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Eduardo A.

Ettori

Dietas Hospitalares
Objetivo: Garantir o fornecimento de nutrientes ao paciente internado, preservando ou recuperando o seu estado nutricional.

Como definir a conduta: Prescrição médica da via oral, avaliação nutricional (todos os parâmetros: bioquímicos, físicos, antropométricos…), anamnese alimentar
(identificação de tolerância e alergia alimentar), diagnóstico nutricional, prescrição nutricional (combinações alimentares) e acompanhamento da aceitação
alimentar.

Possíveis motivos para baixa aceitação das dietas hospitalares: Oferta insuficiente de alimentos, falta de poder de escolha de paciente, tempo gasto para se
alimentar, horário das refeições, erros nas prescrições dietoterápicas (limitações físicas do paciente), temperatura das refeições e ambiência.

Padronização de dietas: Sistematização das condutas, otimização do trabalho do setor de produção e distribuição de refeições, treinamento da equipe com
mais eficácia, possibilita realizar adequações necessárias e assistência nutricional com excelência.

Classificação das dietas


Consistência e texturas: Dificuldades de deglutição, preparo para cirurgia, no pós-operatório e na transição de via de alimentação: enteral/parenteral para oral.
Composição química enriquecida: Maior aporte de algum nutriente.
Restritivas: Que restringem ou excluem algum nutriente.
Condições especiais: Específicas para patologias ou condições clínicas.

Dietas de progressão (Mudança de textura e consistência)


Tipo Composição Indicações Alim. permitidos Alim. evitados
Dieta - Líquidos claros, isenta de lactose, reduzido Pré e pós operatório; preparo Água, chá claro, caldo de sopa coado, suco Café, chimarrão, leite e derivados,
teor de sacarose, ácidos e resíduos. para exame; primeiro passo na natural claro coado (maçã, melão, pera) caldo de leguminosas, caldo de
Líquida - Não atinge as recomendações nutricionais: progressão da alimentação oral; gelatina, água de coco, isotônico, açúcar, ameixa, bebidas gasosas, suco de
Restrita 900 - 1000 kcal/dia. doenças do trato digestório. polímero de glicose, TCM e suplemento frutas ácidas e que promovem
isento de lactose e fibras. resíduos (manga, mamão, uva,
pêssego).

Dieta - Líquidos normais, incluindo sacarose e Etapa de progressão da Leite e bebidas lácteas, iogurte líquido, Alimentos com consistência pastosa
lactose. Fibras modificadas pelo cozimento. alimentação oral, impossibilidade água, chá, sopa liquidificada, caldo de ou sólida e bebidas gasosas.
Líquida - Nutricionalmente incompleta: 1500 - 1600 de receber alimentos sólidos: leguminosa, suco, gelatina, batida de fruta e
Completa kcal/día e 40-60g proteína/dia mastigação ou deglutição; pós sorvete.
- A dieta pode ser enriquecida, quente ou fria é operatório: boca, face, pescoço, e
utilizada espessante. fratura na mandíbula

Dieta - Alimentos líquidos e liquidificados Etapa de progressão da Sopas cremosas, papas, purês, cremes, Alimentos com consistência sólida:
(consistência homogênea). Fibras alimentação oral, impossibilidade alimentos liquidificados, fruta em forma de grão de legumes, legumes e
Líquida modificadas por cozimento. de receber alimentos sólidos: papa ou suco, mingau, batida e sorvete. verduras crus, frutas inteiras,
Pastosa .- 1800 - 2200 kcal/dia e 60 - 80g prot/dia
mastigação ou deglutição; pós sementes e bebidas gasosas.
- Pode ser utilizado espessante.
operatório: boca, face, pescoço, e
fratura na mandíbula

Dieta - Alimentos com modificações de textura: Etapa de progressão da Carne moída, desfiada ou liquidificada, Alimentos duros, carnes inteiras,
Pastosa macios, desfiados e na forma de cremes e alimentação oral; dificuldade de vegetais em forma de purê, suflê ou creme, grãos.
purês. mastigação ou deglutição; arroz papa, massa bem cozida, polenta
- 1800 - 2200 kcal/dia e 60 - 80 prot/dia distúrbios neuromotores. mole, caldo de leguminosa, pão macio,
frutas macias, bolo, papa de bolacha,
iogurte e alimentos
liquidificados.

Dieta - Alimentos com fibras abrandadas, moderada Etapa de progressão da Caldo de leguminosa, frutas sem casca e Frituras, oleaginosas, pimenta e
Branda em resíduos, sem alimentos gordurosos ou alimentação oral: pós operatórios, maduras (banana, pera e mamão), suco condimentos, molhos gordurosos,
flatulentos. (exceto do aparelho digestório), natural coado e diluído, suco concentrado, vegetais flatulentos (repolho, couve-
- 1800 - 2200 kcal/dia e 60 - 90g prot/dia úlceras, gastrites. molho coado ou com pouca gordura, salada flor, rabanete), frutas ácidas, chá
cozida, geleia, leite e iogurte. preto, chocolate, café preto, doces
concentrados e pães com semente.

Dieta sem modificação


Dieta - Distribuição e quantidades normais de todos Pacientes que não necessitam de Todos Nenhum
Normal ou os nutrientes modificações na dieta.
- 1800 - 2500 kcal/dia e 70 - 95g prot/dia
Livre
- 55 - 75% CHO
- 10 - 15% PTN
- 15 - 30% LIP

Dietas Restritivas
Tipo Composição Indicações Alim. permitidos Alim. evitados

Dieta Pobre - Alimentos e preparações com redução Diarréia; obstrução Frutas cozidas com redução de resíduos e Leite, queijos temperados, frutas cruas,
em Resíduos de resíduos, fibras e isenta de lactose. intestinal; pós fibras (maçã, pêra, banana), legumes cozidos alimentos integrais, demais legumes,
- 1800 - 2100 kcal/dia e 60 - 80g operatórios de cólon; (cenoura e chuchu), caldo de leguminosas, alimentos flatulentos (nabo, brócolis, batata-
prot/dia e 10 - 15g fibras/dia fístula do trato suco natural sem resíduos, água de coco, doce, couve chinesa), grãos de leguminosas,
gastrointestinal; fase gelatina, compota de frutas permitidas alimentos gordurosos.
aguda de DM 2
Dieta Pobre - Alimentos e preparações com baixo Situações que exigem Todos com baixo teor de sódio, alimentos in Embutidos, conservas doces e salgadas,
em Sódio teor de sódio, lipídios, colesterol e restrição de sódio, natura. preparações com sal, tempero industrializado,
triglicérides, com aumento do teor de como edema, ascite, carne defumada, conservas, queijos, bolacha
fibras solúveis e insolúveis. Contém até doença cardiovascular. com sal, comida congelada, enlatados e
2g de sal adicional. aditivos a base de sódio.
- 1800 - 2200 kcal/dia e 70 - 95g
prot/dia.

