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Teste de História: Implantação do

liberalismo em Portugal

Saber causas da revolução de 1820 em Portugal: como vivia Portugal antes das invasões francesas,
causas das invasões francesas a Portugal ( percursos- chefia das invasões), as consequências das
invasões francesas.

As revoluções liberais chegaram a Portugal mais tarde do que ao resto do mundo. Existiram diversos
antecedentes que a provocaram.
Entre eles estão o facto de, em Portugal, existir uma monarquia absoluta, em que governa, como príncipe
regente, D. João VI, filho D. Maria I. Existia a polícia política (Intendência Geral da Polícia), que persegue
opositores e maçons. Portugal está mergulhado numa crise económica. Fazem-se sentir as ideias
iluministas de liberdade, igualdade, Constituição e solidariedade. Existem, também, influências da revolução
francesa. A burguesia portuguesa queria mais condições, menos impostos, liberdade de comércio e de
ação. Napoleão Bonaparte, para abater o poderio de Inglaterra, fez o Bloqueio Continental, em que
nenhuma nação europeia deveria comercializar com as ilhas britânicas. Contudo, para não comprometer a
aliança Luso-Britânica, Portugal procurou manter uma posição de neutralidade, o que levou Napoleão a
invadir Portugal. Foram feitas três invasões. A primeira delas decorreu de 1807 a 1808, era comandada por
Junot e vinha de Castelo Branco (Juromenha) a fim de chegar a Lisboa. Tinha como intuito aprisionar a
família real e ocupar o país. Esta ameaça levou a saída da Família Real para o Brasil, a 29 de novembro de
1807. O Duque de Wellington, contudo, derrotou os franceses nas batalhas de Roliça e Vimieiro. Junot
assinou a Convenção de Sintra, em 1808, que ditava a saída dos franceses. Contudo, Junot e as suas
tropas deveriam partir de Portugal com as armas e as bagagens que pretendessem. A segunda invasão
ocorreu em 1809 e partiu do norte da Espanha (Chaves), para chegar ao Porto. Era comandada por Soult e
provocou o “Desastre da Ponte das Barcas", em que a população, para fugir dos franceses, atravessou a
ponte sobre o Douro em direção a Gaia, provocando o seu colapso. Morreram milhares de pessoas e as
tropas luso inglesas forçaram a retirada dos franceses. A terceira invasão decorreu de 1810 a 1811 e teve
lugar em Vilar Formoso, perto da Guarda. Era comandada por Massena. Wellington mandou fortificar a
península de Lisboa, com a linha de Torres Vedras. Os franceses foram para aí atraídos, mas não as
conseguiram ultrapassar. O Exército anglo-luso venceu a batalha do Buçaco, contra os franceses e, em
março de 1811, Massena fez retirada dos seus exércitos. Depois das invasões, os ingleses permaneceram
em Portugal e tomaram o mando do governo. O general Beresford foi incumbido de reestruturar o exército e
organizar a defesa do reino contra os franceses, mas, na verdade, tornou-se um controlador do país, dotado
de poderes: retirou liberdades; substituiu os portugueses nos cargos públicos pelos ingleses; perseguiu
intelectuais e abriu portas aos produtos ingleses, o que piorou o estado da economia portuguesa. Assim, a
situação económica agravou-se, pois as despesas ultrapassavam as receitas, a agricultura definhava e o
comércio decrescia. Para além disto, a família real e as Cortes permaneciam no Rio de Janeiro, o que
favorecia a autonomia do Brasil: abriram-se os portos brasileiros ao comércio internacional, em 1808, e
fez-se o Tratado de Comércio, em 1802, com a Grã-Bretanha, que permitia a entrada, com facilidade, de
mercadorias britânicas em Portugal e nos seus domínios sofrendo, a burguesia, sérios prejuízos. O rei D.
João VI não mostrava sinais de que queria regressar. Portugal passou a ser uma colónia e o Brasil a
metrópole. Em 1815 o Brasil foi elevado à qualidade de reino, o que acentuou o descontentamento em
Portugal. O General Gomes Freire de Andrade empreendeu uma conspiração em Lisboa para expulsar os
ingleses do reino e promover a independência da prata implementando liberalismo contudo esta
conspiração foi descoberta e Gomes Ferreira de Andrade e os outros oficiais foram condenados à morte,
pelos ingleses. O espírito conspirativo revolucionário acentuou-se com a violência com que os
conspiradores tinham sido castigados, formando-se assim o Sinédrio (associação secreta, em que os
membros pertenciam, na quase totalidade, a maçonaria, e que tinha como objetivo preparar uma revolução
para expulsar os ingleses). Em março, Beresford embarca para o Rio de Janeiro, a fim de pedir dinheiro e
poder ao Rei. A ausência de Beresford favoreceu a ação do Sinédrio, cujos membros se lançaram no
aliciamento de figuras militares capazes de consumar a tão desejada resolução. Avizinhava-se, assim, a
Revolução de 1820.

