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Psicologia Social

Secção 1 - Psicologia do Quotidiano

Formação de Impressões (Aula 1)


Quais as pistas para a formação de impressões? aparência física, comportamento,
identidades sociais (ocupação profissional), estereótipos.

Processos envolvidos?
Como se organiza a informação acerca das pessoas que observamos?

Perspectivas Clássicas

A) Observador como Juiz de Personalidade (Bruner e Tagiuri, 1954)


● Existem juízes de personalidade melhores ou piores, consoante a identificação
de valores, motivos, preferências e atitudes das outras pessoas com base em
informação limitada.
● Investigação que compara estimativa das avaliações dos vários juízes (variáveis
manipuladas = sociodemográficas do observador/ observado e contexto de
apresentação do observado):
- Condições que favoreciam bons julgamentos: semelhança/ relação
observador-alvo; confiança no próprio julgamento; ausência de impressão
prévia; motivação para realizar julgamento global.
- Características do observador que favorecem bons julgamentos:
inteligência; experiência; complexidade de personalidade; afastamento
emocional; ajustamento social.
- MAS… Resultados geraram contradições e erros, devido ao
questionamento do critério do juiz como fonte de critério de julgamento.
● Descoberta de erros de julgamento
- Efeito de Halo: propensão para julgar o outro de forma genérica negativa
ou positiva. (Thorndike, 1920).
- Efeito Lógico: inferência de um atributo a partir de outro quando os dois
não estão necessariamente ligados (Guilford, 1936).
B) Observador como Organizador da Informação (Asch, 1952)
● Influência Gestaltista, dado que esta abordagem centra-se em como diferentes
peças de informação, se organizam numa impressão unificada de uma pessoa.
● Investigação do Caloroso/ Frio:
- Sujeitos A e B, ambos com as mesmas características (hábil, inteligente,
determinado) mas A é caloroso e B é frio.
- Observadores avaliam A e B, em 7 questões do tipo altruísta vs
egocêntrico ou feliz vs infeliz?
- Resultados mostram que a mudança de um traço pode mudar imagem
unificada. O todo é mais do que a soma dos elementos/ informação dada.
- Processo bottom-up: processo de formação de impressões implica
orientação pelos dados.
● Existem dois tipos de traços de personalidade:
- Centrais: maior influência na formação de impressões (caloroso vs frio).
- Periféricos: pouca influência nas impressões (cuidado vs descuidado).
● Investigação do Efeito de Primazia:
- Sujeitos A e B com as mesmas características mas são apresentadas
numa sequência diferente. O primeiro traço de A é inteligente e o primeiro
traço de B é invejoso.
- Observadores avaliam A e B, em 7 questões do tipo altruísta vs
egocêntrico ou feliz vs infeliz?
- Resultados põem em evidência o Efeito de Primazia: significado de um
traço é influenciado pela imagem organizada pelos traços até então
conhecidos.
- Processo top-down: processo de formação de impressões implica a
existência de um guia conceptual.

C) Teorias Implícitas da Personalidade (Bruner e Tagiuri, 1954)


● É uma teoria ingênua acerca da personalidade dos outros, feita pelo observador.
● Como ocorrem as generalizações e inferências para outros traços?
1. Conhecimento obtido e inferências feitas ao longo da vida, é a base
(passado).
2. Formação de impressões (presente).
3. Inferências feitas para além da informação dada (futuro).
● Existem dois tipos de inferência:
- Unidimensional associado ao Princípio da Consistência: inferência de
traços da mesma valência (positivo-positivo ou negativo-negativo).
- Bidimensional associado as traços sociais/ relacionais e traços
intelectuais.
● Organização de teorias = dimensões basilares + valência.
D) Teoria da Integração da Informação (Anderson, 1971)
● É uma teoria cognitivista, em que o observador é o integrador da informação.
● Determinantes do peso dos itens na formação de impressão:
- Modelos de soma: imagem global formada baseada acumulação de
itens.
- Modelos de média: imagem global formada baseada na média da
combinação.
- Posição do traço numa dimensão psicológica (social vs intelectual). (ex.
traços ansioso vs triste na dimensão neuroticismo).
- Centralidade da dimensão para formação de impressão. (ex. dimensão
neuroticismo mais central que abertura).

Cognição Social e Formação de Impressões

Modelo de Memória (Hastie e Carlston, 1980)


1. Perceção (seletiva)
- Processamento top-down e bottom-up.
2. Codificação
- Estruturas cognitivas.
- Processamento da informação codificada através da elaboração e
organização (interpretação, categorização, avaliação, atribuição, etc).
- Transformação da informação adquirida/ percebida em estruturas
simbólicas com significado.
- Representações cognitivas da informação em memória, como
resultado.
3. Recuperação
- Utilização da informação armazenada consoante a sua organização, com
base nas representações cognitivas.

Exercício: 2 grupos semelhantes e ambos têm de descrever aspetos positivos de uma


sociedade; 1º descreve uma inclusiva e 2º descreve uma protetora/ protege-se de
determinados grupos sociais; depois tem de descrever a foto de um prisioneiro negro.

Priming enquanto determinante da formação de impressões


Como resposta à natureza ambígua inerente à vida social, há necessidade de recorrer
a pistas para a formação de impressões = Primação ou Priming.
● Aplicabilidade: semelhança do construto ou representação acessível com o
alvo de julgamento, leva à formação de impressões de acordo com estes.
● Ambiguidade: quanto maior a ambiguidade da informação sobre o alvo, mais as
pistas (ou primings) determinam o processo de formação de impressões.
● Intervalo: processo de formação de impressões é mais determinado por um
efeito de priming mais próximo temporalmente do que os mais longe.
● Cronicidade: quanto maior o uso de um construto no quotidiano, mais este será
usado para a formação de impressões.
● Especificidade e transferência de processamento: formação de impressões
implica um processo; a eficácia do priming é maior, quanto mais próximo estiver
desse processo.
● Contaminação: ocorre quando se apercebem que há influência do priming/
contaminação no julgamento, de modo a evitar este efeito.

As expectativas são uma forma particular de priming:


- Funcionam como um priming crónico e espontâneo eficaz. (ex. estereótipos)
- Maior eficácia com informação consistente.

MAS existe o efeito de incongruência: informação incongruente é ameaçadora à


Gestalt, pois a formação de impressões é gestáltico (todo é mais que soma das partes.)

Como se resolve?

O que faz o sistema de processamento?

Relação entre Memória e Julgamento (Modelos)


Porque é que os acontecimentos incongruentes não são relevantes para alterarem a
imagem de uma pessoa?

1. Modelo de memória das pessoas


- Existe uma rede de associação entre as várias informações (consistente,
inconsistente e neutra).
- Há identificação da informação inconsistente e são atribuídas causas externas,
não se alterando a formação da impressão formada.
- Há uma relação bidirecional entre informação consistente e inconsistente, mas
não “há trocas” com a informação neutra que se associa diretamente à
representação do sujeito.
2. Modelo TRAP (Twofold Retrieval by Associative Pathways)
- Existem dois processos utilizados na rede associativa, envolvidos em:
● Recordação de Informação: exaustivo e não seletivo na recuperação de
itens; itens incongruentes são recordados.
● Julgamento: genéricos, não exaustivos e seletivo; só itens confirmatórios
são evocados (através de associações verticais).
- Compreende-se que existe um enviesamento confirmatório no julgamento.

NOTA: Quando tarefa de julgamento não é antecipada, ocorre julgamento de memória


vs julgamento online.

Teorias da Atribuição: atribuição causal e inferência disposicional


(Aula 2)
Existe uma necessidade de adquirir significado no dia-a-dia. Como respostas, tentamos
fazer atribuições causais dos comportamentos das pessoas.

Homem Comum e Cientista Ingênuo


- Há uma análise sistemática do mundo social, com o objetivo de adquirir
significado, controlar e predizer o meio que nos rodeia.
- Causalidade pessoal é prioritária (atribuição da ação à disposição dos atores).
- Processos inerentes à perceção do mundo social, são iguais aos da perceção do
mundo físico.
- Perceção social distingue causas pessoais das situacionais, estabelecendo-se
também padrões complexos de interação entre estas (nos processos de
atribuição).