Dieta Hipo - Dieta normal com restrição de Paciente com Nenhum alimento específico Alimentos proteicos serão restringidos de
Proteica alimentos proteicos. hepatopatia que acordo com a gramagem determinada na
- 1800 - 2300 kcal/dia e 30 - 90g necessite de restrição prescrição nutricional.
prot/dia proteica.

Dieta Sem - Alimentos e preparações isentas de Deficiência de lactase, Bebida à base de soja, fórmula isolada de soja Leite, iogurte, queijo, requeijão, creme de leite,
Lactose lactose. ressecado intestinal, ou à base de extrato de soja sem lactose, maionese, ricota, flans, pudins, coalhada,
- 1800 - 2200 kcal/dia e 60 - 85g fase aguda iogurte de soja, leite condensado de soja, sorvete, chocolate, preparações que
prot/dia creme de leite de soja, margarina sem lactose, contenham leite em sua composição.
bolacha sem lactose.

Dieta Pobre - Alimentos ou preparações com teor Pacientes com níveis Vegetais pobres em potássio ou com - Alimentos integrais, oleaginosas, frutos
em Potássio reduzido de potássio e normal em elevados de potássio; conteúdo médio desprezando a primeira água secas, gergelim, gérmen de trigo, soja, ervilha
sódio. insuficiência renal da fervura: berinjela, chuchu, abóbora, seca, feijão, fava, café, erva-mate, chá preto,
- 1800 - 2200kcal/dia até 70 mEq/dia brócolis, acelga, chicória. Arroz, aipim, cereja com calda, cacau, chocolate, calda de
ou 3g/dia de potássio. macarrão, polenta, caldo de cana. Frutas compota, melado, rapadura.
pobres em potássio: abacaxi, acerola, caqui,
figo, bergamota, manga, melancia, morango,
suco concentrado de uva/laranja 20 ml.

Dieta Hipo - Alimentos com baixo teor de Pacientes com Leite desnatado, queijo branco, carne magras Alimentos ricos em gordura animal: banha,
Lipídica colesterol, gordura saturada e com teor dislipidemia; diarréia, cozidas, grelhadas ou assadas, margarina, bacon, nata, manteiga. Queijos amarelos, leite
aumentado de fibras (especialmente esteatorréia, pão integral, frutas, vegetais. Pode ser integral, frituras, biscoitos amanteigados,
solúveis) pancreatite; colecistite. utilizado mix de fibras. produtos de panificação, pele de frango,
- 1800 - 2200 kcal/dia doces, chocolate.
- 50 - 60% CHO - 15% PTN
- 20 - 25% LIP (<7% gordura saturada)
<200mg colesterol
- 20-30g fibra/dia

Dieta para DM - Composição nutricional: 1200 - 2600 Indicações: Diabéticos Hortaliças, legumes, frutas, temperos naturais, Açúcares e doces em geral, embutidos,
kcal/dia tipo I e tipo II pães integrais, leite desnatado ou semi e enlatados, conservas, defumados, alimentos
- 130g/dia de CHO no mínimo lacticínios pobre em gordura, preparações ricos em gordura, frituras, produtos de
- 15-20% prot - 30% Lip assadas, grelhadas e cozidas no vapor. confeitaria com recheio e cobertura.
<300 mg de colesterol Adoçantes: sacarina, aspartame, neotame,
- <7% gord sat. sucralose, acessulfame K. Pode utilizar
- >20g/dia fibras frutose ou maltodextrina com moderação.

Dieta para - Alimentos com consistência normal, Neutropenia severa Pães, vegetais (exceto brócolis e couve-flor) e Ovos crus ou mal cozidos; produtos lácteos
Neutro (exceto brócolis e couve-flor) e frutas (leucócitos totais frutas cozidas, sucos de fruta pasteurizado, não pasteurizados (leite, queijo, manteiga,
branda ou pastosa, composta por abaixo de 500/mm3); sorvete, cereais cozidos, carnes e ovos bem iogurte); sucos de frutas e vegetais frescos e
pênico
cozidas, sucos de fruta pasteurizado, neutropenia leve a cozidas, massa, gelatina e pudins. não pasteurizados; chá mate; carnes cruas ou
alimentos com menor risco de moderada (leucócitos mal cozidas; carnes processadas (salsicha,
contaminação ou ausência de crus. totais entre 500 e bacon, linguiça, mortadela, defumados crus ou
- 1800 - 2500 kcal/dia e 70-95g prot/dia 1500/mm3) mal cozidos); frutas cruas; vegetais crus mal
lavados; mel não pasteurizado; cereais crus ou
mal cozidos; frutas oleaginosas cruas;

Dietas enriquecidas
Dieta rica em - Alimentos de consistência normal, Motilidade intestinal Frutas no mínimo 3x/dia, pães integrais, Nenhum
fibras com elevado teor de fibras solúveis e lenta, constipação e salada crua 2x/dia, pode ser utilizado módulo
insolúveis. Aumento do aporte diverticulose de fibra ou suplemento nutricional rico em
hídrico. fibras.
- 1800 - 2500 kcal/dia
- 70 - 95g prot/dia
>30g fibras/dia

Dieta - Alimentos e preparações com Pacientes que Pode ser enriquecida com módulos Nenhum
hipercalórica e aumento de calorias e proteínas. necessitam de nutricionais ou suplementos HC e HP.
- 2200 - 3000 kcal/dia aumento no aporte
hiperproteica
- 80 - 115g prot/dia proteico e calorico
>30g fibras/dia
Terapia Nutricional nas Cardiopatias

Hipertensão
Epidemiologia: Principal causa de morte no Brasil. 45% por Doença Arterial Coronariana e Insuficiência Cardíaca e 51% por Doença Cerebrovascular.
Prevalência: de 2006 para 2021 foi de 22,6% para 26,3%.
Fisiopatologia:
- Sistema Cardiovascular: Pequena Circulação/Circulação Pulmonar e Grande Circulação/Circulação Sistêmica.
- Regulação da Pressão Arterial: Cardiovascular, neural, renal e endócrino estão envolvidos.

