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SEFAZ - MG

Direito Civil I

Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Civil I
Dicler Ferreira

Sumário
Direito Civil I........................................................................................................................................................................4
1. Introdução.........................................................................................................................................................................4
2. Análise da Banca FGV.. ..............................................................................................................................................4
3. Conteúdos mais Cobrados nas Últimas Provas.........................................................................................5
3.1. Descrição dos Conteúdos Abordados nas Provas................................................................................5
4. Pessoas Naturais........................................................................................................................................................6
5. Pessoas Jurídicas.......................................................................................................................................................11
6. Bens...................................................................................................................................................................................19
6.1. Bens Imóveis X Bens Móveis...........................................................................................................................19
6.2. Bens Públicos..........................................................................................................................................................21
7. Fatos Jurídicos. . ..........................................................................................................................................................22
7.1. Classificação dos Fatos Jurídicos................................................................................................................ 22
7.2. Elementos do Negócio Jurídico.. ................................................................................................................... 22
7.3. Elementos Acidentais do Negócio Jurídico...........................................................................................25
7.4. Defeitos do Negócio Jurídico. . ........................................................................................................................27
7.5. Nulidade X Anulabilidade................................................................................................................................30
8. Prescrição e Decadência.. ......................................................................................................................................31
8.1. Diferença entre Prescrição e Decadência................................................................................................32
8.2. Características da Prescrição.. ......................................................................................................................33
8.3. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição............................................34
8.4. Prazos Prescricionais........................................................................................................................................35
9. Obrigações....................................................................................................................................................................35
9.1. Conceito de Obrigação. . ......................................................................................................................................35
9.2. Fontes das Obrigações......................................................................................................................................36
9.3. Modalidades das Obrigações.. .......................................................................................................................36
9.4. Mandamentos do Direito das Obrigações..............................................................................................38
9.5. Obrigação Solidária.............................................................................................................................................40

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9.6. Adimplemento das Obrigações. . ....................................................................................................................41


10. Contratos em Geral.. ...............................................................................................................................................51
10.1. Princípios Contratuais. . .....................................................................................................................................51
10.2. Vícios Redibitórios.. ...........................................................................................................................................52
10.3. Evicção......................................................................................................................................................................53
10.4. Extinção do Contrato.. ......................................................................................................................................53
10.5. Teoria da Imprevisão.. .......................................................................................................................................55
11. Responsabilidade Civil.. .......................................................................................................................................55
11.1. Conceito de Ato Ilícito. . ......................................................................................................................................55
11.2. Organograma da Responsabilidade Civil. ..............................................................................................57
11.3. Responsabilidade no Código Civil.............................................................................................................57
11.4. Indenização............................................................................................................................................................. 59
Questões de Concurso................................................................................................................................................60
Gabarito................................................................................................................................................................................71
Gabarito Comentado.................................................................................................................................................... 72

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DIREITO CIVIL I
1. Introdução
Querido(a) aluno(a), estamos começando a nossa aula 80/20 de Direito Civil. O objetivo
aqui é tornar a sua preparação mais eficiente e recordar as informações que você não pode
deixar de saber na sua prova.
Sabemos que o conteúdo programático de Direito Civil é extremamente abrangente. Des-
sa forma, é de fundamental importância analisarmos as provas mais recentes da banca FGV,
organizadora do concurso. Por meio dessa análise, conseguimos identificar os assuntos mais
recorrentes e direcionar a sua preparação.
Cabe ressaltar que esta aula tem uma relação com os conteúdos abordados em meu cur-
so de Direito Civil (aulas autossuficientes em PDF, Gran Cursos Online). Ou seja, as aulas que
você já estudou possuíam uma abordagem mais abrangente. Aqui vamos direto ao ponto para
otimizar o seu tempo. Sabemos que você possui diversas disciplinas para estudar e o nosso
objetivo é sempre te ajudar.

2. Análise da Banca FGV


Analisando o edital do concurso para a SEFAZ-MG, concluímos que a prova objetiva será
composta por questões do tipo múltipla escolha, com cinco opções (A, B, C, D e E).
Sobre o conteúdo programático, vemos que o conteúdo de Direito Civil I exigido é o seguinte:
1 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 1.1 Vigência, aplicação, obrigatoriedade,
interpretação e integração das leis. 1.2 Conflito das leis no tempo. 1.3 Eficácia das leis no espaço.
2 Pessoas naturais. 2.1 Conceito. 2.2 Início da pessoa natural. 2.3 Personalidade. 2.4 Capacidade.
2.5 Direitos da personalidade. 2.6 Domicílio. 3 Pessoas jurídicas. 3.1 Disposições gerais. 3.2 Cons-
tituição. 3.3 Extinção. 3.4 Sociedades de fato. 3.5 Associações. 3.6 Fundações. 4 Bens imóveis,
móveis e públicos. 5 Fato jurídico. 6 Negócio jurídico. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Invalidade. 7 Pres-
crição. 7.1 Disposições gerais. 8 Decadência. 9 Obrigações. 9.1 Características. 9.2 Adimplemento
pelo pagamento. 9.3 Inadimplemento das obrigações – disposições gerais e mora. 10 Contratos.
10.1 Princípios. 10.2 Contratos em geral. 10.3 Disposições gerais. 11 Responsabilidade civil objeti-
va e subjetiva. 11.1 Obrigação de indenizar. 11.2 Dano material. 11.3 Dano moral.
Todo conteúdo aqui reproduzido foi abordado no meu curso de Direito Civil (aulas autos-
suficientes em PDF, Gran Cursos Online). Como o objetivo aqui é turbinar a sua preparação
de reta final, abordarei de modo bem direito e objetivo os conteúdos mais significativos para
a sua preparação. Isso não significa que você pode descartar os pontos que não foram aqui
comentados. Ou seja, se um determinado conceito não estiver aqui reproduzido, não significa
que você pode deixá-lo de lado. Todos os conceitos são importantes e a banca pode nos sur-
preender cobrando um tema pouco usual.

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3. Conteúdos mais Cobrados nas Últimas Provas


Esta análise é baseada em dados extraídos da nossa plataforma Gran Cursos Questões
(área “Assuntos Frequentes”):
https://questoes.grancursosonline.com.br/

O filtro foi realizado com os seguintes elementos:


• Banca FGV;
• Anos de 2013 a 2022;

• Assuntos específicos do edital;

O resultado da busca totalizou 385 questões.

3.1. Descrição dos Conteúdos Abordados nas Provas


A incidência de assuntos é mostrada na tabela a seguir:

Quantidade de
Assunto Porcentagem
Questões
Teoria Geral do Direito Civil 1 0,26%
Lei de Introdução às Normas do
16 4,16%
Direito Brasileiro
Pessoas 100 25,97%
Bens 23 5,97%
Fatos Jurídicos 69 17,92%

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Quantidade de
Assunto Porcentagem
Questões
Direito das Obrigações 65 16,88%
Contratos em Geral 48 12,47%
Responsabilidade Civil 63 16,36%
Total 385 100%

Podemos constatar que o tema Pessoas, composto por Pessoas Naturais, Pessoas Jurídi-
cas e Domicílio, tem incidência maior do que ¼ das questões. Além disso, com exceção da Teo-
ria Geral do Direito, LINDB e Bens, os demais assuntos são divididos de forma homogênea. Te-
nha certeza que todos eles serão abordados na aula de hoje. Sendo assim, vamos ao trabalho!

4. Pessoas Naturais
A pessoa natural, ao nascer com vida, adquire personalidade jurídica e passa a ser
titular de direitos e deveres na ordem civil. Ou seja, a personalidade adquirida ao nascer
representa o conjunto de capacidades (aptidões) referentes a uma pessoa. Duas são as
espécies de capacidade:
• Capacidade de Direito ou de Gozo: é adquirida junto com a personalidade e representa
a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil, conforme dispõe o art. 1º
do CC. A capacidade de Direito ou de Gozo é adquirida através do nascimento com vida.
• Capacidade de Fato ou de Exercício: é a aptidão para alguém exercer por si só (sozinho)
os atos da vida civil. Ou seja, representa a capacidade de praticar pessoalmente os atos
da vida civil, independente de assistência ou representação. Em regra, é adquirida ao
completar dezoito anos de idade.

O nascituro, apesar de não ter personalidade civil, possui proteção jurídica. Dessa forma, o
nascituro tem alguns direitos.

Todas as pessoas possuem capacidade de direito, porém, nem todos possuem capacidade
de fato. Os que não possuem capacidade de fato são chamados de incapazes. A incapacidade
é uma deficiência jurídica que pode se apresentar sob duas formas:

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• Incapacidade absoluta: acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil. Tal
deficiência é suprida pela representação;
• Incapacidade relativa: permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assisti-
do por seu representante. Tal deficiência é suprida pela assistência.

A capacidade dos indígenas deve ser regulada por lei especial.

O término da incapacidade pode se dar de 3 (três) formas:


• Maioridade - ao se completar 18 (dezoito) anos;
• Levantamento da interdição – verificando-se que cessou a causa que determinou o res-
pectivo decretamento da interdição, quer mediante requerimento do próprio interdito,
quer por quem tinha legitimidade para requerer, a interdição pode ser finalizada. (Ex.: o
vício em tóxico deixa de existir); e
• Emancipação – é a aquisição da capacidade civil plena antes de se completar 18 (dezoi-
to) anos, ou seja, representa a antecipação da capacidade civil plena. Também pode ser
de 3 (três) tipos: voluntária, judicial e legal.

EMANCIPAÇÃO

não pode ser revogada pelos pais do


Irrevogabilidade
menor.

CARACTERÍSTICAS se o casamento for desfeito a


Perpetuidade
emancipação continua.

Pura e simples não admite termo ou condição.

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EMANCIPAÇÃO
VOLUNTÁRIA ou PARENTAL: é concedida pelos pais (os dois
ou apenas um na falta do outro) mediante escritura pública,
independente de homologação judicial. O menor deve ter
16 anos completos.
- se um dos pais for falecido ou estiver interditado (falta de um
dos pais), o outro pode conceder a emancipação.
- se um dos pais se achar em local incerto, deve haver
autorização judicial.
JUDICIAL: é concedida por sentença judicial. O menor deve ter
16 anos completos. Duas hipóteses:
ESPÉCIES - quando o menor estiver sob tutela; e
- quando houver divergência entre os pais.
LEGAL: se opera automaticamente, independente de ato dos pais,
tutor ou sentença judicial. Hipóteses:
casamento (16 anos completos);
exercício de emprego público efetivo (concurso público);
colação de grau em curso de ensino superior (faculdade);
ter estabelecimento civil ou comercial que lhe propicie economia
própria (16 anos completos);
possuir relação de emprego que lhe propicie a obtenção de
economia própria (16 anos completos).

O término da personalidade se dá com a morte. Ela também pode ser de três tipos.

Para fins de concurso, é muito importante saber os conceitos da morte presumida que se
subdivide em dois tipos:

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Morte presumida sem decretação de ausência; e

Morte presumida com decretação de ausência – local incerto e não sabido (ex.: saiu para
comprar cigarro e não voltou mais). Seguem as seguintes fases:

Duração: 1 ano (sem procurador) ou 3 anos (com procurador)


CURADORIA Ocorre a arrecadação dos bens do ausente e a entrega a um administrador.
DOS BENS Não havendo procurador, deve-se obedecer a ordem estipulada pelo art. 25:
1º cônjuge, 2º pais, 3º descendente, 4º curador dativo.

Duração: em regra 10 anos


Os herdeiros prestam caução e se imitem na posse dos bens.
SUCESSÃO Os herdeiros necessários (ascendente, descendente e cônjuge) não precisam
PROVISÓRIA prestar caução.
Os bens do ausente só podem ser vendidos por ordem judicial para evitar-
lhes a ruína.

O ausente é declarado morto.


SUCESSÃO Os herdeiros passam a ter a propriedade dos bens.
DEFINITIVA Nos 10 primeiros anos a propriedade é resolúvel, pois, se o ausente
reaparecer, terá direito aos bens que ainda restarem.