Constância perceptiva vs Inconstância dos processos mediadores

NOTA: A perceção social é menos válida do que a física, quanto aos processos de
percepção do mundo social.
Distinção entre causas pessoais e causas situacionais (Heider, 1958)
Tal como referido anteriormente, o homem é motivado a tentar controlar e prever o
meio ambiente. Para tal, ele procura características estáveis.
Conseguimos identificar as causas pessoais e as situacionais através da testagem =
consistência através de várias pessoas e diferentes contextos.
● Pessoais: a mesma causa leva sempre ao mesmo efeito mesmo em
circunstâncias diferentes.
● Situacionais/ Produção Local: a mesma causa situacional pode levar a efeitos
diferentes dependendo das circunstâncias.

Processos relevantes para a atribuição de responsabilidade, consequentemente


levando à inferência de traços de personalidade:
● Intencionalidade: o ator pretendeu realizar o comportamento que realizou e
produzir o efeito que obteve.
● Associação: quando comportamento se associa a causa pessoal.
● Produção efetiva: comportamento é realizado pelo ator/ agente instrumental.
● Antecipação das consequências: quando se acha que o ator poderia ter
antecipado as consequências do comportamento.
● Justificação: se o contexto pressiona ou não para que o indivíduo realize o
comportamento.
Modelo da Covariação (Kelley, 1973)
O homem tenta prever as consequências do seu comportamento e dos outros, através
da procura de invariantes. Há um maior interesse em perceber o locus da causalidade
do que a sua natureza.

● Princípio da covariação
- Condição presente quando efeito presente.
- Condição ausente quando efeito ausente.
● Dimensões informativas:
1. Consenso sobre pessoas
- Ver comportamento de outras pessoas, face a mesmo estímulo, nas
mesmas circunstâncias.
- Alto consenso = estímulo é a causa vs Baixo consenso = ator é a causa.
- Ex. Toda a gente acha que a Luísa é gira = Luísa é gira (estímulo) vs Só o
João acha a Luísa gira = João gosta dela (ator).
2. Distintividade do estimulo
- Ver comportamento da mesma pessoa, face a diferentes estímulos, nas
mesmas circunstâncias.
- Alta distintividade = comportamento devido a estímulo vs Baixa
distintividade = comportamento devido a ator (é igual para vários
estímulos).
- Ex. Luísa trata bem todos os rapazes (vários estímulos) = Não gosta do
joão (igual comportamento, devido ao ator) vs Luísa só trata bem o João
= gosta do João (devido a estímulo).
3. Consistência
- Ver comportamento da mesma pessoa (sua covariação), face ao mesmo
estímulo, em circunstâncias diferentes.
- Elevada consistência = comportamento devido a ator vs Baixa
consistência = comportamento devido a estímulo (relação com alta
distintividade).
- Ex. Em momentos diferentes (circunstâncias), a Luísa (ator) quando
rodeada de todos os rapazes (estímulos), em que situação gosta do
João?
Modelo de Weiner - Atribuição de sucesso e fracasso
Inspirado nas dimensões de Heider (1958) de
atribuições internas/ externas e estabilidade das
causas. Aplicação à realização pessoal -
atribuição de sucessos e fracassos.

Na sua conceção há um destaque do “locus de


controlo” quanto à dimensão de atribuições internas/ externas; assim emerge uma 3ª
dimensão denominada controlabilidade da causa.

Efeitos observados na literatura:


● Self-serving/ group-serving bias:
Atribuição interna dos sucessos vs
atribuição externas dos fracassos
(de si próprio ou do seu grupo).
● Controlabilidade pessoal:
perceção de autoeficácia.
● Estabilidade: previsão para o futuro.
● Atribuição causal: reações emocionais e comportamentais.
- Fracasso atribuído a causas internas e controláveis = raiva e agressividade
sobre o causador.
- Fracasso atribuído a causas incontroláveis = piedade e vontade de ajudar o
alvo.
- As atribuições dos sucessos e fracassos, ou seja, a realização pessoal, tem
implicações quanto à gestão dos comportamentos, influenciando as impressões
formadas de nós.

Modelo da Inferência Correspondente (Jones e Davis, 1965)


No caso de atribuições internas controláveis (com consequências conhecidas):
1º Ação/Comportamento/Observado =
revela ator = correspondência entre ação,
intenção e disposição.
2º Intenção (consciente ou inconsciente)
= livre-arbítrio e não pressões situacionais.
3º Disposição/Inferido

Critérios/Determinantes na Inferência: (disposição do ator)


● Efeitos não-comuns: mais informativos.
Ex. - 3 candidatos com 2-3 atributos (prazer sexual é comum aos três).
- há um atributo destacável/”único” para cada candidato (joão-estatuto social,
pedro-crianças, carlos-estimulação sexual).
- Rosa escolhe um candidato ao qual se associa uma caraterística principal.
- Inferência sobre a personalidade de Rosa (joão-superficial, pedro-maternal,
carlos-intelectual).
● Desejabilidade social: efeito indesejável é mais informativo que desejável.
Ex. indivíduos com atitudes pro vs anti-racistas?
● Liberdade de escolha: autor com liberdade é mais informativo do que pressões
situacionais; Ex. estudante tem que defender pressupostos comunistas na aula.
Qual a sua ideologia?
● Relevância hedónica: inferência correspondente quando há impactos positivos
ou negativos no autor.
● Personalismo: inferência correspondente quando há impacto sobre observador.

Crítica: Pressões situacionais tem papel moderador na inferência correspondente do


observador.
...mais críticas...
Erro fundamental da atribuição = Observadores subestimam importância de fatores
situacionais e subestimam os fatores disposicionais.
Enviesamento correspondente = critério “liberdade de escolha” não é levado em
conta para inferência correspondente / exclusão da intencionalidade.

Necessidade de encontrar outras teorias!

Cognição Social
Heurística da Ancoragem e Ajustamento (Tversky e Kahneman, 1974) + Modelo de
Quattrone (1982) = foco na sequência de processos cognitivos.
1º Observador tende a fazer inferência.
2º Ajustamento conforme informação adicional do contexto.

Quais os processos cognitivos automáticos (inconscientes)? Há 3 paradigmas:


● Recordação com pistas: traços de personalidade são codificados
simultaneamente com os comportamentos (ação é pista para personalidade).
● Ganhos de reaprendizagem: codificação+recordação de traços
correspondentes é mais eficaz do que traços não correspondentes, quando há
aprendizagem da relação ator-comportamento = formação de impressões.
● Falsos reconhecimentos (de alvo-traço): ocorrem mais quando há frases
implicativas de traços.
Modelo Sequencial de Atribuição (Gilbert, Pelham e Krull, 1988)
É um modelo integrador, prestando
atenção ao:
Erro Fundamental da Atribuição: a
correção situacional não tem grande
efeito em contrariar a inferência.
...porquê?...
- Processamento Controlado: a
correção situacional é incompleta,
tendo como causadores a falta de
consciência do contexto situacional dado que a ação humana domina a perceção social
(comportamentos -> impressões). Consequentemente, formam-se expectativas
irrealistas decorrente da subestimação do poder da influência contextual.
- Processamento Automático: categorizações comportamentais são inflacionadas
devido à sobrestimação das inferências comportamento-traço.

Secção 2 - Cognição Social e Emoções

Sistema Afetivo e Processos Cognitivos (Aula 3)

Afeto e Pensamento
● O que é afeto? Sentimento/experiência subjetiva com correlatos fisiológicos.
● O afeto é independente do pensamento?
...numa perspetiva clássica…
Reações afetivas são automáticas e independentes do sistema cognitivo.
...numa perspetiva atual...
Afetos podem ocorrem sem processamento semântico e sem representação cognitiva.
...MAS…
Sistema Cognitivo interfere no Sistema Afetivo!
- sistema cognitivo é informado sobre a quantidade de sensações que se experencia.
- potencialmente relevante para a forma como sentimos.
...qual a abordagem mais aceite?...

