDIDOS EM SEIS MESES
De Julho a Dezembro de 2022, foram atendidos
6 950 contribuintes através do “Justinho”,
o assistente virtual da Administração Geral
Tributária (AGT). Dentre os serviços mais
solicitados pelos contribuintes destacam-se
a consulta do Número de Identidade Fiscal
(NIF), a obtenção das Notas de Liquidações de
Impostos, bem como esclarecimentos sobre as
taxas Aduaneiras para a importação de bens.
Os dados foram avançados pelo coordenador
da Central de Apoio ao Contribuinte (CAC),
Deolindo Fançony, quando fazia o balanço do 1º
semestre de funcionamento do serviço, à Folha
Tributária. De recordar que o assistente virtual
ficou disponível ao público após o lançamento
que ocorreu a 17 de Julho de 2022, na Feira
Internacional de Luanda. De acordo com o
coordenador da CAC, os contribuintes que mais
acederam à plataforma digital, durante o período
em análise, pertencem ao regime singular e não
têm qualquer actividade comercial. A grande
maioria pretendia obter esclarecimentos sobre
a adesão ao regime de actividades comerciais.
Deolindo Fançony considera positivo os seis
meses de implementação da plataforma digital,
que pode ser acedida a partir do WhatsApp, pelo
terminal telefónico 923 167 011.
“Com a implementação do Justinho, a relação
entre a AGT e o contribuinte melhorou, sendo
que o Justinho foi adicionado à lista de canais
de serviços disponíveis 24/24 horas, permitindo,
assim, que o contribuinte possa entrar em
contacto com a AGT no conforto do seu lar ou
escritório, no horário que melhor lhe convier”,
FOLHA TRIBUTÁRIA
reiterou. O responsável informou igualmente que
o período que os contribuintes mais recorrem ao
assistente virtual é das 08h00 às 14h00.
O Justinho foi criado com o objectivo de aproximar
a AGT dos contribuintes e, desta forma, fazer
com que os contribuintes deixem de se deslocar
fisicamente às instalações da AGT para aceder
à informação sobre a tributação. Em caso de
anomalia no sistema virtual, o contribuinte
pode recorrer aos canais convencionais da AGT,
designadamente, as repartições fiscais, o Portal
do Contribuinte, bem como ligar para a Central
de Apoio ao Contribuinte, através do terminal
telefónico 923 167 010.
SERVIÇOS DISPONÍVEIS
A partir do assistente virtual “Justinho”, o
contribuinte pode consultar documentos, solicitar
o Comprovativo de Registo de Contribuinte,
Estado do Número de Identificação Fiscal, ver
o Calendário Fiscal, efectuar consultas diversas,
esclarecer dúvidas ou apresentar reclamações,
obter a Nota de Liquidação para pagar o Imposto
sobre os Veículos Motorizados, efectuar o
cadastro, consultar a Certidão de Não Devedor.
Caso assim o deseje os contribuintes podem
falar directamente com um técnico tributário
pelo número da Central de Apoio ao Contribuinte
ou pelo correio electrónico
apoio.agt@minfin.gov.ao.
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 PAUTA ADUANEIRA
CLASSIFICAÇÃO PAUTAL VISA UNIFORMIZAÇÃO DA
CODIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS

“A Classificação Pautal de Mercadorias visa, essencialmente, a uniformização da codificação e

classificação das mercadorias susceptíveis ao comércio lícito, facilitando a recolha de estatísticas
comerciais internacionais, bem como, determina a matéria colectável, em percentual, do imposto a
que estarão sujeitas as mercadorias importadas ou exportadas”.

A afirmação é do chefe do Departamento de Tarifas e Comércio da Direcção dos Serviços Aduaneiros

da Administração Geral Tributária (AGT), Ângelo Silva, em entrevista à Folha Tributária, que abordou
o tema “A Classificação Pautal de Mercadorias: Imposições Aplicáveis”.

A Classificação Pautal de Mercadorias é o processo através do qual, à mercadoria sujeita a despacho

aduaneiro, é atribuído um código numérico (posição pautal), em virtude da sua matéria constituinte,
sua função, forma de produção, sua apresentação e acondicionamento no momento de importação
ou exportação etc. O diploma legal que prevê a Classificação Pautal de Mercadorias é a Pauta
Aduaneira, aprovada pelo Decreto Legislativo Presidencial nº 10/19, de 29 de Novembro.

FOLHA TRIBUTÁRIA 13
De acordo com Ângelo Silva, a Classificação Pautal de Mercadorias é importante, na medida em que
determina o código pautal das mercadorias e a taxa aduaneira aplicável às mesmas. “Sendo que não
é possível desalfandegar uma mercadoria sem a determinação do código pautal e, por via deste, a
taxa do imposto aplicável à mercadoria”, frisou.

MERCADORIAS AGRUPADAS
As mercadorias estão agrupadas por ordem progressiva da sua complexidade, considerando o grau
de transformação ou a posição nos processos produtivos.

Assim sendo, as mercadorias estão agrupadas por secções que determinam várias mercadorias
pertencentes à mesma categoria, como por exemplo, animais, vegetais ou ainda determinada
indústria como, química, madeira ou têxteis etc.

Estão igualmente agrupadas por capítulo, que descrevem uma categoria de produtos, como por
exemplo os plásticos, seda, veículos, vidro etc.

Constam ainda da Classificação Pautal de Mercadorias as posições e subposições. Estas descrevem

detalhadamente um determinado produto, como por exemplo, o sorvete, o sal, os licores, entre outros
produtos. A tabela abaixo apresenta um exemplo de uma classificação até ao nível de sub-posição:

(Ver tabela abaixo)

Secção II Produtos do Reino Vegetal

Capítulo 08 Fruta, Cascas de Citrino e de Melões

Posição 08.05 Citrinos frescos ou seco

Subposição 0805.10 Laranja

As mercadorias sujeitas às taxas aduaneiras são aquelas cujos códigos pautais observam taxas dos
direitos aduaneiros. No entanto, excepcionalmente há mercadorias sujeitas a taxas por via do código
pautal, mas que através de um acto administrativo, previsto na Pauta Aduaneira, beneficia de isenção
fiscal e aduaneira subjectiva.

Para os produtos intermédios e bens de equipamentos, as taxas variam de 2 a 10%, os bens de

consumo corrente têm de taxas que vão de 20 a 30%. Entretanto, os produtos sensíveis têm uma
taxa que varia entre 40 a 60%.

“O grupo de mercadorias com taxa mais elevada são as mercadorias cuja produção nacional é visível,
por exemplo, as bebidas. Por outro lado, temos ainda medidas que visam a protecção da saúde
pública e que são aplicadas a alguns produtos nocivos à saúde humana, como é o caso do tabaco”,
finalizou.

FOLHA TRIBUTÁRIA 14
 PASSO-A-PASSO
SUBMISSÃO DO MAPA DE REMUNERAÇÕES
IRT - IMPOSTO SOBRE OS RENDIMENTOS DO TRABALHO

1. INICIAR SESSÃO
Para submissão do mapa de remunerações aceda:
https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao

2. SELECCIONAR A CONTA DO CONTRIBUINTE

Para seleccionar a conta clique na opção Seleccionar.

3. SELECCIONAR A OPÇÃO IRT

No Menu de Serviços seleccione a opção IRT.

4. SUBMISSÃO DO MAPA
Seleccione a opção submeter.

FOLHA TRIBUTÁRIA 15
5. SELECCIONAR A CONTA
Após clicar na aba submeter, escolha a conta desejada e clique em próximo.

6. FORMA DE SUBMISSÃO
Em seguida, escolha o mapa desejado e preencha os campos abaixo de forma sequencial (exercícios,
mês e forma de submissão).

Nota: Em de submissão tardia, terá acesso a mais duas abas (Data de pagamento de salário e a aba Comprovativo de
salário).

7. ANEXAR O FICHEIRO
Caso seleccione a opção Ficheiro, submeta o mapa de remunerações na opção abaixo (Anexos)

FOLHA TRIBUTÁRIA 16
8. PREENCHIMENTO DO MAPA
Caso escolha a opção Manual, terá acesso à aba Mapa de Remuneração, em seguida clique em
Adicionar e preencha os campos do formulário, sem se esquecer de salvar as informações no final.

Nota: Em caso de submissão tardia, terá acesso a mais uma aba (Data de pagamento de salário).

9. REUTILIZAÇÃO DO MAPA
Caso queira reutilizar um mapa submetido, seleccione a opção forma de submissão “Cópia” indicando
o exercício e o mês pretendido.

10. CONSULTA
Caso necessite consultar as suas Declarações, Histórico e Relatórios, clique em Consulta.

FOLHA TRIBUTÁRIA 17
PRIMEIRA
REGIÃO
TRIBUTÁRIA
REGIME DE TRIBUTAÇÃO DE CABINDA
PREVÊ ATRAIR INVESTIDORES LOCAIS
E ESTRANGEIROS

