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Geovana Baier

CA Pulmonar de Células não-pequenas


→ O câncer pulmonar abrande um grupo de aromáticos polinucleares, aminas
tumores epiteliais malignos que se originam nas aromáticas, N-nitrosaminas e outros
células que revestem o trato respiratório inferior. compostos orgânicos e inorgânicos.
❖ O CA já foi relacionado ao gás radônio,
→ O CA pulmonar é dividido em duas categorias:
um produto radioativo de decaimento do
❖ Câncer pulmonar de células não urânio. O radônio em si não é perigoso,
pequenas mas as progênies do seu decaimento
❖ Câncer pulmonar de células pequenas emitem partículas alfa que podem
danificar o DNA e causar a indução do CA
→ O CA pulmonar de células não pequenas pulmonar.
(CPCNP) é responsável por mais de 80% de todos ❖ Menos comumente, fatores ocupacionais,
os cânceres pulmonares. especialmente exposição a asbesto,
→ Há três tipos principais de CPCNP que são desempenham um papel significativo na
agrupados ainda em subtipos: etiologia.
❖ Recentemente a poluição do ar mostrou
▪ Adenocarcinoma (40%) – perfil de representar algum risco.
mulheres, jovens, não fumantes. Tem
apresentação mais periférica, sendo mais ≠ Fisiopatologia:
associado ao derrame pleural. → Os três maiores tipos de câncer pulmonar de
▪ Carcinoma de células células não pequenas (CPCNP) são carcinoma
escamosas/epidermoide (30%) – é o mais de células escamosas, adenocarcinoma e
relacionado ao tabagismo. carcinoma de células grandes.
▪ Carcinoma de células
grandes/anaplásico (10%) → Aproximadamente 45% dos CA de pulmão de
células não pequenas tendem a se localizar mais
≠ Epidemiologia: perifericamente nos pulmões. A frequência
❖ Mundialmente, o CA pulmonar é o câncer relativa do adenocarcinoma está aumentando e
não cutâneo mais comum e vem ele é atualmente a histologia mais comum.
aumentando em uma taxa de 0,5% ao → Aproximadamente 25% a 30% dos cânceres
ano. pulmonares são carcinomas de células
❖ O CA pulmonar é o terceiro tipo de câncer escamosas que tendem a afetar as vias aéreas
mais comum na Europa, com o CPCNP centrais.
sendo responsável por cerca de 80 a 85%
de todos os casos de câncer pulmonar. → Em comparação com os adenocarcinomas,
❖ O número de incidência varia muito, mas acredita-se que os carcinomas de células
está correlacionado ao tabagismo escamosas desenvolvam metástases mais
tardiamente na evolução da doença.
≠ Etiologia:
→ Os carcinomas de células grandes,
❖ A exposição ao tabaco é a causa mais responsáveis por cerca de 10% dos cânceres
importante de câncer pulmonar e na pulmonares, são tumores indiferenciados sem
Europa e EUA até 90% dos casos de CA características histológicas típicas de carcinoma
pulmonar são atribuíveis diretamente ao de células escamosas ou de adenocarcinoma e
tabagismo. tendem a surgir centralmente.
❖ A fumaça do tabaco contém diversos
carcinógenos, inclusive hidrocarbonetos
Geovana Baier

→ A nova classificação do adenocarcinoma ❖ Doença pulmonar obstrutiva crônica


esclarece a terminologia para lesões pré- ❖ História familiar
malignas e invasivas precoces. ❖ Exposição ao gás radônio
❖ Idade avançada
• A hiperplasia adenomatosa atípica (HAA) é
❖ Exposição asbesto
uma lesão pré-maligna que geralmente tem
menos de 5 mm de diâmetro e pode aparecer ≠ Rastreio:
como nódulo em padrão de vidro fosco puro na
tomografia computadorizada (TC) ou pode não
estar aparente na TC. É um achado
relativamente comum e incidental. Algumas
lesões da HAA podem evoluir (em geral
lentamente) para adenocarcinoma in situ (ACIS)
e o ACIS pode progredir e se tornar um
adenocarcinoma invasivo. O ACIS é uma lesão
pré-invasiva que pode medir até 30 mm de
diâmetro e aparece tipicamente como pGGN
na TC. O primeiro estádio do ACIS para se tornar
adenocarcinoma invasivo é denominado
adenocarcinoma minimamente invasivo (MIA). → Raio-x NÃO É RASTREAMENTO.