Interdependência entre afeto e cognição


❖ Cannon (1927): pensamento é importante para a experiência emocional.
- Estímulos ativam padrão de atividade autónoma (hipotálamo) e estrutura
central (córtex).
- Sistema simbólico tem papel determinante na definição da natureza da
experiência, associada à atividade neuronal.
❖ Schachter e Singer (1962): estado emocional é definido igualmente por
processos cognitivos e por reações fisiológicas.
- Interpretação cognitiva influencia a subjetividade experiencial = categorias
emocionais diferenciadas com origem em reação autónoma/fisiológica
indiferenciada.
- Mesma ativação fisiológica pode adquirir significado diferente (ex. medo).
- Processos atribucionais = importância da atribuição à causa da ativação
fisiológica

Conceitos relacionados com Afetos (mas diferentes)


● Reação afetiva
- sensação com valência (positiva ou negativa).
- origem em estímulo externo.
● Estado de espírito
- sentir sem representação cognitiva associada.
- sentimento persistente, de baixa intensidade/difuso, global, dificil de encontrar
causa especifica.
● Ativação fisiológica
- não tem significado por si só.
- pode resultar em diferentes respostas fisiológicas (ex. ritmo cardíaco, pele…)
● Humor
- comparável a traço de personalidade (ex. humor depressivo)
● Emoções
- sentimento pontual com apreensão cognitiva clara, causa e alvo específico.
- apresenta padrões específicos de atividade do sistema muscular, nervoso
autónomo e endócrino (ex. expressões faciais).
- pode ter alta intensividade e dominar o comportamento.

Afetos, Pensamento e Emoções


Emoção existe se for atribuído
significado, decorrente da
interpretação do estímulo (que
desencadeou).
...exemplos…
- Injeção de epinefrina/adrenalina levava a ativação elevada; significado atribuído à
ativação era consistente com o que comparsa evidenciava (mau humor ou alegria).
- Participantes sobre corda instável e outros não; entrevistados por mulher atraente; só
os que estavam na corda ponderaram ligar à entrevistadora.
Estado de Espírito e Emoção Modelo Circumplexo

Emoções enquanto Linguagem


● As emoções têm expressão pública
através da postura, da voz e da face
(componente mais expressiva do
corpo). Indivíduos de diferentes
culturas conseguem reconhecer
consensualmente emoções através de expressões faciais.
● Existem 7 emoções básicas, inatas e universais: alegria, surpresa, tristeza,
medo, desprezo, repulsa e raiva.
...e…
Existem emoções secundárias, aprendidas e modificadas culturalmente como
a saudade, vergonha, culpa e embaraço.

Abordagens Teóricas

1
8

Através da análise das


abordagens teóricas,
verificamos que…

...existem pressupostos quanto


à influência dos afetos nos
processos cognitivos

...e podemos relacionar com


informação sobre os afetos em
várias temáticas:

Papel dos Afetos na Atenção e Perceção


● Abordagem da calibração cognitiva (1), Modelo da rede associativa (2) e
Abordagem corporalista (3).
1 - Maior facilidade em reconhecer caras ameaçadoras do que felizes (detecção de
perigo para sobrevivência).
2 - Reconhecimento mais rápido de palavras/itens congruentes com a emoção do que
as incongruentes ou netras. + Reconhecimento mais facilitado de expressões faciais
congruentes com a emoção que sentem + Reconhecimento mais facilitado quando os
eventos são autobiográficos/significativos (memória com maior detalhe,
constantemente ensaiada e partilhada).
3 - Indivíduos induzidos com tristeza detectam o fim da expressão de tristeza nos
outros mais tardiamente, do que os felizes e vice-versa (tristes detetam felizes melhor).
● Experiência de Niedenthal, Brauer e colegas (2001).
Influência do Afeto no Processamento de Informação
● Hipótese da relação do estado de espírito com as estruturas gerais de
conhecimento (4) e Farm (familiaridade enquanto mecanismo da regulação)(5).
4 - Indivíduos com estado afetivo negativo envolvem-se em processamento mais
detalhado do ambiente por questões motivacionais, enquanto que indivíduos
com estado afetivo positivo não necessitam pois o ambiente é benigno.
4/5 - Indivíduos com estado afetivo positivo utilizam mais as suas estruturas de
conhecimento prévio pois interpretam o seu estado como familiar. + Fator
certeza/incerteza em vez de valência: certeza = familiaridade = processamento
heurístico (ex. ira e contentamento) e incerteza = infamiliaridade =
processamento sistemático (ex. Medo e surpresa).
● Investigação: pensa num acontecimento que te deixou feliz e descreve; qual a
figura que se assemelha ao alvo (A ou B)?
Resultados: Modelo da infusão do afeto (9)
- Estados afetivos positivos: processamento mais holístico/heurístico/superficial.
- Estados afetivos negativos: processamento sistemático ou substantivo.
(mais detalhado).

Papel dos Afetos nos Processos Mnésicos


● Farm (familiaridade enquanto mecanismo de regulação) (5) e
Abordagem corporalista (3)
5 - Itens afetivos são mais reconhecidos do que os itens neutros mas itens
afetivos são mais falsamente reconhecidos do que neutros (especialmente os
positivos). + Indivíduos induzidos com felicidade têm mais falsas memórias do
que os induzidos com tristeza. + Indução de um sorriso dá sensação de
familiaridade ao observador.
3 - Enviesamento mnésico: expressões faciais positivas são mais falsamente
reconhecidas do que negativas.

Impacto dos Afetos nos Julgamos Sociais


● Hipótese da manutenção do estado de espírito (6), Hipótese do afeto como
informação (7) e Estado de espírito como informação (8).
6 - Tendência para efeito de congruência/ efeito de assimilação: afeto positivo -
julgamento positivo e afeto negativo - julgamento negativo (ex. gostamos de
quem é simpático para nós).
4/7 - Estado afetivo positivo leva a maior utilização de estereótipos e mais
atitudes positivas quanto a grupos étnicos, mas estado afetivo negativo usa mais
informação individualizada nos julgamentos sociais.
8 - Estado afetivo positivo gera sobrestimativas de acontecimentos positivos,
mas estado afetivo negativo gera sobrestimativas de acontecimentos negativos.
NOTA:
Heurístico- processos cognitivos empregados em decisões não racionais; estratégias
que ignoram parte da informação com o objetivo de tornar a escolha mais fácil e rápida.
Holístico/Holismo/Não Reducionismo- defende a importância da compreensão integral
dos fenômenos e não a análise isolada dos seus constituintes.

Secção 3 - Atitudes, Opiniões e Comportamentos

Atitudes (Aula 4)
Definição
Atitudes são tópicos que representam valores, crenças e experiências, na tentativa de
aferir o que é verdade; são geradores de comportamentos diferentes, discordância e
discussão no sentido de influenciar os outros.

Ex. São a favor ou contra o uso de máscara na via pública?


O que acham sobre a instalação obrigatória da app stayaway covid?

“Constructo hipotético (a) que representa uma tendência psicológica (b) que se
expressa numa avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade específica”.
(Eagly e Chaiken, 1993)
(a) Não é diretamente observável.
(b) Estado interior com mais estabilidade do que emoções e menos estabilidade do que
traço de personalidade.
...outras definições…
- Variável latente mediadora que explica a relação contexto-comportamento.
- Inferência sobre processos psicológicos internos explicativos do comportamento.

Expressão de Atitudes
Ocorre sempre através de um julgamento avaliativo, que pode ser:
- Valência: favorável ou desfavorável.
- Intensidade: mais extrema ou mais fraca.
- Acessibilidade (facilidade com que é ativada automaticamente na memória) determina
Frequência com que é usada: mais acessível = mais usada ou menos acessível =
menos usada.

Modelo Tripartido (Katz e Stotland; Rosenberg e Hovland, 1980)


Existem 3 tipos de respostas avaliativas, que são dinâmicas e se reforçam entre si:
Cognitivas, Afetivas e Comportamentais.
- Cognitivas: ideias, pensamentos, crenças que relacionam o objeto da atitude às suas
consequências. (ex. despenalização do aborto vai salvar muitas mulheres).
- Afetivas: emoções, sentimentos desencadeados pelo objeto da atitude (ex.
despenalização do aborto deixa-me receosa).
- Comportamentais: comportamentos, intenções comportamentais em que se
manifestam as atitudes. (ex. tenciono assinar uma petição a favor do aborto).

