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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO Nº 0002857-67.2017.8.19.0212
JUÍZO DE ORIGEM: OCEANICA REGIONAL NITEROI 2ª VARA
CIVEL
JUIZA PROLATORA DA SENTENÇA: SIMONE RAMALHO NOVAES
APELANTE: CYNTHIA DAFLON PEREIRA
APELADO: BANCO DO BRASIL S. A.

RELATORA: JDS DESEMBARGADORA MARIA AGLAÉ TEDESCO


VILARDO

APELAÇÃO CÍVEL. Relação de consumo. Ação de


obrigação de fazer c/c indenizatória. A autora é
cadeirante e alega dificuldades de locomoção na
agência do Banco para cumprir sua atividade
profissional de advogada e receber um mandado de
pagamento. Sentença de improcedência. Apelo da
autora. O Banco confirma que o elevador não
comportava uma cadeira de rodas e que um
funcionário ajudou a autora na mobilidade. Admite
que a autora não faria por si só a locomoção interna
entre os andares. Capacitismo que é a
discriminação por motivo da condição de deficiência.
Direito concedido a todos os clientes da agência
bancária e não pode ser diferente para Pessoa Com
Deficiência. Normas de acessibilidades previstas na
Lei nº 13.146/15, Estatuto da Pessoa com
Deficiência, não observadas. Artigos 9; 20; 27, da
Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência. Acessibilidade e
mobilidade que se afiguram como direito. As
barreiras devem ser afastadas para a inclusão social
da pessoa com deficiência física. Caracterizado o
dano quando há limites à locomoção. Dano moral
evidenciado de forma substancial por impedir o

MARIA AGLAE TEDESCO VILARDO:16608 Assinado em 25/09/2021 10:22:02


Local: GAB. JDS. DES. MARIA AGLAE TEDESCO VILARDO
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exercício autônomo do exercício profissional. Fixação


do quantum em R$ 7.000,00. DADO PARCIAL
PROVIMENTO AO RECURSO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível em


epígrafe, entre as partes acima indicadas, ACORDAM os
Desembargadores da DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL, por
unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, nos
termos do voto da Relatora.

RELATÓRIO

Recurso tempestivo. Apelante beneficiária da gratuidade de


justiça. (i-279).

Na forma do permissivo regimental, adoto o relatório do juízo


sentenciante, assim redigido:
“Cynthia Daflon Pereira propôs ação de indenização
em face de Banco do Brasil S/A, alegando, em síntese,
que: a) portadora de esclerose múltipla com dificuldade
de locomoção, utiliza cadeira de rodas motorizada que
lhe garante autonomia; b) apesar das diversas
dificuldades de acesso ao público, o banco réu deve
disponibilizar meios aos que lhe procuram; c) o
elevador existente em sua agência bancária não
comporta cadeira de rodas, sendo necessário a retirada
do apoio dos pés e ajuda de terceiros para conseguir
ingressar na agência; d) no dia 21 de março, esteve na
agência para receber mandado de pagamento, já que é
advogada e, após receber a senha, fora informada de
que somente poderia receber o numerário no 1º andar,
sendo necessário se encaminhar ao elevador, com
muita dificuldade; e) não recebeu qualquer ajuda dos
funcionários do banco e sim de terceiros; f) após
chegar ao local que supostamente ocorreria o
pagamento, fora informada de que este seria realizado
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no 2º andar da agência; g) ao chegar no 2º andar,


ainda com a ajuda da mesma pessoa, o mandado não
foi pago, porque não estava no original; h) o problema
poderia ter sido resolvido desde o térreo, mas o banco
não possuía funcionários capacitados para dar-lhe
explicação, fazendo com que viesse a rodar pelo
interior da agência, com muita dificuldade; i) o réu
falhou na prestação do seu serviço, gerou danos, que
devem ser indenizados. Diante de tais fatos, requereu a
procedência do pedido, condenando o réu a
providenciar acessibilidade aos deficientes físicos em
sua agência, bem como condená-lo ao pagamento de
indenização por danos materiais, no valor de
R$20.000,00. Inicial e documentos às fls. 02/24.
Despacho às fls. 27. Emenda à inicial às fls. 29.
Despachos às fls. 32, 38. Contestação e documentos
às fls. 98/141, aduzindo, em resumo, que: a) o autor
informa que apesar das dificuldades encontradas, não
deixou de ser atendido, até porque se locomoveu no
interior da agência, logo, a mesma é acessível; b)
embora o elevador não estivesse reparado na data em
que o autor retornou à agência, fora o mesmo atendido
no térreo, o que demonstra a correção do seu serviço;
c) inexistiu qualquer dano por ventura praticado pelo
banco, a dar ensejo a indenização, motivo pelo qual o
pedido improcede. Audiência de Conciliação realizada
às fls. 146. Despacho às fls. 152. Réplica às fls.
158/199. Despacho às fls. 205. Saneador às fls.
214/215, indeferindo a inversão do ônus da prova.
Despachos às fls. 235, 244. Cópia da decisão proferida
no agravo às fls. 252/258.”

