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Coautor do livro Petições & Prática Cível, 5 ed. Niterói: Impetus, 2022
Autor do livro Competência no Processo Civil. Salvador: Juspodivm, 2021
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
(arts. 550/553, CPC)
“I. O art. 22, § 1º, ‘f’ da Lei nº 4.591/64, que tem por objeto o
condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias,
expressamente, dispõe que ‘compete ao síndico: f) prestar contas à
assembleia dos condôminos’. III. Logo, não há dúvidas a respeito da
responsabilidade do síndico, na qualidade de representante e
administrador do condomínio, de prestar contas de sua gestão, já
que lhe cabe administrar e gerir valores e interesses alheios. IV.
Forçoso, portanto, reconhecer a ilegitimidade do condomínio para
figurar no polo passivo da demanda” (STJ - REsp 707.506/RJ,
3ª Turma, j. 15/12/2009).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
INTERESSE DE AGIR NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
“5. O interesse de agir é condição da ação caracterizada pelo binômio necessidade-adequação.
Necessidade concreta da atividade jurisdicional e adequação de provimento e procedimento
desejados. O interesse processual pressupõe a alegação de lesão a interesse. Afinal, se inexistente
pretensão resistida, não há lugar à invocação da atividade jurisdicional. 6. Com exceção das
hipóteses em que a lei exige que a prestação de contas se dê em juízo (v.g., arts. 1.756, 1.757 e
parágrafo único e 1.774 do CC/02), as contas serão prestadas na via extrajudicial. Nessa linha, a
doutrina processualista e a jurisprudência do STJ asseveram que o interesse processual na ação de
exigir contas pressupõe a existência de controvérsia entre as partes da relação jurídica, cuja
caracterização depende da presença de alguma das seguintes hipóteses: a) recusa ou mora em
prestar as contas; b) não aprovação das contas prestadas ou c) divergência quanto à existência
ou o montante do saldo credor ou devedor. Do contrário, não existirá lide a ser solucionada pelo
Poder Judiciário. 7. A recusa na prestação das contas pode ser comprovada mediante prévio
requerimento administrativo não atendido em prazo razoável. Essa é, no entanto, apenas uma das
formas de demonstrar o interesse de agir na ação de exigir contas, não sendo requisito indispensável
para a sua configuração” (STJ - REsp 2.000.936/RS, 3ª Turma, j. 21/06/2022).
Súmula nº 259, STJ: “A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de
conta corrente bancária”.
“1. O titular de conta-corrente bancária tem interesse processual para exigir contas do
banco (Súmula 259). Isso porque a abertura de conta-corrente tem por pressuposto a
entrega de recursos do correntista ao banco (depósito inicial e eventual abertura de limite
de crédito), seguindo-se relação duradoura de sucessivos créditos e débitos. Por meio da
prestação de contas, o banco deverá demonstrar os créditos (depósitos em favor do
correntista) e os débitos efetivados em sua conta-corrente (cheques pagos, débitos de
contas, tarifas e encargos, saques etc) ao longo da relação contratual, para que, ao final,
se apure se o saldo da conta corrente é positivo ou negativo, vale dizer, se o correntista
tem crédito ou, ao contrário, se está em débito” (STJ - REsp 1.231.027/PR, 2ª Seção, j.
12/12/2012).
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PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES BANCÁRIAS
“(..) 2. A entrega de extratos periódicos aos correntistas não implica, por si só, falta de
interesse de agir para o ajuizamento de prestação de contas, uma vez que podem não ser
suficientes para o esclarecimento de todos os lançamentos efetuados na conta-corrente.
(..) 4. A pretensão deduzida na inicial, voltada, na realidade, a aferir a legalidade dos encargos
cobrados (comissão de permanência, juros, multa, tarifas), deveria ter sido veiculada por meio
de ação ordinária revisional, cumulada com repetição de eventual indébito, no curso da qual
pode ser requerida a exibição de documentos, caso esta não tenha sido postulada em medida
cautelar preparatória. 5. Embora cabível a ação de prestação de contas pelo titular da conta-
corrente, independentemente do fornecimento extrajudicial de extratos detalhados, tal
instrumento processual não se destina à revisão de cláusulas contratuais e não prescinde
da indicação, na inicial, ao menos de período determinado em relação ao qual busca
esclarecimentos o correntista, com a exposição de motivos consistentes, ocorrências
duvidosas em sua conta-corrente, que justificam a provocação do Poder Judiciário
mediante ação de prestação de contas” (STJ - REsp 1.231.027/PR, 2ª Seção, j. 12/12/2012).
“Ação de exigir contas. Sentença que não põe fim ao processo. Natureza de
decisão interlocutória. Recurso cabível. Fungibilidade. Inaplicabilidade. (..) 1.
Consoante orientação do STJ, o recurso cabível contra a decisão proferida na
primeira fase da ação de exigir contas depende do conteúdo: não
acarretando a decisão o encerramento do processo, o recurso cabível será o
agravo de instrumento (CPC/2015, arts. 550, § 5º, e 1.015, II). No caso
contrário, ou seja, se a decisão produz a extinção do processo, sem ou com
resolução de mérito (arts. 485 e 487), aí sim haverá sentença, e o recurso
cabível será a apelação (AgInt no AREsp n. 1.841.262/SP, relator Ministro Marco
Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 4/10/2021, DJe de
6/10/2021)” (STJ - AgInt no AREsp 2.217.844/SP, 3ª Turma, j. 03/04/2023).
“4. A mencionada fungibilidade continua sendo admitida por esta Corte Superior, por haver
‘sólida divergência doutrinária e de reiterado dissídio jurisprudencial no âmbito dos
Tribunais Estaduais e dos Tribunais Regionais Federais acerca do recurso cabível em face da
decisão que julga a primeira fase da ação de exigir contas é elemento que autoriza a
aplicação do princípio da fungibilidade recursal’ (..)” (STJ - AgInt no AREsp 1.973.027/RJ,
4ª Turma, j. 14/11/2022).