Você está na página 1de 33

EMERJ

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


TURMA CPIII-C 2024

Prof.: GUILHERME KRONEMBERG HARTMANN


@guilhermekhartmann
Doutor e Mestre (UERJ)
Professor Adjunto de Direito Processual Civil (UFRJ)
Ex-Coordenador do Escritório Modelo Cível (UERJ)
Advogado ( www.hartmannadv.com.br )

Coautor do livro Petições & Prática Cível, 5 ed. Niterói: Impetus, 2022
Autor do livro Competência no Processo Civil. Salvador: Juspodivm, 2021
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
(arts. 550/553, CPC)

- Objeto: fazer alguém aclarar o resultado de sua gestão, com


a exposição discriminada das receitas, despesas e
investimentos; e, também, obter o julgamento sobre as contas
apresentadas.

“(..) a pretensão de exigir ou a prestar contas supõe a


administração, de um modo geral, de bens, negócios ou
interesses de outrem” (STJ – REsp 9.013/MG, 4ª Turma, j.
28/05/1991).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
“AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS” NO CPC/1973 E
“AÇÃO DE EXIGIR CONTAS” NO CPC/2015

“A ação de prestação de contas não teve alterações radicais em


comparação com o seu tratamento realizado pelo CPC/1973. No
entanto, diversas relevantes modificações têm aptidão de tornar o
procedimento mais detalhado e ainda de aumentar a sua efetividade”
(PEIXOTO, Ravi. A ação de prestação de contas e o CPC/2015, p. 317-327. In: Novo CPC
doutrina selecionada, v. 4: procedimentos especiais, tutela provisória e direito transitório.
Coordenador Geral: JUNIOR, Fredie Didier; organizadores: MÂCEDO, Lucas Buril de;
PEIXOTO, Ravi; FREIRE, Alexandre. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 327).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


LEGITIMIDADE NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

- Legitimidade ATIVA: aquele que detiver o direito de


exigir as contas (art. 550, caput, CPC).

- Legitimidade PASSIVA: aquele que administrar bem,


negócio ou interesse de outrem, surgido de vínculo legal
ou negocial.

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


EXEMPLOS DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS

- Obrigação do mandatário em relação ao mandante (art. 668, CC).


- Obrigação do tutor e curador em relação ao tutelado e curatelado (arts. 1.756; e
1.774, CC).
- Obrigação do inventariante de prestar contas aos herdeiros da gestão empreendida
(art. 618, VII, CPC).
- Obrigação do testamenteiro, de cumprir as disposições testamentárias, junto aos
herdeiros e legatários (art. 1.980, CC).
- Obrigação do síndico em relação ao condomínio, prestando contas de sua gestão
(art. 1.348, VIII, CC).
- Obrigação do advogado junto ao seu cliente (art. 34, XXI, Lei nº 8.906/1994).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES CONDOMINIAIS

“I. O art. 22, § 1º, ‘f’ da Lei nº 4.591/64, que tem por objeto o
condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias,
expressamente, dispõe que ‘compete ao síndico: f) prestar contas à
assembleia dos condôminos’. III. Logo, não há dúvidas a respeito da
responsabilidade do síndico, na qualidade de representante e
administrador do condomínio, de prestar contas de sua gestão, já
que lhe cabe administrar e gerir valores e interesses alheios. IV.
Forçoso, portanto, reconhecer a ilegitimidade do condomínio para
figurar no polo passivo da demanda” (STJ - REsp 707.506/RJ,
3ª Turma, j. 15/12/2009).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
INTERESSE DE AGIR NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
“5. O interesse de agir é condição da ação caracterizada pelo binômio necessidade-adequação.
Necessidade concreta da atividade jurisdicional e adequação de provimento e procedimento
desejados. O interesse processual pressupõe a alegação de lesão a interesse. Afinal, se inexistente
pretensão resistida, não há lugar à invocação da atividade jurisdicional. 6. Com exceção das
hipóteses em que a lei exige que a prestação de contas se dê em juízo (v.g., arts. 1.756, 1.757 e
parágrafo único e 1.774 do CC/02), as contas serão prestadas na via extrajudicial. Nessa linha, a
doutrina processualista e a jurisprudência do STJ asseveram que o interesse processual na ação de
exigir contas pressupõe a existência de controvérsia entre as partes da relação jurídica, cuja
caracterização depende da presença de alguma das seguintes hipóteses: a) recusa ou mora em
prestar as contas; b) não aprovação das contas prestadas ou c) divergência quanto à existência
ou o montante do saldo credor ou devedor. Do contrário, não existirá lide a ser solucionada pelo
Poder Judiciário. 7. A recusa na prestação das contas pode ser comprovada mediante prévio
requerimento administrativo não atendido em prazo razoável. Essa é, no entanto, apenas uma das
formas de demonstrar o interesse de agir na ação de exigir contas, não sendo requisito indispensável
para a sua configuração” (STJ - REsp 2.000.936/RS, 3ª Turma, j. 21/06/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