FOLHA TRIBUTÁRIA 18
A província de Cabinda goza de um regime
de tributação especial diferente das restantes
províncias de Angola. A medida tem como
objectivo alavancar o desenvolvimento da
província, mediante a aplicação de medidas
fiscais e extrafiscais com impacto directo
no tecido empresarial local e na vida das
populações.
O regime de tributação especial para a província
de Cabinda resulta do Decreto Legislativo
Presidencial nº4/22, de 23 de Julho. O diploma
contempla benefícios aduaneiros (tributação
externa), nomeadamente, sobre os Direitos
Aduaneiros e relativos ao Imposto sobre o Valor
Acrescentado (IVA) na Importação, bem como
benefícios fiscais (tributação interna) em sede
de Imposto Industrial.
Fazem, igualmente, parte deste decreto o
Imposto sobre a Aplicação de Capitais (IAC),
o Imposto Predial (IP) e o Imposto sobre
Valor Acrescentado (IVA) na transmissão de
bens e prestação de serviços portuários e de
distribuição de água pública.
De acordo com o director da 1ª Região
Tributária, Ricardo Pais de Aguiar, “a província
de Cabinda goza de um regime de tributação
especial, pelo facto de serem reconhecidas
as particularidades da província, decorrentes
da sua localização geográfica, agravadas pela
ausência de equipamentos, o que resulta na
comercialização de mercadorias e bens a preços
mais altos que nas restantes zonas do País”,
referiu.
TAXAS MAIS BAIXAS
O regime de tributação para a província de
Cabinda, na vertente dos impostos internos,
prevê a aplicação de uma taxa de 10% no
Imposto Industrial, sendo de 3% para as
actividades agrícolas. A taxa do IAC é de 5%, a
aplicar na distribuição de lucros ou dividendos
e o IP teve a taxa reduzida para 15% (taxa
FOLHA TRIBUTÁRIA
nominal), sendo que a taxa efectiva passou para
6%.
Já o IP sobre a detenção ou propriedade passou
para 0,05% (taxa única incidente sobre o valor
patrimonial do imóvel), sendo que a taxa do IP
é de 1%. A taxa do IVA sobre a transmissão de
bens diversos é de 2% e na transmissão de bens
alimentares é de 1%.
Entretanto, na vertente dos impostos externos,
a taxa de Direitos Aduaneiros, para as
mercadorias importadas ao abrigo do Regime
Especial Tributário para a província de Cabinda,
incluindo as bebidas, viaturas, embarcações e
aeronaves, é de 2%.
Destacam-se, igualmente, a redução para 1%
da taxa de Direitos Aduaneiros na importação
de bens alimentares, a redução para 1% do IVA
na importação de bens alimentares e 2% para
a importação de outras mercadorias que não
sejam bens alimentares.
Por outro lado, o regime especial não é aplicável
à indústria petrolífera, ou seja, o Decreto
Presidencial nº4/22, de 23 de Julho aplica-se
apenas às empresas domiciliadas na província
de Cabinda, aos imóveis aí instalados e aos
residentes fiscais da região.
Quanto ao impacto que estes benefícios fiscais
trazem para a melhoria de negócios da região,
o director da 1ª Região Tributária referiu que o
impacto é notório, “embora de forma tímida, na
redução de preços em alguns bens.
Entretanto, temos vindo a apelar à honestidade
dos comerciantes para que o impacto real dessas
medidas fiscais excepcionais saiam do papel
para a prática e possam reflectir na vida das
populações residentes na província”, exortou.
19
 EDUCAÇÃO FISCAL
UMA QUESTÃO DE CIDADANIA

O actual contexto socio-económico em Angola Programa Nacional de Educação e Cidadania

é marcado pelo elevado nível de informalidade Fiscal (PNECF), nos diferentes seguimentos,
económica que, segundo os dados do Fundo nomeadamente:
Monetário Internacional, representa 35 porcento • Ensino Geral;
do Produto Interno Bruto (PIB) e 60 porcento • Ensino Técnico Profissional;
da população activa a trabalhar no mercado • Formação de Formadores;
informal, de acordo com o Censo Geral da • Universidades;
População e da Habitação realizado em 2014. • Ordens profissionais; e
A Educação Fiscal tem o objectivo de disseminar • Instituições públicas.
uma nova cultura aos cidadãos, através da
mudança de mentalidades, destacando a As acções em referência serão efectivadas
diversificação das fontes de receitas do Estado através de workshops, Jornada dos
angolano (reduzir a elevada dependência do Contribuintes, Tenda do Contribuinte, Palestras
sector petrolífero), criação de condições para (escolas do município), teatros, formação de
o desenvolvimento económico, harmonioso e professores e outras. Formação e informação,
sustentado da República de Angola, garantir visitas, Olimpíada Fiscal, manuais de ensino,
maior justiça tributária e social, bem como uma Conferência Internacional sobre Educação
redistribuição equitativa da riqueza. Fiscal, cuja estratégia esteja virada na formação
Com a finalidade de divulgar informação de e coordenação, para uma implementação eficaz
Educação e Cidadania Fiscal, procedeu-se a da educação fiscal no sector escolar, sendo
parcerias externas para a implementação do feito o acompanhamento a nível central, com

FOLHA TRIBUTÁRIA 20

parceria do Ministério da Educação.
A Administração Geral Tributária
organismo do Estado angolano, tem por missão
fundamental propor e executar a política
tributária do Estado e assegurar o seu integral
cumprimento, administrar os impostos, direitos
aduaneiros e demais tributos que lhe sejam
atribuídos, bem como estudar, promover,
coordenar, executar e avaliar os programas,
medidas e acções de políticas tributárias relativas
à organização, gestão e aperfeiçoamento do
sistema tributário de acordo com as políticas
definidas pelo Executivo.
Neste âmbito, a actuação da Educação e
Cidadania Fiscal tem possibilitado
participação indirecta no desenvolvimento
económico e social do País, formando e
esclarecendo os gestores e colaboradores
de empresas, escolas e outras entidades,
desenvolvendo assim a consciência do dever
fundamental do pagamento de imposto.
A cidadania fiscal exige que todos os cidadãos
e agentes económicos tenham uma atitude
proactiva, no sentido de se disponibilizarem
a contribuir para a sociedade, participando
activamente do seu desenvolvimento.
pagamento de impostos, taxas e contribuições
são um contributo indispensável para a vida em
comum, servindo para fazer face às despesas
e gastos com necessidades colectivas que
emergem da coabitação em sociedade.
As formações têm sido ministradas por quadros
especialistas da Administração Tributária, com
vasto conhecimento e experiência acumulada
na temática.
A Educação Fiscal constitui um processo que
visa preparar o indivíduo para as exigências
da vida política, económica e social do País.
As acções de cidadania desenvolvem-se na
convivência humana, no círculo familiar, nas
relações de trabalho, nas instituições de ensino
e de investigação técnico-científica, nos órgãos
de comunicação social, nas organizações
comunitárias, nas organizações filantrópicas e
religiosas e através de manifestações culturais e
gimnodesportivas.
(AGT), A Educação e Cidadania Fiscal, visa proporcionar
conteúdos sistematizados, organizados e
obedecem a uma sequência lógica na vertente
tributária, caracterizada por um processo
permanente e não sistematizado e é determinado
pelas várias formas de aprendizagem que
ocorrem nas diversas experiências da vida das
pessoas no seio familiar. Esse tipo de educação
desenvolve-se em diferentes ambientes, tais
maior
O

FOLHA TRIBUTÁRIA 21
como a família, igrejas, grupo de trabalho e de
amigos, entre outros, postulada e defendida
no âmbito da pedagogia social. É um tipo de
educação que ocorre fora dos marcos da escola
e que se preocupa com o resgate dos valores
e ideais do segmento da população excluída e
desfavorecida.
São usados métodos de ensino e aprendizagem
que têm em vista consciencializar o cidadão
sobre a função social do tributo, de como este
pode promover a justiça social, incentivando-o
a participar na aplicação, arrecadação e
fiscalização do dinheiro público, com o intuito
de compreender a arrecadação de receitas e os
gastos públicos, de modo a que o contribuinte
se consciencialize de que o tributo é o preço
que pagamos para uma sociedade civilizada,
apelando à justiça, transparência, honestidade
e eficiência, tratando da compreensão do que
é o Estado, das suas funções e financiamento,
da estrutura e funcionamento da Administração
Publica nos seus diversos níveis.
Com a Educação e Cidadania Fiscal, pretendemos
cada vez mais incutir nos diversos cidadãos uma das receitas, decorrente das oscilações do
cultura de cumprimento do imposto, através de preço do barril do crude bem como recuperar a
múltiplas acções que visam sensibilizar para a confiança empresarial nos principais sectores da
importância dos tributos, suas funções, o porquê actividade, o nosso sistema fiscal tem registado
do pagamento e incentivando directamente ao várias alterações pontuais no sentido de adaptá-
seu pagamento. lo ao contexto em que nos encontramos, daí a
A nível interno pretendemos sensibilizar os necessidade frequente da Educação e Cidadania
funcionários sobre a Cidadania Fiscal, incentivar Fiscal, tornando este processo do interesse da
o acompanhamento pela sociedade da aplicação colectividade, através de acções que visam
dos recursos públicos, criar condições para uma incutir gradualmente a consciência fiscal.
relação harmoniosa entre o Estado e o cidadão Há um forte engajamento do Conselho de
por via do imposto. Administração da AGT na Educação e Cidadania
Olhando para estrutura fiscal angolana, a Fiscal, tendo sido aprovado em Conselho de
simplificação da tributação dos rendimentos, Administração, o Plano Macro de Educação e
quer das pessoas singulares, quer das pessoas Cidadania Fiscal (PMECF), onde, entre outras
colectivas, é um processo contínuo que medidas, destaca-se a introdução do Plano
encontrou o seu ponto mais alto no Projecto Nacional de Educação e Cidadania Fiscal, no
Executivo para Reforma Tributária, aprovado em Plano de Ensino Geral – parceria esta constituída
2010, pelo Decreto Presidencial n.º 155/10, pelo Ministério das Finanças, através da AGT, e
de 28 de Julho, que cria o Projecto Executivo Ministério da Educação através da INADE.
para a Reforma Tributária – PERT. Entretanto, Na sequência um grupo técnico Liderado pela
para fazer face ao emagrecimento substancial directora do Centro de Estudos Tributários, Dra.