- Contração (Sístole) X Relaxamento (Diástole)


- Débito Cardíaco (Qtd. de sangue ejetado pelo coração durante 1 minuto) + Resistência Vascular Periférica
- Contratilidade e relaxamento do miocárdio - Mecanismos vasoconstritores e vasodilatadores (SN Simpático)
- Volume sanguíneo circulante - Sistema renina angiotensina
- Retorno venoso - Modulação endotelial
- Frequência cardíaca - Espessura da parede das artérias
- Tanto o aumento do DC quanto o aumento da RVP são responsáveis pela HAS.

Mecanismos de regulação da PA:


- Mecanismos Neurais: Sistema Nervoso Autônomo Simpático (Noradrenalina e Adrenalina)
- Aumento da força de contração
- Aumento da frequência cardíaca
- Aumento da velocidade de condução da corrente elétrica
- Aumento do débito cardíaco
- Mecanismos Renais: Sistema Renina Angiotensina
- Sensibilidade ao Sódio:
- Resposta da PA ao consumo de sódio: Sensível ou resistente
- Idosos, obesos, síndrome metabólica, afro americanos e doença renal crônica
- Consumo de sódio e exposição prolongada: Hipertensão
- Excreção renal prejudicada e anormalidade nas trocas entre sódio e cálcio

Fatores de Risco:
- Genético: Pode influenciar de 30 a 50% os níveis de PA
- Idade: Enrijecimento progressivo e perda de complacência das grandes artérias
- Sexo: Homens jovens e mulheres idosas
- Etnia
- Sobrepeso e obesidade
- Ingestão de Sódio e Potássio: (>2g Na e >5g NaCl)
- Sedentarismo
- Álcool: 30g álcool/dia (1 cerveja 600mL / 2 taças de vinho 250mL / 1 dose de destilados 60mL)
● Esse limite deve ser reduzido pela metade quando: baixo peso, sobrepeso ou triglicerídeos elevados.
- Fatores socioeconômicos

Diagnóstico: Baseado em medições repetidas da PA em consultório, em mais


de uma consulta, ou pela medida de PA fora do consultório com MAPA
(medição ambulatorial) e/ou MRPA (medição residencial).

Tratamento: Tem como objetivo o controle da PA através de metas de PA


definidas individualmente.

Alvos:
- Risco cardiovascular baixo ou moderado: 140/90mmHg
- Doença Arterial Coronariana: 130/80mmHg
- Insuficiência Cardíaca ou episódio prévio de Acidente Vascular Cerebral:
130/80mmHg
- Insuficiência Cardíaca ou episódio prévio de Acidente Vascular Cerebral + Doença Arterial Coronariana e Idade Avançada: 120/70mmHg

Tratamento Clínico Não Medicamentoso:


- Tabagismo, perda de peso, padrão alimentar, consumo de bebidas alcoólicas, sódio, controle do estresse e exercício físico.

Tratamento Clínico Medicamentoso: A maioria dos pacientes hipertensos necessitará de fármacos em adição as modificações do estilo de vida
Classes de fármacos anti-hipertensivos:

- Diuréticos: Diminuição do volume circulante e do volume extracelular


- Furosemida, Hidroclorotiazida ou Espironolactona
- Bloqueadores de canais de Ca: Dificultar a contração muscular, diminuindo a RVP
- Anlodipino, Nifedipino, Felodipino, Verapamila
- Inibidores da enzima conversora de angiotensina II
- Captopril, Maleato de Enalapril, Lisinopril
- Bloqueadores dos receptores de AT1 da angiotensina II:
- Losartana, Candesartana, Eprosartana
- Betabloqueadores: Diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas
- Acebutalol, Atenolol, Metoprolol, Propranolol, Timolol e Sotalol

Avaliação Nutricional e Recomendações de Parâmetros Antropométricos


Sociedade Brasileira de Cardiologia:
- IMC < 25 em adultos
- IMC entre 22 e 27 em idosos
- CC < 90cm em homens
- CC < 80cm em mulheres

Terapia Nutricional: Objetivos


- Reduzir níveis tensionais
- Reduzir a morbimortalidade por meio de modificações do estilo de vida
- Alcançar e manter valores de massa corporal
- Prevenir complicações associadas à HAS (IAM, AVE, IC e DR)

Consumo de Sódio:
- Recomendação da OMS para população geral: 5g de sal = 2000mg de sódio (1g de sal = 400 mg de sódio)
- Recomendação da SBC para hipertensos: 2000mg de sódio
- Estratégias para redução do consumo de sal:
- Consumo de alimentos in natura
- Lei 10982/2016 (fornecimento de sal por estabelecimentos)
Padrões Alimentares: Considerados saudáveis e têm sido associados à redução da PA
- Dieta DASH: Rica em verduras, frutas, legumes e laticínios. Estimulado o consumo de cereais integrais, aves, peixes e nozes. Limitado consumo de AG
Sat., carne vermelha, doces e bebidas açucaradas.
- Dieta Mediterrânea: Rica em vegetais, frutas, grãos, cereais integrais, azeite de oliva, nozes, peixe, vinho. Menor consumo de AG Sat. e carne
vermelha.
- Dieta OmniHeart: É uma variação da dieta DASH, sendo que as recomendações para ingestão de sódio, potássio, cálcio, magnésio, fibra alimentar,
ácidos graxos saturados e colesterol são semelhantes. Sugere substituição de 10% de carboidrato por: 10% da quantidade de proteína
(preferencialmente de origem vegetal) ou 10% da quantidade de gorduras insaturadas (8% mono e 2% poli).

Dislipidemias
O que é? Anormalidade nos níveis séricos de lipídios plasmáticos

Classificação etiológica:
- Causas primárias: genética
- Causas secundárias: estilo de vida inadequado, patologias ou medicamentos

Dislipidemia primária: Hipercolesterolemia Familiar (HF)


- Doença genética do metabolismo das lipoproteínas
- Autossômica codominante
- Exame físico

Metabolismo Lipídico:
- Fosfolipídios: estrutura básica da membrana celular
- Colesterol: precursor dos hormônios esteróides, dos ácidos biliares e da vitamina D
- Triglicerídeos: constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes do organismo, sendo depositados nos tecidos adiposo e
muscular. São quebrados em AG livres, mono e diglicerídeos através das lipases pancreáticas para facilitar a absorção intestinal.
- Ácidos Graxos: saturados, mono ou poliinsaturados
- Lipoproteínas: permitem a solubilização e o transporte dos lipídios no meio aquoso plasmático (VLDL, IDL, LDL e HDL)
● Quanto maior a densidade menor a proporção de lipídios
Fisiopatologia: Aterosclerose
- Doença inflamatória crônica
- Origem multifatorial
- Resposta à agressão endotelial vascular: acúmulo de colesterol nos macrofagos (formam-se ainda na infância). A formação da placa aterosclerótica inicia-se
com a agressão ao endotélio vascular.