MIA é definido como uma lesão de ACIS dentro → Deve-se colocar: “Solicito TC de tórax de baixa
do qual há uma área de adenocarcinoma dosagem para rastreamento de câncer de
invasivo que mede 5 mm de diâmetro ou menos. pulmão”.
MIA pode estar correlacionado com aspecto de
opacidade em vidro fosco na TC dentro do qual ≠ Manifestações Clínicas:
há uma área sólida medindo menos de 5 mm. → O CA pulmonar pode não manifestar sintomas,
• O carcinoma bronquíolo-alveolar (CBA) isso ocorre por causa da grande reserva
corresponde aproximadamente ao funcional dos pulmões e da ausência de fibras de
adenocarcinoma com padrão lepídico e é dor no parênquima pulmonar.
caracterizado pelo crescimento de células → Os pacientes que apresentam sintomas, são
tumorais ao longo da superfície das paredes decorrentes do crescimento localizado do tumor
alveolares, chamado de padrão lepídico. O dentro do pulmão, incluindo:
correlato na TC é um nódulo subsólido ou
condensação. Quando se apresentam como • Tosse
nódulos subsólidos na TC, o ACIS e o MIA têm um • Dispneia
prognóstico excelente com poucas mortes • Dor torácica
devidas a câncer pulmonar no • Hemoptise
acompanhamento em longo prazo. Podem
→ A tosse é o sintoma mais comum, seguido por
ocorrer lesões multifocais que revelam um
dispneia.
padrão de crescimento lepídico. Alguns desses
pacientes apresentarão múltiplos ACIS síncronos → A hemoptise geralmente consiste em
e, em geral, pelo menos um adenocarcinoma hemoptise, estrias de sangue no escarro ou
associado. pequenos coágulos. É um sintoma relativamente
incomum (se comparado a tosse e dispneia),
≠ Fatores de risco:
mas é mais específico de câncer pulmonar. A
❖ Tabagismo hemoptise maciça é rara.
❖ Exposição ambiental ao tabaco
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→ A invasão da pleura ou da parede torácica Pancoast (tumor do sulco superior) - causa


pode causar dor torácica. erosão do 1º e 2º arco costal, gera dor no
ombro e face ulnar do braço, gera
→ A obstrução das principais vias aéreas pode
síndrome de Horner (miose, ptose,
causar dispneia, sibilância ou pneumonia pós-
enoftalmia, anidrose facial ipsilateral).
obstrutiva.
Além disso, causa síndrome da veia cava
• Uma pneumonia não eliminada superior – gera cefaleia e turgência
rapidamente com antibióticos é motivo de jugular; edema de face e MMSS;
preocupação quanto a câncer pulmonar, circulação colateral torácica.
especialmente em pacientes com história de ➢ Metástases: suprarrenal/ fígado/ ossos/
tabagismo. SNC.
➢ Síndrome paraneoplásica: está
→ Com frequência, o câncer pulmonar se relacionada a 3 síndromes:
dissemina para os linfonodos mediastinais. ❖ Carcinoma Epidermoide:
Sintomas de adenopatia mediastinal são hipercalcemia (relacionado ao
relativamente raros. peptídio PTH) – paciente chega com
• Contudo, uma adenopatia volumosa rebaixamento do nível de
pode causar rouquidão (pinçamento do nervo consciência, desidratado, um QT
laríngeo recorrente), paralisia do diafragma curto.