Sobre os aspectos do estado da pessoa natural, temos:


1) o estado político: diz respeito à nacionalidade, à naturalidade e à cidadania (cidadão ou
não, nacional ou estrangeiro);
2) o estado individual: está relacionado ao sexo, à idade e à capacidade civil da pessoa
natural (homem, mulher, capaz, incapaz, etc.);
3) o estado familiar: diz respeito às relações de parentesco da pessoa e à sua situação
conjugal (pai, mãe, filho ou filha, solteiro, casado, divorciado etc.).

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Para o Código Civil, há estados que devem ser registrados ou averbados:

REGISTRO AVERBAÇÃO
(ato principal) (ato secundário)
I – os nascimentos, casamentos e óbitos;
I – das sentenças que decretarem a
II – a emancipação por outorga dos pais ou
nulidade ou anulação do casamento,
por sentença do juiz;
o divórcio, a separação judicial e o
III – a interdição por incapacidade
restabelecimento da sociedade conjugal;
absoluta ou relativa;
II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que
IV – a sentença declaratória de ausência e
declararem ou reconhecerem a filiação;
de morte presumida.

O domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de di-
reito. Ou seja, é o local onde a pessoa pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos e,
consequentemente, onde responde por suas obrigações.

Os direitos da personalidade são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é pró-
prio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio
vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liber-
dade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra,
recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social).

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5. Pessoas Jurídicas
A pessoa jurídica é o conjunto de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa a consecu-
ção de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Para
existir, são necessários três requisitos:
• organização de pessoas ou de bens;
• licitude de propósitos ou fins; e
• capacidade jurídica reconhecida por norma.

Existem algumas teorias que negam a existência da pessoa jurídica (teorias negativistas).
Elas não aceitam que possa haver uma associação com personalidade jurídica própria forma-
da por um grupo de indivíduos.
Por outro lado, as teorias afirmativistas, em maior número, procuram explicar esse fenô-
meno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individua-
lidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem.

Podemos classificar a pessoa jurídica de três formas:


1) quanto à nacionalidade

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2) quanto à estrutura interna

3) quanto às funções e capacidade

As pessoas jurídicas de direito público externo são regulamentadas pelo direito interna-
cional e compreendem as nações estrangeiras (Ex.: Itália, França, Alemanha, Uruguai, etc.) e
as pessoas regidas pelo direito internacional público tal como a Santa Sé, uniões aduaneiras
com o objetivo de facilitar o comércio exterior (Ex.: MERCOSUL, União Européia, etc) e organis-
mos internacionais (Ex.: ONU, OEA, UNESCO, FMI, INTERPOL, OIT, FAO – Food and Agriculture
Organization, etc.).

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As pessoas jurídicas de direito privado são elencadas a seguir.

O gênero corporações se subdivide em duas espécies: as associações e as sociedades.


a) Associações: surgem quando não há um fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado,
embora tenham patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de
fins culturais, educacionais, esportivos, religiosos, beneficentes, recreativos, morais, etc.

Características:
• Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.
• A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.

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• A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em pro-


cedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
• Compete privativamente à assembléia geral, sendo exigido assembleia especialmente
convocada para tal finalidade:
I – destituir os administradores;
II – alterar o estatuto.
• A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5
(um quinto) dos associados o direito de promovê-la.

b) Sociedades: podem ser simples ou empresárias. A sociedade simples visa o fim econô-
mico ou lucrativo, pois o lucro obtido deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo
exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. Já a sociedade empre-
sária objetiva o lucro através do exercício de atividade empresarial ou comercial.

Lembremos das demais pessoas jurídicas de direito privado:


c) Fundações particulares: é um acervo de bens livres de ônus e encargos (universitas
bonorum) representando um patrimônio (conjunto de bens) a que a lei atribui personalidade ju-
rídica, em atenção ao fim a que se destina (fins religiosos, morais, culturais ou de assistência).

Dessa forma, concluímos que a instituição de uma fundação deve atravessar as se-
guintes fases:

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Características:
• Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de
outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha
a fim igual ou semelhante.
• Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a trans-
ferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer,
serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
• Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
• Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I – seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II – não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta
e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado.
• Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido
o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe
promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário
no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se pro-
ponha a fim igual ou semelhante.

d) Partidos políticos: são associações civis defensoras do interesse do regime democráti-


co, da autenticidade do sistema representativo e dos direitos fundamentais definidos na Cons-
tituição Federal de 1988. Sua organização e seu funcionamento são regulados por lei especí-
fica (Lei 9.096/95).
e) Organizações religiosas: também têm natureza de associação. Além disso, a criação, a
organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas são livres,
sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos
e necessários ao seu funcionamento.

O processo de formação das pessoas jurídicas de direito privado compõe-se de duas fases:
a elaboração do ato constitutivo: Sendo uma associação, que tem por natureza a inexistên-
cia de fins lucrativos, deve-se elaborar um estatuto como ato constitutivo. Se a pessoa jurídica
tiver fins lucrativos, seja uma sociedade simples ou empresária, elabora-se um contrato social
como ato constitutivo. As fundações possuem como ato constitutivo o testamento ou a escri-
tura pública.

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o registro do ato constitutivo: para que a pessoa jurídica de direito privado exista legalmen-
te é necessário inscrever os contratos ou estatutos no seu registro peculiar. As sociedades em-
presárias devem se registrar no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial),
porém, as demais pessoas jurídicas devem se registrar no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado termina através da dissolução
(ato declaratório motivado por causas supervenientes à constituição da sociedade, oriundo
de deliberação dos sócios, do Poder Judiciário ou de autoridade administrativa, com a fina-
lidade de fazer cessar as atividades) e da liquidação (objetiva a desativação operacional da
sociedade e a apuração do ativo e passivo para posterior pagamento das dívidas e partilha do
patrimônio remanescente entre os sócios). Após estar encerrada a liquidação promove-se o
cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no respectivo registro.
De acordo com o artigo 50 do CC, apesar de haver uma separação patrimonial entre os
bens dos sócios e administradores dos bens da pessoa jurídica, é possível que em razão de
atos fraudulentos e abusivos o juiz, a requerimento da parte interessada ou do Ministério Públi-
co quando couber intervir, decida estender aos bens dos sócios e administradores a execução
por dívidas da pessoa jurídica. Quando este fenômeno acontece, a doutrina diz que houve uma
desconsideração da personalidade jurídica.

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A teoria da desconsideração da pessoa jurídica divide-se em duas: a teoria maior e a te-


oria menor.
Na teoria maior, também denominada teoria subjetiva, o magistrado, usando de seu livre
convencimento, se entender que houve fraude ou abuso de direito, pode aplicar a desconside-
ração da personalidade jurídica.
Já na teoria menor, teoria objetiva como denomina parte da doutrina, o critério adotado é
a existência de confusão patrimonial.
Segundo os doutrinadores, no ordenamento jurídico brasileiro, a teoria maior é adotada
como regra geral (ex: Código Civil), enquanto a teoria menor é acolhida, excepcionalmente,
na legislação especial, como, por exemplo, no Direito Ambiental (art. 4º da Lei 9.605/98) e no
Direito do Consumidor (art. 28 do CDC).

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TEORIA MAIOR TEORIA MENOR

LEGISLAÇÃO EXPECIAL
CÓDIGO CIVIL
(CDC / Lei 9.605/98)

Até a vigência do Novo Código de Processo Civil (NCPC), a desconsideração inversa não
estava positivada, existindo apenas conceitos doutrinários e jurisprudenciais. Entretanto, o art.
133, § 2º do NCPC passou a positivar o instituto a partir de 2016. Inclusive, como vimos ante-
riormente, a Lei 13.874/2019 inseriu o referido comando no Código Civil através do art. 50, § 3º.
Concluímos que agora o instituto está positivado tanto no CPC, como no CC.
A pessoa jurídica não possui residência, mas tem sede ou estabelecimento que a “prende”
a um determinado lugar. Trata-se do domicílio especial da pessoa jurídica que pode ser livre-
mente escolhido no seu ato constitutivo.
Não havendo tal escolha o domicílio será o lugar onde funcionar as respectivas diretorias
e administrações.
A tabela a seguir resume o assunto.

DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO


União o Distrito Federal.
Estados e Territórios as respectivas capitais.
o lugar onde funcione a administração
Municípios
municipal.
DOMICÍLIO DAS DEMAIS PESSOAS JURÍDICAS
onde elegerem domicílio especial no seu
Regra
estatuto ou atos constitutivos.
o lugar onde funcionarem as respectivas
Na falta de domicílio especial
diretorias e administrações.
Diversos estabelecimentos cada um deles será considerado domicílio
(pluralidade domiciliar) para os atos nele praticados.
Se a administração ou diretoria o lugar do estabelecimento, sito no Brasil,
tiver sede no estrangeiro a que ela corresponder.

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6. Bens
O Código Civil disciplina os bens em três capítulos diferentes:
I — Dos bens considerados em si mesmos;
II — Dos bens reciprocamente considerados; e
III — Dos bens públicos.

O primeiro classifica os bens por si mesmos, não os comparando ou ligando com nenhum
outro. Já o segundo classifica os bens de forma recíproca fazendo uma comparação entre dois
bens (principais e acessórios). Por último, temos a conhecida classificação dos bens públicos,
comumente estudada em Direito Administrativo.
Veja a tabela a seguir:

Bens Considerados Bens Reciprocamente


em Si Mesmos Considerados

- móveis e imóveis;
- fungíveis e infungíveis;
- consumíveis e inconsumíveis; - principais e acessórios.
- divisíveis e indivisíveis; e
- singulares e coletivos.

Não há uma comparação com Há uma comparação com


outro bem. outro bem.

6.1. Bens Imóveis X Bens Móveis


Bem imóvel é tudo que se incorpora naturalmente (acessão natural) ou artificialmente
(acessão artificial) ao solo. Ou seja, são os bens que não podem ser transportados sem des-
truição ou diminuição de valor de um lugar para outro.

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A doutrina classifica o bem imóvel da seguinte forma:

Podemos considerar como bens móveis aqueles suscetíveis de movimento próprio (se-
moventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social.
Podem ser classificados da seguinte forma:

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6.2. Bens Públicos


Conceito:

Os bens públicos dividem-se em:

Os bens públicos apresentam a característica da inalienabilidade e, como consequência


desta, a imprescritibilidade, a impenhorabilidade e a impossibilidade de oneração.

CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

- INALIENABILIDADE: trata-se de uma característica relativa, pois atinge


somente os bens públicos de uso comum do povo e de uso especial;
- IMPRESCRITIBILIDADE: os bens públicos são insuscetíveis de aquisição por
usucapião;
- IMPENHORABILIDADE: os bens públicos não podem ser penhorados; e
- IMPOSSIBILIDADE DE ONERAÇÃO: o bem público não pode ser dado em
garantia real através de hipoteca, penhor e anticrese.

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7. Fatos Jurídicos
7.1. Classificação dos Fatos Jurídicos

7.2. Elementos do Negócio Jurídico


O negócio jurídico para existir e ser válido carece de quatro elementos essenciais. Os três
apontados no art. 104 do CC (agente, objeto e forma) são elementos objetivos, ao passo que a
vontade é um elemento subjetivo.

ELEMENTOS
ELEMENTOS ESSENCIAIS
ACIDENTAIS
VALIDADE
EXISTÊNCIA EFICÁCIA
NULO ANULÁVEL VÁLIDO

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ELEMENTOS
ELEMENTOS ESSENCIAIS
ACIDENTAIS
Absolutamente Relativamente Plenamente
AGENTE
incapaz. incapaz. capaz.
Lícito, possível,
Ilícito, impossível
OBJETO ------------- determinado ou
e indeterminável.
determinável.
Inobservância Prescrita ou não CONDIÇÃO
FORMA -------------
de lei. proibida por lei. TERMO
Erro substancial, ENCARGO
dolo essencial,
coação moral,
VONTADE Simulação, coação Livre, de boa-fé
estado de
física*. e consciente.
perigo, lesão e
fraude contra
credores.
*posição não pacífica na doutrina. Alguns autores defendem que a coação física irresistível acarreta a inexis-
tência do negócio jurídico; outros dizem que ela provoca a nulidade absoluta do ato negocial.