O Juízo a quo, na sentença de i-264, julgou a lide nos seguintes


termos:

“Pelo exposto, julgo improcedente o pedido,


condenando o autor ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios fixados em
R$1.500,00. P. R. I.Com o trânsito em julgado, dê-se
baixa e arquive-se.”

A sentença está assim fundamentada:

“ Busca a parte autora compelir o réu a ressarcir-lhe os


prejuízos morais que alega ter sofrido, por não ter sido
respeita acessibilidade no interior da agência bancária,
uma vez que é portadora de esclerose múltipla, com
dificuldade de locomoção, utilizando-se de cadeira de
rodas motorizada, que lhe garante autonomia.
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Conforme relato da inicial, a autora, que é advogada,


tentou receber um mandado de pagamento em uma
das agências do réu, mas sua locomoção no interior da
agência foi dificultada, primeiro, pelo defeito de um dos
elevadores que permitiria a entrada de sua cadeira,
sendo necessário desmontar para ter acesso aos
andares superiores e, depois, porque além de ficar
rodando de um andar para o outro, por falta de
informação adequada dos funcionários, nenhum lhe
ajudou na locomoção. O réu, por sua vez, negou os
fatos, argumentando conceder acessibilidade aos
portadores de deficiência física, tanto que o autor não
deixou de ser atendido no dia dos fatos. Consoante
determina o Decreto Lei nº 5296/2004, é obrigatório o
atendimento prioritário de pessoas portadoras de
deficiência ou de mobilidade reduzida, determinando
aos estabelecimentos que providenciem a
acessibilidade adequada ao atendimento. De igual
modo, o Município de Niterói editou a Lei nº 2960/2012,
dispondo sobre a obrigatoriedade de as agências
bancárias e congêneres, localizados no Município, a
adaptá-los segundo as normas da ABNT, respeitando o
desenho universal e conforme Decreto Federal
5.296/2004 da Lei de Acessibilidade, de forma a
permitir o livre acesso e uso por pessoas com
deficiência físico-motora e visual e dá outras
providências. Contudo, pela análise dos documentos
trazidos à colação, entendo não ter restado
demonstrado o descumprimento da norma ou qualquer
outra falha do banco réu, a dar ensejo ao pedido de
reparação. Embora o autor alegue não ter sido possível
sua locomoção no interior da agência, em momento
algum afirmou não ter sido atendido. Muito pelo
contrário, inobstante as alegadas informações
errôneas, fazendo com que fosse encaminhado a
setores distintos, o que se pode constar é que se
locomoveu por 03 andares da agência. Não restou, da
mesma forma, comprovado, que não tenha tido ajuda
no interior da agência, já que apesar de ter arrolado
testemunha, desistiu de sua oitiva. Em conclusão,
entendo que ao final da instrução, o autor não
conseguiu provar o fato constitutivo do seu direito, na
forma do art. 373, I, do CPC, a dar ensejo a
procedência do pedido.”

Apelação da autora, no i-274. Sustenta, em síntese, que a


sentença, sem qualquer embasamento, afirmou que a autora não
conseguiu demonstrar o alegado, ou seja, a inviabilidade de acesso a
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cadeirante, incluindo a falta/mau funcionamento e impropriedade dos


elevadores, entretanto, negou perícia e não determinou sequer a
apresentação, pela ré, de relatório de regularidade de funcionamento
dos elevadores; que o evento se deu em 21 de março de 2017 e
a audiência ocorreu no dia 4 de outubro daquele ano,
aproximadamente seis meses depois, tempo em que se perdeu o
contato com a testemunha e que poderia ser suprido com perícia ou
simples visualização do local, no centro da cidade, local bem
conhecido dos moradores e trabalhadores.

Sem contrarrazões (certidão de i-287).

VOTO

O recurso deve ser conhecido, porquanto presentes os


pressupostos de admissibilidade.

Aplicam-se ao caso em exame as disposições previstas na


legislação consumerista, tendo em vista que a Autora e o Réu são
definidos, respectivamente, como consumidora e fornecedor de
serviços, na forma dos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do
Consumidor.

Narra a autora, em sua inicial, que é advogada, com diagnóstico


de esclerose múltipla que dificulta sua locomoção e a faz utilizar
cadeira de rodas. Na agência do Banco réu o elevador em
funcionamento no dia dos fatos não comportava cadeira de rodas.
Não havia outro elevador em funcionamento.