Revolução liberal de 1820.

Foi a 24 de agosto de 1820, que os conspiradores fizeram rebentar uma revolução no Porto. Este
pronunciamento militar processou-se de forma pacífica e ordeira. O sucesso deste movimento resultou da
conjugação de interesses militares e burgueses, pois ambos estavam prejudicados nos seus interesses,
pela presença britânica ( os primeiros, por se verem preteridos pelos ingleses nas promoções; os segundos,
por se sentirem afetados pela concorrência inglesa, nomeadamente no comércio com o Brasil). Pretendia-se
expulsar os ingleses, trazer o rei de volta para Portugal e instaurar uma monarquia constitucional. O
Conselho Militar reuniu-se e declarou a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, que exigiu uma
nova governação do país, a convocação de cortes e a elaboração de uma Constituição (documento com leis
fundamentais de um país, elaborada pelas Cortes constituintes, eleitas em dezembro de 1820). Segue-se o
período chamado Vintismo que permaneceu até 1826. O Vintismo é uma tendência do liberalismo
português, que defende a soberania popular, limitar os privilégios reais e eu não reconhecer qualquer
situação de privilégios à nobreza e ao clero). Manuel Fernandes Tomás elaborou a Constituição de 1822
que viria, mais tarde, a vigorar.

- medidas imediatas

Constituição de 1822 ( dizer as ideias mestras da Constituição de 1822)

A Constituição de 1822 é um documento, redigido por Manuel Fernandes Tomás. Nela constam o direito à
liberdade, segurança e propriedade; igualdade perante a lei; a soberania da Nação; a separação dos poderes
(legislativo - cortes legislativas, executivo - rei, judicial - juízes); o rei submete-se à Nação e às Cortes;
extinguiu-se a Inquisição; extinguiram-se muito e direitos feudais; perdoaram-se os crimes políticos;
publicaram se leis sobre a liberdade de ensino e de imprensa; foram tomadas medidas para proteger a
Agricultura e Indústria; acabaram-se com os privilégios do Clero e da Nobreza (existe igualdade para todos,
independentemente da origem e da riqueza — liberalismo); existe a liberdade de culto; contudo, os
interesses da grande burguesia mantiveram-se no plano sócio económico. Em suma, a Constituição de 1822
fez parte do caminho para o fim da sociedade Antigo Regime e instaurou a Monarquia Constitucional.
Oposição vintista (D. Miguel e seus colaboradores)