Objetos de Atitudes
Quase tudo é objeto de atitude: entidades abstratas ou concretas, entidades
específicas ou gerais, (categorias de) comportamentos, tópicos políticos / sociais /
organizacionais, atitudes face a pessoas (de caráter interpessoal) / a grupos / ao
próprio (ex. autoestima).

Medição de Atitudes
1. Medidas Diretas ou de Autorrelato ou Explícitas
Pergunta direta a participante sobre atitude face a um objeto, sendo que os
julgamentos são controlados pelos participantes e medidos numa escala de atitudes.
● Escalas Intervalares de Thurstone (1928)
➔ Procedimento:
1º recolher 100 afirmações (livros, jornais) que representem posições/atitudes
possíveis relativa a um objeto.
2º avaliar afirmações por juízes numa escala com 11 pontos (espectro com
0=favorável e 11=desfavorável).
3º calcular valor médio e desvio-padrão das avaliações dos juízes para cada
item na escala.
4º selecionar 20-30 frases das 100 de acordo com os critérios: ambiguidade
(eliminar os mais dispersos), irrelevância (eliminar os mais consensuais) e
sensibilidade (frases tem que cobrir os valores 1-11)
5º apresentar as frases e pedir para indicar aquelas com as quais estão
inteiramente em acordo
6º calcular valor da atitude dos participantes através da média dos valores (3º).
➔ Críticas:
- Demora muito a construir a escala.
- Enviesamento dos juízes, dificilmente se afastando da sua posição (ex. Posições
contrárias avaliadas todas como
extremamente desfavoráveis).
- Incapacidade de assegurar que
juízes conseguem situar os itens
em intervalos constantes (medida é
mais ordinal que intervalar).
● Escalas de Likert (1932)
➔ Procedimento:
1º recolher afirmações que representem posições possíveis relativas a objeto.
2º escolher amostra representativa da população à qual vai administrar a escala.
3º apresentar itens/frases numa escala de 5 pontos (1 = discordo totalmente e 5
= concordo totalmente).
4º inverter respostas dadas aos itens desfavoráveis.
5º calcular consistência interna da escala, eliminar itens que apresentam
correlações fracas com escala total.
6º calcular valor individual da atitude (soma ou média dos itens).
➔ Notas:
- É muito usado na medição de atitudes.
- Evita procedimento do juiz pois não há escalonamento a priori das afirmações.
- Eliminação de itens neutros.

● Escala de Diferenciação Semântica (Osgood e colegas, 1957)


➔ Procedimento:
1º amostra com 50 dimensões através de associação livre de palavras.
2º dimensões transformadas em escalas bipolares (variando entre 3 e -3) para
definir espaço semântico.
➔ Resultados:
- Análise fatorial revelou 3 grandes dimensões.
1- Atividade (ativo-passivo; rápido-lento)
2- Potência (forte-fraco; pesado-leve)
3- Avaliativa (bom-mau; agradável-desagradável) - generalização da
dimensão avaliativa, tornou dimensão pouco adequada para medição.
- Outras dimensões usadas atualmente na medição de estereótipos e
julgamentos sociais.
4- Moralidade (honesto-desonesto)
5- Relacional (simpático-antipático)
6- Competência (muito-pouco inteligente)

● Escalas Cumulativas (ou de Guttman, 1944)


➔ Notas:
- Aceitar um nível da escala implica aceitar níveis inferiores
- Nível mais baixo assinalado é a cotação final do participante quanto a grupo.
2. Medidas Indiretas (Corporais, Comportamentais e Cognitivas)
Não é feita uma pergunta direta mas a atitude é dada por outro indicador. Os
julgamentos não são controlados pelos participantes, ou seja, há ausência de controlo
da resposta / intencionalidade / consciência (processamento cognitivo automático).
- Surgem das limitações das medições diretas de atitudes: pode haver intenção de
manipular as respostas devido à desejabilidade social e autoapresentação.
- Inferências de atitudes através de indicadores que não relatados pelo próprio.
- Medidas podem ser Não Obstrutivas (desconhecem que estão a participar no
estudo) e Não Reativas (desconhecem o que está a ser medido efetivamente).
● Medidas Indiretas de Natureza Corporal
São menos eficazes do que o que se pensava; Há dois tipos de resposta:
➔ Respostas Corporais Manifestas: inferência por comportamentos não verbais.
- Postura: há correlação entre atitude e distância interpessoal.
- Expressão facial: há correlação entre frequência de contacto visual e
atração pelo outro.
- Movimentos com cabeça verticais e horizontais.
➔ Respostas Corporais Escondidas: alterações corporais incontroláveis
fisiológicas.
- Resposta galvânica da pele: mais intensa perante atitudes contrárias à
sua (ex. participantes brancos racistas face a investigador negro); pode
não ser uma atitude mas sim uma resposta emocional; nota - mede a
atividade das glândulas sudoríparas das mãos (transpiração) sugestiva de
estimulação emocional, tendo sido usado como poligrafo (atitude).
- Resposta pupilar (aumento e diminuição pupilar): mas pode ser associado
a outros indicadores/sintomas como stress, fadiga, excitação sexual, luz.
- Atividade eletromiográfica facial: mais útil pois é mais livre de
contaminação de outros indicadores/sintomas
- Ativação da amígdala: é envolvida na aprendizagem de emoções,
nomeadamente o medo, usado em estudos sobre preconceitos; imagem
médica obtida por ressonância magnética.
- Bogus pipeline: procedimento criador de atitudes que assenta na ideia de
que participantes dão respostas mais verdadeiras quando é induzido o
medo de serem apanhados a mentir (investigadores convencem que
máquina detecta mentiras); menor controlo da desejabilidade social.
● Medidas Indiretas de Natureza Comportamental
Observação de comportamentos não controlados (ex. distância a que se sentam
de indivíduo negro)
➔ Críticas: Inferência completa feita por associação comportamento-atitude,
não se avaliando a influência do contexto.
● Medidas Indiretas de Natureza Cognitiva
➔ Técnicas projetivas: participantes interpretam e acrescentam informação a
material incompleto (desenhos, fotos, material verbal).
➔ Medidas disfarçadas: perguntas não opinativas que levam a respostas de “certo
e errado”, sendo que opção escolhida revela atitude. ex. Medidas de
enviesamento linguístico:
- comportamentos positivos de endogrupos e negativos de exogrupo - relato
mais abstrato e com adjetivação (carateristicas disposicionais).
- comportamentos negativos de endogrupo e positivos de exogrupo - relato
menos abstrato/generalizável pois são descritos com ações (maior detalhe).
➔ Priming afetivo:
- ex. Indução de fotos de individuos negros e brancos, indicam estimulo como
positivo ou negativo após verem foto
- resultado: brancos detetm mais rapidamente adjetivos negativos após fotos de
negros.
➔ Teste de associação implícita: avaliação da associação grupos sociais -
avaliações positivas ou negativas, através de tempo de reação e erros.

Funções das Atitudes


● Motivacionais
- Instrumentais ou avaliativas: ponderação custos (atitude que dá menor
punições) benefícios (mais recompensas).
- Simbólicas ou expressivas: atitudes para transmissão de valores e
afirmação de identidade de grupo, promovendo preservação de
auto-imagem e proteção contra conflitos.
● Sociais
- Atitudes favoráveis para grupos de pertença.
- Atitudes desfavoráveis para grupos externos.
● Cognitivas
- Princípio do equilíbrio (Heider, 1958): atitudes em harmonia são mais preferíveis
e resistentes à mudança.
- Redução da dissonância cognitiva (Festinger, 1957): encontrar consonância
entre diferentes cognições em relação a um mesmo objeto.
● Orientação para ação
- Impacto das atitudes no comportamento: Há correlação forte entre atitude e
comportamento? Estudo das atitudes é relevante se não predizem
comportamento? … 3 teorias/modelos…
Impacto do Comportamento das Atitudes
Anteriormente focou-se na influência das atitudes no comportamento. No entanto, nova
corrente tenta mostrar que comportamento também influencia atitudes (sua mudança).

Explica a necessidade de resolver/reduzir a dissonância cognitiva (relacionado com a


função cognitiva das atitudes):
- Ocorre quando há comportamento antiatitudinal.
- Atitudes mudam quando os comportamentos são voluntários.

