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É possível definir liberdade?

você é livre?

temos duas opções de escolha:

» sim, somos livres na medida em que há liberdade de pensamento.

» nem sempre, porque não podemos, por exemplo, não ir à escola, pois é
obrigatório, em certa medida. Então nossa liberdade de escolha é um
pouco ofuscada.

alguém pode ser livre e ao mesmo tempo, não sê-lo?

→ ao considerar que tudo no mundo está destinado a ser de determinado


modo, onde entra a liberdade?

exemplo: a natureza mostra, frequentemente, ter um poder muito mais


avassalador do que os homens e pode determinar grandes devastações,
como secas, tsunamis, enchentes, etc.

qual é a liberdade do homem diante desse poder, por muitas vezes


incontrolável, da natureza?

explicação baseada em determinismo: Deus. Algumas religiões reservam


para Deus o poder de controlar e de determinar os destinos dos seres
humanos.

a liberdade ainda é viável em um mundo já determinado?

Aristóteles estabelece a distinção entre:

» necessidade, ou seja, aquilo que ocorre de modo externo a nós e


condiciona nossa ação.

» contingência, ou seja, aquilo que ocorre sem a nossa escolha deliberada.

tanto o necessário quanto o contingente são opostos à liberdade, segundo


Aristóteles.

→ para ele, a ação de uma pessoa será voluntária (no sentido de que o
sujeito possa ser responsabilizado pelo ato), quando o princípio da ação for
interno ao agente e quando ele reconhecer as circunstâncias que envolvem
a ação e, portanto, o agente puder deliberar sobre qual a melhor forma de
agir.

quando o sujeito é obrigado a fazer alguma coisa (por uma força externa),
Aristóteles classifica a ação como involuntária e considera que o sujeito não
é livre.

para o pensador também não há liberdade quando:

por exemplo, quando uma determinada pessoa ingere veneno pensando em


se tratar de um remédio, devido ao desconhecimento do conteúdo do frasco
ou a algum equívoco no rótulo.

observe:

Calvin precisa lidar com a ausência de liberdade, suas vontades são


restringidas por um impedimento externo, sua mãe.

O que é liberdade segundo Aristóteles?


é o poder que o ser humano possui de escolher a sua ação, dentre
possibilidades oferecidas, a capacidade de deliberar, sem impedimento
externo e decidir qual é a melhor ação possível.
a ação livre é aberta aos contrários, pois aquilo a que se pode dizer “sim”,
também se pode dizer “não”.
se é possível escolher fazer, pode-se também não o escolher.

→ nessa medida, a razão é um elemento crucial, pois é o uso da


racionalidade prática que pode “pesar” os contrários, refletir sobre
vantagens e desvantagens, pôr em uma balança os prós e os contras de
cada possibilidade; isso é a escolha deliberada.

Livre-arbítrio, segundo St. Agostinho

na Idade Média, o homem passa a ser visto como a criatura de Deus, não
mais como um cidadão da polis grega. St. Agostinho, em sua obra, defende
que a vontade humana tem alguns atributos, dentre eles o poder de escolha
racional que se inclina na direção do desejo.

→ o livre-arbítrio é esse poder que Deus concede ao homem para agir


conforme sua vontade, já que todo o resto é obra divina.

Existencialismo

a existência humana se tornará uma questão filosófica e é a partir das


vivências, das escolhas que os sujeitos fazem ao longo de suas vidas, que é
construída a essência humana.

→ essa construção individual só é possível pela liberdade incondicional que


os seres humanos “usufruem”.

tanto as falhas quanto as conquistas obtidas pelo indivíduo são de sua


inteira responsabilidade, são entendidas como o resultado de suas
escolhas (autonomia moral e existencial). Essa liberdade também é
apontada, pelo existencialismo, como produtora da angústia, um
sentimento que, para os existencialistas, é inerente à existência humana.

» existencialismo ateu: uma perspectiva que nega a existência de uma


natureza humana, ou seja, algo que é inerente a todos os indivíduos.
» existencialismo cristão: a defesa de um atributo divino nos seres humanos,
que seria a essência.

Martin Heidegger – desenvolveu a ideia de que os indivíduos poderiam ter


dois tipos de existência: autêntica ou inautêntica. Elas seriam definidas pelo
modo como cada um se comporta em face da morte e das escolhas que faz
ao longo da vida. Heidegger propõe a ideia do dasein (ser-aí) e destaca a
centralidade humana no mundo ao afirmar que “somente o ser humano
existe, os demais seres e objetos são (...)”

Jean-Paul Sartre – o filósofo destacou a liberdade como uma condenação


humana. O aspecto de condenação está intimamente ligado à
responsabilidade pelas suas ações. Para ele, é somente a partir dessas
ações que a compreensão do ser humano é possível.

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