Dentre os elementos essenciais, são comuns a todos os negócios jurídicos a capacidade


do agente, o objeto lícito possível e determinado, além da vontade (consentimento); ao passo
que a forma do ato jurídico e a prova do ato negocial (estudada no fim da aula) são elementos
essenciais particulares, pois podem variar de acordo com a natureza de cada negócio jurídico.

agente, objeto e vontade


COMUNS
ELEMENTOS (consentimento).
ESSENCIAIS
PARTICULARES forma e prova do ato negocial.

ELEMENTOS
condição, termo e encargo.
ACIDENTAIS

7.2.1. Agente

O agente é o primeiro elemento objetivo e, para o negócio jurídico ser válido, a pessoa que o
celebra deve ser plenamente capaz. Caso contrário o negócio jurídico pode ser nulo (nulidade
absoluta) no caso de ser celebrado por pessoa absolutamente incapaz sem a devida repre-
sentação ou anulável (nulidade relativa) no caso de o agente ser relativamente capaz e não
houver a devida assistência.

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7.2.2. Objeto

No que tange ao objeto, para o negócio jurídico ser válido, o objeto deve ser lícito (de acor-
do com a lei, moral, ordem pública e bons costumes – ex.: é vedado o contrato de herança de
pessoa viva pelo art. 426 do CC); deve ser possível (ex.: não pode ser objeto de contrato uma
viagem para júpiter); e determinado (individualizado) ou, ao menos, determinável – passível de
individualização em um momento futuro (ex: não se pode comprar um animal sem especificar
a espécie). Caso contrário, o negócio jurídico será nulo.

7.2.3. Forma

A forma é o meio de exteriorização da vontade. Quando observada quanto à disponibilidade


e considerando o conjunto de exigências e permissões legais que a envolves, a forma pode ser:

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O nosso Código Civil consagra o princípio da liberalidade das formas. Ou seja, em regra
a forma a livre, a não ser que a lei exija forma especial para um determinado negócio, como
ocorre com a escritura pública no caso dos negócios com imóveis de valor superior a 30 salá-
rios mínimos.

7.2.4. Vontade

A forma de manifestação da vontade pode ser expressa, tácita ou presumida.

7.3. Elementos Acidentais do Negócio Jurídico

A condição é uma cláusula que, por vontade das partes negociantes, subordina a eficácia
do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

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− Resumo sobre a classificação das condições:I) Quanto ao modo de atuação: sus-


pensivas ou resolutivas.
− II – Quanto à participação da vontade dos sujeitos: causais, potestativas, mistas e
promíscuas.
− III – Quanto à possibilidade: possíveis ou impossíveis (física ou juridicamente).
− IV – Quanto à licitude: lícitas e ilícitas.

O termo representa o dia em começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Quando


convencionado no contrato, o termo subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futu-
ro e certo.

O encargo, também chamado de modo, é uma cláusula imposta nos negócios gratuitos,
que restringe a vantagem do beneficiado. Como exemplo, temos a doação de um terreno a
determinada pessoa para lá ser construído um asilo.

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO


Constitui cláusula
Subordina o efeito do Subordina a eficácia do acessória às
negócio jurídico a evento negócio a evento futuro liberalidades. Impõe
futuro e incerto e certo uma obrigação ao
beneficiário
É imposta com o Identifica-se pelas
É imposto com as
emprego das partículas expressões “quando”,
expressões “para que”,
“se”, “enquanto”, “com a “a partir de”, “até tal
“com a obrigação de” etc.
condição de não...” data” etc.
Não suspende a
Suspensiva: impede que Inicial: suspende o
aquisição nem o
o ato produza efeitos exercício, mas não a
exercício do direito.
Resolutiva: resolve o aquisição do direito
Se não for cumprido, a
direito transferido Final: resolve os efeitos
liberalidade poderá
pelo negócio do negócio jurídico
ser revogada

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7.3.1. Reserva Mental

A reserva mental representa a emissão de uma declaração de vontade não desejada em


seu conteúdo, tampouco em seu resultado, pois o declarante tem por único objetivo enganar
o declaratário. Trata-se de um inadimplemento premeditado. Duas situações podem ocorrer:

RESERVA MENTAL
DESCONHECIDA PELA
OUTRA PARTE O ato negocial subsistirá e será válido.
(LÍCITA)
CONHECIDA PELA
O ato negocial será inválido
OUTRA PARTE
(nulidade absoluta).
(ILÍCITA)

7.4. Defeitos do Negócio Jurídico


Os defeitos do negócio jurídico atingem a sua vontade ou geram uma repercussão social,
tomando o negócio passível de ação anulatória ou declaratória de nulidade pelo prejudicado
ou interessado.

O erro ou ignorância é a noção falsa acerca de um objeto ou de determinada pessoa.


Ocorre o erro quando o agente se engana sobre alguma coisa. Como exemplo, temos a pessoa
que compra um relógio dourado, supondo que é de ouro. Para acarretar a anulação do negócio
jurídico, o erro deve ser substancial.

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O dolo é o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém à prática de um negócio


jurídico. Como exemplo, temos o vendedor que induz o cliente a acreditar que um relógio sim-
plesmente dourado é de ouro.

Existem vários tipos de dolo, dentre eles destacamos:


a) dolo principal ou essencial: é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele
não se teria concluído, acarretando a anulabilidade do ato negocial. Além de possibilitar a anu-
lação, o dolo essencial enseja indenização por perdas e danos.
b) dolo acidental (dolus incidens) (art. 146 do CC): é o que leva a vítima a realizar o ne-
gócio jurídico, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não afetando sua
declaração de vontade, embora venha provocar desvios. Não é causa de anulabilidade por não
interferir diretamente na declaração de vontade, mas enseja indenização por perdas e danos.

O estado de perigo representa a assunção de uma obrigação excessivamente onerosa


(exorbitante) para evitar um dano pessoal que é do conhecimento da outra parte contratante.
Grosseiramente falando, o declarante se encontra diante de uma situação em que deve optar
entre dois males: sofrer o dano ou participar de um contrato que lhe é excessivamente oneroso.

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A lesão é um vício de consentimento decorrente do abuso praticado em situação de desi-


gualdade de um dos contratantes, por estar sob premente necessidade, ou por inexperiência,
com o objetivo de protegê-lo diante do prejuízo sofrido na conclusão de um negócio jurídico
em decorrência da desproporção existente entre as prestações das duas partes.

A coação é uma pressão física ou moral exercida sobre alguém para induzi-lo à prática de
um determinado negócio jurídico. Trata-se de violência ou ameaça que infringe a liberdade de
decisão do coagido. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,
nem o simples temor reverencial.
A fraude contra credores (vício social) constitui a prática maliciosa pelo devedor insolven-
te (aquele cujo patrimônio passivo é superior ao patrimônio ativo) de atos que desfalcam o seu
patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos
direitos creditórios alheios.

A simulação que representa um acordo de vontade entre as partes para dar existência real
a um negócio jurídico fictício, ou então para ocultar o negócio jurídico realmente realizado, com
o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. Conclui-se que são necessários três requisitos
para a simulação:
• acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina;
• declaração enganosa de vontade; e
• intenção de enganar terceiros ou violar a lei.

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São espécies de simulação:

7.5. Nulidade X Anulabilidade


Nulidade é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem obser-
vância dos requisitos essenciais, impedindo -os de produzir os efeitos que lhes são próprios. O
negócio é nulo quando ofende preceitos de ordem pública, que interessam à sociedade.
Por outro lado, ocorre a anulabilidade quando a ofensa atinge o interesse particular de
pessoas que o legislador pretendeu proteger, sem estar em jogo interesses sociais, faculta -se
a estas, se o deseja rem, promover a anulação do ato. Trata-se de negócio anulável, que será
considerado válido se o interessado se conformar com os seus efeitos e não o atacar, nos
prazos legais, ou o confirmar.

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA (anulabilidade)


É decretada no interesse do prejudicado,
É decretada no interesse da coletividade,
abrangendo apenas as pessoas que alegaram
tendo eficácia erga omnes (contra todos).
(eficácia inter partes).
É imediata, ou seja, o ato é invalido desde a É diferida, ou seja, o ato produz efeitos
sua declaração, sendo a sentença meramente enquanto não for anulado, sendo a sentença
declaratória com eficácia ex tunc. desconstitutiva com eficácia ex nunc.

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NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA (anulabilidade)


É absoluta, pois pode ser arguida por qualquer É relativa, pois só os interessados ou
interessado, inclusive o MP, quando lhe couber representantes legítimos a podem alegar,
intervir, podendo ainda ser arguida de ofício sendo vedado ao juiz pronunciar-se de ofício
pelo magistrado. (art. 177 do CC).
É incurável, pois as partes não podem sanar o
É curável, pois o negócio pode ser confirmado
vício, objetivando a validação do negócio
pela parte a quem a lei protege.
(art. 169 do CC).
É perpétua, porque é imprescritível, ou seja,
É provisória, pois está sujeita a decadência
não é suscetível de confirmação pelas partes e
(4 ou 2 anos), convalidando-se pelo decurso
nem convalesce pelo decurso do tempo
de tempo.
(art. 169 do CC).

Sobre os prazos decadenciais para se pleitear a anulação do negócio jurídico, temos


o seguinte:

Prazo para se pleitear a anulação do Negócio Jurídico


Quando a lei não A contar da data da conclusão
2 anos
estabelece prazo do ato
A contar do dia em que ela
Coação moral irresistível 4 anos
cessar
Erro, dolo, fraude contra
A contar do dia em que se
credores, estado de perigo 4 anos
realizou o negócio jurídico
ou lesão
A contar do dia em que cessar a
Atos de incapazes 4 anos
incapacidade

8. Prescrição e Decadência
O direito de demandar, em alguns casos, passou a sofre limitação temporal e o credor da
obrigação é limitado a um período de tempo. Trata-se da consagração da máxima ­dormientibus
non sucurrit jus (o direito não socorre aos que dormem).

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8.1. Diferença entre Prescrição e Decadência


A prescrição representa uma sanção pela inércia do titular de um direito subjetivo violado
que consiste na perda da pretensão (possibilidade de fazer valer em juízo o direito violado) ou
da exceção (direito de defesa) em razão do decurso de tempo, mantendo-se intacto o direi-
to material.

INÍCIO DO PRAZO com a violação do direito


PRESCRICIONAL subjetivo

Na prescrição, o direito violado continua existindo, porém deixa de ter proteção jurídica.

O prazo prescricional não pode ser alterado por acordo das partes. Ou seja, não existe
prescrição convencional.
A decadência, é a perda do direito material, em razão do tempo, eliminando-se, por conse-
quência, o direito de ação e demais pretensões.

INÍCIO DO PRAZO com o surgimento do direito


DECADENCIAL potestativo

Diferentemente da prescrição, o prazo decadencial pode ser estipulado pelas partes (deca-
dência convencional) ou estar previsto em lei (decadência legal).

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PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA

Direito
Mantém-se intacto É perdido
Material

ação e
São perdidos São perdidos
demais pretensões

Tipo de Direito Direito Subjetivo Direito Potestativo

Após a consumação o direito Continua existindo É extinto

Com a violação do Com o surgimento


Início do prazo
direito do direito

8.2. Características da Prescrição


1) A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

2) A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem pre-
juízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume
de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Como exemplo de renúncia, temos o
devedor que paga uma dívida já prescrita.

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3) Outras diferenças entre a Prescrição e a Decadência

DECADÊNCIA
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA LEGAL
CONVENCIONAL
Pode ocorrer.
possibilidade de Não pode ocorrer.
(art. 191 Pode ocorrer.
renúncia (art. 209 do CC)
do CC)
Deve ocorrer.
Reconhecimento de Deve ocorrer. Não pode ocorrer.
(art. 487, II
ofício pelo juiz (art. 210 do CC) (art. 211 do CC)
do NCPC)
ESTIPULAÇÃO de Não pode
prazo pela vontade ocorrer (art. Não pode ocorrer Pode ocorrer
das partes 192 do CC)
grau de jurisdição Podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição

8.3. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição


A diferença da causa suspensiva para a causa impeditiva é que na primeira, o prazo pres-
cricional já começou a contar e, por alguma razão, a contagem fica “parada no tempo”, enquan-
to que, na segunda, o prazo prescricional nem começa a contar.
A interrupção do prazo prescricional, que somente pode ocorrer uma vez, funciona de for-
ma diferente da suspensão e do impedimento, pois, quando a causa interruptiva cessa, o prazo
prescricional volta a correr desde o início.