Secção 4 - Representações Sociais

Representações Sociais (Aula 8)


● Qual a base? Na teoria das representações sociais, a base do conhecimento é
social. O indivíduo é um ser social!
● Como se produz? A comunicação é fundamental e estabelece uma relação
bidirecional - interações sociais quotidianas dão alimento para o pensamento /
para formulação de teorias e consequentemente terão impacto nas relações
sociais e ações.

Como é que as opiniões das pessoas se formam?


Porque é que diferentes pessoas têm diferentes opiniões?
Quais os fatores que influenciam as opiniões que exprimimos?
Como percebemos a realidade?

Representação Coletiva (Durkheim, 1898)


Há duas fontes de influência (diferem na maneira de pensar e forma de agir)
- Consciência Individual = representações individuais.
- Consciência Coletiva = “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à
média dos membros de uma mesma sociedade e forma um sistema determinado
que tem uma vida própria”.

Representação Social (Moscovici, 1961)


- Sociedades modernas mudam com rapidez e são dinâmicas (representações
são continuamente criadas e modificadas).
- Não há representações que determinem a forma de pensar de sociedades
inteiras durante gerações; estas são elaboradas por grupos sociais.
- Surgem da interação social/ produção coletiva e não de um tratamento
científico (não sendo rígido), abordando objetos socialmente importantes.
NOTA: Há duas formas de conhecimento diferentes, que não são hierarquizáveis.

Definições (Moscovici)
- “A finalidade de todas as representações é
tornar familiar algo não familiar”.
- “Conjunto de conceitos, proposições e
explicações originado na vida quotidiana, no
decurso de comunicações interpessoais”.
- Conjunto organizado de elementos cognitivos
compartilhados pelos membros de uma
população homogénea relativos a esse objeto.

Perspectivas Dominantes
1)Dimensional = processos de construção, 2)Estrutural = estrutura interna e
3)Posicional = pertença grupal.
1) Perspetiva Dimensional ou Sociogenética
Estudo do conteúdo da representação (sua “linguagem temática”).

● Objetivos
- Perceber como o homem comum se apropria de teorias científicas.
- Analisar os processos de construção de teorias sobre objetos sociais, que influenciam
comunicação e orientação dos comportamentos.

● Condições para Emergência de Representações Sociais


a) Dispersão da informação relativa ao objeto.
b) Focalização em alguns elementos em função da posição, interesses e valores.
c) Pressão à inferência que nasce da necessidade de comunicar sobre um objeto mal
conhecido mas importante para desenvolver conhecimento.

Explicam a formação de diferentes representações por


diferentes grupos sociais, do mesmo objeto!

a) Informação mais acessível para alguns (variando no seu tipo para cada grupo).
b) Grau de interesse no objeto ou em seus aspetos (varia consoante grupo e sujeito).
c) Pressões para comunicar acerca de objeto são variáveis e inferências sobre
conteúdo desconhecido refletem opiniões dominantes do grupo de pertença.

● Dimensões de cada Representação Social


1º Atitude: orientação positiva ou negativa face a objeto.
2º Conteúdo: quantidade e qualidade da informação + soma de conhecimentos sobre
um objeto social.
3º Campo da Representação: aspectos do objeto que são considerados pelo grupo +
organização/hierarquização de julgamentos + relação com indivíduos e grupo.

● Processos Cognitivos Básicos


➔ Objectivação
- Visa à reprodução dum conceito numa imagem, para simplificar a realidade.
- Processo usado para tentar reduzir a distância entre o conhecimento do objeto social
que os indivíduos constroem e a percepção que eles têm do objeto.
➔ Ancoragem (ver p. 24)
- Visa a interseção do objeto no sistema de pensamento do grupo, de modo a tornar a
novidade familiar e reduzir o estranhamento. Consiste em classificar e nomear,
estabelecer relações entre categorias e etiquetas já existentes.
- Processo pelo qual os indivíduos escolhem um quadro de referência comum que lhe
permita apreender o objeto social.
● Funções das Representações Sociais
Transformação de conceitos abstratos em saberes familiares + Possibilitar
comunicação para:
- justificar formas de pensamento.
- manter coerência do sistema de pensamento.
- justificar e orientar as relações com os outros e comportamentos.
- alcançar ou manter uma identidade social positiva.

2) Perspetiva Estrutural ------------> FOCO: Objetivação


Estudo da estrutura interna das representações sociais e identificação do seu “núcleo
central”.

● Sistema Central vs Sistema Periférico


➔ Sistema Central
- É estável, consensual e mais
resistente à mudança (evolução lenta).
Constituído por núcleo central =
número reduzido de elementos + dá
significado à representação +
determina a organização interna da
representação.
- função geradora: cria/
transforma o significado dos
outros elementos da representação (ponto comum de
significação + define princípios fundamentais).
- função organizadora: elemento unificador e estabilizador
da representação (base comum definidora da
homogeneidade do grupo + coerência da representação).
➔ Sistema Periférico
- É flexível, condicional e sensível ao contexto.
- Constituído por elementos cuja organização está dependente
do núcleo central = parte mais acessível da representação.
NOTA: Representações podem estar organizadas em torno do mesmo núcleo central e
as práticas serem diferentes.

● Ativação dos Elementos Representacionais (quando interrogadas, as


pessoas dizem mesmo o que pensam?)
Elementos da representação podem não ser salientes = “zona muda”
- Causas: Contexto/situação + Impossibilidade de expressão (efeito de pressão social).
- Técnica de substituição: “falando por outros, não por si”.
● Diferenças entre Representações
É possível comparar representações sociais através da identificação do núcleo central.
-Representações Diferentes = organizadas em torno de núcleos centrais diferentes.

3) Perspetiva Posicional ou dos Princípios Organizadores ---> FOCO: Ancoragem


Estudo da relação entre representação social e posição dos atores no sistema social
+ variações representacionais (análise de causas, condições e consequências).
Perspetiva posicional estuda variações inter-individuais (vs consenso) nas
representações sociais de um objeto.

Representações sociais são princípios organizadores das relações


simbólicas entre indivíduos ou grupos.

Diferentes representações resultam de diferentes posições no campo social e/ou


diferentes maneiras de representar as relações entre grupos sociais

● Objetivos
- Examinar variações que resultam da ancoragem em diversos grupos sociais.
- Ver influência do contexto nas variações nas representações de um objeto.

● Influência do Contexto nas Variações (Dosie, 1990)


Representações específicas são atualizadas cada vez que um indivíduo fala de um
objeto socialmente relevante num contexto. Este contexto salienta a sua posição no
grupo de pertença, relativamente a um conjunto de relações sociais simbólicas:
- Interesses dos indivíduos ou dos grupos consoante o contexto comunicacional.
- Contexto comunicacional modula conteúdo e organização do discurso.

NOTA: Membros de mesmo grupo não partilham exatamente a


mesma opinião = influência das crenças, valores e experiências!
(primeiro identifica-se as variações e depois os fatores que estão
na sua origem)

Diferentes Níveis de Ancoragem


Os três níveis correspondem a três maneiras diferentes de
analisar a influência do metassistema das regulações sociais no
funcionamento cognitivo; não são três tipos de ancoragem.
- Psicológico: análise da relação entre variações inter-individuais e crenças/valores/
atitudes/experiências; nível menos explorado.
- Sociológico: análise da relação entre variações representacionais e
pertenças/posições sociais dos indivíduos em grupos/categorias sociais (análise de
relações/comparação entre grupos); princípio de que mesmo grupo implica
interações/experiências específicas.
- Psicossociológico: análise de como são representadas as relações entre grupos.

NOTA: As representações sociais contribuem para a manutenção da ordem social, pois


são formadas num mundo hierarquizado, e através da interação de um grupo com outro
grupo. As representações sociais são mediadas pelas relações sociais que são
salientes quando se evoca um objeto socialmente relevante.