- Fatores de risco:
● Dislipidemias, Hipertensão, Tabagismo

- Principais complicações:
● Acidente Vascular Encefálico, Doenças Arterial Coronariana, Infarto Agudo do Miocárdio, Doença Arterial Obstrutiva Periférica e Estenose da
Artéria Carótida

Diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio:


- História e exame físico
- Colesterol total, HDL, LDL e Triglicerídeos
- Não HDL (CT-HDL)

Hipercolesterolemia isolada: Aumento isolado do LDL (>160mg/dL)


Hipertrigliceridemia isolada: Aumento isolado do triglicérides (>150mg/dL)
Hiperlipidemia mista: LDL >160mg/dL e Triglicerídeos >150mg/dL
HDL baixo: Redução do HDL (homens <40mg/dL e mulheres <50mg/dL). Isolado ou em associação ao aumento de LDL ou de TG.

Tratamento:
- Estratificação do risco, tratamento e metas terapêuticas.
● Idade em anos, HDL, colesterol total, pressão arterial sistólica não tratada, pressão sistólica tratada, fumo e diabetes
- Terapia nutricional, mudança do estilo de vida, atividade física e cessação do tabagismo

Avaliação Nutricional: História nutricional, método dietético, exame físico, antropometria e composição corporal e exames bioquímicos.
Ácidos Graxos:
Saturados: Sólidos em temperatura ambiente, cadeia média ou cadeia longa
● Aumento do LDL
● Aumento do risco de doenças cardiovasculares
Insaturados: Mono e poliinsaturados, a localização da primeira ligação dupla indica o tipo do AG (Ômega 3, 6 ou 9)
- Ômega 3: Peixes e azeites (EPA e DHA)
- Ômega 6: Castanhas, cacau, sementes e azeites
● Diminuem o risco de arritmia
● Diminuição da agregação plaquetária e da pressão arterial
● Melhoram a função endotelial
● Estabilizam a placa de ateroma e de TG
- Ômega 9: Azeite, nozes, castanhas, amêndoas e abacate
● Melhora os níveis de TG
● Aumenta o HDL
- AG Trans: Presente em alimentos industrializados (formado através da troca de posição do H+ na dupla ligação da cadeia carbônica)
● Aumento do colesterol total
● Aumento do LDL
● Diminuição do HDL
● Aumento de risco para doença cardiovascular
- Colesterol: Carne suína, carne bovina, carne de frango, ovos, leites e derivados.
● Maior incidência de aterosclerose
● Ovo de galinha:
- Excelente fonte de folato, riboflavina, selênio, colina e vitaminas A, D, E, K e B12.
- Sais minerais, como: ferro, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio e iodo.
- Além de ser uma proteína de alta qualidade.
- Fonte de colesterol de 50 a 250mg (Para auxiliar o controle de colesterolemia o consumo deve ser de <300mg/dia)

Terapia Nutricional: Objetivos


- Controle dos níveis alternados de lipídios e lipoproteínas
- Mudanças no estilo de vida e promoção da saúde por meio da manutenção/redução do peso corporal, práticas de atividades físicas, cessação do
tabagismo e consumo controlado de bebidas alcoólicas
- Redução do consumo de gordura saturada, colesterol, gordura trans e carboidratos simples
- Aumento do consumo de gorduras monoinsaturadas, poliinsaturadas e fibras (principalmente solúveis)
- Educação alimentar

Dislipidemias: Restrição calórica para perda de peso de 300 - 500 kcal/dia


Hipercolesterolemia:
- Substituição parcial dos AG saturados por mono e poliinsaturados
- Exclusão total dos AG trans
- Estímulo ao maior consumo de fibras solúveis e uso de fitoesteróis

Hipertrigliceridemia:
- Controle do peso corporal
- Redução da ingestão de bebidas alcoólicas, açúcares e carboidratos
- Substituição parcial de AG saturados por mono e poliinsaturados
- Inclusão de ômega 3

Perda de peso:
- Diminui de 5 a 10% do peso basal melhora as alterações lipídicas
- Diminui 20% da concentração plasmática de TG

Recomendações:
- CHO: 45 a 60%
● Aumento do consumo de: frutas, vegetais, legumes, cereais integrais e alimentos de baixo IG
● Consumo de fibras de 25g/dia, Psyllium de 7 a 15g/dia e consumo reduzido de frutose para controle de TG

- PTN: 15 a 20%
● Preferir cortes de carnes magras
● Leite e derivados reduzidos em gorduras
- LIP: 25 a 35%: (Hipertrigliceridemia grave no máximo 10% VET)

Hipercolesterolemia:
- AG saturados <7%
- AG poliinsaturados (Ômega 3 e 6) 5 a 10%
- AG monoinsaturados 15%

Hipertrigliceridemia:
- AG saturados <5%
- AG poliinsaturados (Ômega 3 e 6) 10 a 20%
- AG monoinsaturados 20%

Fitoesteróis: redução da absorção de colesterol principalmente por comprometimento da solubilização intraluminal


- Estudo com consumo de 2g mostrou a relação contínua de dose resposta e reduziu LDL em 9,3% e CT em 8,2%

Bebida alcoólica: O consumo não é recomendado para indivíduos com hipertrigliceridemia

Atividade física: Recomendações: 40min de 3 - 4x/semana (AHA), 30min/dia (ESC) e 60min de 3 - 5x/semana (SBC)
- Melhora a estrutura e função vascular
- Aumenta os níveis de HDL
- Reduz os níveis de TG

Mudança do estilo de vida:


- Redução de peso (+++)
- Redução da ingestão de bebidas alcoólicas (+++)
- Redução da ingestão de açúcares simples (+++)
- Redução da ingestão de carboidratos (++)
- Substituição parcial de AG saturados por mono e poliinsaturados (++)
- Aumento da atividade física (++)
Tratamento Medicamentoso:
- Estatinas (LDL, VLDL)
- Ezetimiba (Inibe absorção intestinal)
● Indicado para pacientes com intolerância às estatinas
- Resinas (Reduz absorção enteral de ácidos biliares)
● Indicado quando a meta de LDL não é obtida apesar do uso de estatinas potentes em doses efetivas
- Fibratos
● Atuam predominantemente nos TG

Insuficiência Cardíaca
Incapacidade do coração de bombear sangue de forma a suprir as necessidades dos tecidos (alterações estruturais e funcionais)
IC Crônica: progressiva e persistente (paciente graves têm indicação de Tx Cardíaco)
IC Aguda: alterações rápidas de sinais e sintomas com necessidade de terapias mais urgentes

Classificação: fração de ejeção do ventrículo esquerdo a cada sístole , gravidade dos sintomas e tempo de progressão da doença

Fisiopatologia: A IC é a via final comum da maioria das cardiopatias e diminui o débito cardíaco (menos sangue sendo bombeado)
Principais causas:
- Mioc. restritiva: rigidez das paredes dos ventrículos
- Valvopatia: mal funcionamento das válvulas cardíacas
- Mioc. isquêmica: doença arterial coronariana
- Hipertensão….

Sintomas:
- Falta de ar e cansaço aos esforços
- Edema nas pernas, tornozelos e pés
- Batimento cardíaco rápido ou irregular
- Reduzida tolerância ao exercício
- Ascite
- Falta de apetite e náusea
- Edema agudo do pulmão

Diagnóstico:
- Detecção de sinais clínicos
- Ecocardiograma transtorácico
- Peptídeos natriuréticos
- Avaliação etiológica (investigação de causas e origem do quadro de IC)

Tratamento Medicamentoso: vai depender da etiologia e complicações da IC

Tratamento Clínico: Terapia de ressincronização cardíaca e cardiodesfibrilador implantável

Tratamento Clínico Não Medicamentoso:


- Programas multidisciplinares de cuidado
- Restrição hídrica
- Restrição de sódio
- Dieta e perda de peso
- Reabilitação cardiovascular

Avaliação Nutricional:
- História nutricional: Perda de apetite, redução do consumo alimentar, saciedade precoce e cansaço ao se alimentar
- Método dietético: Monotonia, alimentos pouco nutritivos e mudança de consistência
- Exame físico: Depleção de massa muscular e tecido adiposo, desidratação, edema MMII e ascite e dispneia
- Antropometria e composição corporal: IMC, depleção de massa muscular e tecido adiposo
- Exames bioquímicos: Hipoalbuminemia (<3,4g/dL) e manutenção das comorbidades

Risco nutricional: MAN - maior associação com risco de mortalidade


Diagnóstico de desnutrição: ASG - Mais específica
Terapia Nutricional: Objetivos
- Manutenção adequada do peso seco
- Tratamento de comorbidades

Recomendações:
Energia: Gasto energético basal pode ser maior, principalmente na caquexia e deve ser ajustada para o peso desejável
Eutróficos: 28 kcal/kg/dia
Desnutridos: 32 kcal/kg/dia

Obesidade e risco de IC: A perda de peso reduz o risco cardiovascular


Obesidade e IC nos estágios iniciais: A perda de peso ajuda a manejar sintomas, principalmente se o IMC for > 35kg/m²
Obesidade e IC nos estágios avançados: Paradoxo da obesidade
Desnutrição: Suplementação

CHO: 50 - 55%
PTN: 1,1g/kg/dia (caquexia)
LIP: 1g/dia (EPA + DHA) redução da mortalidade e número de hospitalizações
Sódio: Consumo em excesso causa hipervolemia, por isso é sugerido <2g Na/dia
Água: Restrição hídrica gera uma redução da hipervolemia, por isso é sugerido de 1 - 1,5L/dia
Padrão alimentar: Plant-based, DASH e restrição de sódio

Infarto Agudo do Miocárdio


Maior causa de morte no país: Troponina - Indicador de injúria do miocárdio
CRM: Cirurgia de revascularização do miocárdio

Diagnóstico:
- Caracterização da dor torácica e angina
● Dor retroesternal (esforço) com irradiação para ombro, pescoço ou braço esquerdo e atenuada por repouso < 10 min
- História pregressa
- Fatores de risco para DAC: HAS, diabetes, dislipidemia, história familiar e tabagismo
- Eletrocardiograma
- Troponinas
- Estratificação de risco

Tratamento Clínico Medicamentoso:


Terapia anti-isquêmica: Reduzir o consumo de oxigênio (FC e PA) e aumentar a oferta de oxigênio
- Nitratos: Efeito vasodilatador, reduz o retorno venoso e reduz o consumo de oxigênio pelo miocárdio
- Betabloqueadores: Reduz FC, PA e contratilidade miocárdica e reduz o consumo de oxigênio pelo miocárdio

Terapia antitrombótica inicial:


- Anti plaquetários: AAS, Prasugrel, Ticagrelor e Clopidogrel

Tratamento Clínico:
- Intervenção coronária percutânea (angioplastia)
- Cirurgia de revascularização do miocárdio

Avaliação Nutricional:
- Triagem de Risco Nutricional
- Nível Assistencial
- Avaliação Nutricional: História nutricional, método dietético, exame físico, antropometria e composição corporal e exames bioquímicos
- Diagnóstico de Nutrição
- Intervenção de Nutrição
- Acompanhamento de Nutrição

Terapia Nutricional: Objetivos


- Manutenção dos níveis plasmáticos adequados de lipídios e lipoproteínas
- Manutenção do peso corporal adequado
- Manutenção da pressão arterial em níveis normais

Recomendações:
CHO: 50 - 55% de preferência integrais com baixo IG
PTN: 15 - 20% de preferência de alto valor biológico
LIP: 25 - 30% (<10% Poli, <20% Mono, <7% Sat, <1% Trans e < 200mg Colest.)

Manejo Hospitalar:
- Pós IAM: Jejum nas primeiras 4 a 12h após o diagnóstico
- Paciente hemodinamicamente estável: Via, tipo de dieta e consistência
- Paciente hemodinamicamente instável: Crítico

Acidente Vascular Cerebral


A interrupção da irrigação sanguínea e consequente falta de glicose e oxigênio necessários ao metabolismo, provocam uma diminuição ou interrupção da
atividade funcional na área do cérebro afetada, sendo a segunda maior causa de morte no mundo.

