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E na mesma data, tendo em vista que não há prazo divulgado para realizá-lo,
solicitou o recadastramento, encaminhando por e-mail a respectiva documentação.
No entanto, não obteve qualquer retorno da FPF acerca da aprovação do
recadastramento, mantendo a impossibilidade de acesso aos serviços disponibilizados no
Portal de Competições, especialmente, realizar a inscrição para participar das competições,
visto que encontrava-se em curso o prazo para inscrição no Campeonato Paranaense de
Futebol – Categoria Sub 19, conforme Edital de Convocação nº 02/2020, publicado em
27.janeiro.2020.
Regularmente intimada, conforme fls. 78, a FPF deixou transcorrer o prazo legal
definido pelo artigo 119, CBJD, porém, mesmo intempestivamente, protocolou manifestação
(fls. 87/104) na qual demonstra que respondeu a notificação para esclarecimentos
encaminhada pelo Recorrente às 16h59min do dia 13/02/2020 (fls. 101/104).
Vale dizer, somente diante do ajuizamento da medida é que a FPF esclareceu os
motivos pelos quais barrou o acesso aos sistemas pelo Clube.
A despeito de olvidar que a resposta pela FPF ao Clube se deu após o ajuizamento
da medida inominada, ao motivar sua decisão nesses termos, o d. Presidente acabou por
considerar correta a restrição imposta para conclusão do recadastramento, o fazendo
previamente ao julgamento de mérito da questão.
É inegável a antecipação de voto, por parte do d. Auditor, caracterizando o seu
impedimento nos termos do art. 18, CBJD, afinal, ainda que não tenha manifestado à
imprensa, o processo é público e a intimação às partes tem o efeito de publicizar o
entendimento manifestado.
E por mais que se alegue tratar de fundamentação, cabe ressaltar que naquela
fase, em se debatendo sobre a liminar parcialmente concedida ao Recorrente, motivar a
decisão lançando mão dos fundamentos que integram o pedido de concessão da medida
configura evidente antecipação da análise de mérito.
Por essa razão, merece ser acolhida a questão ora suscitada, que revela a
necessidade de reforma do acórdão recorrido.
Em que pese tenha alegado não ter recebido a intimação (fls. 79), nas fls. 78 resta
clara a intimação da FPF para se manifestar, além de tomar inequívoco conhecimento acerca
da propositura da medida quando o Recorrente procedeu, mediante formal protocolo, à
inscrição para o Campeonato de Categoria de Base, conforme fls. 81/86.
Desta forma, a petição juntada às fls. 87 e seguintes veio aos autos de forma
intempestiva, em absoluta desconformidade ao artigo 119, § 2º, CBJD, que assegura à parte
contrária o prazo de 2 (dois) dias para manifestar sobre o pedido.
A situação ora apresentada representa manifesta ofensa ao artigo 2º, incisos I, III,
XVI e XVII do CBJD, afetando de modo determinante a regularidade deste processo e a
continuidade e estabilidade da competição, o que merece ser devidamente reparado pela c.
Corte julgadora.
DO DIREITO
Com o devido respeito ao entendimento externado, ao trilhar por este viés para
julgar a demanda sem adentrar à análise da questão propriamente dita que conduziu a dita
”inércia” atribuída ao Recorrente, o c. TJD/PR faz tábula rasa da questão esportiva suscitada.
A decisão recorrida, e novamente pedindo venia, olvida do fato incontroverso de
que, no âmbito da FPF, atualmente, todo e qualquer ato a ser praticado por um clube de
futebol para cumprir os seus deveres estatutários – da emissão de boletos para pagamento
de taxas até a inscrição para participação em competições, somente é possível fazê-lo
através do sistema disponibilizado pela própria FPF em seu Portal de Competições.
Por mais que o v. acórdão tenha optado por cerrar os olhos para os argumentos
do Clube, é inarredável que a questão do acesso ao sistema precede a análise sobre uma
pretensa inércia por parte do Recorrente quanto à sua inscrição em competições.
E esse fato resta evidenciado das alegações da própria FPF ao asseverar que “por
dever de cautela” diante da alteração contratual apresentada para recadastramento (e a
liberação do acesso ao sistema), condicionou a emissão do alvará – e a conclusão do
recadastramento – à definição do que denominou “averiguar a existência de personalidade
jurídica do Clube”.
Ora, a partir desse ponto, fica claro que independente do momento do pedido de
recadastramento, v. g., no início de janeiro, o Recorrente não teria deferido o acesso ao sistema
e a respectiva possibilidade de fazer a inscrição para o Campeonato Paranaense da 2ª Divisão,
por conta de uma pretensa ausência de personalidade jurídica decorrente da atual situação do
seu quadro societário.
Toda essa realidade foi simplesmente ignorada pelo acordão recorrido, e merecia
ser ponderada, pois é nela que verdadeiramente reside o interesse esportivo, e não na
condição burocrática apontada pela FPF para negar o acesso ao sistema e o próprio
recadastramento, uma situação que poderia ser administrada de outra forma, mediante
concessão de prazo.
Em situação análoga, a AA Batel trouxe a esta Corte Superior a necessidade de
desconstituir situação burocrática colocada pela FPF à frente do interesse esportivo, sendo
acolhida para restituir o clube para a disputa da competição.
É esse ponto que merece prevalecer no caso vertente, afinal, demonstrado que o
Recorrente permanece ativo perante a União e à própria FPF, e que a perda da personalidade
jurídica somente se dá com a dissolução da sociedade ou, para fins esportivos, com a
desfiliação, o que não ocorreu até a presente data, inexiste fundamento jurídico a amparar a
recusa do acesso ao sistema bem como o próprio recadastramento.
E por mais que a FPF assevere que não criou qualquer impedimento, o fato
incontroverso é que até a presente data o Recorrente permanece sem qualquer acesso ao
sistema Portal de Competições e ao próprio sistema Gestão WEB disponibilizado pela
CBF, e sem acesso a esses serviços não há a mínima possibilidade do Clube cumprir os
seus deveres estatutários, tal como, v. g., fazer inscrição em competições e registrar atletas.
DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto e por todo o mais que dos autos conste, requer seja o presente
recurso conhecido e, no mérito, provido para reformar a decisão proferida pelo TJD/PR,
concedendo a medida inominada para determinar à FPF que outorgue o alvará de
funcionamento ao Recorrente e libere o acesso aos serviços do sistema Portal de Competições
sistemas, bem como o inclua definitivamente no Campeonato Paranaense de Futebol da 2ª
Divisão e no Campeonato Paranaense Sub-19, no qual estava inscrito por força da liminar
concedida nestes autos.
Alternativamente, e nos termos da petição inicial, na impossibilidade de inclusão
no Campeonato Paranaense da 2ª Divisão, seja deferida ao Recorrente a possibilidade de
inscrição no Campeonato Paranaense de Futebol Profissional – 3ª Divisão – Temporada 2020.
Por fim, e também alternativamente, na hipótese de entendimento em sentido
diverso quanto à participação em competições profissionais, determine à Federação
Paranaense de Futebol que se abstenha de instaurar procedimento administrativo para
desfiliação ou suspensão do Clube, bem como considerá-lo em atividade no ano de 2020,
afastando, consequentemente, a cobrança da taxa de retorno para o ano de 2021.