Secção 5 - Influência Social

Estruturas e Dinâmicas de Grupo I (Aula 6)

Perspectivas Teóricas sobre os Grupos


O estudo dos grupos é feito segundo várias perspectivas como:
1. Perspetiva Funcional (Kurt Lewin e Bales)
- Como se alteram hábitos através de processos grupais? Hábitos individuais são
alterados pela tomada de decisão grupal, na interação entre indivíduos. (o
simples conhecimento não era alterado)
- SYMLOG (Systematic Multilevel Observation of Groups) é um método de
observação grupal em que se categorizam comportamentos observados
(múltiplos observadores e análise da consistência nas observações).
- Entitividade é o grau em que os grupos são uma entidade única.
2. Perspetiva Psicodinâmica (inspirado em Freud)
- Estatuto ontológico dos grupos = grupo é real por si só.
- Enfoque nos processos afetivos dos grupos (base na observação de grupos
terapêuticos ou de grupos de organizações).
3. Perspetiva da Identidade Social (Tajfel)
- Teoria da identidade social: os grupos são psicológicos e são definidos pelo
processo de categorização social.
- Grupo é definidor de autoconceito nos indivíduos (por oposição a outros grupos).
4. Perspetiva Simbólico-Interpretativa (Moscovici)
- Teoria das Representações Sociais.
- Grupos observados segundo a atividade simbólica dos membros.

NOTA: Ontologia é a teoria metafísica do ser.


Tipos de Grupos
Funções Essenciais dos Grupos
● Informativa
- clarificação sobre a realidade.
- definição de expectativas.
- adequação das próprias condutas às
normas grupais ou às expectativas
grupais.
● Interpessoal
- definição do próprio valor pessoal.
- segurança e proteção.
- autoestima, reconhecimento social,
poder, etc.
● Material
- coordenação social para a realização de objetivos pessoais e coletivos (desde mais
profundos como sobrevivência até mais específicos ao grupo).
● Identidade
- crenças sobre si e outros enquanto membros de um mesmo grupo.
- necessidade de pertença.
- percepção sobre si por comparação com outros pertencentes a outros grupos =
diferenciação e comparação intergrupal.

Abordagens Teóricas e Metodológicas sobre os Grupos


O estudo dos grupos na Psicologia Social adota duas abordagens:
1. Estrutura intragrupal + Conflito intragrupal + Desempenho de Grupo
… aborda…
Características e relações dos membros (atração e semelhança); Papéis
grupais; Normas; Interação (e comunicação) para realização de tarefas e
alcance de objetivos; Tomada de decisão; Comparação entre resultados
indivíduo/grupo; Características da vida emocional; Reação ao desvio.
2. Relações intergrupos + Conflitos intergrupos + Estereótipos (mais adiante)

Atração e Afiliação
Interpessoal, Coesão e
Conformidade
Fases de Desenvolvimento dos Grupos (Tuckman)
São relevantes para a homogeneidade grupal pois assegura a sobrevivência do grupo
e o alcance dos objetivos grupais = assegura realidade e locomoção grupal.
1. Formação (forming): dependência
2. Conflito (storming): fight-flight (ataque-fuga)
3. Estabelecimento de normas (norming): pairing
4. Execução (performing)
5. Adiamento (adjourning): ligação a um novo ciclo

Socialização Grupal
Uniformidade Grupal: é sempre positiva?
❖ Brainstorming
Deve ser feito em grupo ou individualmente? Grupos nominais (conjunto de
desempenhos individuais) são mais eficazes do que grupos.
… porquê a ineficácia? …
- Preocupação com julgamentos.
- Preguiça social.
- Regressão para a média.
- Bloqueamento de produção individual.
Porque se usa grupos em brainstorming? Devido à ilusão de eficácia dos grupos.
- um grupo produz mais ideias do que um único indivíduo.
- mais divertido, maior satisfação.
- grupo é visto como confirmando as suas ideias.

❖ Pensamento Grupal (groupthink)


Muitas vezes os grupos tomam más decisões...
● Fatores/ Causas
- Vontade de chegar a uma decisão unânime + Coesão grupal excessiva.
- Isolamento do grupo a informação externa + Homogeneidade ideológica.
- Falta de estabelecimento de procedimentos-padrão para tomar decisões e de
liderança que os promova.
● Sintomas/ Consequências
- Sentimento de invulnerabilidade e de que o grupo está inquestionavelmente correto.
- Tendência a ignorar, esquecer ou perder informação contrária à decisão do grupo
(mindguards) + Estereotipia (negativa) dos indivíduos não membros.
- Pressão real e subjetiva sobre os dissidentes (os que discordam da decisão coletiva).
- Unanimidade assumida.

❖ Polarização
Normalmente os grupos são mais conservadores e cautelosos nas decisões do que os
indivíduos que os compõem -> pode ser devido a Conformidade e Influência Social.
… MAS …
Há situações em que o grupo toma decisões extremas e arriscadas do que a média das
decisões individuais.
● Fatores/ Causas:
- Argumentos persuasivos: influência a partir de novas informações que apoiam ideias.
- Comparação social/ valores culturais: procura valorização social e evitamento de
desaprovação quanto aos valores socialmente desejáveis (primus inter pares).
- Auto-categorização social: fenômeno de conformidade à norma específica do grupo.
Estruturas e Dinâmicas de Grupo II (Aula 7)

Memória Grupal
Componente importante para a decisão grupal:
- Indivíduos lembram-se mais de informação de intensificação/ exagero.
- Grupos lembram-se de mais informação correta.

Memória transitiva = cada indivíduo domina parte da informação.

- Positivo: Mantém o grupo unido e rentabiliza recursos.


- Negativo: Promove difusão de responsabilidade e negligência de informação
relevante.

Papéis Grupais
São criados ao longo do tempo de existência do grupo, em interação com o contexto,
dependendo das necessidades do grupo. São independentes dos indivíduos que os
desempenham e criam diferenciação interna, única e específica ao grupo (geralmente).
Os papéis grupais resumem-se a uma de duas categorias:
1. Papéis Sócio-Emocionais
Ajuda a regular as ações do grupo e a satisfazer as necessidades emocionais dos
membros; são os mais apreciados ou detestados dentro do grupo.
● Processos
Sócio-Emocionais
a) Eficácia grupal: crença
coletiva acerca da
capacidade do grupos para
concretizar determinadas
tarefas e alcançar
determinados objetivos.
b) Coesão grupal: atração
entre membros + atividades
do grupo + prestígio/ orgulho
pelo grupo.
c) Emoções grupais:
dirigidas ao grupo (orgulho, vergonha) + clima emocional (positivo, negativo) + face a
dinâmicas grupais (conflito, sucesso grupal).
d) Conflitos intragrupais: desacordos quanto a estratégias de locomoção grupal e da
realidade social + estratégias de resolução de conflitos + conflitos construtivos e
destrutivos.
2. Papéis relacionados com Competências e dirigidos sobre as Tarefas
Preocupação com o alcance dos objetivos grupais.
● Tipos de Tarefas
A produtividade do grupo depende de como
se organiza para a realização de tarefas:
a) Divisão de tarefas possível?
b) Maximização (quantidade de
contribuições) + Otimização (qualidade de
contribuições) da produção grupal.
c) Estratégia de contribuição para o objetivo.
● Liderança
- Autocrático, democrático e “laissez faire”.
- Crédito idiossincrático.
- Dimensões de comportamento de
liderança: orientação para a tarefa + para o
relacionamento.

NOTA: Membros de estatuto


elevado no grupo, são os que
têm maior impacto junto dos
outros membros.

Papéis Grupais - Funções


1. Divisão do trabalho dentro
do grupo.
2. Autodefinição e estatuto
atribuídos ao indivíduo dentro do grupo.
3. Expectativas sociais claras dadas aos indivíduos sobre como funcionar enquanto
membro do grupo = comunicação de normas.

Normas/ Valores
São os mecanismos de controlo social mais importantes (em grupos e sociedades).
● Função
- orientar a conduta dos membros do grupo.
- criar coesão, atração, semelhança e solidariedade entre os membros.
- alcance dos objetivos grupais.
- criar consenso e proteger a realidade social do grupo.
- proteger os valores e crenças grupais = respeito pela realidade social, associado à
moralidade (caraterística associada à norma para proteger os valores grupais)
● Tipos
- Normas Descritivas/ Denotativas: normas estatísticas e modais.
- Normas Injuntivas/ Prescritivas: normas morais.
...“o que se deve fazer”...
Quais os comportamentos que reforçam os valores de grupo?
Quais os comportamentos inaceitáveis no seio do grupo?
Quais as fronteiras do grupo que se devem respeitar?
Qual a variabilidade comportamental aceite na situação?

