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RESUMO:
Este trabalho foi elaborado com o propósito de apresentar a relação existente
entre liberdade e responsabilidade segundo a logoterapia e como estes dois
elementos podem ser suficientemente poderosos para conferir a existência humana,
sentido. Em dado momento todo ser humano se inquieta a respeito das
possibilidades que tem diante de si, contrastadas com as limitações que também
estão diante de si, este homem se indaga a respeito da sua própria vida, sentido e
existência e por vezes ainda sofre uma pressão social que o quer transformar em
parte de uma massa despersonalizada e sem sentido, e às vezes ele o cede apenas
para se sentir aceito, mesmo quando não se sente realizado.
Há um clamor silente que busca de algum modo configurar as possibilidades
que permitam atribuir sentido à vida diante de uma sociedade tão corrompida e sem
valores em paralelo com o ser humano que é único e irrepetível, e se cada vida é
única. Diante desse contexto buscou-se explicar como a logoterapia pode contribuir,
mesmo com conceitos já estabelecidos e fechados, para uma vida que está aberta,
esperando por ser descortinada e em busca de sentido.
1.INTRODUÇÃO:
CAPÍTULO 1 - LIBERDADE
Um dos livros mais antigos da humanidade, a bíblia, em um dos seus trechos
diz que todas as coisas são permitidas, no entanto, nem todas são convenientes e
ainda acrescenta que não se deve deixar dominar por nenhuma delas. No texto que
para muitos é considerado sagrado, evidencia-se a presença da liberdade e para
seu uso correto, acrescenta-se a responsabilidade; trata-se de um claro
direcionamento que para fazer uso adequado de sua liberdade, o homem necessita,
antes de mais nada, superar seus condicionamentos, passa-se então a considerar
que o homem tem sua parte constitutiva também com base nas respostas que dá a
sua vida de maneira única e intransferível.
O homem não está livre de condições e, em geral, não está livre de algo mas
livre para algo, quer dizer, livre para uma tomada de posição perante todas
as condições: e é precisamente esta possibilidade propriamente humana que
o pandeterminismo de todo em todo esquece e desconhece. (FRANKL,
2019, p.62).
E por isso também sei perfeitamente até onde vai a liberdade do homem,
que é capaz de se elevar acima de toda a sua condicionalidade e de resistir
às mais rigorosas e duras condições e circunstâncias, escorando-se naquela
força que costumo denominar o poder de resistência do espírito. (FRANKL,
2019, p.63)
Os seres humanos estão sendo indagados a todo momento pela vida, que
chama, convoca e convida a responder com liberdade e responsabilidade, sabendo
que a missão é a realização de valores de atitude, criativos e vivenciais. “Sempre e
em toda parte, a pessoa está colocada diante da decisão de transformar a sua
situação de mero sofrimento numa realização interior de valores.” (FRANKL, 1991,
p. 68.).
CAPÍTULO 2 – RESPONSABILIDADE
Uma vez que cada situação na vida constitui um desafio para a pessoa e lhe
apresenta um problema para resolver, pode-se então inverter a questão do sentido
da vida, pois, em compêndio, a pessoa não deveria se perguntar qual o sentido da
sua vida, mas sim, responder a indagação que lhe é feita, pela vida.
Não raro o homem pode optar por fugir de seu lugar irrepetível no mundo e
se misturar na massa para se anular, e, tendo sua identidade confundida pelos
demais, se abstém de usar o pensamento crítico para simplesmente se deixar
conduzir por outrem:
Sendo absorvido pela massa, perde o homem o que lhe é mais próprio e
peculiar: a responsabilidade. Em contrapartida, entregando-se àquelas
missões de que a comunidade o incumbe, por as assumir ou com elas ter
nascido, ganha o homem algo mais, uma responsabilidade adicional. É por
isso que o fugir para a massa representa uma fuga à responsabilidade
individual. (FRANKL, 2019, p. 155)
Pode-se atribuir o termo “reativo” ao homem que foge daquilo que lhe é
propriamente seu destino, ou ainda daquilo que lhe torna propriamente humano, sua
irrepetibilidade. A estes homens está o fado do vazio existencial, ao pressuposto de
buscar prazer e como medida adotada, um afastamento de suas responsabilidades,
acaba o homem por perder junto com a responsabilidade a sua liberdade. Se a
busca pelo prazer se torna o foco central, um paradoxo intrigante se realiza, pois
quanto mais alguém se concentra no prazer, mais ele se esquiva. Como diz Frankl
(2019, p.24), “não se vive mais, como na época de Freud, num ambiente de
frustração sexual, mas de frustração existencial”. Esse vazio interior que habita o
ser humano se manifesta agora por meio do tédio, esse sentimento que revela a
perda da capacidade de lidar com o rotineiro, com o trivial e acaba aportando
erroneamente o ser humano a querer viver algo novo o tempo todo – e mesmo
quem busca esse algo novo, não sabe exatamente o que é ou onde encontrar.
Vê-se então que estão intimamente ligadas ao fato de que sérios danos são
causados à liberdade e à responsabilidade do homem quando o mesmo se dilui na
massa, uma vez que ser pessoa é comprometer-se com decisões que sejam
realização de valores e não mera repetição de atos impensados e impostos pelos
que dominam esse mundo. Para se realizar como pessoa deve-se ter uma
personalidade única que se destaca pela unicidade, e ser pessoa significa ser livre e
responsável:
É totalmente cabível dizer que a realidade humana permite ser moldada com
sentido enquanto ela durar, ou seja, por toda a vida, é um processo e não um único
feito, enquanto há consciência, há responsabilidade pela respectiva resposta que se
dará às questões da vida. Não necessariamente precisa ser um espanto, se for
levado em consideração o marco fundante da condição humana que nada mais é do
que ser consciente e ser responsável (FRANKL, 2022).
CONCLUSÃO
É necessário que o homem agarre o seu destino para que sua liberdade seja
ativada, liberdade e destino caminham de mãos dadas, ao destino é conferido
sentido tal qual a morte e por essas junções dá-se sentido à vida e neste compêndio
o destino de cada um é exclusivo, irrepetível como o homem assim o é, por
consequência essa insubstituibilidade gera a responsabilidade.
É irrefutável a verdade de que o homem é livre, não “livre de”, mas “livre
para”, trata-se de liberdade envolvida por vínculos, ele não está livre do destino
sociológico, biológico, psicológico, mas, está livre para tomada de posição perante
suas circunstâncias. Por esses motivos é que em meio a cenários devastadores o
homem ainda continua com possibilidade de dar respostas e se privado de toda
liberdade exterior, em última análise, ainda há uma liberdade interior, impossível de
ser corrompida se o mesmo não o quiser, é sempre um poder para realizar uma
atitude alternativa frente às condições dadas.
COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes. 39. ed. atual.
Rio de Janeiro: Best Seller Ltda, 2010.
FRANKL, Viktor E. A presença ignorada de Deus. 10. ed. São Leopoldo: Sinodal;
Petrópolis: Vozes, 2007.