No dia 21/03/2017, ao pegar a senha distribuída no térreo, o


atendente informou que o mandado de pagamento em suas mãos
seria pago diretamente no caixa, no 1º andar; a seguir foi informada
de que deveria ser pago no setor próprio, localizado no 2º andar; que,
já no 2º andar, foi informada que o mandado não poderia ser pago,
somente com o original, a ser pego na Barra da Tijuca e que
retornou, no dia 29/03, com o mandado original e um funcionário se
disponibilizou a atender no térreo.

Necessitou de auxílio de terceira pessoa para poder resolver um


problema que os demais clientes podem resolver sem auxílio. Isso
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porque o deslocamento encontrou obstruções físicas e falta de


adaptação.

A sentença julgou improcedente o pedido autoral, sob o


fundamento de que a autora, em momento algum, afirmou não ter sido
atendida e, apesar de receber informações errôneas dos funcionários,
se locomoveu por três andares da agência.

O que o banco deixou de considerar é que se locomoveu, mas


não por si só, direito previsto na lei para qualquer cidadão. Porém,
para a autora não houve possibilidade e não por usar uma cadeira de
rodas, mas porque o banco deixou de atender às normas legais de
acessibilidade e mobilidade previstas na Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e no Estatuto da
Pessoa com Deficiência.

Dispõe a Lei nº 13.146/2015, Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

“Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e
das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.
(...)
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
I-acessibilidade: possibilidade e condição de alcance
para utilização, com segurança e autonomia, de
espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
edificações, transportes, informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
outros serviços e instalações abertos ao público, de
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida”.

Grifei

A origem desta norma está na Convenção Internacional sobre os


Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007:

Artigo 9

Acessibilidade
305

1.A fim de possibilitar às pessoas com deficiência


viver de forma independente e participar
plenamente de todos os aspectos da vida, os
Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para
assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
ao meio físico, ao transporte, à informação e
comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da
informação e comunicação, bem como a outros
serviços e instalações abertos ao público ou de uso
público, tanto na zona urbana como na rural. Essas
medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de
obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão
aplicadas, entre outros, a: a) Edifícios, rodovias, meios
de transporte e outras instalações internas e externas,
inclusive escolas, residências, instalações médicas e
local de trabalho;

(...)

Artigo 20

Mobilidade pessoal

Os Estados Partes tomarão medidas efetivas para


assegurar às pessoas com deficiência sua mobilidade
pessoal com a máxima independência possível: a)
Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas com
deficiência, na forma e no momento em que elas
quiserem, e a custo acessível;

Grifei

As barreiras devem ser afastadas para a inclusão social da


pessoa com deficiência física. Não se trata de gentilezas ou
amabilidade a serem prestadas pelas empresas e instituições.
Estamos tratando de direitos constitucionais fundamentais da pessoa
humana, sua dignidade.

Resta caracterizado o dano quando cerceada a locomoção de


cliente da instituição bancária, pessoa com mobilidade reduzida,
caracterizando discriminação nos termos da Lei nº 13.146/15, em seu
art. 4º, §1º, vejamos:

“Considera-se discriminação em razão da deficiência


toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por
ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de
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prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o


exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de
pessoa com deficiência, incluindo a recusa de
adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias
assistidas.”

O réu não se desincumbiu do dever social legalmente imposto


de adaptação de suas instalações. Em sua contestação, o banco
confirma que um funcionário ajudou a autora na mobilidade, o que já é
prova de que a pessoa não teria condição de fazer, por si só, um
direito garantido a todas os demais clientes que entram na agência.

O capacitismo é a discriminação e o preconceito social contra


pessoas com alguma deficiência1. Não se olvida que o capacitismo
está enraizado na sociedade, notadamente no que diz respeito à
acessibilidade.

O capacitismo envolve espaços e lugares excludentes às


Pessoas com Deficiência, pois não são planejados para receber estas
pessoas. Portanto, não são somente os termos ofensivos e frases
discriminatórias, piedosas e invasivas.

O IBGE afirma que há 13 milhões e apenas 440 mil profissionais


com deficiência em trabalhos formais, o que pode nos indicar as
inúmeras dificuldades enfrentadas pela Pessoa com Deficiência.
(Acessado no site
https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,capacitismo-pessoas-com-
deficiencia-explicam-o-que-e-e-como-evita-lo,70003478130 em agosto de 2021.)

É relevante a determinação de eliminação de barreiras


arquitetônicas para circulação dos clientes, permitindo acesso aos
espaços de uso coletivo; construção de rampas com corrimãos ou
colocação de elevadores, facilitando a circulação de cadeira de rodas
adaptação de portas e banheiros com espaço suficiente para permitir
o acesso de cadeira de rodas. Adaptações que cabiam ao banco
provar, ônus do qual não se desincumbiu. Ao contrário admitiu que
não cabia no elevador uma cadeira de rodas e não havia outro
elevador disponível.