Mecanismos de Regulamentação de Comportamentos/ Controlo Social


O que faz o grupo perante um comportamento desviante = viola as normas
prescritas/valor grupal? O que faz o grupo para obter conformidade ou conformismo?
1. Mecanismos de controlo social Preventivos = Poder Interpessoal + Pressão
Social + Influência Normativa + Influência Informativa
● Poder Interpessoal
● Influência Normativa
- exercício de fazer com que os outros se
conformem às expectativas do grupo,
baseando-se na sua pertença grupal.
- mais eficaz quanto maior o sentimento de
pertença grupal e mais público for o exercício.
● Influência Informativa
- aceitação da informação dada pelos outros acerca da realidade ou verdade.
- mais eficaz quanto maior a incerteza dos indivíduos.

2. Mecanismos de controlo social Retributivos = Punição Formal + Punição


Informal (Sanções).
Se as normas não estiverem associadas a sanções, a ordem social não tem hipótese
de se manter. As sanções permitem restaurar o valor ofendido ao retribuir à sociedade
o mal causado pelo desvio. A punição é o mecanismo de controlo social mais
relacionado com a percepção de justiça.
● Punição Formal (ex tribunal, código penal) ---> Externa
- cerimónias/rituais com o objetivo de mudar o estatuto do indivíduo (de normativo para
transgressor) + prevenir o desvio. (ex. medo do castigo)
- mudança associada a punição, neutraliza o sentimento de ofensa causado pelo
desvio + quanto mais ofensivo o comportamento, mais intensa é a punição.
- punição é normativa/ imperativa: contemplada nas normas (código penal) +
hostilidade dirigida sobre desviante é normal.
- MAS poder ter o efeito oposto e reforçar o desvio.
● Punição Informal ---> Interna ou Externa
- também são cerimónias/rituais com o objetivo de mudar o estatuto do indivíduo (de
plenos para marginais).
- pode ser mais severo que punição formal devido à geração de sentimentos de culpa =
indica que indivíduos internalizam as normas sociais + vergonha = associado ao medo
da desaprovação social.
NOTA: é mais fácil para o desviante voltar a adquirir o seu estatuto de normativo, em
situações de punição informal do que em situações de punição formal.

Eficácia dos Mecanismos de


Controlo Social

Influência Social (Aula 9)

Estudos Clássicos sobre Conformidade Social


- estudos de Muzafer Sherif: Efeito Autocinético
- Convergência da norma
- Estímulos ambiguos
- estudos de Solomon Asch: Efeito da Pressão e da Unanimidade
- estudos de Stanley Milgram
- estudos de Philip Zimbardo: Efeito de Lúcifer (stanford experiment)
NOTAS: “De tanto se repetir uma mentira, ela acaba tornando-se em verdade”
- conformidade pode ocorrer devido a distorção da ação, do julgamento (“havia algo de
errado contigo”) e da percepção (“percebeste de forma errada”).
- quanto maior o número de pessoas, maior a pressão grupal.

Fatores relacionados com a Conformidade


Fatores de Personalidade (ex. autoestima, necessidade de aceitação, sexo) + Normas
Situacionais (situações e ambientes específicos)
● Tipos de Respostas à Pressão Social (não são mutuamente exclusivos):
- Complacência/ Benevolência para evitar punição e receber recompensa.
- Identificação com figura de autoridade ou de liderança.
- Internalização que é uma decisão individual resultante de reflexões.
● Individualismo-Coletivismo
- individualistas dão mais valor a interesses próprios e realizações pessoais.
- coletivistas atribuem mais importância ao bem-estar coletivo e às metas grupais.

Influência de Minorias
Como ocorre? Consistência = Coerência + Persistência sistemática
- resulta em argumentos convincentes que levam à reflexão.
- maioria pode reconsiderar o seu posicionamento.
- quebra unanimidade e deixa as pessoas mais livres.
NOTA: maioria influencia mais em público vs minoria influencia mais em privado.

Princípios e Táticas da Influência Social


● 6 Princípios da Persuasão
1- Reciprocidade: maior disposição a ceder a um pedido quando algo é “dado”.
2- Consistência: maior disposição se for visto como consistente com o seu
comportamento prévio.
3- Autoridade: autoridade percebida é importante para disposição.
4- Validação Social: maior disposição se comportamento for “popular” (conformidade).
5- Escassez: atratividade de objeto/serviço/situação é inversa à disponibilidade (maior
atratividade quando a disponibilidade é menor).
6- Atração: maior disposição a ajudar/concordar com quem gostam, são amigas,
sentem atração ou consideram similares a si.
● Táticas de Influência social
- “um pé na porta”: presente, brinde, pedido, recompensa inicial com aproximação
sucessiva; hipótese para conformidade em que pessoa induzida a dar seguimento a um
pequeno pedido, é mais propensa a cumprimir com demanda maior.
- “bola baixa": o solicitador tenta induzir o outro a tomar
uma decisão comportamental relativa a uma ação-alvo,
supondo-se que essa decisão irá persistir mesmo quando
as circunstâncias mudam e tornam a ação-alvo menos
apelativa.
- “porta na cara”: pedido inicial feito para ser negado
intencionalmente.
- “isso não é tudo”
- “contraste perceptivo”

Secção 6 - Estereótipos e Relações Intergrupais

Estereótipos I (Aula 10)


Definição
Estruturas cognitivas que contêm os nossos conhecimentos e expectativas, e que
determinam os nossos julgamentos e avaliações acerca de grupos humanos e dos
seus membros.
… associados a…
grupos étnicos, sexo, aparência física, origem geográfica/social, identidade
religiosa/política/género, etc.

Perspetiva Cognitiva do Estudo dos Estereótipos (Lippmann)


O mundo é demasiado complexo para o conseguirmos
compreender, por isso, selecionamos informação e
negligenciamos outras de forma a construirmos uma
representação simplificada do mundo =
“pseudo-ambiente”.
● Consequências: cometemos erros e criamos
crenças falsas sobre os grupos.
Categorização social está na base dos estereótipos
- dá expectativas sobre as pessoas, objetos e acontecimentos.
- resume ao máximo, uma grande diversidade de indivíduos/objetos/acontecimentos +
economiza interpretação de nova informação associada aos mesmos.
- permite identificar objetos e traços relacionados entre si.
- implicam associação entre crenças, valores sociais e afetos.
- categorias posicionam-se ao longo de um contínuo de racionalidade: categorias muito
racionais até categorias pouco racionais/estereotipadas.
NOTA: estereótipo = processo cognitivo; preconceito = processo atitudinal;
discriminação = processo comportamental (Allport).

Processos Associados aos Estereótipos


1º Base racional: etiqueta psicológica associada a carateristica saliente
perceptualmente (ex. negro/branco).
2º Atribuição de valência: através de processo de socialização, são associadas
informações marcadas por valores sociais (ex. preguiçosos, desonestos).
3º Informações denotativas -> informações conotativas: informações conotativas
(sentido figurado e subjetivo) adquirem o mesmo significado ontológico das
informações denotativas (sentido real e literal).
4º Informação objetiva: categorização dependente do sistema valorativo ideológico da
sociedade e por isso passa ao domínio objetivo/real (realidade social).
5º Autonomia: categorias funcionam de forma independente do mundo físico mas
dependente do mundo psicossocial.

Estereótipos e Função de Legitimação da


Estrutura Social
Ex. compreende-se que grupos estereotipados
como preguiçosos e imorais não tenham acesso a
contextos de mérito como universidade.

Estereótipos enquanto Crenças Culturais


Experiência:
- amostra 1 = pensar e indicar traços a vários grupos; amostra 2 = indicar traços
recolhidos a grupos.
- 12 traços mais atribuídos = estereótipo.
- medição da distância social (dos que indicaram aos grupos indicados) e
desejabilidade social dos traços (preconceito).
- resultado: maior preconceito associado a maior distância social.