CAUSAS SUSPENSIVAS
CAUSAS INTERRUPTIVAS
E/OU IMPEDITIVAS

situações pessoais; atos praticados pelo credor;


pendência de condição suspensiva; reconhecimento do direito pelo
não vencimento do prazo; e devedor; e
pendência de ação de evicção. instituição da arbitragem.

A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Per-
cebemos que a morte não interrompe nem suspende a prescrição, que continua a fluir nor-
malmente contra os herdeiros e legatários (sucessores), a não ser quando presente uma das
causas suspensivas.
Se o titular do direito violado falecer e vier a transmiti-lo a um absolutamente incapaz, con-
tra esse incapaz não correrá o curso do prazo prescricional enquanto mantiver a situação de

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incapacidade absoluta. Ou seja, enquanto o absolutamente incapaz (titular do direito violado)


não completar 16 (dezesseis) anos, o prazo prescricional não começará a correr.

8.4. Prazos Prescricionais


Percebe-se que, em regra, o prazo prescricional é de 10 anos, admitindo-se, porém, em si-
tuações específicas, os prazos de 1, 2, 3, 4 ou 5 anos.

TABELA DOS PRINCIPAIS PRAZOS PRESCRICIONAIS


pretensão do segurado contra o segurador
1 ANO pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais,
árbitros e peritos
2 ANOS pretensão para haver prestações alimentares (ÚNICA HIPÓTESE)
pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos
pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias
ou vitalícias
pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa
3 ANOS
pretensão de reparação civil
pretensão para haver o pagamento de título de crédito
pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado,
no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório
4 ANOS pretensão relativa à tutela (ÚNICA HIPÓTESE)
pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular (se a dívida for verbal, o prazo é de 10 anos)
5 ANOS pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais,
curadores e professores
pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo

9. Obrigações
9.1. Conceito de Obrigação
A obrigação é um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa (sujeito ativo) pode exigir
de outra (sujeito passivo) uma prestação economicamente apreciável.

• Elementos da relação jurídica:


− Caracterizam o vínculo obrigacional a sujeição (elementos subjetivos) e a patrimo-
nialidade (elemento objetivo).

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9.2. Fontes das Obrigações

FONTES DAS OBRIGAÇÕES


1) IMEDIATA OU PRIMÁRIA
- Lei: o ordenamento jurídico brasileiro adotou como fonte primária, ou imediata a
lei, de modo que perante o direito das obrigações teremos sempre a lei como sua
fonte primeira.
2) MEDIATA OU SECUNDÁRIA
- Atos jurídicos (stricto sensu): Quando se fala em ato jurídico stricto sensu, está
se falando de comportamentos humanos não negociais, que repercutam perante a
órbita do direito.
- Negócios jurídicos: PodemS ser unilaterais, como o testamento, ou a promessa
de recompensa, ou bilaterais como os contratos.
- Atos ilícitos: Sempre que estes causam danos a outrem, faz nascer uma
obrigação de reparar os prejuízos causados.

9.3. Modalidades das Obrigações


1) Quanto ao objeto

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Consequências da perda ou deterioração da coisa certa:

Sem culpa do devedor Com culpa do devedor


Perda da coisa Resolve a obrigação
Equivalente + P/D
(art. 234) (devolve o $)
Duas possibilidades: Duas possibilidades:
Deterioração da coisa
Resolve a obrigação ou Equivalente + P/D ou
(arts. 235 e 236)
abatimento no preço aceitar a coisa + P/D
Perda da coisa restituível
Resolve a obrigação Equivalente + P/D
(arts 238 e 239)
Deterioração da coisa Recebe a coisa sem direito
Equivalente + P/D
restituível (art. 240) à indenização

Conceito de coisa incerta:

CARATERÍSTICAS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA

Compete a quem foi determinado no contrato


Escolha do objeto
Se omisso, compete ao devedor

Regra para o devedor: não poderá dar a coisa pior,


Princípio do meio termo
nem será obrigado a prestar a melhor.

Responsabilidade Cientificado da escolha o credor, valem as regras da


pelo bem obrigação de dar coisa certa.

Alegação de perda
Incabível, ainda que por força maior ou caso
ou deterioração pelo
fortuito.
devedor

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O que acontece se a obrigação de fazer se tornar impossível?

9.4. Mandamentos do Direito das Obrigações


1º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Em regra, o acessório segue o principal. A exceção fica por conta das pertenças.

2º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Se não houve culpa do devedor, não há que se falar em indenização por perdas e danos (P/D).

3º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Havendo dúvida, deve-se resolver em favor do devedor. Ou seja, in dubio, pro devedor.

4º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


O gênero nunca perece (genus nunquan perit). Na obrigação de car coisa incerta a per-
da/deterioração por caso fortuito ou força maior, antes da escolha, não exime a obrigação
do devedor.

5º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Sempre que houver urgência na obrigação de fazer (art. 249) ou de não fazer (art. 251) o
credor pode mandar fazer ou desfazer independentemente de autorização judicial.

2) Quanto aos elementos

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Se, na obrigação alternativa, uma das prestações perecer ou se deteriorar o que acontece?

CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA

Escolha do devedor Escolha do credor

Com culpa do Sem culpa do Com culpa do Sem culpa do


devedor devedor devedor devedor

2 possibilidades:
Perecimento Prestação Subsiste o
Subsiste o débito quanto à outra
de subsistente; ou débito quanto à
prestação
1 prestação Valor da que outra prestação
pereceu + P/D

Valor da
Perecimento que se Resolve a Valor de Resolve a
das impossibilitou obrigação qualquer uma das obrigação
2 prestações por (devolução do $) prestações + P/D (devolução do $)
último + P/D

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9.5. Obrigação Solidária


Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

6º MANDAMENTO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Não existe solidariedade presumida. Uma obrigação pode ser considerada solidária se a
lei assim indicar ou se as partes assim acordarem.
Solidariedade ativa: configura-se pela presença de vários credores, chamados cocredores,
todos com o mesmo direito de exigir integralmente a dívida ao devedor comum.

CONSEQUÊNCIAS DA CONVERSÃO DO OBJETO EM PERDAS E DANOS

SOLIDARIEDADE PERMANECE

INDIVISIBILIDADE DESAPARECE

JULGAMENTO NA SOLIDARIEDADE ATIVA


NÃO ATINGE OS DEMAIS
CONTRÁRIO A UM DOS CREDORES
CREDORES
FAVORECE OS DEMAIS
FAVORÁVEL A UM DOS CREDORES
CREDORES

Solidariedade passiva: ocorre quando mais de um devedor, chamado coobrigado, com seu
patrimônio, se obriga ao pagamento da dívida toda.

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9.6. Adimplemento das Obrigações


O pagamento é a forma normal de extinção da obrigação por meio do cumprimento da
prestação devida, e, também, do chamado pagamento indireto, que provoca igualmente a ex-
tinção da obrigação por outra via que não seja o cumprimento da prestação devida. Além
disso, a obrigação também pode ser extinta sem o pagamento. A tabela a seguir sintetiza o
assunto para que depois sejam feitos os devidos comentários:

FORMAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


1. Pagamento direto
É a forma voluntária de extinção da obrigação por meio do cumprimento da
prestação devida.
2. Formas especiais de pagamento
Pagamento por consignação;
Pagamento com sub-rogação; e
Imputação do pagamento.
3. Pagamento indireto
Dação em Pagamento;
Novação;
Compensação; e
Confusão.
4. Extinção sem pagamento
Prescrição: acarreta o fim do direito de se exigir o cumprimento da obrigação;
Advento do Termo: faz cessar os efeitos do ato negocial;
Implemento de Condição: faz cessar os efeitos do ato negocial; e
Remissão: o credor perdoa ou dispensa graciosamente o devedor de pagar
a dívida.
5. Extinção judicial
É a forma involuntária de extinção da obrigação por meio do cumprimento da
prestação devida.

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1) Pagamento Direto
I – Elementos subjetivos do pagamento: solvens e o accipiens.
Podem efetuar o pagamento:
• o devedor,
• o terceiro interessado, e
• o terceiro não interessado.

O terceiro interessado representa a pessoa que tem interesse patrimonial na extinção da


dívida, tal como o fiador, o avalista e o adquirente de imóvel hipotecado. Havendo o pagamento
por esta pessoa, há sub-rogação automática (sub-rogação legal) nos direitos do credor, com a
transferência de todas as ações, exceções e garantias que detinha o credor primitivo.
No que se refere ao terceiro não interessado, este não tem o mesmo interesse jurídico
na solução da dívida, mas mero interesse moral ou econômico. O terceiro não interessado
tem direito de reembolso do que pagar, se o fizer em seu próprio nome, mas não se sub-roga
nos direitos do credor. Assim, se este terceiro fizer o pagamento em nome e em conta do
devedor, sem oposição deste, não terá direito a nada, pois é como se fizesse uma doação,
um ato de liberalidade.

O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de não
extinguir a obrigação. Pode também ser efetuado aos sucessores a título universal ou particu-
lar. Entretanto, considera-se válido o pagamento feito a terceiro quando:
(i) for ratificado pelo credor;
(ii) se reverter em proveito do credor; ou
(iii) for feito a credor putativo, desde que haja boa-fé.

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II – Elementos objetivos do pagamento: do objeto e da prova.


O objeto do pagamento é a prestação. O credor não é obrigado a receber outra, diversa da
que lhe é devida, ainda que mais valiosa (caso o credor concorde em receber uma prestação
diferente da que foi pactuada inicialmente teremos uma dação em pagamento.
A quitação sempre pode ser dada por instrumento particular, mesmo que a obrigação re-
sulte de um instrumento público.

III – Do local do pagamento


Algumas vezes o instrumento que originou a obrigação determina o domicílio do paga-
mento, mas se não estiver claramente definido a regra é que o pagamento deve ser feito no
domicílio do devedor (in dúbio pro devedor).

DÍVIDA
PAGA NO DOMICÍLIO DO DEVEDOR
QUESÍVEL
(é a REGRA)
(quérable)

DÍVIDA
PAGA NO DOMICÍLIO DO CREDOR
PORTÁVEL
(é EXCEÇÃO)
(portable)

Se o pagamento é feito reiteradamente em lugar diferente do estipulado, presume-se re-


núncia do credor ao local do pagamento previsto no contrato. Isso representa uma alteração
tácita do local estipulado no contrato.
Dessa forma, o credor sofrerá a supressio e o devedor terá a surrectio.

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Refere-se ao fenômeno da supressão de determinados direitos


pelo decurso do tempo.
SUPRESSIO Ex: com o pagamento sendo feito reiteradamente no local Y,
o credor perderá o direito a receber o pagamento no local X
(ajustado no contrato).

De forma inversa, refere-se ao fenômeno do nascimento de


determinados direitos pelo decurso do tempo.
SURRECTIO Ex: com o pagamento sendo feito reiteradamente no local Y, o
devedor irá adquirir o direito a receber o pagamento no local y
(diferente do ajustado no contrato).

IV – Do tempo do pagamento
Quando houver estipulação da data de pagamento a dívida, em regra, deve ser paga no dia
do vencimento, salvo se houver antecipação do vencimento por conveniência do devedor ou
em virtude de lei.

9.6.1. Pagamento Indevido

Pagamento indevido é uma das formas de enriquecimento ilícito, por decorrer de uma pres-
tação feita por alguém com o intuito de extinguir uma obrigação erroneamente pressuposta,
gerando ao accipiens (aquele que recebe), por imposição legal, o dever de restituir, uma vez
estabelecido que a relação obrigacional não existia, tinha cessado de existir ou que o devedor
não era o solvens (aquele que paga) ou o accipiens não era o credor.

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2) Formas especiais de pagamento


Consignação em pagamento
Muitas vezes o credor se recusa a receber ou dar a quitação. Para isso o sistema proces-
sual criou uma técnica chamada de consignação em pagamento que é uma forma de paga-
mento indireto.