1 Ana Maria Baila Albergaria Pereira. Universidade de Coimbra, 2008


(https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/8517/1/Ana%20B%20Pereira%20-
%20Tese%20de%20Mestrado%20-%20Vers%C3%A3o%20Final%20com%20Capa.pdf)
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Os danos morais são in re ipsa. Se o banco confirma que no


elevador não cabia a cadeira; o outro estava quebrado e se a autora
não podia fazer tudo por sua conta própria é evidente o dano moral.

A impossibilidade de participação em igualdade de condições


com as demais pessoas, como ocorrida no caso, é fato capaz de
causar intenso constrangimento, além de violar os princípios da
igualdade, da dignidade da pessoa humana e da vedação ao
retrocesso social.

Veja que a autora é advogada e estava dentro da instituição


bancária para receber um mandado de pagamento. Estava cumprindo
sua atividade profissional e se deparou com sérios obstáculos para
seu exercício profissional. Há evidente descumprimento ao previsto no
artigo 27 da Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
Artigo 27

Trabalho e emprego

1. Os Estados Partes reconhecem o direito das


pessoas com deficiência ao trabalho, em
igualdade de oportunidades com as demais
pessoas. Esse direito abrange o direito à
oportunidade de se manter com um trabalho de sua
livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em
ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e
acessível a pessoas com deficiência. Os Estados
Partes salvaguardarão e promoverão a realização
do direito ao trabalho, inclusive daqueles que
tiverem adquirido uma deficiência no emprego,
adotando medidas apropriadas, incluídas na
legislação, com o fim de, entre outros:

Grifei

Este mesmo artigo prevê a determinação de que os Estados-


Partes devem: “f) Promover oportunidades de trabalho autônomo”. A
instituição bancária ré é instituição oficial para o cumprimento dos
mandados de pagamento oriundos de processos judiciais. Desta
forma, deveria zelar pela não discriminação, tomando “as medidas
apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas”, disposição da
Convenção.
308

A falha ocorreu e deve ser indenizada, em razão do notório dano


moral à Pessoa com Deficiência que deixa de exercer seus direitos
legais e até mesmo, de forma digna, a sua profissão.

Deixou-se de cumprir o Estatuto da Pessoa com Deficiência,


pois barreiras obstruíram a participação plena e efetiva da autora na
sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. A
indenização deve ser fixada na forma do Código Civil: art. 944. A
indenização mede-se pela extensão do dano.

Para fins de arbitramento dos danos morais, a doutrina e a


jurisprudência preconizam alguns critérios que devem ser observados
pelo magistrado, tais como a condição econômica das partes, a
gravidade da lesão, sua repercussão e duração, além das
circunstâncias fáticas do caso concreto.

No caso concreto, além da obstrução a uma cliente do banco, a


mesma estava em exercício profissional, portanto o valor indenizatório
deve compreender este diferencial. Seguindo valores fixados em
situação semelhante julgada por este Tribunal, bem como adequando-
o ao fato de que estava em exercício profissional, a indenização deve
ser fixada em de R$ 7.000,00 (sete mil reais).

A corroborar:

79952-50.2016.8.19.0038 – APELAÇÃO. Des(a).


FERNANDO CERQUEIRA CHAGAS - Julgamento:
22/04/2021 - DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER CUMULADA COM INDENIZATÓRIA POR
DANOS
MORAIS. ACESSIBILIDADE DE CADEIRANTE À
AGÊNCIA BANCÁRIA. SENTENÇA QUE
RECONHECEU A ILEGITIMIDADE DA PARTE
AUTORA EM RELAÇÃO AO PEDIDO OBRIGACIONAL
E JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO
INDENIZATÓRIO, CONDENANDO O RÉU AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS NO VALOR DE R$ 5.000,00. 1. Lei nº
13.146/2015. 2.Apelante que não trouxe, em suas
razões recursais, nenhum argumento capaz de infirmar
o fundamento da sentença que reconheceu a falha na
309

prestação do serviço diante da prova oral colhida.


3.Danos morais caracterizados. 4.Valor da indenização
que não merece redução. Súmula 343 desta Corte.
5.Honorários advocatícios sucumbenciais fixados em
consonância com os parâmetros legais. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.

VOTO no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso


para reformar a sentença e julgar parcialmente procedente o pedido
inicial para condenar a ré a pagar o valor de R$ 7.000,00 (sete mil
reais) de indenização por danos morais, com juros contados da data
da citação e correção monetária a partir da data do arbitramento,
condenando o réu ao pagamento das despesas processuais e dos
honorários advocatícios em 10% do valor da condenação.

Rio de Janeiro, Sessão de Julgamento realizada em 16 de setembro


de 2021.

MARIA AGLAÉ TEDESCO VILARDO


JDS DESEMBARGADORA RELATORA

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