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UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Tema do trabalho:
O impacto da violência domestica no desenvolvimento psicológico das crianças.

Nércia Carlos Manjate

Tete, Março de 2024


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UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Tema do trabalho:
O impacto da violência domestica no desenvolvimento psicológico das crianças.

Nércia Carlos Manjate

Tete, Março de 2024


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INDICE
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

1.1.Contextualização ....................................................................................................................... 1

1.2.Problematização......................................................................................................................... 1

1.3. Objectivos do trabalho .............................................................................................................. 2

1.3.1. Objectivo geral ...................................................................................................................... 2

1.3.2. Objectivos específicos ........................................................................................................... 2

1.4.Metodologias ............................................................................................................................. 2

2. Referencial teórico ....................................................................................................................... 3

2.1. Conceptualizações (Violência e Violência doméstica) ............................................................ 3

2.2. O Impacto da Violência Doméstica .......................................................................................... 3

2.2.1. A comunidade e a sociedade ................................................................................................. 4

2.3. O Impacto da Violência Doméstica no desenvolvimento psicologico ..................................... 4

2.4.Tendências de Casos de Violência Doméstica na sociedade Moçambicana ............................. 5

3. Conclusão .................................................................................................................................... 8

4. Referências bibliográficas ........................................................................................................... 9


1.INTRODUÇÃO

1.1.Contextualização
Como forma de darmos início o presente trabalho, importar destacar que, a CRM (Constituição
da República de Moçambique) consagra direitos de igualdade entre homens e mulheres em todas
esferas da vida humana. No entanto, a violência doméstica, tem se destacado nos últimos anos
como um dos males que mais assola e destroi famílias e lares, como se fosse bastante, nos
deparamos com realidades em que as crianças se tornam vitimas também.

E no que envolve as crianças, estas passam por sérios problemas mentais devidos às situações de
violência doméstica. Tendo e conta essa realidade, queremos neste presente trabalho falar sobre o
o impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicologico das crianças.

Assim, os actos de violência doméstica podem ter impacto na saúde física e psíquica
daquela pessoa que é vítima no momento da ocorrência da violência, assim como ter reflexos na
vida futura do indivíduo, no caso de ser uma criança, o reflexo ainda será maior, pois uma criança
que sofre violência na sua tenra idade, há probabilidades de que esta seja violenta quando adulta.
Desta feita veremos neste trabalho o impacto da violencia domestica no desenvolvimento
psicologico das criancas.

1.2.Problematização
Este trabalho discorre em torno do tema sobre o impacto da violência doméstica no
desenvolvimento psicologico do menor, onde são descritos muitos aspectos relacionados a este
tema. Importa referir que antes do desenvolvimento dos aspectos que fazem parte deste tema, faz-
se menção as principais conceptualizações, tendo por base concepções vigentes em Moçambique
sobre a violência doméstica. Em fim, em relacao ao tema

Até que ponto a violência doméstica tem impactos negativos no desenvolvimento psiclogico de
uma ou um menor?
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1.3. Objectivos do trabalho


1.3.1. Objectivo geral

 Compreender o impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicologico.

1.3.2. Objectivos específicos

 Definir violência e violência doméstica;


 Identificar os impactos da violência doméstica;
 Descrever o impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicologico.

1.4.Metodologias
Em termos metodológicos, o trabalho foi realizado na base de uma análise documental e
bibliográfica em relação aos contornos da violência doméstica na sociedade Moçambicana.

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2. Referencial teórico

2.1. Conceptualizações (Violência e Violência doméstica)


a) Violência

Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa (2000), Violência é “acção de empregar força fisica
ou intimidação moral contra uma pessoa”. Por outro lado, CAVALCANTI (2005), “violência
refere-se ao acto de utilizar força fisica para obrigar outras pessoas a realizar algo contra sua
vontade”. A seu turno, FELIPE (1996), Considera “violência como uma serie de actos praticados
de forma progressiva com o intuito de forçar outro a abandonar o seu espaço e a presrvação da
sua identidade”.

b) Violência doméstica

Segundo O INE (2017), violência doméstica ocorre geralmente no ambiental familiar doméstico,
na ocorrência destes actos presenceia-se a violação de direitos fundamentias do homem praticada
entre membros que coabitam na mesma casa. Havendo nestes casos uma criança, afecta sim
psicologicamnete a tal ou o tal menor.

Concebendo a ideia do INE (2017), direiamos que a violência doméstica sao acções que
consistem em ferir fisicamente ou verbalmennte outra pessoas, sendo da mesma familia ou não.
Realmente estes actos têm seus impactos no desenvolvimento psicologico de uma criança e os
resultados nao são bons. Estes actos de violência doméstica podem ter impacto na saúde física e
psíquica da vítima no momento da ocorrência, assim como ter reflexos na vida futura do
indivíduo.

2.2. O Impacto da Violência Doméstica


Segundo HERMAN (1992), “a violência doméstia causa um trauma, um distúrbio pos traumático
e as reações podem durar muito tempo. E as conseuquências incluem a mudança de personalidade
entre outras.