INTERESSE DE AGIR NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

“Prestação de contas acerca de ações de sociedade


anônima e dos respectivos dividendos. (..) 1. Mesmo
havendo o fornecimento de extratos periódicos, é
perfeitamente admissível o manejo da ação de
prestação de contas para os casos de insuficiência
das informações prestadas extrajudicialmente, situação
fática retratada na espécie” (STJ - REsp 957.363/RS,
3ª Turma, j. 06/04/2010).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
INTERESSE DE AGIR NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

“1. As contas do síndico devem ser prestadas perante


assembleia especialmente convocada para essa
finalidade e, caso não o sejam, é cabível a ação de
prestação de contas. A mera entrega de documentos -
cujo teor, no caso, sequer é conhecido - feita à
administradora do condomínio não isenta o síndico de
prestar contas na forma prevista em lei” (STJ - AgInt
no AREsp 1.120.189/SP, 4ª Turma, j. 26/02/2019).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES BANCÁRIAS

Súmula nº 259, STJ: “A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de
conta corrente bancária”.

“1. O titular de conta-corrente bancária tem interesse processual para exigir contas do
banco (Súmula 259). Isso porque a abertura de conta-corrente tem por pressuposto a
entrega de recursos do correntista ao banco (depósito inicial e eventual abertura de limite
de crédito), seguindo-se relação duradoura de sucessivos créditos e débitos. Por meio da
prestação de contas, o banco deverá demonstrar os créditos (depósitos em favor do
correntista) e os débitos efetivados em sua conta-corrente (cheques pagos, débitos de
contas, tarifas e encargos, saques etc) ao longo da relação contratual, para que, ao final,
se apure se o saldo da conta corrente é positivo ou negativo, vale dizer, se o correntista
tem crédito ou, ao contrário, se está em débito” (STJ - REsp 1.231.027/PR, 2ª Seção, j.
12/12/2012).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES BANCÁRIAS
“(..) 2. A entrega de extratos periódicos aos correntistas não implica, por si só, falta de
interesse de agir para o ajuizamento de prestação de contas, uma vez que podem não ser
suficientes para o esclarecimento de todos os lançamentos efetuados na conta-corrente.
(..) 4. A pretensão deduzida na inicial, voltada, na realidade, a aferir a legalidade dos encargos
cobrados (comissão de permanência, juros, multa, tarifas), deveria ter sido veiculada por meio
de ação ordinária revisional, cumulada com repetição de eventual indébito, no curso da qual
pode ser requerida a exibição de documentos, caso esta não tenha sido postulada em medida
cautelar preparatória. 5. Embora cabível a ação de prestação de contas pelo titular da conta-
corrente, independentemente do fornecimento extrajudicial de extratos detalhados, tal
instrumento processual não se destina à revisão de cláusulas contratuais e não prescinde
da indicação, na inicial, ao menos de período determinado em relação ao qual busca
esclarecimentos o correntista, com a exposição de motivos consistentes, ocorrências
duvidosas em sua conta-corrente, que justificam a provocação do Poder Judiciário
mediante ação de prestação de contas” (STJ - REsp 1.231.027/PR, 2ª Seção, j. 12/12/2012).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES BANCÁRIAS