O Vintismo foi uma tendência do liberalismo português, que defende a soberania popular, ao limitar os
privilégios reais e ao não reconhecer qualquer situação de privilégio à nobreza e ao clero. A Legislação
Vintista tomou diversas medidas, entre as quais estão a extinção da Inquisição; a abolição da censura prévia
e a Instituição da liberdade de imprensa; a fundação do 1º Banco Português (o Banco de Lisboa); a
transformação dos bens da Coroa em bens nacionais; o encerramento de mosteiros e conventos; a
supressão da dízima e a eliminação dos privilégios judiciais, quanto a assuntos criminais e civis. No entanto,
a Lei dos Forais, mesmo reduzindo para metade as rendas e pensões devidas pelos agricultores, não
agradou ao pequeno campesinato dos rendeiros, por dois motivos. Primeiro, as arbitrariedades na conversão
das rendas em prestações fixas em dinheiro; segundo, os tributos tradicionais mantiveram-se nas terras não
regulamentadas por cartas de foral. Na verdade, o Vintismo foi pleno de contradições: no plano político,
adotou medidas liberais; no plano socioeconómico, relevou-se precário, pois protegeu as Cortes Liberais.

D. João VI aceitou o novo regime político, mas a rainha D. Carlota Joaquina não jurou a Constituição de
1822. Confrontaram-se, assim, duas tendências políticas: uma favorável à Monarquia Constitucional; outra
favorável ao Absolutismo. A primeira era defendida por D. João VI e D. Pedro IV, a segunda era defendida
por D. Carlota Joaquina e D. Miguel. Surgiram, assim, diversos golpes revolucionários para restaurar o
absolutismo e colocar fim à época do Vintismo. Em 1823, deu-se a Vila-francada, em que D. João VI procura
uma solução de Compromisso através de um regime absolutista moderado, que, contudo, não agradou aos
absolutistas. Mais tarde, em 1824, deu-se a Abrilada, em que se prenderam os liberais, mas D. João VI
ordena a libertação dos presos políticos e manda o seu filho, D. Miguel, para o exílio, em Viena.

Carta de 1826 ( ideias da Carta e diferenças em relação à Constituição de 1822)

Depois da morte do rei D. João VI, em 1826, D. Pedro IV torna-se rei. Esta aclamação não é, contudo,
compatível com o facto de ser já D. João I, imperador do Brasil. Assim, a 26 de abril, confirmou a regência
provisória da sua irmã, a infanta D. Isabel Maria. No dia 29, outorgou um novo diploma constitucional, mais
moderado e conservador - a Carta Constitucional de 1826. Este documento é defensor de um liberalismo
mais moderado, cuja iniciativa pertence aos governantes que outorgam à nação. A Carta Constitucional
pretendia apaziguar a situação político-social. Tomou, então, medidas como: soberania no rei e na nação;
supremacia política para o rei; nobreza hereditária com regalias e privilégios; mantêm-se os direitos do
cidadão (liberdade, segurança e propriedade); a forma de governo é a Monarquia Constitucional; existe
liberdade religiosa, ainda que a religião católica seja a religião do estado; prevalece a separação de poderes,
existindo, no entanto, mais um poder, o que faz um total de 4 poderes distintos: Legislativo - Cortes,
Executivo - Rei, Judicial - Juízes e Moderador - Rei (pode nomear os Pares, convocar as Cortes, dissolver a
Câmara dos Deputados, nomear e demitir o Governo e vetar a título definitivo as resoluções das Cortes);
passa a existir um sistema bicameral (Câmara dos Deputados - eleita por sufrágio indireto e censitário,
Câmara dos Pares - constituída pela alta nobreza, clero, príncipe real e infantes, nomeados a título vitalício e
hereditário). Este documento diferiu da Constituição em múltiplos aspetos:
Saber: diferenças entre a Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826 no seguinte:
soberania; distribuição do poder nas cortes; os vários poderes.

