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Sebenta - Estudo
Sebenta - Estudo
Introdução
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Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Vol. II, Verbo,
p. 3439.
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Assim viveu Robinson Crusoé numa ilha, sozinho com o nativo “Sexta-feira”, depois de naufragar.
Cfr. Daniel Defoe, Robinson Crousué, Edições Asa.
1. Definição de Estado:
- Forma histórica de um ordenamento jurídico geral com os seguintes elementos
constitutivos:
a) territorialidade;
b) população;
c) politicidade.
[+ Reserva normativa da sociedade civil (ideia da pós-modernidade)]
= Estado como forma de racionalização e generalização do político nas
sociedades modernas.
Diferenças Fundamentais:
4. A Constituição Social
5. O Estado Providência
Obrigações do Estado:
a) garantir o acesso de todos os cidadãos;
b) garantir a racional e eficiente cobertura médica e hospitalar;
c) garantir a socialização dos custos dos cuidados médicos e
medicamentosos;
d) Disciplinar e controlar as formas privadas empresariais e privadas da
medicina, articulando-as com o SNS;
e) Disciplinar e controlar a produção, a comercialização e o uso de
produtos químicos, biológicos e farmacêuticos.
O direito à protecção da saúde possui:
- uma componente negativa: direito a exigir do Estado/ Terceiros que se
abstenham de qualquer acto que prejudique a saúde.
- uma componente positiva: direito às medidas e prestações estaduais visando
a prevenção das doenças e o tratamento delas.
Estatuto do Utente:
Os utentes do SNS estão submetidos a um regime jurídico pré-estabelecido
num plano normativo, têm definida uma situação de direito público de carácter legal e
regulamentar.
Por um lado, o utente do SNS pode invocar os princípios gerais aplicáveis a
qualquer cidadão que recorra aos serviços públicos – direito ao funcionamento dos
serviços, direito de acesso ao serviço, direito ao funcionamento correcto do serviço,
direito à igualdade de tratamento.
Por outro lado, pode invocar os princípios e as normas específicas para os
utentes do SNS (consagrados principalmente nas Bases V e XIV da Lei n.º 48/90, de
24 de Agosto).
Por exemplo: (1) Ao dever de pagamento dos encargos (que prevê para os
utentes) corresponde o direito às taxas moderadoras (para a administração da saúde).
(2) Ao dever de respeitar ou outros utentes correspondem os poderes de autoridade
que a administração da saúde possui para sujeitar o utente a uma disciplina que
permita o regular funcionamento do serviço público (poderes de direcção e
disciplina).
O CONSENTIMENTO6
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Estes apontamentos devem ser completados com a matéria leccionada nas aulas e com a informação
constante da bibliografia indicada.
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Guilherme de Oliveira fala, a este respeito, de “autodeterminação do paciente nos cuidados de
saúde”, O Fim da Arte Silenciosa, Temas de Direito da Medicina, Coimbra Editora, 1999, p. 99.
Personalidade Jurídica
Para agir juridicamente o ser humano precisa de ser uma pessoa jurídica, isto é, de
ter personalidade jurídica. A personalidade jurídica é a susceptibilidade de ser titular
de direitos e estar adstrito a vinculações, é a aptidão para ser titular autónomo de
relações jurídicas.
Actualmente o direito atribui personalidade jurídica a todo o ser humano, mas
nem sempre foi assim, como aconteceu durante o período da escravatura.
No direito português para além das pessoas singulares também têm personalidade
jurídica algumas pessoas colectivas.
I – Começo da personalidade jurídica.
A personalidade jurídica adquire-se com o nascimento completo e com vida (art.
66.º, n.º 1 do CC), com a separação do filho do corpo materno.
E os nascituros, os já concebidos, e mesmo os não concebidos (concepturos)? Os
seus direitos dependem do nascimento (art. 66.º, n.º 2 do CC). Antes do seu
nascimento, não são sujeitos de direito mas a lei reconhece-lhes direitos dependentes
do nascimento. Até ao nascimento temos direitos sem sujeito, ou como referem
alguns autores, se para termos uma relação jurídica tem de haver o sujeito do poder e
o sujeito da obrigação e aqui não se descortina qualquer sujeito, estamos antes
perante uma relação jurídica imperfeita ou estados de vinculação juridicamente
tutelados, não chegando a existir ainda um direito subjectivo.
II – Termo da personalidade jurídica.
A personalidade jurídica cessa com a morte (art. 68.º, n.º 1 do CC). Com a morte
do ser humano extinguem-se os direitos e deveres de natureza pessoal e transmitem-
se os de natureza patrimonial para os sucessores.
Direitos de Personalidade
Capacidade Jurídica
Por outras palavras podemos dizer que capacidade jurídica é a idoneidade para
actuar juridicamente, exercendo direitos e cumprindo deveres, adquirindo direitos e
assumindo obrigações por acto próprio e exclusivo ou mediante representante
voluntário. Esta capacidade adquire-se com a maioridade (art. 130.º do CC) ou
através da emancipação pelo casamento (art. 132.º e art.º 133.º, ambos do CC).
