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WUE – WORLD UNIVERSITY ECUMENICAL

Mestrado em Ciências da Educação


Disciplina: Dificuldades de Aprendizagem e Desenvolvimento
Prof. Drª.: Kelli F. do Nascimento

ESTUDO DE CASO
TDAH: LIMITES E POSSIBILIDADES

ANA CRISTINA BARBOSA


ANTOMAR QUEIROZ DO MONTE
GHEYSA CHRISTINA QUEIROZ DOS SANTOS
HUDSON EMANOEL SILVA DO NASCIMENTO
JOÃO MARIA GOMES DA COSTA
LUCELIA CRISTINA ALVES
MARIA DA GUIA DA SILVA LIMA OLIVEIRA
ROCIANY DANIELLY AVELINO BARROS

NATAL/RN
2024
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho é parte integrante da avaliação parcial da disciplina de
Mestrado em Ciências da Educação: Dificuldades de Aprendizagem e
Desenvolvimento. Diante da propositura de discorrer, explanar e apresentar soluções
e sugestões pedagógicas para alguma dificuldade de aprendizagem, apresentamos o
estudo de caso a seguir.

O T.D.A.H.
O caso selecionado possui desdobramento fictício, mas baseado num caso
real, acompanhado há cerca de 5 anos (2019), e que não pode ser concluído por
motivos de força maior. Desde já, é importante classificá-lo como transtorno funcional
específico, e configurando-se enquanto Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade – TDAH, ou seja, um conjunto de sintomas que provocam uma série
de perturbações na aprendizagem do aluno. O TDAH pode se caracterizar pela
impulsividade e desatenção, manifestando-se de três formas diferentes: o hiperativo /
impulsivo; o desatento; e, o combinado.
Aqui, chamamos a atenção para a diferenciação entre estudantes
com Transtornos Funcionais Específicos e estudantes (pessoas) com deficiência:
criança com transtorno funcional específico é aquela que aprende de uma forma
diferente, pois apresenta capacidade motora adequada, ajustamento emocional,
audição e visão normais, assim como inteligência na média ou acima.

ESTUDO DE CASO
Optou-se por observar um garoto de oito anos que possui dificuldade de
aprendizagem, seguida da queixa de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade), aluno de uma escola pública da rede municipal de Natal-RN. O estudo
foi realizado por meio do uso dos seguintes instrumentos de coleta de dados:

1) Entrevista com a criança


2) Anamnese com o pai da criança
3) Entrevista com a professora
4) Atividade de desenho livre e autorretrato com a criança
IDENTIFICAÇÃO
Nome: E. G. M. Data de nascimento: 21/11/2010
Sexo: Masculino Série que estuda: 2º ano
Novato ou repetente: Novato

OUTRAS INFORMAÇÕES
Nasceu com 6 meses e meio de gestação; mora com os pais, possui 2 irmãos
com idade de 10 e 16 anos; o pai tem 30 anos de idade e estava desempregado; a
mãe tem 31 anos e trabalhava como camareira; os médicos diagnosticaram
comprometimento na fala; iniciou sessões de psicomotricidade; briga constantemente
com os irmãos.

PROBLEMATIZAÇÃO
A queixa trazida pela professora foi de que a criança teria sido diagnosticada
como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). “Que fatores
desencadeiam a dificuldade da aprendizagem de E. G. M.?”
Até então, não havia certeza sobre a presença do TDAH na criança. A
preocupação dos pais é com a aprendizagem, principalmente no que se refere a
leitura. Afirmavam que a criança briga muito com seu irmão de 10 anos e tem ciúmes
do pai. Na escola é muito dependente e qualquer brincadeira consegue distraí-lo no
momento das atividades propostas. A criança não se relaciona com seus colegas,
apresentando conflitos em momentos coletivos. Segundo a professora, os pais
frequentam sempre as reuniões da escola com responsabilidade. Olham os cadernos
diariamente, supervisionam as tarefas, lembram os horários, ensinam como fazer as
atividades. A docente relatou ainda, que houve avanços em relação ao início do ano,
contudo, a criança não gosta de formar palavras, devido à dificuldade de leitura, mas
gosta das atividades de matemática. O material escolar é desorganizado, não
possuindo, também, frequência e assiduidade satisfatórias. Segundo o pai, a criança
gosta de brincar, sendo o futebol e o vídeo game, suas brincadeiras preferidas.
Começou a falar melhor e ser entendido primeiramente pela família aos três anos,
aproximadamente. Atualmente não fala corretamente, trocando algumas letras, como
por exemplo: o “r” pelo “l”.
Em conversa com E. G. M., afirmou não gostar da professora porque ela é
brava demais; quanto aos colegas de sala, disse não gostar de interagir com a maioria.
Considera que alguns batem nele sem motivo. Pela observação, percebemos que se
relaciona mais intensamente com quatro colegas da sala de aula, mostrando
dificuldade de socialização com os demais. Não apresentou violência com os colegas,
a não ser quando provocado. Durante as atividades propostas em sala de aula, o
aluno se dispersou, fazendo os exercícios propostos quando a professora tinha
disponibilidade de supervisioná-lo ou acompanhá-lo individualmente. Segundo a
docente, o menino seria aprovado para a série seguinte (terceiro ano), pois já
conseguia formular palavras com aproximação da escrita correta (nível alfabético),
consegue escrever o nome, apesar de ainda apresentar muita dificuldade.

ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO
Na análise do diagnóstico são ressaltadas as estruturas cognitivas, disponíveis
a aquisição de novos conhecimentos e as potencialidades, as diferenças individuais
devem ser respeitadas. A proposta de ação corresponde às características da criança
em relação ao seu pensamento e a aspectos de seu desenvolvimento. O resultado
das várias atividades, comprovou que o menino apresenta dificuldade de
aprendizagem e que necessita de intervenção psicopedagógica. Outrossim,
apresenta traços de personalidade infantilizada, se decepcionando por qualquer
motivo; irritando-se a todo o momento nas brincadeiras com o irmão, e qualquer
situação tira sua atenção no horário de estudo em sala de aula, não mantendo o foco.
Não podemos afirmar que possui alguma deficiência, mas um grande potencial
cognitivo. Assim, vemos que para Fonseca (1995), a criança com dificuldade de
aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente (PCD). Trata-se de uma
criança comum, que aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma
discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado – a partir do conceito das
zonas de desenvolvimento de Vygotsky. Não pertence a nenhuma categoria de
deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial
cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional.
Nesse sentido, confirmou-se, a partir de laudo médico emitido por uma equipe
multidisciplinar, que E. G. M. possui Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade,
na forma combinada. Ou seja, apresenta comportamentos hiperativos / impulsivos,
associados à desatenção.
PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
Partindo do princípio de que a família está documentada com laudo médico
válido, o discente possui o direito de ser acompanhado pela Sala de Recursos
Multifuncionais – SRM, para que tenha o complemento da educação regular através
do Atendimento Educacional Especializado, no contraturno do seu turno de aulas
regulares. Além disso, deve ser acompanhado – em sala de aula – por um profissional
da educação especial, ou estagiário da área afim.
Ao professor de sala regular, recomenda-se que estabeleça rotinas, mantendo
a sala de aula organizada e estruturada, criando acordos, combinados e contratos de
convivência: regras claras e objetivas ajudam na manutenção da disciplina em sala
de aula. A utilização da agenda escola-casa é outra estratégia, comumente usada
pelos professores. Variar a rotina de ensino, de modo a enriquecer o conteúdo
trabalhado sempre que possível, valendo-se de jogos, atividades adaptadas com
vistas à ludicidade (atraindo a atenção e mantendo o foco), e ritmo de aprendizagem,
além do estágio de desenvolvimento em que se encontra. Alunos com TDAH tendem
a dispersar e se entediar muito rápido, portanto, deve-se incentivar a prática e
repetição, orientando uma instrução por vez. O professor pode aplicar o reforço
positivo e manter uma boa comunicação com a família (uso da agenda também).
Reduzir as tarefas, torná-las mais curtas ou dividi-las em partes, etapas. Reduzir as
tarefas escritas e de copiar. Facilitar alternativas distintas de avaliação: oral, com
projetos especiais, grupal etc.
O docente tem várias possibilidades, e pode, também, realizar
experimentações no ambiente e na dinâmica da rotina da turma: como a organização
do espaço (colocando a turma em círculo em alguns momentos, objetivando contato
visual direto e dirimindo as possibilidades de distrações), além da organização do
tempo, como por exemplo: momento de foco e energia: 25 minutos, associado ao
momento de descanso: 5 minutos. Aconselha-se que o professor de sala regular
enriqueça as aulas utilizando materiais concretos (alfabeto móvel, por exemplo), de
maneira que a torne atrativa, com o objetivo de ganhar sua atenção/ concentração,
inicialmente, para posteriormente, avançar nos conteúdos dos programas de estudos.
Realizando uma analogia com o conceito de letramento – alfabetizando a partir do que
o aluno traz consigo, seu conhecimento de mundo – o docente pode utilizar o prazer
e interesse que E.M.G. tem por videogames (e/ou outras tecnologias), para adaptar a
aula com tarefas que façam sentido e reverberem em seu íntimo, já que trabalhar com
o prazer e satisfação do discente é trabalhar com o potencial mantenedor da atenção
e concentração.

EXPOSIÇÃO DO TRABALHO ESCRITO (SLIDES)


Conforme solicitado, seguem os slides da apresentação do segundo momento
de aulas para explanação do presente estudo de caso, bem como seus meandros e
debate entre os colegas e componentes do referido grupo.
REFERÊNCIAS

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias: uma


introdução ao estudo de COLL, C. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artmed.
2003. Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

COLL, C. & Cols. Desenvolvimento Psicológico e Educação/ Psicologia


Evolutiva (Vol. I) Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

DUARTE, N. Educação Escolar, teoria do cotidiano e a Escola de Vigotsky:


polêmicas do nosso tempo. 3. ed. São Paulo: Autores Associados, 2001.

FONSECA, V. da. Introdução Às Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre,


Artes Médicas: 1995.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky, aprendizagem e desenvolvimento: um


processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997.

PATTO, M. H. S. A Produção do fracasso escolar: histórias de submissão e


rebeldia. 1. ed. São Paulo: Casa do psicólogo, 1999.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense


Universitária,1988.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da


educação. 10 ed. RJ: Vozes, 2000.

SANTOS, M.S.dos. XAVIER, A.S.; NUNES, A.I.B. Psicologia do desenvolvimento


teorias e temas contemporâneos. Brasília: Liber Livro, 2009.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,1998

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