FOLHA TRIBUTÁRIA 22
Cristina de Sena Muengo, têm-se efectuado
vistas a todos serviços regionais tributários, com
propósito de auscultar as principais inquietações
para melhor efectivação do PMECF.
Face ao exposto, o PMECF está voltado em levar
a informação tributária para os contribuintes
com difícil acesso à informação; fazer jus aos
direitos, deveres e garantias dos contribuintes
na relação tributária que se estabelece entre
o Estado e o Contribuinte por emanação
constitucional; difundir a informação através
dos jovens; acompanhar o ciclo de vida dos
contribuintes através da educação; debates de
temas referentes à Educação Fiscal; capacitar
os contribuintes sobre os conceitos fiscais;
elaborar folhetos e cartazes simples e claros
sobre os temas fiscais; fomentar visitas guiadas
das escolas aos órgãos tutelados pelo Ministério
das Finanças, para explicar o modus operandi
e o processo desde a arrecadação de impostos
à utilização das receitas; estabelecer parcerias
locais com instituições de ensino e entidades
profissionais; incentivar a visita à Biblioteca
e Sala de Exposições da AGT, a fim de se
familiarizarem com a linguagem tributária;
trabalhar nos conteúdos específicos a introduzir
nos manuais de ensino, para distribuição pelas
FOLHA TRIBUTÁRIA
escolas a nível do País (trabalhar com o MED);
premiar e destacar os trabalhos para a criação de
novas crenças sobre tributos; difundir matérias
de Cidadania Fiscal nas páginas oficiais do
Ministério das Finanças, da AGT e da Biblioteca
Digital, para captar a atenção de todo o cidadão
que terá acesso às referidas páginas, promoção
de vídeos curtos com mensagens de cidadania
fiscal através das redes sociais existentes no
mercado; levar a informação tributária usando o
método de ensino à distância e de vídeo-aulas;
integrar o programa de educação financeira do
BNA; e promoção da cidadania fiscal através
da divulgação de mensagens afixadas nos
transportes públicos.
As acções supramencionadas visam orientar
e esclarecer os contribuintes no âmbito da
acção preventiva e fiscalizadora, esclarecer
os contribuintes acerca do conteúdo e da
interpretação das leis tributárias, informar
os contribuintes sobre as suas obrigações
tributárias e o modo mais cómodo e seguro de
as cumprirem, bem como sobre as garantias
que lhes assistem, e promover a divulgação do
conteúdo da legislação de modo a facilitar aos
contribuintes o seu correcto cumprimento, pois
a Educação Fiscal é uma questão de cidadania.
23
AGT
EM NÚMEROS
 BOLETIM
ANUAL
PREÇO DO PETRÓLEO

O ano de 2022 foi um ano bastante atípico no que tange aos preços de petróleo. A volatilidade
foi um factor quase que omnipresente na indústria, movida por muitos eventos geopolíticos que
influenciaram o mercado e obrigaram os produtores e consumidores a fazerem alterações ao fluxo
de petróleo pelo mundo fora. Apresentamos de seguida algumas lições marcantes do ano transacto:

1. ENERGIAS RENOVÁVEIS NÃO ESTÃO PRONTAS PARA SUBSTITUIR OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A Europa sofreu a maior contracção energética dos últimos tempos quando decidiu parar de comprar
gás e crude russo, desde a invasão daquele país à Ucrânia. Numa altura em que o conflito continua,
está claro que a energia solar e/ou eólica ainda não tem capacidade para colmatar a ausência dos
combustíveis fósseis. Para 2023, questiona-se se os “fazedores de leis”, que têm impulsionado as
energias alternativas, vão entender as falácias das políticas energéticas que têm suportado, e se vão
corrigi-las ou fazer ajustamentos mais realistas para garantir que os consumidores tenham acesso a
fontes de energia acessíveis e fiáveis.

2. A ARÁBIA SAUDITA NÃO É UM HERÓI COM CAPA

Apesar da insistência dos EUA, a OPEP+ recusou-se a aumentar a produção para baixar os preços.
Os “traders” aprenderam que a Arábia Saudita não terá qualquer problema em fazer a sua própria
vontade para proteger os seus interesses, mesmo que isso não esteja alinhado às directivas dos EUA.
Após muitos anos de preços baixos, a Arábia Saudita e os seus aliados da OPEP+ têm beneficiado de
preços altos, e tentam manter este paradigma restringindo a produção do cartel.

3. A DEMANDA DA CHINA É CRUCIAL

Numa altura em que as economias mundiais estão lentamente a conseguir voltar aos níveis pré-
pandémicos de demanda de crude, a China manteve a política COVID-ZERO e afundou os níveis de
demanda, e isso conseguiu reter a procura de ultrapassar a oferta. Ainda que a China esteja a relaxar
as políticas de COVID-ZERO, a expectativa é de que a procura de petróleo por esse país ainda vai
demorar algum tempo até regressar aos níveis de procura pré-pandémicos.

FOLHA TRIBUTÁRIA 25
4. ECONOMIAS EM DESENVOLVIMENTO QUEREM O PETRÓLEO RUSSO
A Europa e os EUA estão a tentar limitar o petróleo e gás russo com sanções e com uma “tampa”
que limita a aquisição aos vendedores russos. Estas medidas causaram fortes disrupções no fluxo
de petróleo global, mas não impediu a Rússia de aceder a novos mercados. O crude russo que
chegava à Europa foi reconduzido para a Índia, um mercado novo para o Kremlin, enquanto a China
aumentou também a compra aos russos. Mesmo que a Europa consiga ultrapassar o problema com
a Rússia, é improvável que o fluxo que foi desviado para a Índia retome o seu curso anterior.

5. A OPEP+ NÃO TEM CAPACIDADE PARA SALVAR NINGUÉM

Muitos anos a forçar um preço de crude baixo, prejudicou muito os produtores da OPEP+, uma vez
que a sua capacidade reduziu drasticamente. Grande parte desses produtores não consegue produzir
ao nível das quotas permitidas para o seu país, daí as quotas da OPEP+ não reflectirem o volume
de petróleo no mercado. À excepção do Iraque, Arábia-Saudita e Emirados-Árabes-Unidos, os outros
produtores não conseguem aumentar a sua produção para forçar maior oferta (que por consequência
baixa o preço do crude). Significa também que, se a OPEP+ aumentar ou diminuir as quotas, só uma
pequena fracção do petróleo entrará ou deixará o mercado.

As ramas angolanas continuam a seguir a tendência registada ao longo do ano, de acompanhar muito
proximamente o movimento do índice internacional BRENT.
O panorama anual do preço, durante o ano de 2022, está marcado pela subida às máximas anuais de $120
dólares, resultantes do confronto russo-ucraniano. Contrariamente ao que se previa, os valores decaíram mais
rápido do que se esperava, a nível de $80 dólares o barril.
A equipa de Tributação Especial atribui, esse movimento atípico, à política de COVID-ZERO que a China
adoptou, que resultou num fraco consumo/importação desse país e causou disrupções no comportamento do
preço esperado pelo confronto militar entre a Rússia e a Ucrânia.

Tabela 1 - Comportamento do preço das ramas angolanas face ao Brent - Fonte: SAF vs Platts

FOLHA TRIBUTÁRIA 26
Tabela 2 - Comportamento da receita em 2022

Tabela 3 - Receita Petrolífera referente ao Ano de 2022

ANUAL DIRECÇÃO DE TRIBUTAÇÃO ESPECIAL - DTE

FOLHA TRIBUTÁRIA 27
EXPORTAÇÃO
No ano de 2022 tivemos um total de 417 395 435 Bbls exportados, uma diferença de 4 431 530,00
Bbls a mais do que no ano anterior. Essa diferença constitui um incremento de 1% nas exportações de
crude no País. Os maiores exportadores continuam a ser os Blocos 0, 17 e 32, contudo, exportaram
quantidades inferiores às do ano transacto.

PREÇO
Em 2022, o preço médio fixou-se em USD 100,65, valor bem superior aos USD 66,66 atingidos
em 2021, ou seja, 50,99% acima do preço médio do ano transacto. Esse incremento substancial
no preço, ocorreu devido à recuperação dos mercados mundiais face aos impactos causados pela
pandemia da Covid-19, impactos causados pelas consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia
e as políticas aplicadas pela OPEP+.

RECEITA
No ano de 2022 obtivemos uma receita de KZ 9 107 954 774 405, representando 50,53% acima
dos KZ 6 050 758 452 165,72 arrecadados no ano anterior. Esse superavit ocorreu devido ao
pagamento record da Taxa de Gás, pagamento de IRP do Projecto Angola LNG, Auditorias, IV Fase da
Compensação da Dívida entre o Estado e o Grupo Sonangol e os impactos do mercado que afectaram
o preço do petróleo a nível mundial. Os Blocos 0, 17 e LNG foram os que mais contribuíram no
período.

PREVISÃO
Apesar da perspectiva optimista do OGE, a equipa económica da Direcção de Tributação Especial
prevê números mais módicos e conservadores, com a receita a rondar os Kz 5 675 795 364 435 para
o ano de 2023, com uma produção média de 1,16 mmbbls/dia, uma exportação total de 426 225
081 Bbls e o preço médio por barril de $70,26.

FOLHA TRIBUTÁRIA 28
 TOME NOTA
PERSPECTIVA DA INDÚSTRIA
PETROLÍFERA - 2023
POR ANTÓNIO JAIME, DANILO MENEZES, DINO PAULO, NUNO FERNANDES

O ano de 2022 foi um ano atípico para o mundo, que começou a dar passos largos para recuperar-se
dos impactos causados pela pandemia da Covid-19.

A indústria extractiva foi fortemente afectada pela recuperação dos mercados face aos impactos
causados pela Covid-19 e pelas consequências das sanções impostas à Rússia - um dos maiores
produtores de Petróleo e Diamantes do mundo - como consequência da guerra contra a Ucrânia e
cortes de produção impostos pela OPEP+. Estes factores ajudaram com que os preços de certas
commodities aumentassem vertiginosamente a números não vistos nos últimos 10 anos. O Brent
abriu o ano a 78,25, teve a máxima de 133,18, fechou a 82,82, tendo uma média de 104,13. Já
as Ramas angolanas tiveram uma média de 104,02, não muito distante da cotação do Brent.

Com um total de 417 395 435 BBLS exportados, a arrecadação nacional para petróleo e gás cifrou-
se em USD 19 887 553 014,66, o que equivale a KZ 9 107 954 772 404. Em relação ao OGE
tivemos uma execução acima do planeado em 48,87% em moeda nacional e 111,71% em USD.
Esta variação cambial aconteceu devido à valorização do Kwanza face ao Dólar.

Em 2022, tivemos um preço médio executado de USD 89,39, 51% acima dos USD 59 planeados
para o OGE. Existe uma grande expectativa do mercado, para preços elevados em 2023, tendo como
base as análises de várias instituições financeiras como Goldman Sachs ou JP Morgan, e Instituições
governamentais como a EIA e OPEP, que prevêem preços acima de $90 ou $100 por barril. Com vista
a esse cenário promissor, iremos dar nota sobre alguns factores principais que poderão influenciar
para cima e para baixo os preços do petróleo em 2023.

FOLHA TRIBUTÁRIA 29
FACTORES QUE PODERÃO CAUSAR UMA SUBIDA DOS PREÇOS DO PETRÓLEO EM 2023

OFERTA E PROCURA

O FIM DA POLÍTICA DE COVID-ZERO DA CHINA

A China está a terminar as suas políticas restritivas da COVID, contudo, existe
uma grande hesitação em regressar à vida económica normal. É provável que a
procura de petróleo aumente até ao segundo semestre do ano, podendo fazer
subir os preços mundiais do petróleo.