Sub-rogação
Em sentido amplo sub-rogar é colocar uma coisa em lugar de outra, ou uma pessoa em lu-
gar de outra. O Código Civil trata da sub-rogação pessoal que se divide em legal e convencional.

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Imputação do pagamento
Sempre que uma pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, puder indicar a qual deles oferece pagamento ficará caracterizada a imputação
do pagamento.

A imputação de pagamento pressupõe cinco elementos:


a) dualidade ou multiplicidade de débitos;
b) identidade de credor e de devedor;
c) os débitos devem ser da mesma natureza;
d) devem ser ainda líquidos e estarem vencidos;
e) o pagamento deve cobrir qualquer desses débitos.

3) Formas de pagamento indireto


Dação em pagamento
A dação em pagamento é um acordo firmado entre devedor e credor, por via da qual o cre-
dor concorda em receber do devedor, para desobrigá-lo de uma dívida, objeto distinto daquele
que constituiu a obrigação.

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Seus requisitos são:


a) existência de um débito vencido;
b) intenção de solver o débito;
c) diversidade do objeto oferecido em relação ao devido;
d) concordância do credor: expressa ou tácita.

Novação
Novação é a substituição de uma dívida por outra, ocorrendo a mera substituição e não a
extinção da obrigação. Trata-se de um ato que cria uma nova obrigação destinada a extinguir
a precedente, substituindo-a.

Podemos concluir que a novação pode ser:


a) objetiva ou real (art. 360, I do CC): quando há mutação do objeto devido entre as mes-
mas partes;
b) subjetiva ou pessoal (arts. 360, I e II do CC): quando há mutação de um ou ambos os
sujeitos da obrigação dividindo-se em:
• novação subjetiva ativa (mudança do credor);
• novação subjetiva passiva por delegação (mudança do devedor com o consentimento
do antigo devedor); ou
• novação subjetiva passiva por expromissão (sem o consentimento do antigo devedor).

c) mista: quando ocorre a mudança do objeto e de, pelo menos, um dos sujeitos da relação.

Compensação
Compensação é a extinção de duas obrigações, cujos credores são ao mesmo tempo de-
vedores um do outro. Ou ainda, o simples desconto que reciprocamente se faz no que duas
pessoas devem uma à outra.

Confusão
Ocorrerá quando a mesma pessoa for credora devedora de si mesma. Em se operando a
confusão as obrigações estarão extintas. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a
dívida (confusão total ou própria), ou só de parte dela (confusão parcial ou imprópria).

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4) Extinção sem o pagamento


São várias as formas de extinção de uma obrigação sem o pagamento: Prescrição, Adven-
to do Termo, Implemento de Condição, e Remissão, etc. A última merece destaque.

Remissão
Remissão é a liberação graciosa de uma dívida, ou a renúncia efetuada pelo credor, que
espontaneamente abre mão de seu crédito. Significa perdão da obrigação, isto é, dar-se a obri-
gação por paga. É palavra que tem origem no verbo remitir (perdoar) e não deve confundir-se
com remição que vem de remir (pagar).

Inadimplemento das Obrigações


1) inadimplemento culposo (voluntário): decorre de um fato imputável ao devedor a tí-
tulo de dolo ou culpa. Neste caso o devedor é responsável pelas perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
de advogado.
2) Inadimplemento fortuito (involuntário): decorre de um caso fortuito ou de força maior,
isto é, um fato não imputável ao devedor. Neste caso, a regra é que o devedor não responda
pelos prejuízos, exceto em 3 situações:
• quando expressamente se responsabilizou pelo fato;
• quando estava em mora por ocasião da verificação do fato; e
• quando se tratar de dar coisa incerta em que é aplicável a máxima genus non perit (o
gênero não perece).

O inadimplemento voluntário também pode ser subdividido em absoluto ou relativo.


• inadimplemento absoluto: ocorre quando o não cumprimento da obrigação se torna de-
finitivo, ou seja, o cumprimento da obrigação após a data avençada se torna inútil para
o credor.

1.2) Inadimplemento relativo ou mora: ocorre quando ainda é viável o cumprimento tardio
da obrigação. Ex: pintar o muro da casa neste fim de semana. O fato de não pintar na data
marcada e pintar na semana seguinte ainda se torna útil.
A mora do devedor (mora solvendi ou debitoris) ocorre quando este descumpre culposa-
mente a obrigação no tempo, lugar ou forma que a lei ou a convenção estabelecer.

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A mora do devedor manifesta-se de duas formas: ex re ou ex persona.


• mora ex re: resulta do próprio fato da inexecução da obrigação, independendo, de pro-
vocação do credor. Decorre da regra dies interpellat pro homine, ou seja, o termo (data)
interpela em lugar do credor.
• mora ex persona: ocorre quando o credor deva tomar certas providências necessárias
para constituir o devedor em mora (notificação, interpelação etc.)

A mora do credor (mora accipiendi ou creditoris) ocorre quando este, injustificadamente, se


recusa a receber o pagamento ou a fornecer a quitação ou ainda a efetuar a cobrança da dívida.

Ressalta-se que a eficácia da purgação da mora é para o futuro (ex nunc), de forma que os
efeitos jurídicos até então produzidos deverão ser observados (os juros devidos pelo atraso,
até o dia da emenda, por exemplo).

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As perdas e danos compreendem o valor da indenização devida ao credor, abrangendo


o que ele efetivamente perdeu (dano emergente) e o que razoavelmente deixou de lucrar
(lucro cessante).
No âmbito das perdas e danos, insere-se a cláusula penal (ou pena convencional ou multa
convencional), que é uma obrigação acessória e representa a fixação antecipada do valor das
perdas e danos para a hipótese de descumprimento culposo da obrigação.

A cláusula penal possui duas funções:


• função compulsória ou coercitiva (intimida o devedor, forçando-o ao cumprimento da
obrigação principal); e
• função ressarcitória (estipula o valor da indenização – perdas e danos - antecipadamen-
te, de modo que o credor não precisa provar prejuízo – art. 416 do CC).

A cláusula penal pode ser de duas espécies:


1. compensatória: aplica-se em caso de inadimplemento completo da obrigação (ex: o
show contratado não foi realizado) pelo devedor ou; e
2. moratória: para garantir a execução de alguma cláusula especial (ex: o pintor fez a pin-
tura do apartamento, mas não utilizou a tinta Suvinil) do título da obrigação ou em caso de
atraso (mora) do devedor no cumprimento da obrigação, pelo que o devedor pagará a multa
pelo atraso e cumprirá a obrigação (ex: quando o locatário paga atrasado o aluguel, além do
valor principal deverá ser paga uma multa que é a cláusula penal).

Arras ou sinal é uma quantia ou coisa (bem móvel e fungível) entregue por um dos contra-
entes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento. É possível
apenas nos contratos bilaterais translativos de domínio, dos quais constitui pacto acessório,
ou seja, não existe por si só: depende de um contrato principal.

1. Arras confirmatórias. As arras confirmatórias confirmam o contrato, que se torna obri-


gatório após a sua entrega. Prova o acordo de vontades, não mais sendo lícito a qualquer dos
contratantes rescindi-lo unilateralmente.
2. Arras penitenciais. Podem as partes convencionar o direito de arrependimento. Nes-
te caso, as arras denominam-se penitenciais, porque atuam como pena convencional, como
sanção à parte que se valer dessa faculdade. Acordado o arrependimento, o contrato torna-se
resolúvel, respondendo, porém, o que se arrepender, pelas perdas e danos prefixados modi-
camente pela lei: perda do sinal dado ou sua restituição em dobro. A duplicação é para que o
inadimplente devolva o que recebeu e perca outro tanto.

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10. Contratos em Geral


10.1. Princípios Contratuais
1) Princípio da autonomia de vontade: representa a liberdade das partes estipulando o que
lhes convier.

2) Princípio da função social dos contratos (art. 421 do CC): o contrato por ser um veículo
de circulação de riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista pos-
sui uma função social que é promover a realização de uma justiça comutativa, reduzindo as
desigualdades substanciais entre os contratantes.
3) Princípio da supremacia da ordem pública: significa que a autonomia de vontade é rela-
tiva, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública, ou seja, representa um
limite à liberdade de contratar.
4) Princípio do consensualismo: tal conceito decorre da moderna concepção de que o
contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.
5) Princípio da relatividade dos contratos: baseia-se na idéia de que os efeitos do contra-
to atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vontade em
celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra exceções expressamente consignadas em
lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro e na convenção coletiva de trabalho (o
acordo feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria).
6) Princípio da obrigatoriedade dos contratos: representa a força vinculante das conven-
ções feitas pelas partes contratantes. Já sabemos que ninguém é obrigado à contratar, mas se
o fizer deverá cumprí-lo. Tal princípio tem dois fundamentos:
• necessidade de segurança nos negócios;
• intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da convicção de
que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda).

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7) Princípio da boa-fé: este conceito exige que as partes se comportem de forma correta
não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
Pode ser dividido em duas partes: boa-fé subjetiva (concepção psicológica) e boa-fé objetiva
(concepção ética).

10.2. Vícios Redibitórios


São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa gravidade de uma coisa
que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, como, por exemplo,
os defeitos de uma máquina ou a doença de um cavalo, que o comprador normalmente não
poderia ter percebido no momento da compra.
Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar um vício redibitório:
Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado pode rescindir o contrato e
exigir a devolução da importância paga.
Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti minoris) pode apenas pedir
um abatimento no preço.
Em se tratando de vício redibitório, é a má-fé em omitir o vício ou defeito oculto que acarre-
ta a indenização por perdas e danos.

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ALIENANTE CONHECIA o prejudicado pode exigir a devolução da


O VÍCIO OU DEFEITO importância paga acrescida de perdas
OCULTO e danos

ALIENANTE NÃO
o prejudicado pode exigir apenas a
CONHECIA O VÍCIO OU
importância paga.
DEFEITO OCULTO

O CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da redibição ou do abatimento no


preço. São prazos decadenciais:

BEM MÓVEL 30 DIAS 15 DIAS


Contado SE JÁ Contado da
da entrega ESTAVA alienação
BEM efetiva NA POSSE ↓1/2
01 ANO 6 MESES
IMÓVEL

10.3. Evicção
Consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida,
por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de
terceiro, denominado evictor.
A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo admitida em contrato gratui-
to. Dessa forma, não há que se falar em evicção nos contratos de doação simples e comodato
(empréstimo gratuito de bens infungíveis).

10.4. Extinção do Contrato


O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal ocorre com o seu cumpri-
mento; já a forma anormal ocorre sem que as obrigações tenham sido cumpridas.

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É importante saber a diferença entre resilição e resolução.

RESILIÇÃO RESOLUÇÃO

Ocorre quando há o desfazimento de um Ocorre quando houver um inadimplemento,


contrato por simples manifestação de ou seja, quando uma das partes não cumprir o
vontade de uma ou de ambas as partes. contrato.

Não interessa mais o vínculo contratual. Ainda interessa o vínculo contratual.

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RESILIÇÃO RESOLUÇÃO
A resolução pode decorrer de uma cláusula
A resilição pode ser de dois tipos: expressa ou tácita (art. 474 do CC).
- Bilateral: é o distrato (art. 472 do CC), que - Cláusula expressa: normalmente, os
deve ser celebrado através da mesma forma do contratos trazem uma cláusula resolutiva
contrato original. expressa dizendo que se não for cumprido algo
- Unilateral (art. 473 do CC): é a denúncia que determinado o contrato se resolve. Ou seja,
deve ser notificada para a outra parte. o descumprimento provocará uma resolução
Aplica-se, especialmente, a contratos imediata.
de atividades ou serviços por tempo - Tácita: sem a cláusula resolutiva, o
indeterminado. inadimplemento demanda uma notificação
para a resolução.
Ex: terminar um contrato de linha de celular ou Ex: alugar um apartamento e não pagar as
de canal por assinatura. parcelas de aluguel.

10.5. Teoria da Imprevisão


Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de aconte-
cimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os
efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Tal teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrência de um acontecimento novo e
imprevisível, com impacto na base econômica do contrato, justificaria a sua revisão ou reso-
lução. Entretanto, para que tal acontecimento influencie as bases do contrato, o contrato deve
ser de execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo, uma vez
que se mostraria inútil nos de consumação instantânea.