Epidemiologia: Idade (75 a 89% após 65 anos, gênero, etnia, populações, socioeconômico e subtipo do AVC determina sua incidência e sua prevalência

Fisiopatologia:
- AVC Isquêmico (80%): Um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro.
- AVC Hemorrágico (20%): O sangramento ocorre dentro ou ao redor do cérebro.

Fatores de risco: HAS, dislipidemia, obesidade, idade >60 anos, DM e história familiar

Diagnóstico:
- Exame físico: Dor de cabeça, fala confusa, desmaio, visão turva, fraqueza em um lado do corpo e incapacidade de fechar o olho
- História clínica direcionada
- Exame de imagem: Tomografia computadorizada
Tratamento Clínico:
AVC Isquêmico:
- PA: de forma geral, não deve ser tratada devido à contribuição para a manutenção da pressão de perfusão cerebral
- Trombólise: deve ser feita nos pacientes com AVCI sem contraindicações e instalação do déficit neurológico menor de 4,5

AVC Hemorrágico:
- A PAM deve ser mantida < 130 mmHg;
- Controle da pressão intracraniana
- Sedoanalgesia: midazolam/fentanil/propofol, morfina
- Avaliação com neurocirurgião

Reabilitação Pós AVC: Fisioterapia e Terapia ocupacional, Fonoaudiologia e Nutrição

Avaliação Nutricional:
- Triagem de Risco Nutricional: MUST
- Nível Assistencial
- Avaliação Nutricional: História nutricional, método dietético, exame físico (disfagia), antropometria e composição corporal e exames bioquímicos
- Diagnóstico de Nutrição
- Intervenção de Nutrição
- Acompanhamento de Nutrição

Terapia Nutricional: Objetivos


- Evitar e/ou reverter o estado de desnutrição, o qual está associado a piores desfechos
- Contribuir para o aumento da eficácia da reabilitação por meio de seus efeitos positivos no funcionamento físico e mental

Recomendações:
CHO: 50 - 55%
PTN: 15 - 20% (>1g/kg)
LIP: 25 - 30%
Via de alimentação: Oral, enteral ou parenteral (avaliação fonoaudióloga)
- O tratamento e a reabilitação pós-AVC dependerão das particularidades de cada caso
- A atuação de uma equipe multiprofissional é fundamental no tratamento das sequelas do AVC

Terapia Nutricional nas Pneumopatias

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença comum, prevenível e tratável, caracterizada pela obstrução progressiva e persistente das vias
aéreas, pela presença de sintomas respiratórios e pela limitação fluxo de ar e associada à resposta inflamatória.

Fatores de risco:
- Tabagismo (ativo e passivo)
- Fatores ambientais (exposição ocupacional e poluição)
- Fatores genéticos
- Infecções respiratórias, asma, desenvolvimento pulmonar…

Sintomas:
- Tosse crônica
- Dispneia
- Expectoração mucóide + exposição aos fatores de risco

Diagnóstico:
- Espirometría (Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo / Capacidade Vital Forçada < 0,70 pós broncodilatador)
- Confirma a presença de limitação persistente do fluxo de ar e, então, da DPOC

COPD Assessment Test: A pontuação total varia de 0 a 40 pontos, no qual valores maiores representam pior estado de saúde.

Exacerbação: Piora aguda dos sintomas respiratórios, levando à modificação do tratamento regular.
- Leve: Broncodilatador de ação curta
- Moderada: Broncodilatador de ação curta +ATB ou corticosteróides
- Grave: Necessidade de hospitalização ou atendimento de urgência

Fatores de risco para exacerbações frequentes incluem (>2 eventos por ano):
- Piora na função pulmonar
- Piora na capacidade funcional
- Piora na qualidade de vida
- Aumento da mortalidade
- Aumento de comorbidades cardiovasculares
- Aumento dos sintomas

Investigações adicionais: Exames de imagem, testes pulmonares, oximetria e gasometria, diagnósticos diferenciais, biomarcadores e escores de gravidade.

Índice BODE: Body mass index, airflow obstruction, dyspnea e exercise capacity

Patogênese:
- Inflamação: Aumento das células e mediadores inflamatórios, aumento dos fatores de crescimento e remodelamento das VA e hipersecreção de muco
- Desequilíbrio proteinase-antiproteinase: Aumento de enzimas proteolíticas (destruição da elastina pela elastase) e diminuição de antiproteinases (inibição da
elastase pela A1AT)
- Estresse oxidativo: aumento de oxidantes pelas células inflamatórias e diminuição de AOX endógenos pela inativação de vias de síntese

Bronquite crônica X Enfisema:


- Inflamação e excesso de muco
- Os alvéolos crescem, se unem e perdem a elasticidade e a força para expulsar o ar, o que dificulta a respiração.

Fisiopatologia:
- Limitação do Fluxo de Ar e Retenção Gasosa
- Anormalidades nas Trocas Gasosas
- Hipertensão Pulmonar
- Hipersecreção de Muco
- Exacerbações
- Manifestações Extrapulmonares

Prevenção e Tratamento: O tratamento do DPOC consiste basicamente em remover as causas que contribuem para o aparecimento ou o agravamento da
doença (profilaxia) = Cessação de tabagismo, Terapia Cognitivo Comportamental, Reposição de nicotina e farmacoterapia

Tratamento Farmacológico: Individualizado e guiado pela severidade da doença e dos sintomas, risco de exacerbação e comorbidades. Além de avaliar custos e
responsividade do paciente. Diminui sintomas e exacerbações e aumenta a capacidade funcional e qualidade de vida. Broncodilatadores, corticosteroides,
agentes mucolíticos, antibióticos, antiinflamatórios e vacinas

Asma
A Asma é uma doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias respiratórias, e que se manifesta por sinais e sintomas
respiratórios que variam ao longo do tempo e em intensidade, acompanhados por limitação variável ao fluxo de ar das vias respiratórias.

Fatores de risco:
- Fatores ambientais (exposição ocupacional e poluição)
- Alergias
- Produtos microbianos
- Antibióticos
- Sobrepeso

Asma X DPOC:
➔ Condições heterogêneas ➔ Se caracterizam por doença crônica das vias aéreas ➔ Possuem diferentes fenótipos e mecanismos subjacentes, alguns comuns em ambas ➔
Sintomas podem ser similar ➔ Diagnóstico pode se sobrepor

Asma Leve: bem controlada com as primeiras linhas terapêuticas, sejam medicamentos de alívio ou corticoides
Asma Moderada: bem controlada com tratamento intermediário, como dose baixa de Cl e beta2-agonista de longa ação
Asma Grave: termo usado frequentemente para descrever a intensidade dos sintomas, a magnitude da limitação do fluxo de ar ou a natureza de uma
exacerbação. Acomete pacientes com asma refratária e aqueles cuja resposta ao tratamento de comorbidades é incompleta.