REABASTECIMENTO DAS SPR DOS EUA

Depois de vender quantidades record de petróleo da reserva estratégica de
petróleo (SPR) dos EUA, a Casa Branca está agora a procurar reabastecê-la. O
governo quer reabastecer aos preços entre 65 a 70 dólares por barril, podendo
ser um bom negócio para muitas companhias petrolíferas que receiam preços
mais baixos em 2023. Dada a quantidade de petróleo que o governo quer
comprar, irá influenciar positivamente a procura e ajudar a elevar os preços em
geral.

PRODUÇÃO

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ESTAGNADA OU EM QUEDA NOS ESTADOS UNIDOS

Apesar da previsão da produção de petróleo atingir 12,34 milhões de bpd em
2023, muitas empresas petrolíferas estão a indicar que não é provável que
produzam mais petróleo do que produzem neste momento. Dadas as restrições
da cadeia de abastecimento, a incerteza regulamentar, um mercado de trabalho
desafiador, e a pressão dos accionistas por retornos no investimento ao invés de
investirem em novos projectos, o cenário provável da produção de petróleo dos
EUA será de estagnação ou mesmo mergulhar exactamente ao mesmo tempo
que a procura global de petróleo está a aumentar., o que faria subir os preços
do petróleo.

SANÇÕES AOS PRODUTOS PETROLÍFEROS MARÍTIMOS RUSSOS

Estas sanções entrarão em vigor em Fevereiro e provavelmente causarão, pelo
menos a curto prazo, um aumento dos preços da gasolina na Europa. Contudo,
como mais crude russo é enviado para a China, Turquia e Indonésia para
refinação, os preços dos produtos petrolíferos deverão descer, uma vez que não
existem sanções para os EUA ou Europa sobre produtos petrolíferos fabricados
com crude russo fora da Rússia.

FOLHA TRIBUTÁRIA 30
 OPEP+ CORTA OU MANTÉM QUOTAS DE PRODUÇÃO
A OPEP+ pode tentar elevar os preços do petróleo através dos cortes de
produção em 2023 ou mantendo as quotas de produção, uma vez que estas se
confrontam com o aumento da procura de petróleo.

MACRO-ECONÓMICOS

MAIS INFLACÇÃO/VALORIZAÇÃO DO DÓLAR AMERICANO

O petróleo é cotado em dólares e, se o dólar americano se desvalorizar em
relação às moedas estrangeiras, os produtores de petróleo terão de vender o
seu petróleo a preços mais elevados, a fim de obterem as mesmas receitas nas
suas moedas.

GEOPOLÍTICA

DESASTRE NATURAL IMPREVISTO OU GUERRA

Por exemplo, estes poderiam incluir um Inverno excepcionalmente frio, um
desastre nuclear, ou um furacão. As questões geopolíticas podem incluir o
prolongar da Guerra da Ucrânia, uma invasão chinesa à Taiwan ou o surgimentos
de surtos de violência no Médio Oriente.

FACTORES QUE PODERÃO CAUSAR UMA BAIXA DOS PREÇOS DO PETRÓLEO EM 2023

OFERTA E PROCURA

SE A PROCURA CHINESA POR PETRÓLEO FOR ABAIXO DO ESPERADO

A reabertura da China pode não ocorrer conforme o previsto e, nesse caso, a
demanda de petróleo da China pode aumentar de forma mais gradual do que
o esperado, colocando menos pressão sobre a oferta global de petróleo. Isso
poderia empurrar negativamente os preços ou pelo menos impedi-los de subir.

PRODUÇÃO

EM CASO DE A OPEP+ AUMENTAR A PRODUÇÃO

No caso de uma recessão, é possível que a OPEP+ aumente a produção para
diminuir o ónus económico sobre as economias em dificuldades. No entanto,
neste momento, apenas a Arábia Saudita, o Iraque e os Emirados-Árabes-Unidos
têm capacidade para aumentar sua produção, portanto, qualquer aumento na
produção seria relativamente moderado.

FOLHA TRIBUTÁRIA 31
 MACRO-ECONÓMICOS

RECESSÃO GLOBAL
Muitos economistas pensam que estamos à beira de uma recessão global e há
indícios de que a Europa e os EUA entrarão em recessão em 2023. Geralmente,
a procura e os preços do petróleo caem durante um cenário de recessão. No
entanto, a procura por gasolina e destilados ainda é forte, contrariando outros
sinais de uma recessão iminente.

GEOPOLÍTICA

A RÚSSIA E A UE RESOLVEM A SUAS DIFERENÇAS E RETOMAM O COMÉRCIO DE

ENERGIA
Os desafios inerentes de sobreviver sem petróleo e gás russos são muito difíceis
para a UE. O cenário de uma solução política para resolver suas diferenças
com a Rússia em 2023 e retomar a compra do gás natural barato da Rússia e
do petróleo facilmente acessível não está descartado. Este cenário ajudaria a
reduzir os preços do petróleo em 2023.

ACORDO NUCLEAR EUA/IRÃO PONDO FIM ÀS SANÇÕES AO PETRÓLEO

Negociar um acordo nuclear com o Irão não é uma prioridade para os EUA neste
momento, mas pode-se tornar num importante ponto de política externa em
2023. Sob pressão, sendo um alvo do governo de Biden, os EUA podem tentar
chegar a um novo acordo nuclear com o Irão e acabar com as sanções contra
sua indústria petrolífera. Neste cenário hipotético, a reintrodução do comércio
transparente de petróleo iraniano no mercado global empurraria negativamente
os preços.

Considerando os factores acima descritos, coadunado com a volatilidade que o mercado apresenta,
avizinham-se períodos difíceis no que toca à direcção que o mercado pode tomar. Em abril de 2020,
em plena pandemia da Covid-19, o preço de crude chegou a valores negativos. No ano transacto
desencadeou-se uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, cujas consequências impulsionaram máximas
de preços não vistos nos últimos 15 anos. O que será que nos espera em 2023?

FOLHA TRIBUTÁRIA 32
 BOLETIM
ANUAL DO IVA

1. DECLARAÇÕES DE INÍCIO DE ACTIVIDADE - REGIME GERAL E SIMPLIFICADO DO IVA

• Em 2022, o sistema de cadastro da AGT apresentava um registo de 11 711 contribuintes inscritos

no Regime Geral de Tributação do IVA.
• Relativamente ao Regime Simplificado, apresentava um registo de 7 894 contribuintes inscritos
e no Regime de Exclusão 61 553 contribuintes inscritos.

FOLHA TRIBUTÁRIA 33
2. DECLARAÇÕES MENSAIS (MODELO 7) - REGIME GERAL

Quanto à obrigação de submissão das declarações modelo 7, em 2022 registou-se o seguinte número
de declarações submetidas electronicamente:
• 99 945 declarações recebidas, elevando assim o grau de cumprimento das obrigações declarativas.
• O valor total da arrecadação do IVA (Regime Geral) para o período em análise foi de Kz 453 234
007 426,00 (Quatrocentos e cinquenta e três mil milhões duzentos e trinta e quatro milhões sete mil
quatrocentos e vinte e seis kwanzas).

3. DECLARAÇÕES MENSAIS (DRS) - REGIME SIMPLIFICADO

Quanto à obrigação de submissão das declarações do Regime Simplificado, em 2022 registou-se o

seguinte número de declarações submetidas electronicamente:
• 30 622 declarações recebidas, elevando assim o grau de cumprimento das obrigações declarativas.
• O valor total da arrecadação do IVA (Regime Simplificado) para o período em análise foi de 10
116 571 136,00 (Dez mil milhões cento e dezasseis milhões quinhentos e setenta e um mil cento e
trinta e seis kwanzas).

4. IVA NA IMPORTAÇÃO

• Nesse mesmo período, a nível da importação, foi arrecadado o valor total de Kz 531 697 464
532,00 (Quinhentos e trinta e um mil milhões seiscentos e noventa e sete milhões quatrocentos e
sessenta e quatro mil quinhentos e trinta e dois kwanzas)
• Em relação ao total de arrecadação dos impostos não petrolíferos, o IVA contribui para o OGE não
petrolífero, com uma taxa de participação de 26%.

VARIAÇÃO

ão

FOLHA TRIBUTÁRIA 34
6. REEMBOLSOS
• Em 2022 foram registados um total de 467 pedidos de reembolsos, correspondendo ao montante
em Kz 140 204 368 991,00 (Cento e quarenta mil milhões duzentos e quatro milhões trezentos e
sessenta e oito mil novecentos e noventa e um kwanzas).
• 211 pedidos foram deferidos e pagos, perfazendo um valor total de Kz 53 630 634 653,00
(Cinquenta e três mil milhões seiscentos e trinta milhões seiscentos e trinta e quatro mil seiscentos
e cinquenta e três kwanzas).
• Vários pedidos foram indeferidos por não cumprirem com os requisitos previstos na lei, para que
os contribuintes possam solicitar o reembolso.

FOLHA TRIBUTÁRIA 35
7. SOFTWARE E GRÁFICAS
• Em 2022 foram validados 70 softwares e 79 gráficas.
• Em termos cumulativos, até ao momento já foram certificados um total de 390 softwares.
• Em termos cumulativos até à data já foram licenciadas um total de 325 gráficas.

FOLHA TRIBUTÁRIA 36
 BOLETIM ANUAL
DIAMANTÍFERO

O ano de 2022 foi um ano bastante atípico no que ressoa à receita diamantífera. A volatilidade
foi um factor quase que omnipresente na indústria, movida por muitos eventos geopolíticos que
influenciaram o mercado e obrigaram os produtores e consumidores a fazerem alterações a cadeia
diamantífera pelo mundo fora. Apresentamos, de seguida, cinco factores marcantes do ano transacto.

1. SANÇÕES À RÚSSIA
Quando os EUA impuseram sanções à Alrosa em Abril de 2022, muitas agências projectavam a escassez
de diamantes, considerando que a gigante mineradora russa é responsável por aproximadamente
30% da produção global bruta.

