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Módulo – MIA

DE
Laboratório B1 – MIA

Relatório Trabalho 7

“Determinação De Cloreto Por Potenciometria


Direta Usando Um Elétrodo Seletivo”

Diana Santos 113241


Inês Coimbra 112704
Beatriz Madeira 113253
21/03/2024

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➢ Resumo/ Objetivos

Neste trabalho foi determinada a concentração do ião cloreto por meio da técnica de
potenciometria direta usando um elétrodo seletivo e recorrendo a padrões externos.

A técnica de potenciometria direta envolve dois elétrodos. O elétrodo de referência não


depende da solução em análise enquanto o elétrodo indicador permite a passagem pela
sua membrana unicamente do ião em estudo, neste caso o ião cloreto. Ambos os elétrodos
são mergulhados na solução a analisar e a passagem dos iões cloreto da solução para
dentro do elétrodo seletivo gera uma diferença de potencial que depende da concentração
da solução.

Com a utilização de padrões externos e recorrendo ao método dos mínimos quadrados é


possível obter uma reta de calibração com o logaritmo da concentração no eixo x e a
diferença de potencial (mV) no eixo y. Através da reta de calibração e do valor de
potencial da amostra podemos determinar a concentração de cloreto na amostra.

Os principais objetivos desta atividade foram:

o Funcionamento do elétrodo seletivo: Deteta iões específicos na solução,


através de uma membrana seletiva gerando um potencial elétrico proporcional à
concentração do ião alvo (Cl-);
o Enumerar e aplicar os cuidados necessários no manuseamento dos
elétrodos: Armazenamento adequado, limpeza regular e manuseio delicado para
preservar a integridade da membrana seletiva;
o Ajuste da força iónica: Garante que os padrões e a amostra tenham a
mesma força iónica para resultados precisos utilizando aditivos apropriados
(NaNO3);
o Análise quantitativa utilizando o método de potenciometria direta:
Preparação de padrões de concentração conhecida, calibração do elétrodo usando
esses padrões e determinação da concentração de amostra diluída a partir da curva
de calibração;
o Verificação do comportamento Nerstiniano: Plotagem do potencial em
relação ao logaritmo da concentração para confirmar se o elétrodo seletivo segue
o comportamento Nerstiniano.

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➢ Resultados/ Discussão
Começou-se por se preparar uma solução intermédia aproximadamente 0,010 M em ião
Cl- por diluição da solução mãe de NaCl 0,200 M.
Cálculo da massa de NaCl pesada
Solução mãe de NaCl 0,200 M
M(NaCl) = 58,44 g/mol
V= 100 mL
𝑛
𝑐 = ⇔ 𝑛 = 𝑐 × 𝑉 ⇔ 𝑛 = 0,200 × 100 × 10−3 = 0,0200 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝐶𝑙
𝑉

𝑚 = 𝑛 × 𝑀 ⇔ 𝑚 = 0,0200 × 58,44 = 1,169 𝑔 𝑁𝑎𝐶𝑙

Preparação da solução intermédia NaCl 0,010 M em Cl -


ci = 0,200 M; cf = 0,0100 M; Vf = 100 mL
𝑐 𝑓×𝑉 0,010×100 ×10 −3
𝑓
𝑐𝑖 × 𝑉𝑖 = 𝑐𝑓 × 𝑉𝑓 ⇔ 𝑉𝑖 = = = 0,005 𝐿 = 5 𝑚𝐿
𝑐𝑖 0,200

De seguida utilizou-se a solução-mãe e esta diluição da solução-mãe para se obter 6


padrões de concentração conhecida. Seguidamente apresenta-se o cálculo das
concentrações dos padrões 1 e 4, aos quais foram adicionados 25 mL de solução de
NaNO3.
Preparação dos padrões
25 mL NaNO3 1,0 M
Vpadrões = 50 mL
𝑛
𝑐= ⇔ 𝑛 = 𝑐 × 𝑉 ⇔ 𝑛 = 1,0 × 25 × 10 −3 ⇔ 𝑛𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑁𝑂3 = 0,025 𝑚𝑜𝑙
𝑉
𝑛 0,025
𝑐= ⇔ 𝑐 = ⇔ 𝑐 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑁𝑂3 𝑛𝑎𝑠 𝑠𝑜𝑙 .𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = 0,50 𝑀 𝑁𝑎𝑁𝑂3
𝑉 50 × 10−3
Ajuste da força iónica
1 1 1
𝜇 = ∑ 𝑐𝑖 𝑧𝑖2 = [[𝑁𝑎 +] (+1)2 + [𝑁 𝑂3− ] ( −1)2 ] = (2 × ( 0,50)) = 0,50
2 2 2

Padrão 1
𝑉𝑝𝑖𝑝𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜 ×𝑐𝑠𝑜𝑙.𝑚ã𝑒 0,200 × 5
𝑐 × 𝑉𝑝𝑖𝑝𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑐𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 1 × 𝑉 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 ⇔ 𝑐𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 1 = =
𝑉𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 50,00
= 0,02 𝑀