“5. Apontado pelo correntista o ponto da sua


insurgência e delimitado o período da prestação de
contas, não há que se falar em pedido genérico na ação
de exigir contas” (STJ - AgInt nos EDcl no AgInt no
AREsp 1.646.879/SC, 3ª Turma, j. 09/05/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS
RELAÇÕES BANCÁRIAS

Tese de recurso especial nº 908, STJ, j. 14/09/2016: “Impossibilidade de revisão de


cláusulas contratuais em ação de prestação de contas”.
No julgado paradigma: “2. (..) Exegese da Súmula 259. 3. O rito especial da ação de
prestação de contas não comporta a pretensão de alterar ou revisar cláusula
contratual, em razão das limitações ao contraditório e à ampla defesa. 4. Essa
impossibilidade de se proceder à revisão de cláusulas contratuais diz respeito a todo o
procedimento da prestação de contas, ou seja, não pode o autor da ação deduzir pretensões
revisionais na petição inicial (primeira fase), conforme a reiterada jurisprudência do STJ,
tampouco é admissível tal formulação em impugnação às contas prestadas pelo réu (segunda
fase). (..) não se presta esse rito especial para a revisão de taxas de juros e demais
encargos de empréstimos obtidos por meio de abertura de limite de crédito em conta-
corrente.” (STJ – REsp 1.497.831/PR, 2ª Seção, j. 14/09/2016).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
PATRIMÔNIO COMUM DE EX-CÔNJUGES

“3. Como de sabença, a administração do patrimônio comum do casal compete a ambos os


cônjuges (artigos 1.663 e 1720 do CC). Nada obstante, a partir da separação de fato ou de
corpos (marco final do regime de bens), os bens e direitos dos ex-consortes ficam em estado
de mancomunhão - conforme salienta doutrina especializada -, formando uma massa
juridicamente indivisível, indistintamente pertencente a ambos. (..) 6. No tocante
especificamente à relação decorrente do fim da convivência matrimonial, infere-se que, após
a separação de fato ou de corpos, o cônjuge que estiver na posse ou na administração do
patrimônio partilhável - seja na condição de administrador provisório, seja na de
inventariante - terá o dever de prestar contas ao ex-consorte. Isso porque, uma vez
cessada a afeição e a confiança entre os cônjuges, aquele titular de bens ou negócios
administrados pelo outro tem o legítimo interesse ao pleno conhecimento da forma como são
conduzidos, não se revelando necessária a demonstração de qualquer irregularidade, prejuízo
ou crédito em detrimento do gestor” (STJ - REsp 1.274.639/SP, 4ª Turma, j. 12/09/2017).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS

“A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a


supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão,
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar
informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e
psicológica e a educação de seus filhos” (art. 1.583, § 5º, CC).

“O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e


tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou
for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação” (art. 1.589, CC).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS

“4. A ação de prestação de contas proposta pelo alimentante é


via inadequada para fiscalização do uso de recursos
transmitidos ao alimentando por não gerar crédito em seu favor
e não representar utilidade jurídica. 5. O alimentante não possui
interesse processual em exigir contas da detentora da guarda do
alimentando porque, uma vez cumprida a obrigação, a verba não
mais compõe o seu patrimônio, remanescendo a possibilidade de
discussão do montante em juízo com ampla instrução
probatória” (STJ - REsp 1.637.378/DF, 3ª Turma, j. 19/02/2019).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS
Argumentou-se no julgado retro que “Não se está a negar a possibilidade do abuso do direito
(art. 187 do Código Civil de 2002) no Direito de Família, especialmente no que tange ao
desvio ou má gestão da verba alimentar destinada à prole. Todavia, existindo a intenção de
prejudicar os filhos por meio de temerária administração dos alimentos é necessário que se
acione o judiciário para a avaliação concreta do melhor interesse da criança ou adolescente,
num contexto global. Permitir ações de prestação de contas significaria incentivar ações
infindáveis e muitas vezes infundadas acerca de possível malversação dos alimentos,
alternativa não plausível e pouco eficaz no Direito de Família. Dessa forma, eventual
desconfiança sobre tais informações, em especial do destino dos alimentos que paga, não se
resolve por meio de planilha ou balancetes pormenorizadamente postos, de forma
matemática e objetiva, mas com ampla análise de quem subjetivamente detém melhores
condições para manter e criar uma criança em um ambiente saudável, seguro e feliz,
garantindo-lhe a dignidade tão essencial no ambiente familiar”.