(pinçamento do nervo frênico), dificuldade de ❖ Adenocarcinoma: desenvolve
deglutição (pinçamento do esôfago) ou osteoartropatia pulmonar
síndrome da veia cava superior, geralmente hipertrófica.
caracterizada por edema facial e dos membros ❖ OAT-CELL: gera síndrome de Cushing
superiores, ortopneia, tosse e distensão venosa (ACTH), SIADH (desenvolve
do pescoço e da parede torácica. hiponatremia), Síndrome de Eaton-
Lambert (miastenia gravis).
→ O câncer pulmonar também pode se
apresentar na forma de tumor do sulco pulmonar ≠ Diagnóstico:
superior (às vezes chamado de tumor de → Tosse persistente com ou sem hemoptise e
Pancoast), sendo dor nos ombros a manifestação perda de peso em um fumante com mais de 50
inicial mais comum. anos são características importantes que devem
• Esses tumores também podem comprimir e ser motivo de alerta para os médicos quanto à
invadir o plexo braquial (causando fraqueza possibilidade de câncer pulmonar.
e/ou atrofia dos músculos intrínsecos da mão, • Entretanto, o câncer pulmonar pode se
parestesias e/ou dor em uma distribuição C8/T1) apresentar sem sintomas, como uma massa
ou a cadeia simpática (causando síndrome de incidental na radiografia torácica ou tomografia
Horner, caracterizada por ptose, miose e computadorizada (TC).
anidrose ipsilateral). Outras apresentações
incluem baqueteamento digital, osteoartropatia → História Clínica: Os sintomas de um tumor
hipertrófica, hipercalcemia de malignidade e primário incluem tosse, hemoptise, dor torácica,
sintomas ou sinais de metástases em outros dor nos ombros e/ou dispneia. Alguns pacientes
órgãos, como ossos e o cérebro. podem apresentar rouquidão derivada da
paralisia do nervo laríngeo recorrente. Os
→ O tumor tem três mecanismos básicos de ação pacientes também podem apresentar sintomas
com quadro clínico para cada uma delas, sendo: inespecíficos, como perda de peso ou fadiga.
➢ Crescimento tumoral: tosse; hemoptise; História de tabagismo, estado nutricional e
dispneia; dor torácica. Síndrome de capacidade funcional (uma avaliação objetiva
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da capacidade do paciente para realizar • Os derrames pleurais podem ser avaliados por
atividades da vida diária) devem ser meio de percussão dos campos pulmonares,
particularmente abordados. A maioria dos demonstrando uma macicez característica.
pacientes desenvolve metástase à distância
• Edema facial e dos membros superiores, veias
durante a evolução de suas doenças. Os sítios
jugulares distendidas e vasos colaterais dilatados
mais comuns de metástase à distância são:
no tórax ou na parede abdominal podem indicar
▪ Pulmões; compressão da veia cava superior.
▪ Fígado;
→ Exames Complementares:
▪ Cérebro
▪ Ossos e, • Radiografia torácica posteroanterior (PA): é
▪ Glândulas adrenais. uma etapa inicial simples e de baixo custo para
avaliar tosse, dor torácica e/ou hemoptise. Em
• Os sintomas dependem dos sítios e da extensão
alguns centros, uma radiografia torácica lateral
do comprometimento. Podem ocorrer dor ou
também pode ser realizada.
fraturas como consequência da metástase
óssea. • TC torácica com contraste: realizada quando
há anormalidades na radiografia. Deve ser feita
• O câncer pulmonar é a causa mais comum de
em pacientes fumantes, que apresentem
metástase cerebral. Sintomas comuns incluem
sintomas preocupantes e uma radiografia
confusão mental, alteração de personalidade,
torácica normal. Realizada em pacientes com
convulsões, fraqueza, déficits neurológicos
hemoptise persistente.
focais, náuseas e vômitos, e cefaleia.