Padrão 4
𝑉𝑝𝑖𝑝𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜 × 𝑐𝑠𝑜𝑙.𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚é𝑑𝑖𝑎 5 × 0,010
𝑐 × 𝑉𝑝𝑖𝑝𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑐𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 4 × 𝑉𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 ⇔ 𝑐𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 4 = =
𝑉𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 50,00
= 0,001 𝑀

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Repetiu-se o mesmo processo para os restantes padrões, tendo-se obtido os resultados de 0,010
M (padrão 2); 0,004 M (padrão 3); 0,00050 M (padrão 5) e 0,0002 M (padrão 6). Os dados
necessários para a preparação destas soluções estão apresentados na Tabela 1

Tabela 1 - Concentrações de cada padrão preparado em função do volume de solução


intermédia e solução-mãe pipetado

Padrão C (solução Volume Concentração


utilizada para a pipetado (M)
preparação dos (mL)
padrões) (M)
P1 0,200 5 0,020
P2 0,200 2,5 0,010
P3 0,200 1 0,0040
P4 0,010 5 0,0010
P5 0,010 2,5 0,00050
P6 0,010 1 0,00020

Preparação da amostra
Para os padrões foi determinada previamente a concentração necessária de eletrólito
forte (NaNO3) de modo que os iões de cloro dos padrões tivessem uma influência
desprezável na força iónica, podendo assim admiti-la como constante. De seguida
iremos calcular o volume necessário de solução de NaNO 3 1 M necessário para µ ser
constante (= 0,50).
𝜇 = 0,50
[𝑁𝑎𝑁 𝑂3 ] = 1,0 𝑀

V = 100 mL
1 1
𝜇= ([𝑁𝑎 + ] (+1) 2 + [𝑁𝑂3− ] (−1)2 ) ⇔ 0,5 = (2𝑐𝑖 ) ⇔ 𝑐𝑖 = 0,50 𝑀
2 2
[𝑁𝑎𝑁 𝑂3− ] = 0,5 𝑀
𝑛 0,05
𝑐 = ⇔ 𝑉 = ⇔ 𝑉 = 0,05 𝐿 ⇔ 𝑉𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑁𝑂3− 1,0 𝑀 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜇 𝑠𝑒𝑟 0.50 = 50 𝑚𝐿
𝑉 1,0

Assim, adicionaram-se 50,00 mL de NaNO3 1,0 M à amostra de modo a se garantir uma


força iónica constante.
Reta de calibração
Neste trabalho foi registado o potencial em mV de cada solução padrão preparada e
traçada uma reta de calibração. Para este efeito, utilizou-se o logaritmo de base 10 da

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concentração de cloreto em cada padrão como a abcissa do gráfico e o potencial
medido como a ordenada. Os dados utilizados remetentes aos padrões encontram-se na
Tabela 2.

Tabela 2 – Dados relativos aos padrões de calibração e potenciais medidos para traçar a
reta de calibração

Log da
Potencial (mV)
Concentração (M) Concentração
P1 0,0002 -3,700 335
P2 0,0005 -3,300 323
P3 0,0010 -3,000 308
P4 0,0040 -2,400 278
P5 0,0100 -2,000 256
P6 0,0200 -1,700 240
Amostra 277

A partir dos dados da Tabela 2, foi possível traçar o gráfico presente na Figura 1

Figura 1- Reta correspondente à análise potenciométrica do cloreto


A equação da reta está na forma y = mx + b, sendo b = 159,22, m = -48,74 e r2 = 0,9939.
Como o coeficiente de determinação (r 2) obtido foi 0,9939, um valor próximo de 1,
conclui-se que os dados se ajustaram adequadamente à reta de calibração. A equação da
𝑅𝑇
reta ajusta-se à equação 𝐸 = 𝐾´ + 2,303 ⋅ 𝑧𝐹 log [𝑀 𝑧 ] , onde x corresponde a log [M z]
e y ao potencial, E.
Com os dados obtidos, procedeu-se ao cálculo dos desvios padrões associados à reta de
calibração (cujos valores se encontram no ficheiro Excel que segue em anexo)

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∑ (𝑦𝑖 − 𝑦𝑐𝑎𝑙𝑐 )2
=√
{𝑖
𝑆𝑦 ⁄ 𝑥 = 5,267
𝑛−2

𝑆𝑦 ⁄ 𝑥
𝑆𝑚 = = 23,27
∑ ( 𝑥𝑖 −𝑥𝑚 )2
{𝑖


{𝑖
𝑥𝑖2
𝑆𝑏 = 𝑆 𝑦 ⁄ 𝑥 √ = 64,59
𝑛 ⋅ ∑ (𝑥𝑖 . 𝑥 𝑚 )2

Avaliação da resposta Nerstiana do elétrodo


De modo a avaliar se o elétrodo apresentava ou não resposta Nerstiana comparou-se o
valor de declive obtido (bexperimental ) com o valor de declive esperado para esta
experiência (bteórico ).
𝑅𝑇 8,314 ⋅ (291)
𝑏𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = 2,303 ⋅ = 2,303 ⋅ = −0,0577 𝑉
𝑧𝐹 ( −1) ⋅ 96485

b experimental = - 0,04874 V
|𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 exp − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑜| |−0,04874 − 0,0577 |
𝐸𝑟𝑟𝑜 (%) = ⋅ 100 = ⋅ 100
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑜 −0.0577
= 15,5 %