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS

“A possibilidade de se buscar informações a respeito do bem estar do filho e da boa


aplicação dos recursos devidos a título de alimentos em nada se comunica com o
dever de entregar uma planilha aritmética de gastos ao alimentante, que não é
credor de nada. A propósito, a obrigação alimentar não gera possibilidade de
estorno. (..) O detentor da guarda tem, indubitavelmente, o dever de utilizar o
montante da melhor forma possível em favor do beneficiário. Contudo, ainda que se
discorde da aplicação dos recursos, não há falar em devolução da quantia utilizada
pelo credor, ante o princípio da irrepetibilidade que norteia as regras do Direito de
Família, em especial, com relação aos alimentos. (..) Excepcionalmente, admite-se o
ajuizamento de ação própria quando presente a suspeita de abuso de direito no
exercício desse poder” (STJ – AgInt no AREsp 1.450.163/SP, 3ª Turma, j. 23/05/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS

“5. Na perspectiva do princípio da proteção integral e do melhor interesse da criança e do adolescente e do


legítimo exercício da autoridade parental, em determinadas hipóteses, é juridicamente viável a ação de
exigir contas ajuizada por genitor(a) alimentante contra a(o) guardiã(o) e representante legal de
alimentado incapaz, na medida em que tal pretensão, no mínimo, indiretamente, está relacionada com a
saúde física e também psicológica do menor, lembrando que a lei não traz palavras inúteis. (..) 8. Em
determinadas situações, não se pode negar ao alimentante não-guardião o direito de averiguar se os valores
que paga a título de pensão alimentícia estão sendo realmente dirigidos ao beneficiário e voltados ao
pagamento de suas despesas e ao atendimento dos seus interesses básicos fundamentais, sob pena de se
impedir o exercício pleno do poder familiar. 9. Não há apenas interesse jurídico, mas também o dever legal,
por força do § 5º do art. 1.583 do CC/02 (..) 9.1. O que justifica o legítimo interesse processual em ação dessa
natureza é só e exclusivamente a finalidade protetiva da criança ou do adolescente beneficiário dos
alimentos, diante da sua possível malversação, e não o eventual acertamento de contas, perseguições ou
picuinhas com a(o) guardiã(ao), devendo ela ser dosada, ficando vedada a possibilidade de apuração de
créditos ou preparação de revisional pois os alimentos são irrepetíveis” (STJ - REsp 1.814.639/RS,
3ª Turma, j. 26/05/2020).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PLEITO DE EXIGIR CONTAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES:
DESTINAÇÃO DOS ALIMENTOS

“1. ‘Em recente julgamento pela Terceira Turma do REsp nº 1.814.639/


RS, firmou-se o entendimento de que, em hipótese excepcional, é
viável juridicamente a ação de exigir contas pelo alimentante contra
o guardião do alimentado para obtenção de informações acerca da
destinação de pensão alimentícia prestada mensalmente, porque tal
pretensão, no mínimo, indiretamente está relacionada com a saúde
física e também psicológica do menor alimentado, desde que proposta
sem a finalidade de apurar a existência de eventual crédito, pois os
alimentos prestados são irrepetíveis.’ (..)” (STJ - AgInt no AREsp
1.414.005/SP, 4ª Turma, j. 15/08/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


COMPETÊNCIA TERRITORIAL NA
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

“É competente o foro: (..) IV - do lugar do ato ou fato


para a ação: (..) b) em que for réu administrador ou
gestor de negócios alheios;” (art. 53, IV, “b”, CPC).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PROCEDIMENTO BIFÁSICO NA
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

1ª fase: apuração do dever de prestar contas.

2ª fase: exame do conteúdo das contas apresentadas e


do saldo eventualmente existente.