Apesar da Alrosa produzir uma grande quantidade de diamantes de menor tamanho e valor, são
estes os mais procurados pelas lapidadoras a nível mundial. Como consequência da escassez,
os fabricantes reduziram subsequentemente as suas compras de diamantes brutos, e as fábricas
reduziram drasticamente a sua produção de lapidados. O volume de importações brutas para a Índia
caiu cerca de 21% ao ano, nos primeiros 11 meses de 2022, embora em valor tenham aumentado
8%, com o preço médio a subir 38%, o que equivale a $138 por quilate. Tendo sido este, em parte,
o resultado de uma menor oferta russa, uma vez que assinala uma mudança para volumes mais
baixos e bens de maior valor.

2. DE BEERS
Com as sanções impostas à Alrosa, a De Beers foi uma das maiores beneficiadas com as vendas
de diamantes brutos. As suas vendas tiveram um crescimento de aproximadamente 20%, tendo
comercializado no primeiro trimestre o equivalente a 3.37 mil milhões de Dólares em diamantes
brutos, projectando-se que até ao final de Dezembro de 2022, as suas vendas apresentem um valor
estimado de 5,78 mil milhões de dólares.
Contudo, os ganhos alocados à De Beers não foram apenas em vendas, o grande minerador sul-
africano assinou um contrato com o governo angolano para operar uma mina no País e está em

FOLHA TRIBUTÁRIA 37
negociações com o governo do Botswana para a renovação do contrato de operação na mina de
Jwaneng, sendo esta a mina mais rica do mundo em termos de valor.

3. A ECONOMIA NORTE-AMERICANA
Apesar do desaceleramento resultante das incertezas económicas enfrentadas por esta potência, os
joalheiros americanos tiveram um ano relativamente bom, com um começo de ano muito forte em
termos de demanda.
A inflacção elevada levou a uma despesa cautelosa para os consumidores, o que gerou uma maior
atenção dos vendedores, tendo o cuidado de não possuir stocks em excesso quando não há capacidade
de cobrir esse risco, apostando na solicitação de mercadorias quando realmente necessárias, ao
mesmo tempo que exigem uma entrega mais eficiente quando precisam delas.
A gestão do inventário de retalho por sua vez, contribuiu para o abrandamento da actividade
de comércio de diamantes no primeiro trimestre, dando continuidade à tendência verificada na
segunda metade de 2022. Contudo, ainda existem preocupações sobre uma recessão pendente, e
essa incerteza pode prolongar-se até ao primeiro semestre do ano. A procura de diamantes deverá
melhorar à medida que as forças do mercado se instalarem e o comércio voltar a ganhar confiança
para o fim da época do ano.

4. CHINA
Numa altura em que as economias mundiais estão lentamente a conseguir voltar aos níveis pré-
pandémicos de demanda, a China manteve a política COVID-ZERO e afundou os níveis de demanda,
conseguindo impedir assim, que os níveis de procura ultrapassassem os níveis de oferta. Actualmente,
há um optimismo renovado para a China depois do governo ter aliviado as suas restrições Covid-19
em Dezembro e ter anunciado em Janeiro que levantaria também medidas de quarentena para os
viajantes. A China começou a reabrir-se para o mundo antes do Ano Novo Chinês, a 22 de Janeiro,
seguindo a reversão da sua rígida política Covid-19 com outras medidas para tornar a China mais
amigável e flexível para os investidores.

A ausência prolongada de compradores chineses foi um dos principais factores que contribuíram
para o abrandamento global do comércio de diamantes em 2022. O seu regresso deverá ajudar a
impulsionar o mercado em 2023.

5. DIAMANTES DE LABORATÓRIO
Não há dúvida de que o desenvolvimento do sector de diamantes em laboratório afectou a procura
de jóias com diamantes naturais em 2022. Apesar disso, os preços dos diamantes sintéticos
continuaram a cair, o que resulta do crescente investimento que tem sido feito neste sector, bem
como nos avanços tecnológicos, havendo, por conseguinte, um aumento da oferta. Dito isso, a
demanda também se segmentou para sintéticos.

Este mercado laboratorial hoje já é uma realidade pois vemos empresas de referência a investir neste
segmento comercial.

FOLHA TRIBUTÁRIA 38
 RECEITA DIAMANTÍFERA ANUAL 2022

Tabela 1 - Receita Diamantífera referente ao Ano de 2022.

RESUMO DA RECEITA DIAMANTÍFERA TOTAL 2022

* O pagamento do Imposto é executado no mês a seguir ao mês de comercialização;

** Dados preliminares;
*** Dados não contabilizados para este exercício.

Tabela 2 - Preço Médio por Quilate.

Nota: Receita que advém directamente da comercializacao de diamantes brutos. Foram excluídos outros impostos.

FOLHA TRIBUTÁRIA 39
RECEITA
Para o exercício de 2022 obtivemos uma receita de Kz 68 130 300 483,00, valor inferior em
6,38% aos Kz 72 771 123 481,71 arrecadados no ano transacto e 35,48% abaixo do planificado
para o OGE. Entretanto, em dólares norte-americanos foi observado um incremento na receita, na
ordem dos 29% de USD 116 001 380,14 em 2021 para USD 149 176 783,49. Esta discrepância
de valores entre a moeda nacional e o dólar aconteceu em virtude da valorização do kwanza face ao
dólar.

EXPORTAÇÃO
Em 2022, o País registou uma exportação total de 9 210 940,71 quilates, um incremento na
exportação de diamantes na ordem dos 3% comparados com os 8 929 574,71 quilates exportados
no ano anterior e 8.39% inferior ao projectado para o OGE.
As Minas Catoca, Luele e Cuango foram as que mais exportaram no período com 63%,24% e 2%
respectivamente.
Os maiores destinos foram os Emirados Árabes Unidos e Bélgica.

PREÇO
No ano de 2022, o preço médio do quilate de diamantes produzidos em Angola foi de USD 213,36.
Acima do previsto no OGE em 2,61% e com os preços mais altos a serem registados nas produções
de Lulu e Kaipexa.

PREVISÃO
Para 2023 a equipa económica da DTE prevê uma receita na ordem dos 134 Milhões de dólares
norte-americanos, um decréscimo de aproximadamente 9% e um possível aumento da produção
Nacional, com o aumento de investimento em projectos ja existentes e a entrada em produção de um
novo projecto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 40
 TOME NOTA
PERSPECTIVA DA INDÚSTRIA
DIAMANTÍFERA - 2023
POR DANILO MENEZES

Em consequência da contínua recuperação na demanda do consumidor de jóias com diamantes

durante a época festiva de 2021, o ano de 2022 teve o seu início caracterizado por uma grande
procura e condições de stock favoráveis em toda a rede diamantífera.

As oscilações político-económicas mundiais, e a inesperada guerra entre a Rússia e a Ucrânia

afectaram inicialmente de forma negativa a indústria diamantífera, atendendo ao facto de que as
empresas deste sector não só buscavam entender a potencial consequência na demanda e oferta
dos seus produtos, mas também entender as sanções sofridas pelo governo russo e o seu respectivo
impacto sobre o consumidor final nos mercados ocidentais. Adicionalmente, o surto de Covid-19
forçou a indústria, juntamente com o resto do mundo, a direccionar-se para o mundo digital.

Assim, o colapso financeiro forçou o mercado a aumentar o seu compliance e as seus reportes de
informação, e não só, os mercados mundiais sofreram de forma nítida as consequências desta
desestabilização e com Angola, não foi diferente. Os produtores de diamante bruto viram a sua
produção valorizar significativamente, com um aumento de aproximadamente 20% para as pedras
pequenas e entre 5 a 15% para as grandes, muito por conta do medo do mercado relativamente aos
danos que as possíveis sanções a Rússia poderiam causar a cadeia de suprimentos, segundo o que
constatou a De Beers, tendo os grossistas, por sua vez, reabastecido os seus estoques nos primeiros
2 (dois) meses do ano.

Enquanto o mercado internacional se posicionava para uma eventual queda na oferta de diamantes,
as maiores minas de diamante em Angola, viram-se obrigadas a comercializar os diamantes brutos a
preços mais altos relativamente aos últimos anos, tendo Catoca atingido a máxima de USD 203 por
quilate, Chitotolo e Cuango USD 1807 e USD 685 por quilate, respectivamente.

No entanto, apesar da guerra na Ucrânia e as sanções russas, a ela associadas, terem tido um
grande impacto mundial, o crescente esforço no que concerne à recuperação do mercado após a
Covid-19, com as principais cidades chinesas a levantarem os seus bloqueios e, seguidamente, as
fábricas indianas a voltarem a operar a níveis que antecedem a Covid-19, impulsionou a demanda
diamantífera e, de forma subsequente, o preço de compra dos diamantes lapidados registou uma
rápida subida no segundo trimestre em consequência do ambiente de negócio vivido na altura.

FOLHA TRIBUTÁRIA 41
Ainda assim, a subida deste preço suavizou ligeiramente em Junho devido ao alto nível de stock
e ao aumento da incerteza económica, encerrando o ano com um crescimento de 10,7%, mesmo
com a queda do mercado nos meses de novembro de dezembro. De acordo com a De Beers, a
procura por jóias com diamantes, por sua vez, no mercado norte-americano, continuou a registar um
crescimento, tendo atingido os níveis de demanda vistos em 2021.

Actualmente, a indústria está a adaptar-se às consequências do conflito Rússia-Ucrânia, apesar das

forças de mercado ainda não permitirem que isso se concretize plenamente. O conflito tornar-se-á
provavelmente ainda mais importante em 2023 do que era em 2022, à medida que a dinâmica da
oferta e da procura se ajustar e os programas de verificação da fonte ganharem vapor.

Com o aliviar das políticas de biossegurança para a contenção da Covid-19 na China, prevê-se o
aumento do desejo do consumidor de diamantes naturais nos principais mercados consumidores, que
são a China, Índia e os EUA. A deterioração das condições macro-económicas globais e a significativa
inflacção nestes mercados, podem resultar na redução dos gastos do consumidor, impactando a
procura por jóias com diamantes. Não obstante a isto, estima-se que a combinação entre as sanções
em curso aplicadas à Rússia, as decisões de diversas empresas de joalharia sediadas nos Estados-
Unidos-da-América em aplicar as suas próprias restrições às compras de diamantes russos e o
desenvolvimento contínuo de iniciativas de proveniência, tenha o potencial de sustentar a contínua
demanda por diamantes brutos a curto e médio prazo, o que poderá a vir favorecer os produtores
angolanos.