No que diz respeito à soberania, enquanto a Constituição de 1822 defende-a como única fonte de poder
exercido pelas “Cortes”, a Carta Constitucional de 1826 defende uma soberania popular moderada, com
maior importância da instituição monárquica. No que toca à distribuição do poder nas cortes, a Constituição
institui um sistema parlamentar com uma única Câmara, composta pelo “conjunto dos Deputados que a
Nação para esse fim elege” e a Carta institui o modelo parlamentar bicameral, composto pela “Câmara de
Pares”, nomeados pelo rei, e pela “Câmara de Deputados”, eleitos pela nação. Relativamente aos vários
poderes, na Constituição de 1822, apenas se reconhecem três poderes políticos da monarquia
constitucional, o legislativo (Cortes Legislativas), o executivo (do rei) e o judicial (dos juízes e tribunais). Na
Carta Constitucional, estabelecem-se quatro poderes, valorizando-se a figura do rei (legislativo - Cortes,
executivo - Rei, Judicial - Juízes, Moderador - Rei).

Guerra civil 1832-34 ( quem eram os adversários) e quem ganhou.

D. Pedro acabou por abdicar dos seus direitos à Coroa portuguesa na filha mais velha, a princesa Maria da
Glória, de 7 anos de idade. Esta deveria casar com o seu tio, o infante D. Miguel que, ao regressar do seu
exílio em Viena de Áustria, juraria o cumprimento da Carta Constitucional e, de imediato, assumiria a
regência do Reino de Portugal. D. Miguel regressou a Portugal em 1828 e prestou juramento à Carta
Constitucional, parecendo honrar o compromisso assumido com o seu irmão. Contudo, D. Miguel não
respeitou o juramento e logo se fez aclamar rei absoluto por umas Cortes convocadas à maneira tradicional
(por ordens). D. Pedro, ao tomar conhecimento do sucedido, abdicou do trono brasileiro, em 1831, e viajou
para o estrangeiro para pedir ajuda para tirar o seu irmão dali e para lutar pela restituição à filha do trono
português. Em 1832 sai da ilha Terceira, um exército de 7500 homens e desembarca no Mindelo. Dá-se,
então, entre 1832 e 1834, a Guerra Civil entre Pedristas (liberais defensores de D. Pedro) e Miguelistas
(absolutistas defensores de D. Miguel). D. Pedro saiu vitorioso e D. Miguel assinou a Convenção de Évora
Monte e parte, definitivamente, para o exílio.

Legislação de Mouzinho da Silveira e as reformas; António de Aguiar e Ferreira Borges_ Cartismo

Em 1834, D. Pedro IV morreu de tuberculose e D. Maria II, sua filha, assume a Coroa de Portugal. Foram
feitos todos os esforços, mesmo por D. Pedro IV, desde 1832, para que o Cartismo (projeto político do
liberalismo moderado, defensor da Carta Constitucional de 1826, que valorizava a autoridade régia e
reconhecia alguns privilégios à nobreza e ao clero) triunfasse. Decorria ainda a guerra civil e o primeiro
ministério liberal já promulgava as adequadas reformas económicas e sociais, administrativas, judiciais e
fiscais. A Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda e da Justiça, coube a autoria de grandes reformas
legislativas que consolidaram o liberalismo. Na verdade, Mouzinho da Silveira demoliu o antigo regime,
legislando nos mais variados domínios. A nível de propriedade, aboliu os morgadios, os forais e a dízima e
extinguiu os bens da coroa e respectivas doações. No que diz respeito ao comércio, aboliu as alfândegas
internas; reduziu o custo das exportações; suprimiu os monopólios e publicou o Código Comercial (escrito
por Ferreira Borges), que ditava a livre circulação de produtos, promovendo, assim, o Liberalismo económico.
Na administração, dividiu o território em províncias, comarcas e concelhos e criou o Registo civil. No domínio
das Finanças, criou um sistema de tributação nacional, centralizado no Tribunal do Tesouro Público,
passando a ser, os impostos, a nível nacional. Quanto à justiça, criou circunscrições judiciais e criou o
Supremo Tribunal da Justiça, instalado em Lisboa, composto por juízes-conselheiros e com jurisdição sobre
todo o reino. O clero foi especialmente afetado pela legislação liberal. O facto de muitos mosteiros terem
apoiado ativamente o absolutismo miguelista permitiu ao Ministério de D. Pedro efetivar uma série de
medidas tendentes à eliminação do clero regular. Um decreto de 1838, de autoria de Joaquim António de
Aguiar, extinguiu as ordens religiosas; expulsou jesuítas; proibiu a formação de frases e de freiras; extinguiu
os conventos, mosteiros, colégios e hospícios religiosos; confiscou bens e incorporou-os na Fazenda
Nacional (finanças); nacionalizou os bens do clero, da coroa e dos nobres miguelistas e vendeu-os em hasta
pública (para pagar a dívida da Guerra Civil).