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
(art. 552, CPC)

“4. A ação de exigir contas é prevista para se desenvolver em duas


fases. Na primeira, verifica-se se há o direito de exigir as contas. Na
segunda, analisa-se a adequação das contas prestadas,
determinando-se a existência ou não de saldo credor ou devedor.
Constatada a existência de saldo, passa-se à fase de cumprimento de
sentença, oportunidade em que é revelada a natureza dúplice, já
que o polo ativo será assumido por quem a sentença reconhecer como
credor” (STJ - REsp 2.000.936/RS, 3ª Turma, j. 21/06/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


FASE DE CONHECIMENTO E FASE DE EXECUÇÃO
NA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
“3- A ação de prestação de contas é de rito especial e possui estrutura procedimental
diferenciada, em que a primeira fase visa discutir a existência ou não do direito de exigir ou de
prestar contas e a segunda fase julga a própria prestação das contas a partir das receitas,
despesas e eventual saldo, de modo que a atividade jurisdicional desenvolvida em ambas as
fases possui natureza jurídica cognitiva própria da fase de conhecimento, tendo em vista a
necessidade de acertamento da relação jurídica de direito material que vincula as partes.
4- A fase de cumprimento da sentença e, eventualmente, de liquidação da sentença na ação de
prestação de contas apenas pode ser deflagrada após a prolação da sentença proferida na
segunda fase dessa ação, oportunidade em que a cognição acerca do dever de prestar ou de
exigir e a apuração de créditos, débitos e existência de saldo estarão definitivamente julgadas,
viabilizando, se necessário, a liquidação da sentença condenatória e a cobrança do valor
apurado sob a forma de cumprimento da sentença.” (STJ – REsp 1.821.793/RJ, 3ª Turma, j.
20/08/2019).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


AS CONTAS DEVEM SER PRESTADAS DE
FORMA ESPECIFICADA/CONTÁBIL

“É exigida a prestação de contas em formato adequado, trazendo


transparência/clareza, pelo que as receitas, despesas e saldo devem
ser especificados (“parcela por parcela”), inclusive em ordem
cronológica, com a devida documentação comprobatória, o que vale
tanto para as contas apresentadas pelo réu (art. 551, CPC), quanto
para aquelas trazidas pelo autor em substituição (art. 551, § 2º, CPC)”
(HARTMANN, Guilherme Kronemberg; HARTMANN, Rodolfo Kronemberg.
Petições & prática cível. 5 ed. Niterói: Impetus, 2022, p. 79).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
- Petição inicial, com detalhadas razões pelas quais se exige as contas (art. 550, § 1º, CPC).

- Determinação de citação do réu para prestar as contas ou apresentar contestação em 15 dias


(art. 550, in fine, CPC):
1) Prestadas as contas, o autor poderá se manifestar em 15 dias (art. 550, § 2º, CPC),
hipótese que o feito, basicamente, assumirá uma única fase (simplificação ritual).
2) Inércia do réu (revelia), o que permitirá ao juiz verificar a ocorrência do efeito material da
revelia (art. 344, CPC), ou, caso contrário, mandar o autor especificar provas (art. 348, CPC),
para decidir a primeira fase (art. 550, § 4º, CPC).
3) Contestação do réu, caso em que se permitirá a réplica do autor (arts. 350/351, CPC).

- Prolação de decisão de procedência do pedido condenando o réu a prestar as contas em 15


dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar (art. 550, § 5º, CPC).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


NATUREZA DA DECISÃO QUE JULGA A PRIMEIRA FASE
E RECURSO CABÍVEL

“Ação de exigir contas. Sentença que não põe fim ao processo. Natureza de
decisão interlocutória. Recurso cabível. Fungibilidade. Inaplicabilidade. (..) 1.
Consoante orientação do STJ, o recurso cabível contra a decisão proferida na
primeira fase da ação de exigir contas depende do conteúdo: não
acarretando a decisão o encerramento do processo, o recurso cabível será o
agravo de instrumento (CPC/2015, arts. 550, § 5º, e 1.015, II). No caso
contrário, ou seja, se a decisão produz a extinção do processo, sem ou com
resolução de mérito (arts. 485 e 487), aí sim haverá sentença, e o recurso
cabível será a apelação (AgInt no AREsp n. 1.841.262/SP, relator Ministro Marco
Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 4/10/2021, DJe de
6/10/2021)” (STJ - AgInt no AREsp 2.217.844/SP, 3ª Turma, j. 03/04/2023).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


NATUREZA DA DECISÃO QUE JULGA PROCEDENTE A
PRIMEIRA FASE E RECURSO CABÍVEL
(art. 550, § 5º, CPC)

FPPC, enunciado nº 177: “(arts. 550, § 5º e 1.015, inc. II) A decisão


interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar
contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento”.