Enquanto isso, a cadeia de valor dos diamantes continuará a sua evolução a longo prazo, incluindo
assim, o foco sustentado no equilíbrio de estoque, a distribuição eficiente em toda cadeia diamantífera,
o aumento das compras on-line e um maior foco na proveniência e credenciais de sustentabilidade
das empresas e seus produtos.

As perspectivas de longo prazo para a demanda de jóias com diamantes permanecem positivas,
enquanto a oferta global de diamantes brutos deve diminuir ligeiramente nos próximos tempos devido
à falta de novas descobertas significativas e o crescimento do mercado de diamantes fabricados em
laboratório, apesar dos desafios e incertezas estabelecidos a curto prazo.

FOLHA TRIBUTÁRIA 42
 DADOS ESTATÍSTICOS
LEILÃO ONLINE DE MERCADORIAS 2022
A Administração Geral Tributária, durante a fase de e pós-pandemia, procurou dinamizar e adequar
a realidade de confinamento, à venda em hasta pública das mercadorias em situação de abandono
- aquelas cujos donos ou possuidores nada fizeram para o seu desalfandegamento, nos terminais ou
locais designados para o efeito.
O processo ocorreu igualmente para as mercadorias em situação de demora, neste caso, os donos
ou possuidores iniciaram o processamento da declaração, no entanto, por qualquer razão, não
concluíram, ou seja, não pagaram os direitos e demais imposições aduaneiras, não retiraram do
local designado no prazo determinado e nunca comunicaram nem responderam às notificações da
AGT para o efeito, publicadas no Jornal de Angola.
Esta situação faz desencadear o Procedimento Administrativo Aduaneiro, através do qual são
loteadas ou arroladas mercadorias na situação em referência. Depois de devidamente notificados
os respectivos destinatários, é elaborado um Edital que deve ser publicado no Jornal de Angola
(jornal de maior tiragem) e no website da AGT, para anunciar que as mercadorias abandonadas e
demoradas estão em processo de preparação para leilão. Os contribuintes têm 10 dias úteis, a contar
da data de publicação do Edital, para reclamarem a sua mercadoria. Findo o prazo, caso não existam
reclamações, as mercadorias são perdidas a favor do Estado para serem leiloadas, vendidas em hasta
pública, entregues à reserva do Estado, ou entregues a instituições de caridade.
Sobre as vendas, devido as aspectos referidos acima, a AGT inovou com a criação da plataforma para
a venda on-line, que tem sido um sucesso em termos da venda em si, como do descongestionamento
dos locais designados para o desembaraço de mercadorias e acima de tudo pela recuperação de
receita, que de outra forma ficaria perdida, pelas razões que mencionámos e naturalmente com as
consequências que sobejamente conhecemos para o erário público.

FOLHA TRIBUTÁRIA 43
Os contribuintes, designadamente as pessoas singulares e colectivas, têm acorrido aos leilões on-
line e, depois de cumpridos os procedimentos relativos ao contencioso administrativo, tais como o
arrolamento de mercadorias, loteamento, publicação de edital, pagamento, entre outros, manifestam
a sua satisfação ao adquirem as mercadorias que pretendiam, sem os custos adicionais como o frete
e seguro, principalmente.
Em 2022 foram realizados 12 (doze) leilões on-line a nível nacional, respeitantes a 739 lotes,
correspondendo a uma arrecadação de Kz 1 262 515 208,00 (um mil milhão, duzentos e sessenta
e dois milhões, quinhentos e quinze mil e duzentos e oito kwanzas), conforme demonstra o mapa
abaixo:

1. RECEITA ARRECADADA POR REGIÕES TRIBUTÁRIAS

REGIÃO TRIBUTÁRIA TOTAL AOA

1ª RT 23 472 947,00

3ª RT 1 098 425 120,00

4ª RT 138 025 502,00

5ª RT 1 011 630,00

6ª RT 1 268 501,00

2. RECEITA ARRECADADA POR MÊS, LOTES E REGIÕES TRIBUTÁRIAS

MÊS LOTES ARRECADAÇÃO AOA

Janeiro 56 161 688 438, 00

Fevereiro 80 43 164 617, 00

Março 77 109 141 417, 00

Abril 54 87 826 136, 00

Maio 35 116 972 611, 00

Junho 49 65 785 137, 00

Julho 76 184 709 390, 00

Agosto 40 88 995 862, 00

Setembro 40 108 313 905, 00

Outubro 73 209 605 283, 00

Novembro 91 70 506 460, 00

Dezembro 68 15 805 952, 00

Total 739 1 262 515 208, 00

FOLHA TRIBUTÁRIA 44
As mercadorias vendidas em hasta pública, nos leilões on-line, pertencem às categorias das bebidas,
veículos, acessórios, material informático, telecomunicações bens informáticos, bens alimentares,
bens usados, cosméticos e mobílias, conforme espelha o mapa abaixo:

CATEGORIA DAS MERCADORIAS TIPO

• Vinho

BEBIDAS • Cerveja

• Whisky

• Pneus para Veículos

• Portas Usadas Para Viaturas

VEÍCULOS • Viaturas

E ACESSÓRIOS • Motores

• Motorizada

• Embarcação artesanal

• Routers e UPS

MATERIAL • Computadores

INFORMÁTICO • Aparelhos informáticos (Guia de

instalação rápida de computador embutido

da série DA/682)

MATERIAL DE • Telefones e seus acessórios

TELECOMUNICAÇÕES • Placas electrónicas

• Big-Bags (Sacos grandes)

• Arroz

BENS ALIMENTARES • Massa Alimentar

• Sal 1/25 Kgs Salinas Calombolo

• Fuba de milho

FOLHA TRIBUTÁRIA 45
 • Acessórios de cabelo
COSMÉTICOS • Perfumes

• Cremes

• Sofás
MOBÍLIAS • Colchões

• Mesas

• Fardos

• Artigos: sapatos, cintos, carteiras,

BENS USADOS chapéus, bonés e roupas usadas
• Diversos

• Peças de mármore

• Arcas
ELECTRODOMÉSTICOS
• TVs plasma
DIVERSOS
• Fogões

A AGT tem vindo a ser aplaudida pelas demais Administrações Tributárias que mostram interesse em
conhecer o modus operandi da plataforma criada, entre outros aspectos ligados às medidas paralelas
implementadas durante a pandemia e principalmente com o aumento exponencial do comércio
electrónico (e-commerce).

FOLHA TRIBUTÁRIA 46
 DECLARAÇÕES
ADUANEIRAS
Conforme tabela infra, no ano de 2022, o número de Documentos Únicos (DUs) tramitados nos
diferentes regimes (7 Regiões Tributárias), resultaram um total de 421 554.

A Terceira Região Tributária (províncias de Luanda e Bengo) destaca-se com um total de 263 196
Declarações Aduaneiras tramitadas. Destas, 145 044 provêm do Regime Aduaneiro de Importação
Definitiva (IM4) e 4 456 de Trânsito Aduaneiro (IM8).

De seguida surge a Sexta Região Tributária (províncias de Cunene e Cuando Cubango) com um total
de 72 032 Declarações Aduaneiras tramitadas, sendo 9 124 de Importação Definitiva (IM4) e 730
de Trânsito Aduaneiro (IM8).

FOLHA TRIBUTÁRIA 48
CONCEITOS
Documento Único (DU): expediente utilizado para declarar e controlar o movimento das mercadorias
que entram e saem do País, liquidar o montante de receita a arrecadar e que, além do formulário
do Documento Único (DU), contém os documentos de suporte exigíveis por lei para aquele tipo de
mercadoria e serve para declarar todos os regimes e procedimentos aduaneiros.

Declaração Aduaneira: acto ou procedimento pelo qual o declarante, mediante o preenchimento

e submissão de um formulário próprio, na forma de DU, presta informações para o desembaraço
aduaneiro das mercadorias importadas ou a exportar e contém em anexo os documentos de suporte
exigíveis por lei para aquele tipo de mercadoria.

Importação Definitiva (IM4): regime aduaneiro que permite a colocação, em livre circulação no território
aduaneiro, de mercadorias importadas, mediante o pagamento dos direitos e demais imposições
aduaneiras.

Trânsito Aduaneiro (IM8): regime aduaneiro mediante o qual as mercadorias são transportadas, sob
controlo aduaneiro, de uma estância aduaneira de partida para outra de destino, podendo ser:
• Trânsito Nacional: quando as mercadorias se destinam ao próprio país;
• Trânsito Internacional: quando as mercadorias se destinam a um país terceiro.

FOLHA TRIBUTÁRIA 49
 RECEITA ADUANEIRA
2021 - 2022

IMPOSTO 2021 2022 VARIAÇÃO

IVA - IMPOSTO
SOBRE O VALOR 493 852 502 755 524 501 499 454 6%
ACRESCENTADO

IMPOSTO
SOBRE A IMPORTAÇÃO 291 243 837 758 289 594 075 308 -1%

EMOLUMENTOS 107 478 156 926 126 411 450 228 18%
GERAIS ADUANEIROS

IEC - IMPOSTO 11 228 191 040 12 148 838 061 8%

ESPECIAL DE CONSUMO

OUTROS 3 959 862 847 39 605 932 975 900%

TOTAL 907 762 551 326 992 261 796 026 9%

FOLHA TRIBUTÁRIA 50
 OUTRA PERSPECTIVA
IMPOSTO PREDIAL
POR EMANUEL DOS SANTOS
Consultor Imobiliário e membro da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola - APIMA

A economia angolana tem enfrentado desafios em várias esferas, mostrando-se frágil

no que toca ao desenvolvimento de projectos sustentáveis. Por essa razão, o governo
tem criado mecanismos e incentivado a diversificação por via de certos programas.

Contudo, para que não seja apenas uma utopia, precisamos priorizar com seriedade
e rigor alternativas reais e exequíveis. Com o crescimento do Parque Imobiliário em
Angola nos últimos anos, é imprescindível que se olhe com a merecida atenção para
as receitas fiscais provenientes deste sector, em especial, o imposto predial, que
tem sido, na minha ótica, um dos mais negligenciados, porém, tem condições de
representar uma porção significativa das receitas fiscais não-petrolíferas.

Os imóveis, isto é, superfícies comerciais, armazéns, escritórios, residências, e outros,

são edificados sobre a terra. Quem tem terra, tem poder e o Estado tem a terra.