Emrelação as crianças, a violência doméstica traz sérios problemas no desenvolvimento


psicológico de menores que tenham presenciado situações de tais violências ou tenham sido
vitimas dos tais actos. Com isso, eis a razão de algumas criaças crescerem com traumas, sustos e
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acabam ser pessoas que se isolam de certos concivios sociais, o auto estima desaba, há menos
credibilidade na própria pessoas. Finalmente, HERMAN (1992 cit por Slegh, 2006) afirma que a
depressão é a constatação mais comum em todos os estudos clínicos de pessoas cronicamente
traumatizadas. E depressão constitui também um dos problemas mentais.

2.2.1. A comunidade e a sociedade

O estudo da OMS (2005 cit por Slegh, 2006) que temos vindo a referir demonstrou que a
violência está disseminada e profundamente entranhada, e que provoca um sério impacto na
psicologico no bem-estar das crianças. Para combater este mal, precisamos:

 Reforçar os compromissos e as acções ao nível nacional


 Promover a prevenção primária
 Reforçar a resposta do sector de saúde
 Apoiar as mulheres que vivem em relações violentas
 Sensibilizar os sistemas de justiça
 Apoiar pesquisas.

2.3. O Impacto da Violência Doméstica no desenvolvimento psicologico


Para a OMS (2005 cit por Slegh, 2006), de forma geral quase em todo território nacional
ha casos de violêncioa doméstica com destaque em mulheres e crianças como vitimas, mas
também com grandes impactos na saúde mental de menores. Ora, maior parte de vitimas ainda
preferem manterem-se em silêncio para proteger o agressor, ou por considerar a violência
doméstica como uma situação normal (INE, 2017). E enquanto houver tal silenciao degrada a
saude mental da vitimas, pois a mesma atormentada, pior se for uma criança.

Em Moçambique a prática de violência doméstica é crime e é punível por Lei nº 29/2009.


A Lei dá oportunidade ao Governo para assegurar a protecção das mulheres e das crianças contra
a violência em casa e nas comunidades. Desta froma, a lei exige que os transgressores tenham
obrigacao de prestar assistencia às vitimas

Por outro lado, os serviços de saúde interam-se das questões de saúde das vitimas de violência,
onde os maiores casos incidem sobre danos psicologicos em crianças na fase do seu
desenvolvimento.
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A aceitação cultural da violência é uma das principais causas de violência doméstica. Algumas
formas de violência estão enraizadas em dinâmicas sociais discriminatórias e desigualdades de
género e práticas nocivas contra as mulheres e crianças. Nas áreas urbanas, muitas vezes persiste
o princípio de que o homem é o chefe da família, sendo portanto, o indivíduo que detém maior
poder sobre a mulher, e acima de tudo, sobre toda família (grifos do estudante). A mulher é assim
muitas vezes submissa ao seu marido ou ao homem, porque ela é nalgumas vezes educada como
aquela que deve fazer todas as vontades do marido.

2.4.Tendências de Casos de Violência Doméstica na sociedade Moçambicana


De acordo com INE (2017) no período de 2014 a 2016, Moçambique apresentou aumento de
casos de violência doméstica reportados, ao passar de mais de 23 mil para 25 mil, o que resultou
também no aumento do rácio em cada 10000 pessoas (Gráfico 1).

Gráfico 1. Rácio de vítimas de violência reportados em cada 10 mil pessoas, Moçambique 2014-
2016

Fonte: Comando Geral da PRM – Departamento de Atendimento a Família e Menores Vitimas de Violência, 2014-2016
No geral, mais de 60 % de casos de violência doméstica foram reportados em adultos e 40 % em
crianças. Segundo o Gráfico 2 o número de casos de vítimas de violência doméstica aumentou
em 3% em adultos e 15% em crianças. Gráfico 2. Número de casos reportados de adultos e
crianças vítimas de violência, Moçambique 2014-2016

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A seguir o Gráfico 3, mostra o número acumulado de casos de adultos e crianças vítimas de


violência doméstica de 2014 a 2016 por província, onde Nampula registou mais casos de crianças
vítimas de violência doméstica com um total de 5534, enquanto a Província de Tete registou
menos casos com 902 registos. As províncias de Sofala, Maputo e Cidade de Maputo, foram as
que registaram mais casos de violência doméstica em adultos com 6136, 5939 e 5583
respectivamente (INE, 2017). Gráfico 3. Número acumulado de casos reportados de adultos e
crianças vítimas de violência segundo província, Moçambique 2014-2016

Fonte: Comando Geral da PRM – Departamento de Atendimento a Família e Menores Vitimas de Violência, 2014-2016
A Constituição da República de Moçambique consagra a igualdade de direitos para homens e
mulheres, nas esferas económica, social, política e cultural do País. Muita literatura tem apontado
que na sociedade moçambicana, a mulher é uma das principais vítimas da violência doméstica,
por esta razão, o Estado Moçambicano aderiu à Convenção das Nações Unidas para a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Contra Mulheres (CEDAW), adoptou a Plataforma de

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Acção de Beijing e ainda as Declarações relativas à Igualdade de Género e Promoção do Estatuto


das Mulheres, a nível do Continente e da Região, respectivamente na União Africana e na SADC.