Tipos de Asma: Asma alérgica, asma não alérgica, asma de início tardio, asma com limitação do fluxo de ar e asma com obesidade.

Diagnóstico: Anamnese + Exame físico + Espirometria


- Fator diagnóstico: Sibilância, falta de ar, aperto no peito e tosse
- Critérios para diagnóstico: Mais de um tipo de sintoma, mudam ao longo do tempo e variam em intensidade, piores à noite ou ao acordar e
desencadeados por exercício, riso, alérgenos ou ar frio e surgem ou pioram com infecções respiratórias.

Tratamento: Atividade física, dieta saudável (dieta mediterrânea/vegetariana, frutas, vegetais, antioxidantes (flavonoides, vitamina C, vitamina D,
vitamina E, beta-carotenos e fibras), redução de peso, cessação de tabagismo e tratamento medicamentoso.

Apneia do Sono
A Síndrome da Apneia-Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAOS) se caracteriza por episódios recorrentes de obstrução completa (apneia) ou parcial (hipopneia)
das vias respiratórias superiores durante o sono. Dá-se pela redução ou pela interrupção completa do fluxo aéreo.

Obesidade: Fator de risco para AOS e aumenta a taxa de progressão da doença. Associada à circunferência do pescoço elevada (preditor de AOS).

Tratamento Clínico:
- Redução de peso: Combinação de intervenções comportamentais
- Manejo dietético
- Atividade física
- Redução de álcool e tabagismo
- Higiene do sono
Fibrose Pulmonar Idiopática
A Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é definida como uma forma específica de pneumonia intersticial fibrosante crônica e progressiva de causa desconhecida,
ocorrendo principalmente em adultos mais velhos, e limitada aos pulmões. É caracterizada por piora progressiva da dispneia e da função pulmonar e está
associada a um prognóstico ruim.

Inflamação + Colágeno = Fibrose

Epidemiologia: Mais comum entre homens com histórico de tabagismo e com sintomas de tosse e dispneia

Etiologia desconhecida: Tabagismo, exposição ambiental, agentes microbianos, refluxo gastroesofágico e fatores genéticos

Tratamento:
- Farmacológico: Dor abdominal, diarreia, vômitos e náuseas
- Transplante
- Reabilitação pulmonar
- Controle das comorbidades: gordura, chocolate, bebidas gaseificadas, volume das refeições e obesidade

Estado Nutricional:
Avaliação do estado nutricional:
● Ingestão de nutrientes, gasto energético, composição corporal, exames laboratoriais e capacidade funcional.
Acompanhamento regular
● Exacerbações agudas da doença → hipermetabolismo, redução da ingestão alimentar, inatividade física
● Vitamina D → deficiência correlacionada com mortalidade
Tratamento anti fibrótico:
● Sintomas Gastrointestinais (perda de peso e desnutrição)
● Influência na ingestão alimentar e absorção de nutrientes
Diarreia: Evitar alimentos ricos em gorduras e laticínios, alimentos ricos em fibras e picantes, álcool e cafeína e sucos de frutas cítricas
Transplante Pulmonar
O TxP deve ser considerado como opção de tratamento em todos os pacientes que tenham doença pulmonar avançada (DPOC, fibrose pulmonar, fibrose cística,
bronquiectasias, hipertensão pulmonar).

Equipe multiprofissional: Pneumologista, enfermagem, psicologia, cirurgião torácico, nutrição, serviço social, infectologista e fisioterapia

Contraindicações:
Absolutas: IMC ≥ 35 kg/m², status funcional limitado com baixo potencial de reabilitação
Relativas: IMC 30 -34,9 kg/m², desnutrição grave, HAS, DM, RGE devem ter o tratamento otimizado e osteoporose grave

Terapia Nutricional:
- Avaliação Nutricional
- Identificação de pacientes
- Prescrição individualizada
- Acompanhamento

Pré-TxP
Obesos: Perda de peso pré-operatória (maior chance de sobrevida e menor morbidade pós-operatória) - PP saudável e manutenção da massa magra

Pós-TxP
Fase aguda: Promover cicatrização adequada, prevenir infecção, garantir a oferta da necessidades devido ao catabolismo elevado
Fase tardia: Manutenção de peso adequado, controle glicêmico, prevenção de doenças metabólicas crônicas, reduzir potenciais complicações

Recomendações para fase aguda:


Energia: 25 - 35 kcal/kg
CHO: Limitar carboidratos simples
PTN: 1,3 - 2,5g/kg
LIP: Sem recomendações específicas
Atenção para sódio, magnésio e potássio
Recomendações para fase crônica:
Energia: Ajustar para alcançar e manter o peso ideal
CHO: 45 - 65% e baixo IG
PTN: 1 - 1,2g/kg
LIP: 20 - 35%
Atenção para sódio, magnésio e potássio

Terapia Nutricional nas Doenças Neurológicas

Parkinson
É uma doença degenerativa progressiva caracterizada por alterações motoras decorrentes da disfunção de regiões cerebrais importantes para a realização dos
movimentos. Também é conhecida como "paralisia agitante". É considerada uma doença idiopática, ou seja, sem origem conhecida.

Fatores de risco:
- Predisposição genética
- Sexo masculino
- < 50 anos
- Estresse oxidativo
- Toxinas ambientais: em zona rural (pesticidas e herbicidas)
- Anormalidades mitocondriais.

Fisiopatologia:
- Na Doença de Parkinson ocorre a morte dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra no mesencéfalo.
- Isso prejudica a produção de dopamina, um importante neurotransmissor (condutores das correntes nervosas do organismo).
- Essas correntes nervosas são "mensagens" que auxiliam o organismo a realizar diversos movimentos musculares sem que tenhamos que "pensar"
para isso. Por isso, a falta de dopamina acaba afetando a parte motora do organismo.