• TC com contraste da região cervical inferior,
→ Exame Físico: A aparência geral do paciente
tórax e do abdome superior é padrão e ajuda a
é importante. Ele pode estar debilitado e com
definir o tumor primário e avaliar a disseminação
dispneia e apresentar evidências de recente
regional.
perda de peso. O pescoço e a fossa
supraclavicular devem ser cuidadosamente → Confirmação patológica: é de grande
examinados à procura de linfadenopatia (a importância antes de se iniciar o tratamento,
ultrassonografia da região cervical pode ser embora em alguns casos isso só seja
usada se estiver disponível). Baqueteamento definitivamente estabelecido quando a lesão é
digital e osteoartropatia hipertrófica podem estar removida cirurgicamente. A escolha do exame a
presentes. Embora o exame pulmonar esteja ser utilizado para obtenção de amostra de
frequentemente normal em pacientes com tecido depende do local da lesão. O objetivo
câncer pulmonar inicial, muitos apresentam um deve ser obter um diagnóstico adequado e
ou mais achados durante a auscultação. Os informações de estadiamento para orientar o
seguintes sintomas são comuns: tratamento com o mínimo de dano e sofrimento
ao paciente.
▪ Sibilância decorrente de doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou ❖ O método mais simples é a citologia do
obstrução brônquica subjacente; escarro, possui alta especificidade, porém
▪ Estertores devido a pneumonia pós- baixa sensibilidade e alto custo. Possui
obstrutiva ou atelectasia; maior probabilidade de confirmar o
▪ Murmúrios vesiculares reduzidos em diagnóstico em lesões centrais do que em
decorrência de obstrução brônquica, lesões periféricas.
derrame pleural e/ou DPOC. ❖ Procedimentos mais invasivos incluem USG
endobrônquica, USG endoscópica e
biópsia por aspiração transtorácica com
agulha.
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❖ A biópsia por aspiração transbrônquica → Biomarcadores tumorais patológicos: A


com agulha das lesões parenquimatosas e testagem para mutações do gene da tirosina
dos linfonodos mediastinais acessíveis é quinase, que codifica o receptor do fator de
hoje amplamente praticada e pode ser crescimento epidérmico (EGFR), e da quinase do
realizada com ou sem auxílio de linfoma anaplásico (ALK) em células tumorais
ultrassonografia endobrônquica. permite considerar a terapia direcionada em um
❖ O uso da ultrassonografia endobrônquica subconjunto de pacientes, especialmente ex-
(EBUS) aumenta o número e os níveis de fumantes leves ou que nunca fumaram e aqueles
nódulos mediastinais que podem ser com histologia não escamosa (isto é,
amostrados, e é mais útil no procedimento adenocarcinoma e carcinoma de células
primário. grandes). Os pacientes com mutações
❖ A broncoscopia padrão é indicada sensibilizadoras do EGFR se beneficiam
quando a TC revela uma lesão acessível preferencialmente da terapia com inibidor de
por meio de broncoscopia e uma biópsia quinase EGFR em relação à quimioterapia, e os
produzirá as informações necessárias para pacientes positivos para ALK se beneficiam
diagnóstico e estadiamento. Se o preferencialmente da terapia com inibidor da
estadiamento é importante (por exemplo, ALK em relação à quimioterapia.
de adenopatia mediastinal), em vez disso
→ Estudos Auxiliares: Deve-se realizar um
realiza-se a ultrassonografia
hemograma completo, exames de coagulação,
endobrônquica. A broncoscopia também
perfil bioquímico e testes da função hepática
é usada para avaliar sintomas pulmonares
(TFHs), inclusive fosfatase alcalina em todos os
novos e/ou inexplicados (por exemplo,
pacientes como exames basais antes do início
hemoptise, sibilância e tosse). A
do tratamento e para detectar síndromes
broncoscopia flexível geralmente requer
paraneoplásicas, como hipercalcemia de
sedação consciente.
malignidade, anemia decorrente do câncer,
❖ A biópsia por aspiração transtorácica com
hiponatremia devido à secreção inadequada do
agulha é, com frequência, necessária em
hormônio antidiurético (HAD) e, raramente,
lesões periféricas inacessíveis por
secreção ectópica do hormônio
broncoscopia. É indicada quando não há
adrenocorticotrófico (ACTH; síndrome de
necessidade de estadiamento detalhado
Cushing, resultando em hiperglicemia e
ou não há nenhum linfonodo nem outras
hipocalemia). Na doença metastática, os níveis
metástases potenciais passíveis de biópsia.
