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Apresentação
Nesta aula, serão analisados os principais aspectos sociopolíticos do Egito Antigo. Conheceremos parte da dinâmica do
Reino da Núbia (também conhecido como Kush) e examinaremos as constantes relações estabelecidas entre as duas
sociedades durante a Antiguidade Clássica.
Objetivo
Analisar aspectos gerais no Egito Antigo;
Refexão
Antes de iniciarmos a nossa aula, vamos realizar uma breve atividade de reflexão!
O papiro acima apresenta uma rainha Núbia sendo servida por suas serviçais oriundas do Egito. Antes de iniciar a aula, elabore
uma hipótese sobre as possíveis razões que criaram as condições para a produção dessa imagem. Após a leitura da aula,
analise a hipótese levantada.
O Egito
Por volta do ano 3200 a.C., as aldeias que tinham seus chefes e deuses próprios começaram a se unir e formaram dois reinos:
o Alto e o Baixo Egito. Pouco tempo depois, o rei Menés do Alto Egito, querendo ampliar suas terras e controlar toda a produção
agrícola da região, conquistou o Baixo Egito formando um só reino cuja capital era Mênfis.
A partir de então, o Egito passou a ser governado por famílias reais e as antigas aldeias deram lugar às cidades onde foi
possível o desenvolvimento da escrita, da arquitetura, e das artes.
Durante mais de três mil anos, o soberano do Egito era o
faraó, a principal figura desse reino. Tido como
reencarnação de Hórus (o Deus-Falcão) e como filho de
Amon-Rá, o Deus Sol, o faraó era uma figura sagrada, uma
espécie de deus na terra, e por isso a vida de todo Egito
girava em torno dele, o que lhe dava muitos poderes.
Munido de seu cetro e seu cajado, símbolos de autoridade e
que representavam os antigos reinos do Alto e do Baixo
Egito, o faraó tinha poder de vida e morte sobre todo seu
reino.
Escribas
Os escribas eram praticamente as únicas pessoas que sabiam ler e escrever em todo reino. Por isso eles ocupavam altos
cargos administrativos no governo do Egito, documentando e controlando a cobrança de impostos, a produção de
alimentos, a escrita de leis e costumes e contando as histórias dos faraós. No entanto, para se tornar um escriba era
necessário muito tempo de estudo, pois o alfabeto hieroglífico era composto por inúmeros símbolos, sendo que cada um
deles poderia representar até cinco palavras. Mas foi graças aos escribas e às mensagens deixadas nos papiros, paredes
e túmulos que parte da história egípcia chegou até nós.
Artesãos
O Egito também tinha um importante grupo de artesãos. Os mais especializados deles comandavam a construção de
casas, túmulos e templos religiosos e se assemelham muito aos arquitetos de hoje em dia, pois eles conheciam materiais,
técnicas de construção, matemática e astrologia. Havia também artesãos que trabalhavam com o fabrico de móveis
como os carpinteiros e os marceneiros, aqueles que trabalhavam com minérios como o cobre, o ferro e o ouro, e outros
que faziam belos objetos de arte, como pinturas e esculturas. Ainda que tenham existido diferentes tipos de artesanato,
apenas uma pequena parcela da população se dedicava a essa atividade que era passada de geração para geração.
Comerciantes
Assim como os escribas, os comerciantes também eram fundamentais para a vida do Egito, pois eram eles que faziam o
comércio desse reino com outras regiões do norte da África e até mesmo com sul da Europa e com o Oriente Médio. O
comércio era feito tanto por terra (no lombo de burros), como nos rios, por meio das embarcações construídas pelos
egípcios. Os principais produtos comercializados pelos negociantes egípcios eram o vinho e os o artesanato feito no reino.
Essas mercadorias eram trocadas com o ouro e o cobre da Núbia; o marfim, as peles de animal e as penas de avestruz
vindas da África subsaariana; a cerâmica, os cavalos, a prata e os escravos do Líbano; e as cerâmicas produzidas em
Creta.
Agricultores
A maior parte da população do Egito era formada por camponeses e a vida dessas pessoas era regrada de acordo com as
fases do Nilo. Julho era o mês de chuva na região e consequentemente da inundação das margens do rio. Nesse período,
os camponeses não trabalhavam na terra e muitas vezes eram empregados nas construções do faraó. Quando a época
de chuvas passava, em novembro, os camponeses aravam o solo e jogavam as sementes.