Diagnóstico: Até o momento não existem testes diagnósticos específicos, são feitos exames e o diagnóstico é feito por exclusão.
Tratamento:
Medicamentoso: é avaliado o uso da levodopa, que é um precursor da dopamina. Porém, seu uso prolongado pode causar efeitos adversos como
movimentos involuntários anormais.
Fisioterapia: É importante para manter a ativa a musculatura e a mobilidade do paciente.
Psiquiátrico: O paciente pode apresentar depressão e problemas de relacionamento. Necessário cuidador em tempo integral.
Fonoaudiológico: Coordenação e contenção de músculos que controlam os órgãos da fala. Diagnóstico e tratamento da disfagia.
Cirúrgico: Implante de estimulador cerebral profundo no núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno. Melhora dos sintomas motores.
● Indicado a pacientes cujo tratamento medicamentoso não trouxe controle adequado dos sintomas.
● Implante de estimulador cerebral profundo no núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno.
● Pacientes devem preencher critérios rigorosos de seleção e o procedimento não é curativo.

Principais problemas nutricionais:


- Desnutrição:
● Sintomas como depressão, comprometimento cognitivo e déficits olfativos diminuem o apetite; alterações na mastigação, na deglutição e na
motilidade intestinal podem afetar a ingestão e absorção de nutrientes. A dificuldade motora para preparar a própria alimentação e manusear talheres
e utensílios aumenta ainda mais o risco.
- Disfagia
● Presente em 80% dos casos, reduz a qualidade de vida, dificulta a ingestão de medicamentos, risco de desnutrição e pneumonia aspirativa.
● Todos os pacientes devem ser rastreados, independente do grau de evolução da doença. Caso o paciente apresente sinais de disfagia, deve
ser encaminhado ao fonoaudiólogo, para avaliação especializada e acompanhamento.
● O tratamento inclui otimização de tratamentos antiparkinsonianos, modificações na consistência da dieta, estratégias para manejo nutricional,
posturas e manobras durante a deglutição e exercícios específicos.
- Constipação intestinal.
● Decorre de um processo neurodegenerativo, envolvendo o sistema nervoso entérico e a discinesia do assoalho pélvico, associado ao efeito
colateral de certos medicamentos para DP, como os agonistas dopaminérgicos e anticolinérgicos.
● Sintoma não motor e manifestação GI mais comum.
● Redução de AF e hidratação podem agravar o quadro.

Terapia Nutricional: Objetivos


- Prevenir a perda de peso
- Reduzir e amenizar sintomas do TGI
- Suprimir interação droga-nutriente (Levodopa X aminoácidos: competem pelo mesmo mecanismo de transporte ativo no TGI e na barreira hematoencefálica).
- Tratar complicações que tem relação com o estado nutricional
- Aumentar o fracionamento da dieta, sendo 5 a 6 refeições por dia com menor volume.

Terapia Nutricional na DP:


Leve e Moderado:
- Plano alimentar com equilíbrio em energia, macro e micronutrientes (25-30 kcal/kg ou 35 kcal/kg)
- Sem necessidade de limitar a ingestão proteica (12 – 15% e 0,8g/kg de peso ideal)
- Observar a resposta do paciente ao tratamento com o medicamento
- Incentivar consumo de cereais integrais, legumes e frutas.

Grave:
- Energia 25-30 kcal/kg ou 35 kcal/kg;
- Limitar a ingestão de proteínas no café da manhã, lanches e almoço e compensar a ingestão no jantar (menos flutuações motoras à noite)
- Durante o dia: utilizar carboidratos complexos como fonte principal energética (58 – 60%) e adequar quantidade de fibras (≈
30g/dia)
- Dieta com alimentos ricos em vitaminas do complexo B (B6 e B12).

Alzheimer
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica e progressiva que afeta o cérebro, levando a um declínio gradual e irreversível das funções
cognitivas, memória, pensamento e comportamento. É a forma mais comum de demência em idosos.

Fatores de risco:
- A causa básica de alterações patológicas na doença de Alzheimer ainda é desconhecida.
- Estima-se que 70% dos casos tenham relação com fatores genéticos.
- 2/3 dos casos são em mulheres (deterioração cerebral e variações genéticas).
- O envelhecimento e os fatores genéticos não conseguem explicar todos os casos de DA.
Os neurotransmissores (acetilcolina, dopamina, serotonina, noradrenalina e gaba) estão diminuídos de uma forma global.
- Estão envolvidos em certas disfunções encontradas nos idosos:
● Dificuldade de coordenação motora
● Distúrbios do sono
● Pequenos lapsos de memória.

Diagnóstico:
- História completa (com paciente e familiar ou cuidador)
- Avaliação clínica: incluindo a escala de avaliação clínica da demência (CDR), rastreio cognitivo – testes cognitivos
- Exames laboratoriais: hemograma completo, sódio, potássio,cálcio), glicemia, ureia e creatinina, TSH e alanina aminotransferase (ALT)/aspartato
aminotransferase (AST), vitamina B12, ácido fólico; sorologia sérica para sífilis (VDRL) e HIV (em pacientes com menos de 60 anos)
- Exame de imagem cerebral: TC sem contraste ou RM

Estágios:
Estágio I: Dificuldade de lembrar conversas recentes, depressão, ansiedade, agressividade ou apatia e insônia.
Estágio II: Não reconhece familiares ou amigos, precisa de cuidados básicos diários, comunicação extremamente prejudicada.
Fase Final: Restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição, infecções recorrentes até óbito.

Terapia Nutricional: Objetivos


- Evitar e tratar a desnutrição
- Tratar a Disfagia
- Tratar a desidratação e demais complicações.

Recomendações:
Energia: Idoso: 30 - 35 kcal/kg / Idoso <22kg/m: 32 - 38 kcal/kg
PTN: 1,0 - 1,2g/kg
Fibras: 25g/dia
Micronutrientes: Corrigir deficiências (ferro, vitamina B12, cálcio e vitamina D)
Hidratação: 1,6L para mulheres e 2,0L para homens
Disfagia
É definida como um sintoma que expressa qualquer dificuldade efetiva na habilidade de deglutição e/ou na condução do alimento da boca até o estômago.
- Se refere tanto à: dificuldade de iniciar a deglutição (disfagia orofaríngea-alta), sensação de alimentos retidos na passagem da boca para o esôfago (disfagia
esofágica-baixa)
- É a percepção de que há algum impedimento à passagem do alimento deglutido.
Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana


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AIDS
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Terapia Nutricional nas Doenças Reumatológicas

Artrite Reumática
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Lúpus
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Osteoporose
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