de fosfatase alcalina podem estar elevados,
A biópsia transtorácica apresenta as
indicando possíveis metástases ósseas ou
complicações de hemorragia (0.15%) e
hepáticas.
pneumotórax, 3% das quais precisarão da
inserção de um dreno torácico. Caso haja • Todos os pacientes com câncer pulmonar
derrame pleural, a toracocentese é previstos para receberem radioterapia ou
indicada, seguida por toracoscopia cirurgia torácica devem realizar testes de função
clínica ou cirúrgica se o líquido for pulmonar (TFPs), incluindo VEF1 e capacidade de
negativo. difusão do monóxido de carbono (esta última
❖ A biópsia pleural guiada por TC é a quando a espirometria está anormal ou existe
abordagem de escolha para o dispneia).
espessamento da pleura verificado na TC.
A toracoscopia (clínica ou cirúrgica) é um • O ECG é sempre realizado antes da cirurgia. Ele
método altamente confiável de pode ser realizado se houver doença cardíaca
confirmação tecidual de derrames preexistente ou tolerância ao exercício
pleurais. inesperadamente baixa.
Geovana Baier
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≠ Estadiamento: ≠ Tratamento:

→ TNM: → Variam conforme o estágio do câncer.

• T1: ≤ 3 cm – nódulo • Basicamente o tratamento é cirurgia +


Quimioterapia adjuvante (exceto em N3 e M1).
• T2: >3cm ou brônquio fonte;
atelectasia/pneumonito → O câncer pulmonar de estádio I a IIIA é
potencialmente curável; por isso, a cura do
• T3: >5cm ou PANCOAST
paciente é o objetivo principal.
• T4: ≥7cm ou acometimento de carina, grandes
→ Para pacientes com a doença em estádio IIIB
vasos, esôfago e vértebra.
ou IV, o objetivo do tratamento é reverter,
protelar ou prevenir os sintomas decorrentes de
tumor local ou metastático, à espera de uma
• N1: pega peri-brônquicos e hilares ipsilaterais. resposta incomum, porém acentuada, que é
• N2: Mediastinais ipsilaterais, subcarinas observada em uma pequena minoria da
população.
• N3: Contralaterais, supraclaviculares.
Irressecáveis → CPCNP em estágio inicial (estágio I-II) –
adequado para cirurgia: O tratamento inicial
• M1: Derrame neoplásico ou metástases à deve ser ressecção cirúrgica, de preferência
distância. Irressecáveis.
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realizada por um cirurgião torácico oncológico. • A radioterapia pós-operatória


Para pacientes com reserva pulmonar suficiente, normalmente não é administrada em pacientes
a lobectomia (remoção de um lobo pulmonar com CPCNP em estádio inicial com margens
inteiro) ou pneumonectomia (remoção de um cirúrgicas negativas, mas deve ser considerada
pulmão inteiro) é geralmente preferencial à em pacientes de alto risco com a doença em
ressecção em cunha ou segmentectomia estádio II (aqueles com margens positivas ou
(remoção de um segmento de um lobo), sendo próximas ou envolvimento de linfonodos
esta última associada a uma maior taxa de mediastinais e/ou extensão extracapsular).
recorrência.
→ CPCNP em estágio inicial (estágio I-II),
• O acesso ao tórax é geralmente feito por potencialmente adequado para tratamento não
toracotomia ou técnicas minimamente invasivas cirúrgico com objetivo de cura: devem receber
(por exemplo, cirurgia toracoscópica preferencialmente radiação estereotáxica
videoassistida). Essas técnicas minimamente ablativa (REA), em vez de radioterapia por feixe
invasivas vêm sendo preferidas por exigirem externo convencional, associada a quimio
menos tempo de hospitalização e por estarem adjuvante. Pacientes não adequados para
associadas a menos dor no período pós- cirurgia provavelmente também não são
operatório, podendo ser mais seguras. adequados para quimioterapia. A REA é uma
técnica bem estabelecida que usa menos
• Recomenda-se coleta de amostra ou
frações (3 a 8) com doses de radiação mais altas
dissecção dos linfonodos mediastinais.