11. Responsabilidade Civil


11.1. Conceito de Ato Ilícito
A responsabilidade civil corresponde a aplicação de medidas que obriguem alguém a repa-
rar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato ilícito do próprio imputado,
de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de
simples imposição legal.

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A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito ou através de um


abuso de direito. Nas duas hipóteses é necessário que o ato praticado provoque um dano a
outrem, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral).

Podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil:

Mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode não ser obri-
gado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude.

Excludentes de Ilicitude
Legítima defesa Repelir agressão injusta atual ou iminente
Acontece, por exemplo, em casos de práticas
Exercício regular de direito
desportivas
deterioração ou destruição da coisa alheia,
Estado de necessidade ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não
Fato exclusivo da vítima
se formará
O nexo de causalidade se formará com a
Fato de terceiro
conduta do terceiro e não do agente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não
Caso Fortuito ou Força Maior
se formará

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11.2. Organograma da Responsabilidade Civil

11.3. Responsabilidade no Código Civil


1) Responsabilidade dos empresários e empresas por vícios de produtos
Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as em-
presas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos
em circulação.

2) Responsabilidade do incapaz
O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não ti-
verem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. A indenização deverá ser
equitativa e não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Trata-se de uma forma de responsabilidade subsidiária e mitigada em que primeiro res-
ponderá o representante do incapaz com seus bens e, posteriormente, o próprio incapaz.

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3) Responsabilidade por fato de terceiros


São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorren-
te quantia.

4) Responsabilidade por fato de animal


O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior. A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admi-
tindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.

5) Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada


O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

6) Responsabilidade Civil x Responsabilidade Criminal


A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais so-
bre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.

7) Responsabilidade Civil na sucessão


O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. In-
clusive, a Súmula 642 do STJ dispõe que o direito à indenização por danos morais transmite-se
com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar
ou prosseguir a ação indenizatória.

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11.4. Indenização
A indenização deve ser proporcional ao dano provocado.

Entretanto, se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua inde-
nização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do au-
tor do dano.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Tendo em vista que, praticamente, as questões mais recentes da banca FGV já estão comenta-
das nas outras aulas do Curso em PDF, optei por utilizar questões da banca que foram aplica-
das em provas da OAB, mas que possuem uma “pegada” de concurso juntamente com outras
questões da FGV. Sendo assim, vamos a elas.

001. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em
um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200
pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto
para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resga-
tados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobre-
viventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber
como deverá proceder a partir de agora.
Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência
de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua
morte presumida.
b) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que
apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido.
c) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de
prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte
das autoridades competentes.
d) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável
de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no
meio oficial.

002. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Joana e Alcindo, casados sob o regime da comunhão uni-
versal de bens, estavam a caminho de uma festa no litoral da Bahia, quando tiveram o carro
atingido por um caminhão em alta velocidade. Quando a equipe de socorro chegou ao local,
ambos os cônjuges estavam sem vida. Conforme laudo pericial realizado, não foi possível de-
terminar se Joana morreu antes de Alcindo.
Joana, que tinha vinte e cinco anos, deixou apenas um parente vivo, seu irmão Alfredo, en-
quanto Alcindo, que já tinha cinquenta e nove anos, deixou três familiares vivos, seus primos
Guilherme e Jorge, e seu sobrinho, Anderson.
Considerando que nenhum dos cônjuges elaborou testamento, assinale a afirmativa correta.

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a) Tendo em vista a morte simultânea dos cônjuges, Alfredo receberá integralmente os bens de
Joana, e a herança de Alcindo será dividida, em partes iguais, entre os seus herdeiros necessá-
rios, Guilherme, Jorge e Anderson.
b) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio mas como Joana e Alcindo eram ca-
sados em regime de comunhão universal de bens o patrimônio total do casal será dividido em
partes iguais e distribuído entre os herdeiros necessários de ambos, ou seja, Alfredo, Guilher-
me, Jorge e Anderson.
c) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio e a herança de cada um dos falecidos
será dividida entre os seus respectivos herdeiros, razão pela qual Alfredo herdará integralmen-
te os bens de Joana, enquanto Anderson herdará os bens de Alcindo.
d) Diante da impossibilidade pericial de determinar qual dos cônjuges morreu primeiro, aplica-
-se o regime jurídico da comoriência, pelo que se presume, em razão da idade, que a morte de
Alcindo tenha ocorrido primeiro.

003. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no


ensino médio. Em agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma
companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua namorada. Em julho
de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um concurso público, Pe-
dro entrou em exercício no respectivo emprego público.
Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em que cessou
a incapacidade de Pedro.
a) Dezembro de 2011.
b) Agosto de 2012.
c) Janeiro de 2013.
d) Julho de 2013.

004. (FGV/OAB/XVI EXAME/2015) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos,
tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, deci-
dem conferir ao rapaz a sua emancipação.
Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:
a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as con-
dições do tutelado.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologa-
ção judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário proce-
dimento judicial.
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pesso-
as naturais.

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005. (FGV/OAB/XII EXAME/2013) João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publica-
ções literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor
da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse
periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público.
Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta.
a) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão
disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame.
b) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado
a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo públi-
co, independente da sua autorização.
c) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes,
como interrupção de sua utilização e perdas e danos.
d) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representa-
ções que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória.

006. (FGV/OAB/XXXI EXAME/2020) Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre de-
monstrou uma maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é
o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-
-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos.
O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o inte-
resse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de pu-
blicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com
a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar
alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-la,
o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade.
Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta.
a) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescen-
te tem na internet.
b) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular.
c) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de
Pessoas Naturais.
d) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o
que ainda não aconteceu.

007. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2016) Júlia, casada com José sob o regime
da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual des-
tinava metade da parte disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo
a mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens desti-
nados à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade pretendida por

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Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de
insuficiência de bens.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos integralmente entre
Ana e João.
b) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José, Ana e João.
c) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito igual ou seme-
lhante ao amparo de mulheres vítimas de violência obstétrica.
d) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada pelos herdeiros ne-
cessários de Júlia, após a aprovação do Ministério Público.

008. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2013) Os vitrais do Mercado Municipal de


São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram retirados para limpeza e restauração da
pintura. Considerando a hipótese e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta.
a) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as obras, são clas-
sificados como bens móveis.
b) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que o Mercado
Municipal resolva descartar- se deles, serão considerados bens móveis.
c) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes artistas euro-
peus, são classificados como bens fungíveis.
d) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados como bens móveis.

009. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) Arnaldo foi procurado por sua irmã
Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele possui na orla da
praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem
Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência,
propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do
preço não fosse totalmente paga.
Realizado nesses termos, o negócio
a) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.
b) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
c) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado.
d) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João.

010. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) A cidade de Asa Branca foi atingida


por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu
com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena
barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço

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que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de
recorrer a esse tipo de transporte.
Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
a) estado de perigo.
b) dolo.
c) lesão.
d) erro.

011. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Eduardo comprometeu-se a transferir


para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que
a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar,
nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, to-
davia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do
campeonato naquele local.
Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta.
a) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configu-
ra um termo.
b) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição
do imóvel.
c) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula
especial tem natureza jurídica de termo.
d) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma
condição na cláusula especial.

012. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Em um bazar beneficente, promovido


por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro
era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia,
acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido.
Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar manchados
e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era
feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos
elementos essenciais do negócio jurídico.
b) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha
qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta.
c) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento
do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício.
d) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito
se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro.

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013. (FGV/INEA-RJ/ADVOGADO/2013) Jacira, colecionadora de carros antigos, teve um dos


seus carros, um Porsche, ano 1971, danificado por Pedro, quando este manobrava seu veículo
na garagem. Dois meses após a ocorrência do dano, Jacira, que ainda não havia procurado
um advogado para tratar da ação indenizatória, sofreu uma parada cardíaca e veio a falecer,
deixando dois herdeiros.
Considerando o contexto fático descrito e as regras sobre prescrição, assinale a afirmati-
va correta.
a) O decurso da prescrição é interrompido pela morte de Jacira.
b) A prescrição iniciada contra Jacira continua contra seus herdeiros.
c) O decurso da prescrição é suspenso apenas pela morte de Jacira.
d) A pretensão de Jacira é encerrada devido à sua morte.
e) O decurso da prescrição é impedido com a morte de Jacira.

014. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) Marcos caminhava na rua em frente


ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma
torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que
foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado,
impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente.
À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a
Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa.
b) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do
apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato.
c) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente
sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente.
d) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá
alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele.

015. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) João, empresário individual, é titular


de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um shopping-center mo-
vimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como
caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda
feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos
e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória
por danos morais em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.

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a) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediata-
mente por conduta sua.
b) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando
em relação à conduta de Márcia.
c) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verifi-
cação de culpa concorrente de terceiro.
d) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva
de terceiro.

016. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2016) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa


celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem se obrigou a entregar 50 compu-
tadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem
deveria realizar a escolha do bem a ser entregue.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher qual das
prestações entregará a Teresa.
b) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação entregando 50
computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a esco-
lha ao credor.
c) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por entregar a Car-
la 25 computadores e 25 impressoras.
d) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo a
Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes.

017. (FGV/CONDER/ADVOGADO/2013) A respeito das obrigações divisíveis e indivisíveis,


analise as afirmativas a seguir.
I – Em caso de obrigação indivisível, havendo pluralidade de credores, o devedor se deso-
brigará, pagando a todos conjuntamente ou a um, dando este caução de ratificação dos ou-
tros credores.
II – A obrigação que se resolver em perdas e danos não perde a qualidade de indivisível.
III – Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros,
mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Tal critério não se apli-
cará aos casos de transação ou compensação.
Assinale:
a) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente a afirmativa II estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se somente a afirmativa I estiver correta.

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018. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Festas Ltda., compradora, celebrou,


após negociações paritárias, contrato de compra e venda com Chocolates S/A, vendedora. O
objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem en-
tregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário de 50 anos
de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso hou-
vesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu
entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo
que a comemoração já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua
vez, Chocolates S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justifi-
cava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados,
assinale a afirmativa correta.
a) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da
prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória.
b) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idênti-
co ao valor da prestação principal, é abusiva.
c) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada
deve a título de multa.
d) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código
de Defesa do Consumidor.

019. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2019) Maria decide vender sua mobília para
Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após
um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos interna-
mente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias
após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em
um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição
de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a des-
coberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos,
reavendo o preço pago, mais perdas e danos.
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia
ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício.
b) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no
preço, em sendo o vício sanável.
c) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se
limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato.
d) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tar-
de, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa)
dias da tradição.

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020. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) José celebrou com Maria um con-


trato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando
ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito
desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a
terceiro, assinale a afirmativa correta.
a) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo orde-
namento jurídico brasileiro.
b) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sa-
bia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo
bem imóvel.
c) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desco-
nhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos
dela resultantes.
d) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio
jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial.

021. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Marcelo deve R$ 150.000,00


a Cássio, corretor, em razão de um contrato de corretagem. Diante desse fato, Cássio ajuizou
ação de cobrança contra Marcelo, por meio de seu advogado, no foro eleito pelas partes (Co-
marca de Manaus). Nessa ação, houve despacho citatório emitido por juiz incompetente, mas,
mesmo assim, o autor diligenciou a citação do réu.
A respeito da situação apresentada, sobre a pretensão de Cássio contra Marcelo, assinale a
afirmativa correta.
a) O prazo decadencial foi interrompido.
b) O prazo prescricional foi interrompido.
c) O prazo prescricional foi suspenso.
d) O prazo prescricional continuou a correr.
e) O prazo decadencial continuou a correr.

022. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Geraldo, cirurgião renomado,


foi responsável pela operação de Beatriz, que realizou um procedimento para retirada de um
tumor do estômago. No momento pós-operatório, Beatriz veio a falecer por causa alheia à ci-
rurgia, qual seja, uma parada cardíaca, comprovada por necropsia.
A respeito da situação apresentada, é correto afirmar que
a) Geraldo deve reparar os danos causados pela morte de Beatriz, pois sua responsabilização
prescinde de culpa.
b) Geraldo não é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, visto que sua
responsabilidade é subjetiva.