Estereótipos enquanto Papéis Sociais e Crenças Culturais


Frequentemente os estereótipos estão associados a papéis sociais, ou seja, associa-se
traços a tarefas desempenhadas por determinado grupo.
● Socialização (e relação entre grupos na sociedade) = cultura + estereótipos
(que prescrevem).
ex. mulher vs homem… que papéis ocupam na sociedade? (papel-estereótipo)
- mulher/estereótipo feminino: carinhosa, dócil, dependente, etc.
- homem/estereótipo masculino: audaz, líder, dominante, etc.
Veracidade dos Estereótipos
Os estereótipos baseiam-se em conteúdo falso mas também tem um fundo de verdade.
Como tornar a informação sobre os grupos mais verdadeira?

Hipótese de Contacto (Allport)


Nos anos 50 (EUA) houve uma luta pelo fim de escolas segregadas e o Tribunal
Supremo ordenou decisão contra escolas separadas, as escolas tornando-se
supostamente igualitárias. Quais foram os resultados? Maior segregação e reforço
dos estereótipos!
- vivência de famílias em bairros segregados.
- aumento do preconceito e discriminação na escola.
- aumento da população minoritária para as cidades e movimento dos brancos para os
subúrbios.

Acentuação Perceptiva (Tajfel)


1º Categorização social.
2º Contexto social percepcionado/real.

Estereótipos como Legitimadores das


Relações Grupais
1º Estímulos sociais.
2º Dedução de categorias imbuídas de valor social
(caráter dedutivo > indutivo).
3º Julgamento dos grupos.
+
1º Crenças de valores sobre a sociedade.
2º Estereotipos formados.
3º Grelha de leitura para relações entre grupos, legitimidade e perceção de justiça
associada à estrutura social existente.
4º Proteção e reforço dos estereótipos.

Acessibilidade Cognitiva
Determinantes da inclusão de pessoas em estereótipos:
● Categorias “primitivas”
- género, idade e raça = mais acessíveis em termos cognitivos.
- processos de recategorização/subcategorização/individualização põem em causa
julgamento.
● Diferenciação à norma cultural
- categorias mais salientes são as que se desviam à norma dominante social.
- ex. categoria dominante = homem branco, logo categorias salientes = mulher/negro.
Adequação Comparativa
Acessibilidade + Adequação = correspondência das propriedades salientes dos
estímulos às categorias acessíveis à cognição.

Noção de Protótipo
Membro prototípico = posição é a mais semelhante às
posições dos outros membros do seu grupo + posição é a
mais diferente das posições dos membros do outro grupo.

Adequação Normativa
Correspondência de novos estímulos aos protótipos das categorias acessíveis.

Estereótipos II (Aula 11)


Organização Cognitiva dos Estereótipos
● Organização Individualizada
- maior familiaridade facilita a organização
em termos individuais.
- estereótipo influenciado pelo número de
pessoas que assumem determinados
traços.
● Organização Abstrata
- menor familiaridade facilita a organização em termos abstratos.
- estereótipo influenciado pelo número de vezes que traço é usado para definir o grupo.

Perspectivas sobre a Variabilidade de Categorização


1. Perspetiva Clássica/Aristotélica
- estereótipos raramente seguem esta perspetiva
- categorias construídas com base no princípio do “tudo ou nada”, ou seja, sujeito só
pertence a categoria se apresentar todos os traços definidores da categoria.
2. Perspetiva Exemplar
- categoria = traços gerais (representação cognitiva abstrata) + exemplares associados.
- é mais flexível pois está dependente dos exemplares ativados.
3. Perspetiva Probabilística/Prototípica
- semelhança com protótipos: membro distante deste é atípico/exceção à regra.
- membros variam conforme a representatividade da categorias, sendo que não
existem traços necessários e suficientes para definir uma categoria.
- modelos prototípicos seguem o Princípio da Economia Cognitiva: A organização da
informação é feita de forma a que atributos sejam o mais abstratos/generalizáveis
possível e que sejam diagnósticos da categoria.
Dimensão Horizontal de categorização Dimensão Vertical de categorização

Protótipos/Exemplares e Variabilidade dos Estereótipos


- Acentuação perceptiva na partilha de traços prototípicos quando categorização é guia
perceptivo.
- Traços de maior diversidade são normalmente atribuídos pelo próprio grupo.
- Dentro do grupo, maior diferença entre percentagem de traços estereotípicos (típicos)
VS maior a homogeneidade percebida de traços contra-estereotípicos (atípicos).
- Modelo da complexidade-extremismo: maior familiaridade (das categorias) com
exemplares, maior complexidade intracategorial, menor probabilidade de correlacionar
traços comuns, menor extremismo nas avaliações VS menor familiaridade (das
categorias) com exemplares, menor complexidade, maior extremismo.

Modelos Dualistas da Organização Cognitiva dos Estereótipos


Modelos que apoiam a simultânea operação cognitiva probabilística e exemplar:
● Categorização por exemplares e por abstrações
- diz que ambas as formas são possíveis mas há primazia do processo de
categorização por abstração.
● Construção online de impressões abstratas (aula formação de impressões!)
- informação dada de exemplares vai ser integrada numa representação cognitiva
abstrata, que se torna autônoma e independente da informação armazenada.
- processos de ativação destas memórias são independentes.

Distorções no Processamento de Informação e nos Julgamentos


- filtros de informação antes de processo de memorização: privilégio de informação
consistente com estereótipo VS negligência de informação inconsistente com
estereótipo.
- interpretação da informação recebida de acordo com estereótipo.
- correlações ilusórias entre traços.
- procura de coerência para proteção endogrupal.
Mudança de Estereótipos
Como ocorre?
1. Membros prototípicos comportam-se de forma contra-esterotípica
2. Confronto das pessoas com informação contra-estereotípica (casos atípicos) sobre
vários membros prototípicos da categoria estereotipada.
3. Estereótipo muda quando há informação contra-estereotípica suficiente. (Rothbart)
4. Estereótipo muda quando há exemplares suficientes nas subcategorias criadas
perante os casos atípicos. (Hewstone)

Modelo do Conteúdo do Estereótipo (Cuddy, Fiske e Glick, 2008)

- preocupação com a relação entre estereótipos e discriminação (subtil e flagrante) +


emoções que grupos suscitam por parte do endogrupo.
- estereótipos de grupos sociais baseiam-se no estatuto que detêm na sociedade
(competência) e na relação que estabelecem com os outros (simpatia).

Ameaça do Estereótipo (Steele e Aronson)


1º Estereótipo negativo (membros da categoria x são incompetentes em tarefas de
desempenho no domínio y).
2º Receio de confirmar o estereótipo, que é sentido como ameaça.
4º Ansiedade e stress + Expectativas negativas face ao desempenho + sentimentos e
pensamentos distratores = Mau desempenho.
5º Reforço do estereótipo.
Secção 7 - Dinâmica dos Grupos

Relações Intergrupos I (Aula 12)


Tipos de Conflito
Interesses divergentes
- Ideologias, valores e objetivos diferentes.
- Necessidades de interagir.
Competição
- Estratégia de favorecimento endogrupal (busca de valor positivo).
- Recursos escassos para satisfazer ambos os grupos.
Domínio/submissão
- Estrutura social hierarquizada.
- Diferenciação de estatuto/poder entre grupos (dominantes e dominados).
Preconceito e discriminação
- Crença e ideologia de que outros têm menos valor.
- Sua base não é pura e simplesmente uma estratégia de favorecimento
endogrupal ou de exercício do poder.

Teoria da Frustração-Agressão (Dollard, Doob, Miller)


● Inpiração
- Atitude dos nazis sobre os judeus na 2ª guerra mundial.
- Modelo psicanalítico: conflito pressupõe sempre uma frustração e a ideia de
agressão.
● Hipótese do “Bode-Expiatório”
- Rapazes
● Críticas
- Dificuldade em predizer quem serão os bodes expiatórios.

Teoria da Personalidade Autoritária

Teoria do Espírito Fechado

Privação Relativa

Teoria do Conflito Realista entre Grupos

Teoria da Identidade Social


Grupos Mínimos
Processo de Categorização Social
Diferenciação Intergrupal - Componente Avaliativa
Comparação Social Negativa

Domínio/Submissão

Hipótese do Contacto (Allport)


(ver aula 10, página 36)

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