De acordo com GdM (2018) um dos Objectivos Estratégicos da Declaração e Plataforma de


Acção de Beijing (DPBA) é adoptar medidas integradas para prevenir e eliminar a violência
contra as Mulheres, estudar as causas e as consequências da violência e a eficácia das medidas
preventivas, eliminar o tráfico de Mulheres e providenciar assistência às vítimas de violência
resultante da prostituição e tráfico. Visto a violência doméstica ter impactos negativos na
sociedade moçambicana, o GdM (2018) decretou que a prevenção e combate a violência baseada
no género constitui uma das prioridades do Governo. Neste contexto, foi elaborado, o Plano
Nacional para o Combate e Prevenção da Violência contra a Mulher (2008-2012), cujas acções
foram implementadas por instituições do Estado, sociedade civil, instituições religiosas e
parceiros de cooperação.

A nosso ver, em Moçambique, a violência contra mulher está associada aos estereótipos ainda
prevalecentes na sociedade, as assimetrias de poder, de cultura do patriarcado que condicionam
atitudes e identidades de masculinidade e feminidade que conduzem a perpétua desigualdade
entre homens e mulheres, como resultado de processos de socialização de mulheres e homens.
Esta situação exige uma profunda mudança de atitudes dos pais, mães, família, das lideranças
locais e da sociedade, a todos os níveis, com vista a cultivar uma educação e cultura de paz e
respeito para com as pessoas. Os casamentos prematuros constituem uma violação dos Direitos
Humanos e perpetuam a pobreza, violência baseada no género, problemas de saúde reprodutiva e
perda de oportunidades de empoderamento das mulheres e raparigas.

Como pode-se observar, a violência na sociedade moçambicana tem um impacto negativo, as


evidências já foram apresentadas acima, mas é fundamental acrescentar que autores como Teles e
Minayo (2011) relatam que em Moçambique, a violência doméstica é indicada, como sendo um
dos principais agravantes das taxas de homicídio. Sendo a violência doméstica, uma prática com
consequências ou impactos negativos, foi elaborada a Lei 29/2009, uma vez que foi num longo
processo de campanhas e debates promovidos a nível nacional sobre o combate á violência
doméstica contra a mulher que foi elaborado um dispositivo legal exclusivamente virado para a
luta contra a violência doméstica

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3. Conclusão
Este trabalho discorreu em volta da temática relacionada a violência doméstica, um tema muito
discutido na área académica, por ser uma temática que de certa forma tem impactos muito fortes
no mundo inteiro. Em busca de elementos factuais que nos pudessem ajudar a responder as
questões fazem parte do tema fez-se uma pesquisa documental e bibliográfica na qual diversas
consultas foram realizadas. Com o trabalho realizado, que tinha como objectivo central
compreender o impacto da violência doméstica, foi possível constatar que as mulheres, crianças e
idosos são as principais vítimas, especialmente a mulher, por ser uma pessoa que dentro da
família é submissa ao homem, fazendo com que seu papel como mãe não seja valorizado.

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4. Referências bibliográficas
ANDRADE, X. (2009). Proposta de Lei Contra a Violência Doméstica: Processo e
Fundamentos. In: Outras Vozes, Maputo, nº 26, Abril de 2009. pp. 14-17.

CAVALCANTI, S. T. V. S. F. A Violência Doméstica como Violação dos Direitos Humanos.


2005. Disponível em <http://jus.uol.com.br/revista/texto/7753/a-violencia-domestica-como-
violacao-dosdireitos-humanos> Acesso em 10 Junho./2020

Dicionário Básico da Língua Portuguesa, 6.ª edição. Porto Editora, Porto, 2000.

FELIPE, S. Violência, agressão e força. In: FELIPE, S. & PHILIPI, J. N. O corpo violentado:
estupro e atentado violento ao pudor. Florianópolis, SC: UFSC, 1996.

GdM. (2018). Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Baseada no Género, 2018-
2021. Maputo, Agosto de 2018.

INE. (2017). Estatísticas de Violência Doméstica 2014-2016. Editor: Instituto Nacional de


Estatística Direcção de Estatísticas Demográficas, Vitais e Sociais. Maputo.

TELES, N. & MINAYO, M. Alguns elementos de Contextualização da violência em


Moçambique (Cap. I). In: ASSIS, Simone (Org) et al. Impactos da Violência: Moçambique e
Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ensp/Claves, 2011. pp. 19-37.

RAMÍREZ, F. C. (2001). Condutas agressivas na idade escolar. Amadora: McGraw-Hill, Lda.


Tradução de Jorge Ávila de Lima.

SLEGH, H. (2006). Impacto psicológico da Violência contra as mulheres. Publicado em “Outras


Vozes”, nº 15, Maio de 2006.

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