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c) Geraldo não é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, pois sua condu-
ta não guarda nexo causal com o falecimento da paciente.
d) Geraldo é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, por ser a sua respon-
sabilidade integral.
e) Geraldo não é responsável pelos danos que a morte de Beatriz causou, pois, apesar da res-
ponsabilidade objetiva, sua conduta não guarda nexo causal com o falecimento havido.

023. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Publicidade Ltda. divulga con-


teúdo para Chocolates Ltda. há três anos. Por esse serviço, Publicidade Ltda. recebe, ao co-
meço de cada mês, o valor fixo de cinco mil reais. Em dezembro de 2021, Chocolates Ltda.
encontrava-se em débito de três faturas com Publicidade Ltda.
Diante desta situação, Chocolates Ltda. assinou um instrumento particular de confissão de dí-
vida no valor de quinze mil reais, comprometendo-se a pagar para Publicidade Ltda. esse valor
em três parcelas, junto dos outros valores vincendos referentes à continuidade da prestação
de serviço.
Contudo, Chocolates Ltda. não adimpliu a obrigação assumida na confissão de dívida, pelo
que, a respeito da prescrição da pretensão de Publicidade Ltda. exigir o pagamento, é correto
afirmar que
a) por se tratar de reparação civil extracontratual, o prazo prescricional é de três anos.
b) tendo em vista que a hipótese é de enriquecimento sem causa, o prazo prescricional é de
três anos.
c) a pretensão é de reparação civil contratual, a qual prescreve em dez anos.
d) o prazo prescricional é de cinco anos, pois a hipótese cuida de pretensão geral dos profis-
sionais liberais.
e) por se tratar de dívida líquida constante de instrumento particular, o prazo prescricional é de
cinco anos.

024. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) XYZ Materiais Odontológicos


Ltda. fornece peças e realiza manutenção de equipamentos para a Policlínica ABC S/A. Em
uma de suas visitas à Policlínica, XYZ comunicou que a cadeira odontológica usada pela Po-
liclínica não será mais fabricada, razão pela qual a Policlínica adquiriu estoque de peças para
a eventual e futura manutenção do equipamento. Porém, uma semana após a celebração do
negócio jurídico, a Policlínica descobriu não ser verdadeira a notícia de interrupção da produ-
ção da cadeira e tomou ciência de que XYZ utilizava desse expediente com a concorrência, a
fim de aumentar suas vendas.
A respeito da situação apresentada, é correto afirmar que o negócio jurídico celebrado entre
as partes é
a) nulo por simulação.
b) anulável por erro.

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c) nulo por dolo.


d) anulável por dolo.
e) anulável por coação.

025. (FGV/SEFAZ-AM/TÉCNICO DE ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS/2022) Com


relação à disciplina jurídica da responsabilidade civil no Código Civil, analise os itens a seguir.
I – O fato gerador da obrigação de indenizar é ato ilícito, de sorte que não haverá obrigação de
indenizar se não for comprovado o ato ilícito.
II – O fato gerador da obrigação de indenizar é ato ilícito, porém o ordenamento jurídico admite
hipóteses de obrigação de indenizar decorrente de ato lícito.
III – O fato gerador da obrigação de indenizar é o ato ilícito, que pode ser compreendido como
conduta humana voluntária e antijurídica
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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GABARITO
1. c
2. c
3. d
4. a
5. c
6. c
7. c
8. b
9. c
10. c
11. d
12. b
13. b
14. a
15. d
16. b
17. e
18. a
19. a
20. b
21. b
22. c
23. e
24. d
25. d

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GABARITO COMENTADO
001. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em
um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200
pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto
para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resga-
tados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobre-
viventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber
como deverá proceder a partir de agora.
Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência
de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua
morte presumida.
b) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que
apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido.
c) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de
prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte
das autoridades competentes.
d) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável
de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no
meio oficial.

A questão tem fundamento no art. 7º, I do CC, ou seja, trata-se de um caso de morte presumida
sem decretação de ausência.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida de-
pois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Análise das alternativas:


a) Errada. Haveria necessidade de demanda judicial se a morte presumida fosse com decreta-
ção de ausência, o que não é o caso.
b) Errada. O art. 22 do CC atribui sim legitimidade ao Ministério Público, mas nos casos de
morte presumida com decretação de ausência.
c) Certa. Em conformidade com o art. 7º do CC.

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d) Errada. Em desacordo com o art. 7º, § único do CC.


Letra c.

002. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Joana e Alcindo, casados sob o regime da comunhão uni-
versal de bens, estavam a caminho de uma festa no litoral da Bahia, quando tiveram o carro
atingido por um caminhão em alta velocidade. Quando a equipe de socorro chegou ao local,
ambos os cônjuges estavam sem vida. Conforme laudo pericial realizado, não foi possível de-
terminar se Joana morreu antes de Alcindo.
Joana, que tinha vinte e cinco anos, deixou apenas um parente vivo, seu irmão Alfredo, en-
quanto Alcindo, que já tinha cinquenta e nove anos, deixou três familiares vivos, seus primos
Guilherme e Jorge, e seu sobrinho, Anderson.
Considerando que nenhum dos cônjuges elaborou testamento, assinale a afirmativa correta.
a) Tendo em vista a morte simultânea dos cônjuges, Alfredo receberá integralmente os bens de
Joana, e a herança de Alcindo será dividida, em partes iguais, entre os seus herdeiros necessá-
rios, Guilherme, Jorge e Anderson.
b) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio mas como Joana e Alcindo eram ca-
sados em regime de comunhão universal de bens o patrimônio total do casal será dividido em
partes iguais e distribuído entre os herdeiros necessários de ambos, ou seja, Alfredo, Guilher-
me, Jorge e Anderson.
c) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio e a herança de cada um dos falecidos
será dividida entre os seus respectivos herdeiros, razão pela qual Alfredo herdará integralmen-
te os bens de Joana, enquanto Anderson herdará os bens de Alcindo.
d) Diante da impossibilidade pericial de determinar qual dos cônjuges morreu primeiro, aplica-
-se o regime jurídico da comoriência, pelo que se presume, em razão da idade, que a morte de
Alcindo tenha ocorrido primeiro.

A questão é fundamentada no art. 8º do CC:

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Entre os comorientes não há sucessão. Ou seja, Joana não herda de Alcindo e vice-versa.
Análise das alternativas:
a) Errada. O erro é afirmar que Guilherme, Jorge e Anderson são herdeiros necessários de Al-
cindo. O correto seria dizer que são herdeiros facultativos.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

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b) Errada. Novamente, a assertiva está equivocada ao afirmar que os sucessores mencionados


são herdeiros necessários.
c) Certa. Os primos Guilherme e Jorge são parentes na linha colateral em 4º grau, ao passo
que o sobrinho Anderson, por ser parente em 3º grau, tem precedência na ordem de voca-
ção hereditária.
d) Errada. Presume-se que ambos morreram simultaneamente.
Letra c.

003. (FGV/OAB/XX EXAME/2016) Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no


ensino médio. Em agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma
companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua namorada. Em julho
de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um concurso público, Pe-
dro entrou em exercício no respectivo emprego público.
Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em que cessou
a incapacidade de Pedro.
a) Dezembro de 2011.
b) Agosto de 2012.
c) Janeiro de 2013.
d) Julho de 2013.

A questão versa sobre a emancipação que pode ser conceituada como uma forma antecipada
de aquisição da capacidade civil plena.

Art. 5º, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, inde-
pendentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que,
em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Letra d.

004. (FGV/OAB/XVI EXAME/2015) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos,
tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, deci-
dem conferir ao rapaz a sua emancipação.
Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:

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a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as con-
dições do tutelado.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologa-
ção judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário proce-
dimento judicial.
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pesso-
as naturais.

Os tutores não possuem legitimidade para emancipar o tutelado. Nesses casos, a emancipa-
ção deve ser por via judicial.

Art. 5º, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, inde-
pendentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
Letra a.

005. (FGV/OAB/XII EXAME/2013) João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publica-
ções literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor
da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse
periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público.
Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta.
a) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão
disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame.
b) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado
a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo públi-
co, independente da sua autorização.
c) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes,
como interrupção de sua utilização e perdas e danos.
d) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representa-
ções que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória.

A questão tem como fundamento o art. 19 do CC:

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Letra c.

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006. (FGV/OAB/XXXI EXAME/2020) Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre de-
monstrou uma maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é
o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-
-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos.
O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o inte-
resse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de pu-
blicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com
a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar
alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-la,
o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade.
Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta.
a) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescen-
te tem na internet.
b) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular.
c) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de
Pessoas Naturais.
d) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o
que ainda não aconteceu.

Tendo em vista que a emancipação ocorreu por decisão dos pais, caracterizou-se a eman-
cipação voluntária que depende da celebração de instrumento e independe de homologa-
ção judicial.

Art. 5º, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, inde-
pendentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
Letra c.

007. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2016) Júlia, casada com José sob o regime
da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual des-
tinava metade da parte disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo
a mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens desti-
nados à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade pretendida por
Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de
insuficiência de bens.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.

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a) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos integralmente entre


Ana e João.
b) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José, Ana e João.
c) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito igual ou seme-
lhante ao amparo de mulheres vítimas de violência obstétrica.
d) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada pelos herdeiros ne-
cessários de Júlia, após a aprovação do Ministério Público.

Questão com fundamento no art. 63 do CC:

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
Letra c.

008. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2013) Os vitrais do Mercado Municipal de


São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram retirados para limpeza e restauração da
pintura. Considerando a hipótese e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta.
a) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as obras, são clas-
sificados como bens móveis.
b) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que o Mercado
Municipal resolva descartar- se deles, serão considerados bens móveis.
c) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes artistas euro-
peus, são classificados como bens fungíveis.
d) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados como bens móveis.

Conforme os artigos 81, II e 84 do CC.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


II – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Letra b.

009. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) Arnaldo foi procurado por sua irmã
Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele possui na orla da
praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem
Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência,

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propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do
preço não fosse totalmente paga.
Realizado nesses termos, o negócio
a) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.
b) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
c) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado.
d) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João.

Análise das alternativas:


a) Errada. O prazo decadencial para anulação do negócio jurídico com vício de consentimento
e fraude contra credores é de 4 anos. Vide art. 178, II do CC.

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
negócio jurídico;
III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

b) Errada. Não se trata de erro, isto é, de falsa percepção da realidade.


c) Certa. A Simulação é declaração enganosa, visando efeito distinto daquele que pretendido
pelo negócio. Importa na nulidade absoluta, que deverá ser conhecida de ofício pelo juiz ou
requerida por qualquer interessado, conforme art. 168 do CC.

Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou
pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio ju-
rídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes.

d) Errada. Não há que se falar em fraude contra os credores, tendo em vista ser necessário
que, para tal conduta, devedor desfalque maliciosamente e substancialmente seu patrimônio a
ponto de não mais garantir o pagamento de todas as suas dívidas, tornando-se insolvente, em
detrimento dos direitos creditórios alheios.
Letra c.

010. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) A cidade de Asa Branca foi atingida


por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu
com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena
barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço
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que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de
recorrer a esse tipo de transporte.
Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
a) estado de perigo.
b) dolo.
c) lesão.
d) erro.

Os moradores da cidade atingida pela tempestade de grandes proporções com a consequente


inundação das casas e locais de trabalho utilizaram os serviços de transporte oferecidos por
Antônio - premente necessidade. Antônio aproveitando-se dos fatos cobrou o triplo do preço
pelo serviço - prestação manifestamente desproporcional.
Vejamos a previsão do art. 157, caput, do CC:

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Letra c.

011. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Eduardo comprometeu-se a transferir


para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que
a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar,
nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, to-
davia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do
campeonato naquele local.
Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta.
a) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configu-
ra um termo.
b) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição
do imóvel.
c) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula
especial tem natureza jurídica de termo.
d) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma
condição na cláusula especial.