Conceito de Obrigação
É a relação jurídica por virtude da qual uma (ou mais) pessoa pode exigir de outra
(ou outras) a realização de uma prestação.
As obrigações têm duas faces. O lado activo, que se traduz no poder de exigir (o
direito de crédito) e o lado passivo, que se traduz no dever de prestar (débito ou
dívida).
À pessoa que tem o poder de exigir a prestação dá-se o nome genérico de credor;
à outra, sobre a qual incide o correlativo dever de prestar, dá-se o nome de devedor.
São exemplos de obrigações em sentido técnico as relações constituídas entre o
comprador, que tem o dever de pagar o preço, e o vendedor, que tem o direito de
exigir a entrega do dinheiro; entre o senhorio, que tem o dever de proporcionar o
gozo temporário do arrendado, e o inquilino, que tem o poder de o reclamar.
2) RESPONSABILIDADE CIVIL8
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Estes apontamentos devem ser completados com a matéria leccionada nas aulas e com a informação
constante da bibliografia indicada.
DIREITO PENAL
- ALGUMAS QUESTÕES –9
Sigilo Profissional
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Estes apontamentos devem ser completados com a matéria leccionada nas aulas e com a informação
constante da bibliografia indicada.
Exemplo: - art. 195.º Cód. Penal: “Quem, sem consentimento, revelar segredo
alheio de que tenha tomado conhecimento em razão do seu estado, ofício, emprego,
profissão ou arte, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até
240 dias”.
Caso Prático:
Um homem com 37 anos, casado, é internado nos Cuidados Intensivos do
Hospital Amato Lusitano, com o diagnóstico de Pneumonia Atípica. A história
clínica revela que mantém uma relação homossexual há 2 anos e proíbe a sua
revelação à esposa.
É feito despiste de doenças sexualmente transmissíveis. Posteriormente vem o
resultado da serologia indicando positividade para VIH. É informado o doente e este
mais uma vez pede segredo.
Questões:
1. Deverá ser informada a mulher da bissexualidade do marido?
2. Deverá ser informada a mulher da seropositividade do marido? Deverá ser
informado o parceiro sexual da seropositividade do seu companheiro?
Está em causa saber se é ou não legítima a violação do segredo a que está adstrito
o médico/ enfermeiro que dele teve conhecimento em razão do seu ofício.
Cada pessoa tem sobre si aquilo a que já se chamou o poder de
autodeterminação informacional, o poder de decidir quem, quando e em que contexto
pode saber um facto qualquer sobre si.
Reportando-nos ao caso em estudo podemos afirmar, por ser de conhecimento
generalizado, que o momento da comunicação do resultado de um teste de
seropositividade é um momento vivencial de enorme impacto porque o medo da
morte próxima associa-se ao sentimento de que se é portador de uma doença rejeitada
pela sociedade, o que acrescenta ao medo complexos de culpa e de vergonha.
Exposição ou abandono
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Nos termos do art. 79.º do Código Deontológico do Enfermeiro estes profissionais estão obrigados a
cumprir as normas deontológicas e as leis que regem a profissão desde o momento em que se
inscrevem na Ordem dos Enfermeiros.
Aborto
Até ao ano de 1984 o aborto era punido sem excepções. A partir dessa data
foram consagradas situações medicamente indicadas em que o valor do bem jurídico
vida intra-uterina passou a poder ser sacrificado face a outros valores
constitucionalmente relevantes (o art. 142.º do C.P. elenca as causas de justificação
que eliminam a ilicitude da interrupção voluntária da gravidez), tais como a saúde da
mãe ou do próprio nascituro.
O bem jurídico aqui protegido é a vida humana intra-uterina: tem de estar em
causa a vida humana implantada no útero materno. Não se protegem os embriões não
implantados no útero, embora se possam considerar vida humana, o que tem sérias
consequências ao nível da experimentação científica.
É o art. 150.º do C.P. que define o universo dos agentes que podem figurar
como autores deste tipo de crime contra a liberdade (bem jurídico protegido) - o
agente pode ser médico ou pessoa legalmente autorizada, e é no art. 157.º do C.P. que
encontramos as características que o consentimento do paciente deve possuir para ser
eficaz.
A previsão deste crime visa evitar que a integridade física humana seja de
alguma forma invadida sem consentimento válido, ainda que para realização de uma
intervenção ou tratamento (terapia, diagnóstico, prevenção, profilaxia, etc) médico-
cirúrgico.
A intervenção ou tratamento arbitrário (= sem consentimento do paciente) é
punido mesmo quando a recusa do paciente seja injustificada ou irracional porque
claramente o prejudica e ainda que tal recusa se faça à custa da sua saúde, integridade
física ou vida (ex: paciente que reclama a interrupção de um tratamento essencial para
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Não confundir este acordo ou assentimento com o consentimento justificador previsto no art. 38.º do
C.P.!
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O direito penitenciário vigente permite a aplicação de tratamentos coercivos ou alimentação forçada
em caso de greve de fome, quando haja perigo para a vida e/ou para a saúde dos reclusos.