A habitação é uma necessidade básica e um direito constitucional. Na Pirâmide de

Maslow, é a segunda, depois das necessidades Fisiológicas. Deste modo, o governo
tem de continuar a trabalhar em políticas para a dinamização do sector.

FOLHA TRIBUTÁRIA 51
No médio-longo prazo, as políticas bem implementadas hão de gerar um benefício
sistémico, influenciando positivamente outros sectores da economia.

Quando “nasce” um imóvel, nasce uma oportunidade de emprego para uma empregada
doméstica, mais um aparelho de ar-condicionado e mobiliários são vendidos, um
técnico de ar-condicionado é remunerado pelos seus serviços, um contrato para
serviços de televisão e internet é celebrado, contas de energia e água são pagas, e
impostos arrecadados. A máquina do imobiliário, bem “afinadinha”, movimenta a
economia de forma transversal.

A questão da regularização dos imóveis, ainda é um tema que retarda o crescimento

da actividade, consequentemente, haveria a necessidade de desburocratização da
legalização ou a criação de soluções provisórias para que o mercado não deixe de ter
bons resultados como devia.

No âmbito do plano de massificação de cobrança do Imposto Predial, a AGT devia

colaborar com os profissionais imobiliários, pois, estes estão “skin in the game” e
conhecem melhor o mercado.

A APIMA (Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola), o IGCA (Instituto

Geográfico e Cadastral de Angola), o INH (Instituto Nacional da Habitação) e as
administrações locais, seriam parceiros estratégicos para o levantamento dos prédios
omissos e lançamento de uma campanha de sensibilização e inscrição matricial com
incentivos fiscais.

As centralidades, as urbanizações, os condomínios, as lojas de conveniência,

“cantinas” e outros estabelecimentos comerciais, seriam o ponto de partida. Por
estarem todos identificados, é mais fácil.

Isso faria com que mais imóveis desocupados entrassem para o mercado, diminuindo
assim a “escassez” de imóveis que tem causado inflacção por conta da alta demanda
e baixa oferta, principalmente no arrendamento.

Proprietários com mais de um imóvel fechado e a degradar-se teriam uma maior

pressão em colocá-los no mercado, pelos custos em tê-los parados.
O Executivo deveria analisar a possibilidade da criação de uma Comissão Interdisciplinar
para a dinamização da economia, através do sector imobiliário.

As instituições são a força propulsora de transformação e mudança. Se elas não

funcionarem, nada funciona. Se elas funcionarem mal, tudo funcionará mal.

FOLHA TRIBUTÁRIA 52
 ?
O Imposto Predial é um imposto anual que é pago pelo contribuinte, pela
propriedade, detenção ou renda de prédios urbanos (edificações e terrenos

1
para construção) e prédios rústicos (terrenos afectos a agricultura, silvicultura,
pecuária e exploração mineira).
O IP é um imposto local porque a receita deste imposto reverte a favor dos
municípios, o que gera um reforço para as finanças municipais, o mesmo deve
ser pago de 1 de Janeiro até ao último dia útil do mês de Março do corrente ano, com
referência ao ano anterior.

O Imposto Predial pode ser liquidado a partir da Central de Apoio ao Contribuinte,

2
Portal do Contribuinte, Administrações Municipais ou Repartições Fiscais.
O pagamento do imposto através da RUPE, pode ser feito nos diferentes canais
de pagamento disponíveis, nomeadamente, Internet banking, Multicaixa, Balcões
dos Bancos Comerciais ou numa Repartição Fiscal (na dependência bancária ou via
TPA).

Para inscrever e actualizar o seu imóvel pode apresentar a Declaração Modelo

5 para inscrição ou alteração de Imóveis (disponível no Portal do Contribuinte)

3
acompanhada, sempre que possível, de documentos que auxiliem (escritura
pública, contrato de promessa de compra e venda, contrato de arrendamento do
imóvel em caso de imóveis arrendados; outros) na descrição dos mesmos e na
identificação dos titulares.
Nota: a não apresentação de qualquer um dos documentos citados não impede
a inscrição/actualização do imóvel na Matriz Predial, devendo o titular juntar
posteriormente a documentação que possuir.

Lei N.º 20/20 de 9 de Julho

 PSICOLOGIA DO DINHEIRO
A SÍNDROME DO PAI GRANDE
POR FÁTIMA SAMPAIO FERNANDES PSICÓLOGA DA SAÚDE
OPsA CEP N.º 2148

O Senhor Xavier é o dono de uma grande empresa de venda de automóveis. Adquiriu mais um carro
novo para si e outro para a sua esposa; os dois filhos mais velhos estão, neste momento, a estudar
nos Estados Unidos e não lhes falta nada! Planeia visitar os filhos em Março, com a esposa, que
não trabalha e adora viajar para fazer compras de roupa, bolsas e sapatos. A filha mais nova irá com
eles, e aproveitarão para visitar algumas universidades, pois, em breve, a filha também entrará no
ensino superior. A casa do Senhor Xavier é muito grande, com piscina e um enorme quintal, onde a
esposa recebe os familiares e amigos aos fins-de-semana. A somar a tudo isso, tem um casal de cães
fabulosos que chegaram recentemente da Alemanha, que comprou para adicionar aos cães que já
tinha. A vida do Senhor Xavier parece perfeita.

O Senhor Xavier, no entanto, não consegue dormir bem. Acorda várias horas mais cedo e fica submerso
em pensamentos intrusivos, obsessivos e extremamente negativos. Sente que tem demasiadas
responsabilidades e que vai falhar. Sente que tem de trabalhar mais, de fazer mais, de conseguir
mais. Sente-se também irritado com alguns membros da família, mas não consegue dizer nada.
Um dos seus irmãos está a viver no anexo, come em sua casa, dorme até tarde, sai com um dos
seus carros e não parece minimamente preocupado em encontrar trabalho (o Senhor Xavier já lhe
conseguiu emprego em dois bancos diferentes, mas o irmão acaba sempre por desistir). A sua irmã
mais nova está a divorciar-se e decidiu vir para casa dele também, pois diz que está muito deprimida
e precisa do seu apoio, já que ele foi o pai que ela nunca teve. Com ela, vieram as suas duas filhas,
que o motorista do Senhor Xavier tem de levar à escola todas as manhãs e apanhar no final das aulas.
Agora é o Senhor Xavier que conduz todos os dias para o serviço e sente-se cada vez mais cansado.

FOLHA TRIBUTÁRIA 54
A esposa também se queixa: “Agora nunca tenho o motorista disponível!”. A sua mãe liga todos os
dias: “Tem paciência, filho! É tua obrigação cuidar da família, bem sabes!”. O Senhor Xavier pensa:
“Mãe é mesmo mãe. Para ela, somos sempre crianças. A minha irmã tem 40 anos, e ainda tenho de
cuidar dela”. Parece que a única pessoa que nunca foi criança foi mesmo o Senhor Xavier. Quando
era pequeno e a mãe ia trabalhar, depois de o pai os ter abandonado, era ele, na qualidade de irmão
mais velho, que acompanhava os irmãos à escola e se certificava de que estudavam e de que tudo
estava a ir bem, na medida do possível. Tinha sido o “homem da casa” desde os 5 anos de idade e
praticamente andara com todos os irmãos ao colo. Hoje, continua a preocupar-se com os irmãos, com
os primos, os cunhados e os sobrinhos. Também é ele que cuida da mãe. A esposa não aceitou que
ela viesse viver para sua casa, por isso ele comprou-lhe uma casa não muito distante da casa deles.
Assim consegue ter a certeza de que ela está bem. Era o mínimo que podia fazer depois de todos
os sacrifícios que ela fez para sustentar os filhos, e depois de todos os relacionamentos falhados e
traumáticos da mãe, que se seguiram ao abandono do pai. Entretanto, a mãe decidiu casar de novo,
com um homem mais jovem, e o Senhor Xavier precisa de ter a certeza de que o indivíduo trata bem
a sua mãe. Teve até de lhe arranjar emprego, já que ele parecia estar demasiado confortável a viver
do dinheiro dela – que é, na verdade, a mesada que o Senhor Xavier lhe dá há anos (uma quantia
um pouco mais elevada que aquela que dá à sogra).

Apesar dos lucros da empresa, o Senhor Xavier sente que não tem dinheiro suficiente. Tem uma boa
casa, os carros, não falta nada em casa, e consegue ter os filhos a estudar lá fora, mas a verdade é
que sente que o seu dinheiro é usado, de facto, quase na totalidade, para responder às necessidades
da sua família e da família da sua esposa, já para não falar de algumas pessoas próximas, que ele,
basicamente, “adoptou” (está a pagar os estudos dos filhos da funcionária de casa, e está a ajudar
com as despesas de reabilitação do filho do motorista, que teve um acidente).

“Se ao menos eles se organizassem e parassem de me pedir apoio”, pensa muitas vezes o Senhor
Xavier, extremamente infeliz, sobrecarregado pelas preocupações.

Há várias pessoas como o Senhor Xavier, que sofrem de uma síndrome que não encontramos nos
manuais de Psicologia. Não a encontramos na última edição do Manual de Diagnóstico e Estatística
das Perturbações Mentais (DSM-V), da Associação Americana de Psiquiatria. Também não a
encontramos na décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização
Mundial da Saúde. Não a encontramos sequer na Internet! Encontramos esta síndrome em consultório,
em Luanda, e em relatos referentes a muitas partes do País. Os casos como o do Senhor Xavier são
tantos, que se impõe uma tentativa de definição e formalização deste problema tão nosso. É o que
tentaremos fazer neste artigo. A designação “Síndrome do Pai Grande” é uma proposta, que surge
a partir do conceito de “Pai Grande”: tipicamente, aquele homem de família que é o mais abastado
e, simultaneamente, o que é consultado, o que é ouvido, o que resolve os problemas, ajudando
financeiramente os membros da família.

Esta síndrome está relacionada com as famílias, as comunidades, o sentido comunitário das famílias,
a proximidade entre os membros das famílias, a educação e os valores transmitidos aos filhos. Tem
a ver com questões profundamente ligadas à cultura, à sociedade, à religião e mesmo à condição
socioeconómica destas famílias (que tem um grande impacto sobre o que se espera das crianças e o
que se coloca – ou não – à disposição das mesmas, durante o seu desenvolvimento).