O fato narrado descreve o elemento acidental do negócio jurídico caracterizado como condi-
ção, segundo prevê o art. 121 do CC:

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Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Por se tratar de uma condição suspensiva, o direito somente é adquirido com o implemento
da condição:

Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se
não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Letra d.

012. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Em um bazar beneficente, promovido


por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro
era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia,
acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido.
Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar manchados
e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era
feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos
elementos essenciais do negócio jurídico.
b) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha
qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta.
c) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento
do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício.
d) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito
se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro.

Análise das alternativas:


a) Errada. Em desacordo com o art. 138 do CC.

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias
do negócio.

b) Certa. Em bazares beneficentes, as pessoas, geralmente, pagam valores maiores pelos pro-
dutos com o objetivo de ajudar a causa. Portanto, se alguém oferece quantia elevada em um fa-
queiro comum, não há que se falar em erro. Descarta-se, pois, a figura do vício de consentimento.
c) Errada. Em desacordo com o art. 178, II do CC.

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Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
negócio jurídico;

d) Errada. A hipótese da alternativa é aplicável ao vício de consentimento lesão, conforme


prevê o art. 157, caput, do CC:

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Letra b.

013. (FGV/INEA-RJ/ADVOGADO/2013) Jacira, colecionadora de carros antigos, teve um dos


seus carros, um Porsche, ano 1971, danificado por Pedro, quando este manobrava seu veículo
na garagem. Dois meses após a ocorrência do dano, Jacira, que ainda não havia procurado
um advogado para tratar da ação indenizatória, sofreu uma parada cardíaca e veio a falecer,
deixando dois herdeiros.
Considerando o contexto fático descrito e as regras sobre prescrição, assinale a afirmati-
va correta.
a) O decurso da prescrição é interrompido pela morte de Jacira.
b) A prescrição iniciada contra Jacira continua contra seus herdeiros.
c) O decurso da prescrição é suspenso apenas pela morte de Jacira.
d) A pretensão de Jacira é encerrada devido à sua morte.
e) O decurso da prescrição é impedido com a morte de Jacira.

Questão fundamentada no art. 198, I do CC.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Letra b.

014. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) Marcos caminhava na rua em frente


ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma
torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que
foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado,
impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente.
À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a
Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa.
b) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do
apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato.

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c) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente
sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente.
d) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá
alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele.

De acordo com o art. 938 do CC.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Tal responsabilidade é objetiva, e não admite como excludentes a força maior e o caso fortuito.
Em tal hipótese, não sendo possível identificar o agente, todo o condomínio será ­responsabilizado.
Ressalta-se, por fim, que há direito de regresso contra o real causador do dano identificado
posteriormente. Não sendo possível a identificação do condômino responsável, os prováveis
causadores do dano poderão ser acionados na ação de regresso.
Letra a.

015. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018) João, empresário individual, é titular


de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um shopping-center mo-
vimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como
caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda
feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos
e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória
por danos morais em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediata-
mente por conduta sua.
b) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando
em relação à conduta de Márcia.
c) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verifi-
cação de culpa concorrente de terceiro.
d) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva
de terceiro.

De acordo com os artigos 932, III e 933 do CC.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

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I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do tra-
balho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Letra d.

016. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2016) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa


celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem se obrigou a entregar 50 compu-
tadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem
deveria realizar a escolha do bem a ser entregue.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher qual das
prestações entregará a Teresa.
b) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação entregando
50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a
escolha ao credor.
c) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por entregar a Car-
la 25 computadores e 25 impressoras.
d) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo a
Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes.

Análise das alternativas:


a) Errada. A alternativa trata de obrigação alternativa.
b) Certa. De acordo com o art. 252 do CC:

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

c) Errada. Em desacordo com o art. 252, § 1º do CC.

Art. 252. § 1º - Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte
em outra.

d) Errada. Em desacordo com o art. 254 do CC.

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Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo
ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou,
mais as perdas e danos que o caso determinar.
Letra b.

017. (FGV/CONDER/ADVOGADO/2013) A respeito das obrigações divisíveis e indivisíveis,


analise as afirmativas a seguir.
I – Em caso de obrigação indivisível, havendo pluralidade de credores, o devedor se deso-
brigará, pagando a todos conjuntamente ou a um, dando este caução de ratificação dos ou-
tros credores.
II – A obrigação que se resolver em perdas e danos não perde a qualidade de indivisível.
III – Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros,
mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Tal critério não se apli-
cará aos casos de transação ou compensação.
Assinale:
a) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente a afirmativa II estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se somente a afirmativa I estiver correta.

Análise das assertivas:


I – Certa. Conforme estabelecido no art. 260 do CC.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o de-
vedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I – a todos conjuntamente;
II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

II – Errada. Em desacordo com o art. 263 do CC:

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.

III – Errada. Em desacordo com o art. 262, parágrafo único do CC.

Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas
estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação
ou confusão.
Letra e.

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018. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Festas Ltda., compradora, celebrou,


após negociações paritárias, contrato de compra e venda com Chocolates S/A, vendedora. O
objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem en-
tregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário de 50 anos
de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso hou-
vesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu
entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo
que a comemoração já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua
vez, Chocolates S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justifi-
cava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados,
assinale a afirmativa correta.
a) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da
prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória.
b) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idênti-
co ao valor da prestação principal, é abusiva.
c) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada
deve a título de multa.
d) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código
de Defesa do Consumidor.

O inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação se dá com o descumprimento


ou frustração total no cumprimento da obrigação, sendo impossível cumpri-la.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e
exigir a satisfação das perdas e danos.
Letra a.

019. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2019) Maria decide vender sua mobília para
Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após
um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos interna-
mente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias
após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em
um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição
de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a des-
coberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos,
reavendo o preço pago, mais perdas e danos.

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Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.


a) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia
ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício.
b) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no
preço, em sendo o vício sanável.
c) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se
limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato.
d) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tar-
de, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa)
dias da tradição.

De acordo com o art. 445 do CC.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Letra a.

020. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) José celebrou com Maria um con-


trato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando
ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito
desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a
terceiro, assinale a afirmativa correta.
a) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo orde-
namento jurídico brasileiro.
b) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sa-
bia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo
bem imóvel.
c) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhe-
cendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela
resultantes.
d) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio
jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial.

De acordo com os artigos 448 e 449 do CC.

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Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.
Letra b.

021. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Marcelo deve R$ 150.000,00


a Cássio, corretor, em razão de um contrato de corretagem. Diante desse fato, Cássio ajuizou
ação de cobrança contra Marcelo, por meio de seu advogado, no foro eleito pelas partes (Co-
marca de Manaus). Nessa ação, houve despacho citatório emitido por juiz incompetente, mas,
mesmo assim, o autor diligenciou a citação do réu.
A respeito da situação apresentada, sobre a pretensão de Cássio contra Marcelo, assinale a
afirmativa correta.
a) O prazo decadencial foi interrompido.
b) O prazo prescricional foi interrompido.
c) O prazo prescricional foi suspenso.
d) O prazo prescricional continuou a correr.
e) O prazo decadencial continuou a correr.

De acordo com o artigo 202, I do CC.

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover
no prazo e na forma da lei processual;
Letra b.

022. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Geraldo, cirurgião renomado,


foi responsável pela operação de Beatriz, que realizou um procedimento para retirada de um
tumor do estômago. No momento pós-operatório, Beatriz veio a falecer por causa alheia à ci-
rurgia, qual seja, uma parada cardíaca, comprovada por necropsia.
A respeito da situação apresentada, é correto afirmar que
a) Geraldo deve reparar os danos causados pela morte de Beatriz, pois sua responsabilização
prescinde de culpa.
b) Geraldo não é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, visto que sua
responsabilidade é subjetiva.
c) Geraldo não é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, pois sua condu-
ta não guarda nexo causal com o falecimento da paciente.

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d) Geraldo é obrigado a reparar os danos causados pela morte de Beatriz, por ser a sua respon-
sabilidade integral.
e) Geraldo não é responsável pelos danos que a morte de Beatriz causou, pois, apesar da res-
ponsabilidade objetiva, sua conduta não guarda nexo causal com o falecimento havido.

Para que haja responsabilidade civil, deve restar caracterizado o nexo causal, que representa
uma relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado danoso.
Na hipótese apresentada não há nexo causal entre a conduta do médico e o resultado morte.
Letra c.

023. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) Publicidade Ltda. divulga con-


teúdo para Chocolates Ltda. há três anos. Por esse serviço, Publicidade Ltda. recebe, ao co-
meço de cada mês, o valor fixo de cinco mil reais. Em dezembro de 2021, Chocolates Ltda.
encontrava-se em débito de três faturas com Publicidade Ltda.
Diante desta situação, Chocolates Ltda. assinou um instrumento particular de confissão de dí-
vida no valor de quinze mil reais, comprometendo-se a pagar para Publicidade Ltda. esse valor
em três parcelas, junto dos outros valores vincendos referentes à continuidade da prestação
de serviço.
Contudo, Chocolates Ltda. não adimpliu a obrigação assumida na confissão de dívida, pelo
que, a respeito da prescrição da pretensão de Publicidade Ltda. exigir o pagamento, é correto
afirmar que
a) por se tratar de reparação civil extracontratual, o prazo prescricional é de três anos.
b) tendo em vista que a hipótese é de enriquecimento sem causa, o prazo prescricional é de
três anos.
c) a pretensão é de reparação civil contratual, a qual prescreve em dez anos.
d) o prazo prescricional é de cinco anos, pois a hipótese cuida de pretensão geral dos profis-
sionais liberais.
e) por se tratar de dívida líquida constante de instrumento particular, o prazo prescricional é de
cinco anos.

Primeiramente, deve-se mencionar que o instrumento particular de confissão de dívida inter-


rompeu o prazo prescricional nos termos do art. 202, VI, do CC:

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito
pelo devedor.

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Além disso, como a dívida passou a constar em um instrumento particular, demos aplicar o
prazo do art. 206, § 5º, I do CC:

Art. 206. Prescreve:


§ 5º Em cinco anos:
I – a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
Letra e.

024. (FGV/PREFEITURA DE MANAUS-AM/ADVOGADO/2022) XYZ Materiais Odontológicos


Ltda. fornece peças e realiza manutenção de equipamentos para a Policlínica ABC S/A. Em
uma de suas visitas à Policlínica, XYZ comunicou que a cadeira odontológica usada pela Po-
liclínica não será mais fabricada, razão pela qual a Policlínica adquiriu estoque de peças para
a eventual e futura manutenção do equipamento. Porém, uma semana após a celebração do
negócio jurídico, a Policlínica descobriu não ser verdadeira a notícia de interrupção da produ-
ção da cadeira e tomou ciência de que XYZ utilizava desse expediente com a concorrência, a
fim de aumentar suas vendas.
A respeito da situação apresentada, é correto afirmar que o negócio jurídico celebrado entre
as partes é
a) nulo por simulação.
b) anulável por erro.
c) nulo por dolo.
d) anulável por dolo.
e) anulável por coação.

Questão com fundamento no art. 145 do CC:

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Letra d.

025. (FGV/SEFAZ-AM/TÉCNICO DE ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS/2022) Com


relação à disciplina jurídica da responsabilidade civil no Código Civil, analise os itens a seguir.
I – O fato gerador da obrigação de indenizar é ato ilícito, de sorte que não haverá obrigação de
indenizar se não for comprovado o ato ilícito.
II – O fato gerador da obrigação de indenizar é ato ilícito, porém o ordenamento jurídico admite
hipóteses de obrigação de indenizar decorrente de ato lícito.
III – O fato gerador da obrigação de indenizar é o ato ilícito, que pode ser compreendido como
conduta humana voluntária e antijurídica
Está correto o que se afirma em

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AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Civil I
Dicler Ferreira

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Quando estudamos responsabilidade civil, vemos que o estado de necessidade (art. 188, II do
CC) é uma excludente de ilicitude. Entretanto, ainda que o ato seja lícito, a obrigação de inde-
nizar, nos termos do art. 929 do CC, pode permanecer existindo se a pessoa lesada ou o dono
da coisa não forem culpados pelo perigo.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).
Letra d.

Dicler Ferreira
Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual
Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de
Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-AM. Ministra aulas das
disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.

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