por fração. Há boas evidências de sua
• A cirurgia oferece a melhor chance de segurança e eficácia em pacientes com doença
cura nos estádios iniciais do CPCNP, mas pode em estádio inicial, mas comorbidade respiratória
estar associada a uma morbidade significativa. A significativa que os torna inadequados para
taxa de mortalidade em 30 dias é de cirurgia.
aproximadamente 1% a 3% após a lobectomia e
→ CPCNP estágio IIIA, adequado para cirurgia:
de 3% a 6% após a pneumectomia (remoção de
deve-se considerar quimioterapia ou
um pulmão inteiro). As mortalidades em 30 e 90
quimiorradiação pré-operatória. A escolha entre
dias são fortemente influenciadas pela idade,
os muitos esquemas quimioterápicos é complexa
capacidade funcional e tipo de operação.
e precisa ser feita em uma unidade
• Complicações intra e pós-operatórias especializada em oncologia. A cirurgia, de
incluem hemorragia, infecção, isquemia preferência realizada por um cirurgião torácico
cardíaca, AVC, arritmia cardíaca, pneumonia, especialista, é o tratamento padrão para esses
vazamento prolongado de ar, quilotórax, edema pacientes. Em pacientes com reserva pulmonar
pulmonar e fístula broncopleural. suficiente, prefere-se lobectomia ou
pneumonectomia. Em pacientes com idade
• Pacientes com CPCNP completamente avançada ou que apresentem comorbidades, é
removido apresentam risco de evoluir para frequentemente necessária uma cirurgia mais
doença metastática. limitada, como uma ressecção em cunha ou
• Foi demonstrado que a quimioterapia segmentectomia, porém isso está associado a
adjuvante melhora a sobrevida em pacientes uma taxa mais alta de recorrência. O acesso ao
com a doença em estádio I a II (bem como tórax é geralmente feito por toracotomia ou
doença em estádio III) e, atualmente, é técnicas minimamente invasivas (por exemplo,
oferecida rotineiramente a pacientes com a cirurgia toracoscópica videoassistida). Deve-se
doença em estádio IB, quando o tumor é maior considerar quimioterapia, radioterapia ou
que 4 cm, até a doença em estádio IIIB. quimiorradioterapia pré ou pós-operatórias.
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→ CPCNP em estágio IIIA – adequado para caracterizada por dispneia, tosse seca e febre,
tratamento não cirúrgico com objetivo de cura: a ocorrendo de 1 a 6 meses após a conclusão do
radioterapia por feixe externo deve ser tratamento.
administrada em conjunto com a quimioterapia
→ CPCNP em estágio IIIB e IIIC: a maioria dos
combinada à base de platina em uma dose
pacientes nunca será candidata a ressecção
radical, onde a aptidão do paciente e o volume
cirúrgica ou quimioterapia combinada, e seu
e distribuição do tumor permitirem. Em pacientes
tratamento é basicamente o mesmo que o
que não estão sendo considerados para
estágio IV. Para pacientes em boa forma física e
consolidação cirúrgica, a quimiorradioterapia
com lesões ressecáveis e nenhum linfonodo
concomitante é ligeiramente mais eficaz do que
contralateral, a quimioterapia pré-operatória
a quimiorradioterapia sequencial, embora a
deve ser seguida por cirurgia, de preferência
administração de radiação e quimioterapia
realizada por um cirurgião torácico oncológico.
juntas (concomitantemente) também seja mais
Em pacientes com reserva pulmonar suficiente,
tóxica do que administrá-las sequencialmente.
prefere-se lobectomia ou pneumonectomia.
Os efeitos colaterais mais comuns são fadiga,
Quimioterapia pós-operatória é recomendada
eritema/descamação da pele e esofagite. A
se não administrada no pré-operatório. A maioria
maioria dos pacientes desenvolve algum grau de
dos pacientes terá doença inoperável.
esofagite durante o tratamento. A complicação
tardia mais comum é a pneumonite,
Geovana Baier
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