O que foi o Setembrismo ( constituição de 1838) e sua prestação (economia, ensino, sociedade); O
que foi negativo e positivo no governo setembrista.

A vitória definitiva do liberalismo, em 1834, não trouxe a estabilidade que o país tanto ansiava. Existia um
grande descontentamento social. Os bens vendidos em hasta pública foram comprados pela alta burguesia
endinheirada, o que levou descontentamento da pequena e média burguesia; fazia se sentir a rivalidade
entre liberais vintistas e cartistas; achava-se que o cartismo beneficiava alta burguesia endinheirada e o
governo foi acusado de corrupção (por dar títulos de nobreza burgueses que eles emprestavam dinheiro).
Isto levou a um golpe de estado em Lisboa, a Revolução de Setembro, protagonizada pela pequena e
média burguesias. Portugal afastava-se do liberalismo moderado e abraçava a via mais radical e
revolucionária. O novo governo saído da Revolução de Setembro, onde sobressaíram as figuras do
visconde Sá da Bandeira e do parlamentar nortenho Passos Manuel, declarou-se mais democrático,
empenhando-se em valorizar a soberania da nação e, inversamente, reduzir a intervenção régia. O
Setembrismo foi, então, o período do liberalismo que fez regressar ao poder a tendência vintista, defensora
da Constituição de 1822. A revolução civil obrigou a D. Maria II a entregar o poder aos revoltosos. Foi
preparada uma nova Constituição, a de 1838, que simbolizava o compromisso entre o radicalismo da
Constituição de 1822 e o espírito monárquico da Carta constitucional de 1826. No que se refere à política
económica, o Setembrismo procurou corresponder aos propósitos do desenvolvimento nacional da pequena
e média burguesias, através de medidas como: medidas protecionistas (pauta alfandegária protecionista,
em que os produtos entram no país obrigados ao pagamento de direitos, o que incentiva a produção
nacional); fomentou associativismo comercial; reduzir os salários dos funcionários públicos; proibiu o tráfico
de escravos no Sul do Equador, para fomentar o desenvolvimento de outras áreas económicas; valorizou os
territórios africanos para compensar a perda do mercado brasileiro; colocou fim ao poder moderador do rei e
à Câmara dos Pares, passando a ter início, a Câmara dos senadores (eletiva e temporária), o que limita o
poder do rei; passou a existir sufrágio direto e censitário (o que diminuiu a quantia pagar imposto para poder
votar); procedeu-se à soberania da nação e à separação de poderes (legislativo - Parlamento, executivo -
rei, judicial - juízes). A nível administrativo, publicou o Código Administrativo de 1836, que reduziu o número
de concelhos e dividiu o país em distritos, concelhos e freguesias. O Setembrismo representa um
importante papel no ensino, uma vez que reformou ensino primário, secundário e universitário; instalou
liceus nas capitais de distrito (para preparar os filhos da Burguesia para entrar na universidade); criou as
escolas politécnicas, Conservatório de Belas Artes e ofícios e escolas médico cirúrgicas. Os resultados
destas medidas, no entanto, não corresponderam ao esperado, pois existia falta de capitais e de vias de
comunicação, instabilidade política e oposição dos cartistas, o que levou ao golpe de estado, em janeiro de
1842, iniciado por António Bernardo da Costa Cabral.

