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Questões de Exame Nacional
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Outras questões
1. Identifique a premissa decisiva para, partindo da ideia de que Deus é o maior ser possível,
Anselmo concluir que Deus existe.
A resposta integra o aspeto seguinte, ou outro igualmente relevante.
Identificação da premissa solicitada:
– existir também na realidade é maior do que existir apenas no entendimento (OU um ser é maior se
existir também na realidade, e não apenas no entendimento OU existir é uma perfeição).
2. Temos de acreditar em Deus, pois há provas racionais da sua existência. Concorda com esta
afirmação? Justifique a sua resposta.
Orientações:
– formule o problema filosófico em causa;
– apresente inequivocamente a sua posição;
– argumente a favor da sua posição;
– relacione a sua resposta com uma das provas clássicas da existência de Deus.
O problema é: será que Deus existe?
– no caso de o examinando concordar com a afirmação:
• poderá apresentar uma das três provas clássicas da existência de Deus (argumento
cosmológico, argumento ontológico ou argumento teleológico), explicando a sua pertinência.
– no caso de o examinando não concordar com a afirmação:
• poderá apresentar, pelo menos, uma objeção a uma das três provas.
Serão de aceitar outras possibilidades de resposta, desde que relacionadas com uma das três provas
clássicas.
afirmar que não temos boas razões para acreditar que Deus existe, permite ainda sustentar que
Deus não existe;
OU
• o argumento cosmológico não nos dá boas razões para acreditar que Deus existe, pois não é
seguro que uma entidade que existe fora da natureza seja o Deus pessoal com as propriedades de
suma bondade, omnipotência e omnisciência;
• por outro lado, ainda que qualquer acontecimento natural remonte a um acontecimento que
ocorre fora da natureza, daí não se segue que exista apenas um acontecimento fora do mundo
natural a que remonte cada acontecimento natural;
• além disso, do facto de nenhum acontecimento natural poder ocorrer sem ser causado não se
segue que tenha de haver um primeiro acontecimento natural – as cadeias causais podem
estender-se infinitamente;
OU
• o argumento teleológico, ou do desígnio inteligente, não nos dá boas razões para acreditar que
Deus existe, pois as premissas de que se parte são duvidosas;
• quando observamos o mundo, verificamos que poderia estar ordenado de forma mais inteligente
(por exemplo, com menos doenças ou menos catástrofes naturais);
• a teoria da evolução por seleção natural mostra que os processos evolutivos não são
orientados por uma inteligência ou mente, e a hipótese da seleção natural torna provável que os
organismos se adaptem;
OU
• o argumento ontológico não nos dá boas razões para acreditar que Deus existe, pois podemos
conceber uma ilha maior do que a qual nenhuma outra existe – uma ilha perfeita –, mas a existência
de uma ilha perfeita não pode ser estabelecida por um argumento a priori construído a partir da
análise do conceito de ilha perfeita – a existência de uma ilha perfeita não pode ser descoberta
apenas pelo uso da razão;
• também poderíamos incluir na definição de um conceito a propriedade da existência – por
exemplo, poderíamos definir um E-unicórnio como um unicórnio existente –, mas isso não
implicaria que o conceito fosse exemplificado;
• a proposição de que Deus existe é uma proposição acerca do conceito de Deus, pela qual se
afirma que o conceito de Deus é exemplificado, e não uma proposição acerca de Deus, na qual se
afirmasse que a existência é uma das suas propriedades.
OU
• apenas os argumentos baseados em evidências podem persuadir-nos de que Deus existe, e nesse
caso, não sendo o argumento do apostador baseado em evidências, mas em considerações
práticas, não temos a convicção de que existe algo de real por detrás da aposta;
• é errado excluir a priori conceitos de Deus igualmente admissíveis e pressupor unicamente um Deus
que recompensa os crentes com a felicidade eterna ou que castiga eternamente os descrentes;
• é possível que Deus recompense as pessoas que são boas, sejam ou não crentes, ou que castigue
aquelas que, apenas por interesse próprio (por exemplo, aquelas que são persuadidas pelo
argumento do apostador), procurem ganhar os seus favores.
Nota ‒ Os aspetos constantes dos cenários de resposta apresentados são apenas ilustrativos, não
esgotando o espectro de respostas adequadas possíveis, designadamente, respostas nas quais se
consideram conceções não teístas de Deus.