FOLHA TRIBUTÁRIA 55
Não queremos pôr em causa o valor de nenhum desses preceitos. Certamente haverá famílias muito
saudáveis, em que o modelo tradicional ou habitual de educação funcionará para todos. Excelente.
Se as pessoas estiverem felizes: está tudo bem!
Muitas vezes, no entanto, a pressão familiar e mesmo social e cultural sobre determinados membros
da família não é saudável e causa sofrimento. A troca de papéis, em que uma criança assume
o papel de adulto e assume responsabilidades sobre os irmãos, que deveriam ser dos pais, tem
consequências graves. Diz-nos o Dr. Iñaki Piñuel, no seu extraordinário “Família Zero” (Madrid, A
Esfera dos Livros, 2020):

“A criança que foi olhada com amor pela mãe imita-a e reflecte-a em si mesma. Graças aos seus
neurónios espelho, reproduz esse mesmo olhar no seu interior, reflecte a mesma atitude de amor
incondicional que experimentou e que ficou gravada a fogo na sua memória emocional. A mãe que
ama não olha para o seu menino com um olhar interessado, egoísta, como se ele fosse um objecto
de uso ou aproveitamento. O seu filho é um fim em si próprio. Não é um meio para obter ou alcançar
seja o que for. Cuida dele, ama-o e protege-o porque é seu filho, não por qualquer benefício que ele
lhe traga, nem pelas características que possa apresentar e que eventualmente possam beneficiá-la”
(2020: 64).

Acrescenta Daniel Schor, no genial “Heranças invisíveis de abandono afectivo – um estudo psicanalítico
sobre as dimensões da experiência traumática” (São Paulo, Blucher, 2020): “A necessidade de
socorrer os pais em seu sofrimento retira da criança a possibilidade de conquistar um lugar para
existir” (2020: 106). A criança que é obrigada a desempenhar o papel de pai, de adulto, antes do
tempo “não pode ocupar qualquer posição ontológica que não uma completa alienação em relação
a si mesmo, a qual, paradoxalmente, é concomitante a uma lucidez tenebrosa a respeito da própria
condição” (2020: 106).

A ausência do amor incondicional, a noção de que, para ser amado ou valorizado, tem de cuidar da
casa, dos irmãos, dos primos, ou mesmo da mãe, conduzem a problemas na auto-imagem, auto-
estima e auto-confiança, podendo gerar ansiedade, perfeccionismo, medo de falhar, necessidade de
atender às expectativas dos outros e ser validado por eles. É a estes casos que se refere a Síndrome
do Pai Grande.

SÍNDROME DO PAI GRANDE: transtorno sofrido por aqueles membros da família que cuidam de
todos os outros familiares, incluindo os pais, os irmãos, os cunhados, os sobrinhos, e, muitas vezes,
os pais, irmãos, cunhados e sobrinhos do cônjuge, e que se sentem verdadeiramente esgotados,
ansiosos, estressados, e muitas vezes infelizes sob o peso da responsabilidade e a pressão da família.

PERFIL DA PESSOA QUE SOFRE DE SÍNDROME DO PAI GRANDE:

IDADE: o “Pai Grande”, geralmente, é adulto, trabalha, é pai de família. No entanto, encontramos
“Pais Grandes” a serem preparados para o papel já desde crianças! Encontramo-los também
adolescentes, a estudar, já imbuídos da obrigação de construírem uma casa para os pais e de porem
os irmãos na universidade.

ORDEM DE NASCIMENTO: regra geral, trata-se do irmão mais velho! No entanto, o irmão mais velho

FOLHA TRIBUTÁRIA 56
poderá ser substituído por um irmão ou irmã do meio ou mais novo que tenha mais sucesso.
GÉNERO: tradicionalmente, o “Pai Grande” é do sexo masculino; mas também há “Pais Grandes”
do género feminino, que “carregam” a família alargada às costas.

SITUAÇÃO FINANCEIRA: independentemente da situação socio-económica, regra geral, é a pessoa

que ganha mais na família; é aquela pessoa que é ou se prevê que será a mais bem-sucedida
financeiramente.
CARÁCTER: costuma ser alguém inteligente, muito focado, muito sacrificado, muito trabalhador,
muito preocupado com os outros, capaz de assumir a responsabilidade pelo bem-estar de todos
os membros da família. Tem dificuldade em dizer “Não”. Muitas vezes, preocupa-se também com
pessoas externas à família, podendo ser muito generoso e caridoso. A família permanece, no entanto,
a sua maior preocupação.

ESTADO DE ÂNIMO: está muto cansado, por vezes exausto, assoberbado pela necessidade de cuidar
dos familiares, corresponder às expectativas que os familiares têm, corresponder à ideia de que é o
“Pai Grande”, capaz de solucionar todos os problemas. Regra geral, recusa-se a aceitar que possa
haver manipulação por parte dos membros da família, mas sente que há alguma desresponsabilização
por parte dos mesmos. Muitas vezes, sofre de insónias, devido à ansiedade, ao medo de falhar, ao
medo de não conseguir dar resposta às necessidades e exigências de todas as pessoas por quem se
sente responsável.

PORQUE É QUE ESTA SÍNDROME NÃO SE REFERE À CO-DEPENDÊNCIA? Falámos da co-dependência

num artigo anterior da rubrica “Psicologia do Dinheiro” e vimos que as pessoas co-dependentes
se sentem atraídas por indivíduos que elas acreditam que precisam de ajuda. São viciadas em ser
úteis. Tal como a pessoa que sofre de Síndrome do Pai Grande, o co-dependente também assume
a responsabilidade pela vida de outros adultos, mas não necessariamente por familiares, e muito
menos por toda a família. O mais frequente é o co-dependente assumir a responsabilidade pelo bem-
estar do parceiro ou da parceira.
PORQUE É QUE ESTA SÍNDROME NÃO SE REFERE AO MESSIANISMO? O messianismo remete
para a ideia de que podemos salvar o mundo, ou de que temos o dom e a responsabilidade de salvar
a humanidade. Na Síndrome do Pai Grande, queremos salvar a nossa família e algumas pessoas
próximas, e não necessariamente toda a humanidade.

O QUE FAZER, NO CASO DE SOFRER DE SÍNDROME DO PAI GRANDE?

Se está exausto e se sente esgotado pelo peso de ter de cuidar de todos os membros da sua família,
mesmo dos que são adultos, dos que fizeram as suas próprias escolhas, e dos filhos dos mesmos,
se não dorme bem, se se sente desmotivado e se sente que todo o seu esforço, ao longo dos anos,
parece ter sido quase em vão, pois, as necessidades dos outros só aumentam, apesar de tudo o que
lhes dá: é possível que sofra de Síndrome do Pai Grande.
Nesse caso:

1. Procure um bom psicólogo.

2. Procure perceber quais são as crenças que lhe foram incutidas na infância. Algumas das crenças
mais comuns são: “Tens de tomar conta dos teus pais quando começares a trabalhar”; “Sacrifiquei-

FOLHA TRIBUTÁRIA 57
me por vocês e deverão retribuir o valor desse sacrifício quando crescerem”; “És o mais velho e
tens a obrigação de cuidar da família”; “O teu pai não está e tu deves ocupar o seu lugar”; “Os teus
irmãos dependem de ti”; “Tu tiveste mais sorte e tens a obrigação de ajudar os outros”; “Tu és o
mais inteligente/ o mais forte/ o que tem mais sucesso e é tua obrigação cuidar dos teus irmãos com
menos sucesso”; “Quem tem mais tem a obrigação de ajudar os menos afortunados”; entre outras.

3. Desconstrua essas crenças disfuncionais enraizadas: por muito que ame os seus irmãos, em
pequenos, eles eram responsabilidade dos seus pais e não sua, e se são adultos, eles devem ser
responsáveis por si mesmos. Lembre-se também que não foi você que decidiu ter filhos, mas sim
os seus pais. Os pais têm obrigações para com os filhos: amar, proteger, educar, alimentar. São
obrigações dos pais e não favores ou sacrifícios. Você não tem uma dívida para com os seus pais,
que o alimentaram e puseram a estudar, pois essas são obrigações dos cuidadores. Pode ter amor
por eles, sim, mas não uma dívida. É importante perceber isso.

4. Entenda que as pessoas adultas – irmãos, cunhados, outros – têm a obrigação de se responsabilizarem por
eles próprios. Permita que sejam, de facto, adultos e cuidem de si mesmos.

5. Perceba que, se tiver ainda mais sucesso e independência financeira, poderá desenvolver os seus negócios e
criar postos de trabalho. Dar emprego é o melhor apoio que poderá dar à família, à comunidade, ao país. Estará
a dar dignidade e autonomia às pessoas, ao mesmo tempo em que estará a investir no seu próprio crescimento.
Se se limitar a distribuir os seus rendimentos, não se permitirá crescer e usufruir das suas conquistas. E você
tem o direito de crescer.

6. Se tiver de ajudar, coloque um limite para a ajuda que está disposto a dar. Decida qual é a percentagem dos
seus rendimentos que guardará para si (para poupar e investir) e qual é o limite do apoio financeiro que poderá
disponibilizar para a sua família, se desejar. Assuma esse compromisso consigo.

7. Aprenda a dizer “Não!”. É fundamental. É difícil, mas é possível. Toda a força que usou para cuidar de
todos, use-a agora consigo, para aprender a dizer “Não” quando considerar necessário.

8. Lembre-se sempre que você é responsável por si e pelos seus filhos. Você não é responsável pelo bem-estar
de adultos activos. Deixe-os assumir responsabilidades e fazer o seu próprio percurso, como você fez.

Seja justo consigo!

Força!

Fique bem!

FOLHA TRIBUTÁRIA 58
 CALENDÁRIO REGIME GERAL
ACRÓNIMOS

FISCAL 2023
Imposto sobre o Valor Acrescentado IVA
Imposto Especial de Consumo IEC
Imposto Industrial II
Imposto sobre Aplicação de Capitais IAC
Imposto sobre o Rendimento de Trabalho IRT
Imposto de Selo IS
OBRIGAÇÕES DECLARACTIVAS Imposto Predial IP
Imposto sobre Veículos Motorizados IVM
E DE PAGAMENTO Imposto Especial de Jogos IEJ

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FOLHA TRIBUTÁRIA 59
 RESENHA
LEGISLATIVA
DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

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