O Cabralismo : medidas do governo de Costa Cabral e que originaram a revolta da Maria da Fonte;
Patuleia

Devido à falta de capitais, a falta de vias de comunicação, a instabilidade política e a oposição dos cartistas,
os resultados das medidas setembristas não corresponderam ao esperado. Procedeu-se, assim, em janeiro
de 1842, a um golpe de estado iniciado por António Bernardo da Costa Cabral. Avizinhava-se o Cabralismo
(período do liberalismo, marcado pelo regresso da tendência Cartista ao poder, governado por Costa Cabral,
no exercício autoritário do poder). O Cabralismo manteve-se de 1842 a 1851. Com apoio da rainha, António
Costa Cabral (que, de liberal setembrista, passou a lliberal cartista conservador), pôs termo à Constituição de
1838. O Cabralismo representou o poder autoritário, a restauração da carta constitucional e o regresso da
grande burguesia ao poder. A nível económico, procedeu às obras públicas (construção e reparação de
estradas e pontes); à Lei das estradas (obrigava os camponeses a trabalhar para o estado, quatro dias por
ano, de graça); ao fomento industrial (difusão da energia a vapor); criação do Tribunal de Contas (para
fiscalizar receitas e despesas do estado); subiram-se os impostos sobre os bens essenciais; criou o Banco
de Portugal e as Companhias Nacionais (a dos Tabacos, Sabões e Pólvoras), o que concentrou capital. A
nível económico, o poder do rei prevaleceu sobre os outros poderes políticos, defendeu-se um liberalismo
moderado e conservador. A nível administrativo, adotou-se o novo Código Administrativo de cariz
centralizador e reduziu-se o número de municípios; procedeu-se às Leis da Saúde (proibição do
enterramentos nas igrejas, passando esta ser feitos nos cemitérios); proibição dos jornais políticos, aplicação
da censura e prisão dos revoltosos. O excesso de autoritarismo e de burocracias conduziu a revoltas e
manifestações das populações. De 1846 a 1847, instalou-se um clima de guerra civil, em que os
setembristas, os miguelistas e os cartistas se aliaram para fazer coligações, para tirar de Costa Cabral do
poder. A Lei das Estradas e as Leis da Saúde conduziram a uma reação popular. As revoltas começaram em
Póvoa de Lanhoso, com as mulheres a virem para a rua e a percorrerem as aldeias para engrossar o seu
exército, que gritava “Morram os Cabrais!”. Assaltaram cadeias dos administradores, queimaram
documentos (papeletas da ladroeira), casas senhoriais, agrediram os governadores, etc. Esta revolta levou à
demissão do governo e à saída de Costa Cabral para Espanha. Entre outubro de 1846 e junho de 1847,
deu-se a Patuleia (reação de vários setores políticos ou algo de outubro de 1846, pelo qual a Rainha Dona
Maria II depois do governo de Duque de Palmela e nomeou um Novo executivo chefiada pelo Duque
Saldanha). Perante a ameaça do regresso de D. Miguel a Portugal, D. Maria II chamou a “Quádrupla
Aliança” (Espanha, Inglaterra, França). Em Gramido teve lugar a assinatura de um acordo que pôs fim ao
período de guerra civil em que Portugal estava mergulhado - A Convenção de Gramido. Não foi uma
rendição, porque não impunha vencedores não vencidos, mas, na prática, significou o fim da Patuleia, a
dissolução da junta revoltosa e a vitória da rainha. Apesar dos termos conciliadores do acordo que previa a
salvaguarda da segurança dos revoltosos, houve perseguições e vinganças que prolongaram a instabilidade
e agitação durante mais algum tempo. Contudo, a Convenção de Gramido instaurou um período de paz e
aproximou o período da Regeneração, que teve início em 1851.

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