“O que se tem (..) é uma cisão do julgamento do mérito, sendo este


pronunciamento que encerra a primeira fase do procedimento acolhendo o
pedido do autor uma decisão interlocutória de mérito (..) impugnável por
agravo de instrumento”
(CÂMARA, Alexandre Freitas. Manual de direito processual civil. Barueri: Atlas,
2022, p. 521).
Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann
NATUREZA DA DECISÃO QUE JULGA PROCEDENTE A
PRIMEIRA FASE E RECURSO CABÍVEL
(art. 550, § 5º, CPC)

“1. Mostra-se razoável a aplicação do princípio da fungibilidade, quando interpostos


apelação no lugar de agravo de instrumento em face de decisão, que resolve a primeira fase
da ação de exigir contas (art. 550, § 5º, CPC), haja vista que se trata de erro escusável em
virtude de existir controvérsia doutrinária e, e porque são idênticos os prazos para a prática
de tais atos processuais. Jurisprudencial a respeito do tema” (STJ – AREsp 1.324.516/DF,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 15/08/2018).

“4. A mencionada fungibilidade continua sendo admitida por esta Corte Superior, por haver
‘sólida divergência doutrinária e de reiterado dissídio jurisprudencial no âmbito dos
Tribunais Estaduais e dos Tribunais Regionais Federais acerca do recurso cabível em face da
decisão que julga a primeira fase da ação de exigir contas é elemento que autoriza a
aplicação do princípio da fungibilidade recursal’ (..)” (STJ - AgInt no AREsp 1.973.027/RJ,
4ª Turma, j. 14/11/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA PRIMEIRA FASE
DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

“3. No âmbito da 2ª Seção, é uníssono o entendimento de que, com a


procedência do pedido do autor (condenação à prestação das contas
exigidas), o réu fica vencido na primeira fase da ação de exigir contas,
devendo arcar com os honorários advocatícios como consequência do
princípio da sucumbência. 4. Com relação ao critério de fixação dos honorários,
a 3ª Turma tem decidido que, considerando a extensão do provimento judicial na
primeira fase da prestação de contas, em que não há condenação, inexistindo,
inclusive, qualquer correspondência com o valor da causa, o proveito econômico
mostra-se de todo inestimável, a atrair a incidência do § 8º do art. 85 do CPC/
2015” (STJ - REsp 1.874.920/DF, 3ª Turma, j. 04/10/2022).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PRESTAÇÃO DE CONTAS POR DEPENDÊNCIA
(art. 553, CPC)

“3- A prestação de contas decorrente de relação jurídica de inventariança


não deve observar o procedimento especial bifásico previsto para a ação
autônoma de prestação de contas, na medida em que se dispensa a
primeira fase - acertamento da legitimação processual consubstanciada
na existência do direito de exigir ou prestar contas - porque, no
inventário, o dever de prestar contas decorre de expressa previsão legal
(art. 991, VII, do CPC/73; art. 618, VII, do CPC/15) e deve ser prestado
em apenso ao inventário (art. 919, 1ª parte, do CPC/73; art. 553, caput,
do CPC/15)” (STJ - REsp 1.776.035/SP, 3ª Turma, j. 16/06/2020).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann


PRESTAÇÃO DE CONTAS POR DEPENDÊNCIA
(art. 553, CPC)

- Sendo condenado o prestador das contas a pagar eventual


saldo, caso não haja o regular cumprimento no prazo legal, será
o caso de sua destituição do encargo exercido, cabendo ao juiz
sequestrar bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação
a que teria direito e determinar as medidas executivas
necessárias à recomposição do prejuízo (art. 553, § único, CPC).

Prof. Guilherme Hartmann | @guilhermekhartmann

Você também pode gostar