O elétrodo não apresenta resposta Nerstiana, pois apresenta um erro superior a 10%, e
uma vez que o declive obtido não está de acordo com o valor tabelado, o que pode ter
sido devido a um erro de preparação de um dos padrões externos, no nosso caso o
padrão 1 que apresenta um valor de potencial um pouco desviado da reta de calibração.
Amostra analisada
A diferença de potencial obtida pela amostra foi de 277 mV. Aplicando a equação da
reta para obtenção da concentração da amostra:
277 = −48,74𝑥 + 159,22 ⇔ 𝑥 = −2,42 = log(𝑐 )
c = 10 – 2,42 = 0,0038 M = 3,8 * 10 -3 M
Desta forma, conclui-se que a concentração da amostra diluída foi de 3,8 * 10 -3 M e a
concentração da amostra original foi de 3,8 * 10 -2, uma vez que a diluição tinha um
fator de 10x (foram pipetados 10,00 mL de amostra para um balão de 100,0 mL). O
valor de log (c) obtido para esta amostra encontra-se relativamente próximo do
centroide da reta:
−3,700−1,700
Centróide = = −1,00
2

Logo não foi necessário executar qualquer diluição uma vez que o valor de potencial
obtido, 277 mV, encontra-se dentro da gama de resposta dos padrões, próximo do
centroide da reta de calibração.
Determinação do intervalo de confiança a 95 % da amostra diluída

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Procedeu-se então ao cálculo do intervalo de confiança para a calibração com padrões
externos:

𝑆𝑦 ⁄ 𝑥 1 1 ( 𝑦0 − 𝑦𝑚 )2
𝑆𝑥0 = ⋅√ + + 2 = −2,956
𝑏 𝑚 𝑛 𝑏 ⋅ ∑ ( 𝑥𝑖 − 𝑥𝑚 ) 2

Considerando t(n-2) = t (4) = 2,776, tem-se como intervalo de confiança de log (c):
𝐼𝐶log (𝑐) ( 95%) = 𝑥0 ± 𝑡(𝑛 − 2) ⋅ 𝑆𝑥0 = − 8,2 ± 0,30

Para se obter a incerteza da concentração da amostra diluída foi necessário recorrer à lei
da propagação das incertezas. Assim, como
Δ𝑐 = ln( 10) ⋅ 10− 𝑥 ⋅ 𝑆𝑥0 = 2,303 ⋅ 10−2,42 ⋅ −2,956 = −0,0258M

𝐼𝐶𝑑𝑖𝑙𝑢í𝑑𝑎 (95%) = 𝑥0 ± 𝑡 (𝑛 − 2) ⋅ 𝑆𝑥0 = 3,8 ⋅ 10−3 ± 2,776 ⋅ (−0,0258)


= (0,0038 ± 0,0754 )

Obteve-se assim um intervalo de confiança para a amostra diluída de 0,0038 ± 0,0754


M.

Determinação do intervalo de confiança a 95 % da amostra diluída


Para se obter o intervalo para a amostra original multiplicou-se o valor obtido e a sua
incerteza pelo fator de diluição: 𝐼𝐶 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 (95 %) = 𝑓𝑑 ⋅ 𝑥0 ± 𝑓𝑑 ⋅ 𝑡 (𝑛 − 2) ⋅ 𝑆𝑥0 = 10 ⋅
3,8 ⋅ 10−3 ± 10 ⋅ 2,776 ⋅ (−0,0258) = ( 0,038 ± 0,072) 𝑀

O intervalo de confiança a 95 % da concentração da amostra original foi (0,038 ± 0,072)


M.

➢ Conclusão
Neste trabalho utilizamos o método de potenciometria direta usando um elétrodo
seletivo para determinarmos a concentração de cloreto na amostra.
Através da reta de calibração construída com o auxílio de padrões externos obtivemos
que a concentração de cloreto na amostra é de 0,038 M, por não termos um valor de
referência não é possível determinar se o valor obtido é exato ou não.
O elétrodo utilizado deveria apresentar resposta Nerstiana, mas isso não se verificou,
pois, o erro entre o valor do declive teórico e o valor do declive obtido foi superior a
10%. Um possível motivo para isso pode ser uma má preparação dos padrões ou uma
leitura incorreta da diferença de potencial.

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➢ Referências Bibliográficas

o Guia de trabalhos práticos - Componente MIA - Laboratório B1-MIA, Universidade


de Aveiro, Departamento de Química, Aveiro. Ano letivo 2023/2024

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