Aos poucos a água do Nilo penetrava e irrigava as plantações. No fim de março se iniciava a colheita, principalmente do
trigo, produto que era levado para o celeiro. Lá o trigo era debulhado pelas mulheres e parte dos grãos guardada para o
consumo das famílias camponesas. O restante era utilizado para o pagamento dos tributos cobrados pelo faraó e o que
sobrava era comercializado.
Os trabalhadores egípcios costumavam construir suas
casas em regiões altas para que elas não fossem inundadas
na época de cheia do Nilo. Eles moravam em casas
retangulares construídas com argila amassada ou tijolos de
barro seco, cujas portas e janelas eram feitas de madeira;
tanto a argila como os tijolos de barros eram feitos a partir
da mistura da lama retirada do leito do Nilo com areia.
Os egípcios eram politeístas, acreditavam em diversos deuses. Parte dos deuses egípcios estava ligada aos fenômenos da
natureza, como o Sol, a Lua e a terra; outros misturavam a forma animal com a forma humana (os deuses
antropozoomórficos); e também havia os deuses que representavam ideias como honra e justiça. Para cada um deles foi
construído um templo que ficava sob a responsabilidade de sacerdotes e sacerdotisas.
Esses homens e mulheres viviam para a religião e cuidavam para que os
templos fossem respeitados e que os deuses fossem corretamente
cultuados. Os deuses mais importantes, como Amon-Rá, o deus criador,
teve uma cidade inteira construída em sua homenagem chamada Heliópolis.
A partir do ano 300 a.C, depois de inúmeras disputas com a Núbia, e
com povos do Oriente Médio e do Sul da Europa, o Império dos faraós
caiu nas mãos dos persas e, duzentos anos depois, após o suicídio de
Cleópatra, se transformou em uma província de Roma. Contudo,
durante seus quase três mil anos de existência, o Egito teve
importantes faraós, desenvolveu diversas técnicas de construção civil
e naval, criou diferentes tipos de cosméticos, de jogos e brinquedos,
influenciou outras regiões do mundo e deixou para a posteridade
monumentos que comprovam a importância de sua história.
A Núbia
Saiba mais
Junto com os comerciantes que viviam transitando e negociando o que era produzido no Antigo Egito com as peles e marfins
vindas da África subsaariana, as cidades cuxitas também abrigavam diferentes tipos de artesãos. Clique aqui e saiba mais sobre
a história da Núbia.
Marceneiros e carpinteiros construíam diferentes tipos de
móveis que ornavam as casas mais ricas do império. Os
ferreiros e as ceramistas fabricavam vasilhas e
instrumentos cortantes que eram utilizados diariamente
pelos cuxitas; acredita-se que foram os ferreiros da Núbia
que ensinaram os povos que viviam na África Subassariana
a trabalhar com o ferro e outros metais como o cobre e o
próprio ouro.
Pirâmides do Reino de entanto, a dominação egípcia não significou o fim do reino Kush.
Kush, cidade de Meroe Cerca de seiscentos anos depois, os cuxitas conseguiram expulsar os egípcios e
Cerca de seiscentos anos depois, retomar o governo sobre sua terra. A capital do reino Kush foi transferida de Kerma
os cuxitas conseguiram expulsar para Napata, cidade na qual é possível observar a forte influência que os egípcios
os egípcios e retomar o governo tiveram sobre os núbios. A escrita dos napatamos era muito parecida com o
sobre sua terra. A capital do reino sistema de hieróglifos desenvolvido no Egito, e os reis passaram a ser enterrados
Kush foi transferida de Kerma em pirâmides.
para Napata, cidade na qual é
possível observar a forte Por volta do ano 600 a.C. Napata foi invadida por outros povos da região. A cidade
influência que os egípcios de Meroe se tornou a nova capital do reino e passou a atrair as rotas comerciais
tiveram sobre os núbios. A que ligavam a África subsaariana com o Mediterrâneo. Graças à vasta floresta
escrita dos napatamos era muito existente na cidade, o ferro passa a ser uma das mercadorias mais trabalhadas e
parecida com o sistema de comercializadas da cidade. Durante mais de quinhentos anos, Meroe constituiu
Referências
SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A África e a escravidão de 1500 a 1700, Rio de Janeiro, Nova Fronteira:
Fundação Biblioteca Nacional, 2002.
SILVA,A.C. A enxada e a lança. A África antes dos portugueses. Nova Fronteira/EDUSP. São Paulo, 1992.
Próxima aula
As matrizes da chamada África Tradicional;
Os aspectos semelhantes existentes nos diferentes povos da África localizados ao sul do Saara;
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