4. Muitas pessoas – filósofos, teólogos e cientistas – afirmam que temos bons argumentos a favor da
existência de Deus: uns defendem que a própria ideia de Deus implica a sua existência; outros
sustentam que tem de haver uma causa para o Universo e que essa causa só pode ser Deus;
outros, ainda, alegam que a ordem que encontramos na natureza não pode ser fruto do acaso e
que Deus é a melhor explicação para essa ordem; e há quem considere outros argumentos.
Será que a existência de Deus pode ser provada?
Na sua resposta, considere o argumento (ou prova) que estudou a favor da existência de Deus e:
– identifique, referindo o seu nome, esse argumento (ou prova) a favor da existência de Deus;
– apresente inequivocamente a sua posição;
– argumente a favor da sua posição.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Identificação do argumento:
– argumento ontológico (ou da perfeição) OU argumento cosmológico (ou da causa primeira)
OU argumento do desígnio (ou teleológico).
Apresentação inequívoca de uma posição de concordância, total ou parcial, ou de discordância, total ou
parcial, relativamente à possibilidade de provar a existência de Deus.
Justificação da posição defendida:
– no caso de o examinando, apoiando-se no argumento ontológico, concordar com a possibilidade de a
existência de Deus ser provada:
• podemos conceber o maior ser possível (o ser mais perfeito);
• o maior ser possível (o ser mais perfeito) não seria o maior (o mais perfeito) se existisse
apenas no pensamento, pois qualquer ser que existisse no pensamento e também na realidade
teria algo de que o maior ser (o mais perfeito) careceria, o que seria contraditório;
• logo, o maior ser possível (o ser mais perfeito) – que é Deus – tem de existir na realidade e
não apenas no pensamento.
– no caso de o examinando, apoiando-se no argumento cosmológico, concordar com a possibilidade de
a existência de Deus ser provada:
• qualquer acontecimento no mundo é causado por algo e nada é causa de si mesmo;
• se a ordem causal regredisse infinitamente, então não existiria uma causa primeira;
• mas, se não existisse uma causa primeira, também não existiriam as causas subsequentes;
porém, essas causas existem;
• logo, tem de existir uma causa primeira que não faz parte do mundo (que é transcendente) e
que é a fonte de todas as causas – essa causa não causada (e transcendente) só pode ser
Deus.
– no caso de o examinando, apoiando-se no argumento do desígnio, concordar com a possibilidade de
a existência de Deus ser provada:
• os relógios têm características complexas – consistem em partes (cada uma com uma função)
que funcionam em conjunto, com um propósito específico;
• nada do que conhecemos e que exibe estas características é fruto do acaso, tendo sido sempre
intencionalmente concebido por algum autor inteligente;
• a natureza é, como os relógios, constituída por partes que funcionam em conjunto, mas de uma
forma ainda mais complexa;
• logo, a natureza não é fruto do acaso e teve também de ser intencionalmente concebida por um
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autor; esse autor superiormente inteligente é Deus.
6. Na sua opinião, as razões apresentadas por Pascal para acreditar que Deus existe são persuasivas?
Justifique.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Apresentação inequívoca da posição defendida.
Justificação da posição defendida:
– no caso de o examinando considerar que as razões apresentadas por Pascal para acreditar que Deus
existe são persuasivas:
• a crença na existência de Deus pode ser muito compensadora, permitindo alcançar, caso Deus
exista, a felicidade eterna;
• no caso de Deus não existir, a crença na sua existência não conduz a vantagens, mas também não
produz perdas significativas;
• por conseguinte, há considerações práticas que tornam vantajosa a crença na existência de Deus.
– no caso de o aluno considerar que as razões apresentadas por Pascal para acreditar que Deus existe
não são persuasivas:
• para serem vantajosas, as apostas devem ter por objeto coisas que existem (por exemplo, jogos
de futebol ou ações de uma empresa), e não coisas que nem sequer sabemos se existem, como
é o caso de Deus;
• é arbitrário excluir um Deus bom e desinteressado, que recompensaria as pessoas por terem vidas
honradas, independentemente de acreditarem na sua existência, e que castigaria aquelas que,
meramente por interesse próprio, apostassem na sua existência;
• o facto de a crença na existência de Deus se basear em considerações práticas indica que não se
tem provas da existência de Deus; ora, acreditar em algo muito improvável e ter de observar uma
prática religiosa exigente, por exemplo, pode ser uma opção menos vantajosa do que levar uma
vida rica em experiências aprazíveis.
EQT11DP © Porto Editoraaspetos constantes dos cenários de resposta apresentados são apenas ilustrativos, não
Nota ‒ Os
esgotando o espectro de respostas adequadas possíveis.