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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4º Ano

Disciplina: GESTÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS


Código: ISCED41-FINPCFE002
Total Horas/1o Semestre:
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 6

INSTITUTO SUPER

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED


ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e


contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).

A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais


em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Direcção Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839

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Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Ibraimo Hassane Mussagy, PHd em Economia

Direcção Académica do ISCED


Coordenação
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Financiamento e Logística

Revisão Científica e Editon Morais, Licenciado em Enconomia Mestrado em Gestao


de Empresas
Linguística
2018
Ano de Publicação
ISCED – BEIRA
Local de Publicação

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Índice

Visão geral 1
Benvindo à Disciplina/Módulo de Contabilidade Geral ................................................... 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 7

TEMA – I: ESTUDO DA DIMENSÃO E ESTRUTURA DA REALIDADE FINANCEIRA. 9


UNIDADE Temática 1.1. Introdução.................................................................................. 9
Introdução......................................................................................................................... 9
UNIDADE Temática 1.2. Finanças Públicas e Finanças Privadas ..................................... 10
UNIDADE Temática 1.3. Introdução ao Fenómeno Financeiro ...................................... 11
Sumário ........................................................................................................................... 22
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 23
Correcção dos Exercícios ................................................................................................ 23
UNIDADE Temática 1.1. Introdução................................................................................ 25
UNIDADE Temática 1.2. Finanças Publicas e os Sistemas Económico-sociais ................ 26
Sumário ........................................................................................................................... 56
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 57
Correcção dos Exercícios ................................................................................................ 57

TEMA – III: AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NACIONAIS E COMUNITÁRIAS 59


UNIDADE Temática 1.1. Introdução................................................................................ 59
Introdução....................................................................................................................... 59
UNIDADE Temática 1.2. As Instituições Financeiras Nacionais e Comunitárias ............. 60
Sumário ........................................................................................................................... 78
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.3 ............................................................................... 79
Correcção dos Exercícios ................................................................................................ 79

TEMA – IV: O ORÇAMENTO DO ESTADO 81


UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Orçamento do Estado ........................................ 81
Introdução....................................................................................................................... 81
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.2 ............................................................................... 94

1. Fale das regras dos orçamentos. 94


UNIDADE Temática 1.1. Introdução................................................................................ 96

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Introdução....................................................................................................................... 96
UNIDADE Temática 1.2. Finanças Públicas e Finanças Privadas ..................................... 97
1.6.1.Receita orçamentária ................................................................................. 103
1.6.2.Receita extraorçamentária ......................................................................... 104
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 105
Correcção dos Exercícios .............................................................................................. 106

TEMA –V: INSUFICIÊNCIAS DA SOLUÇÃO DE MERCADO E A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA


AFETAÇÃO DOS RECURSOS ECONÓMICOS 107
UNIDADE Temática 1.1. Introdução.............................................................................. 107
Introdução..................................................................................................................... 107
UNIDADE Temática 1.2. Poder e a Economia ............................................................... 108
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.3 ............................................................................. 120
Correcção dos Exercícios .............................................................................................. 120
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 121

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Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Contabilidade Geral

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Contabilidade Geral deverá


ser capaz de: Apresentar a estrutura básica da contabilidade,
destacando seus objectivos, sua sistematização, seus
procedimentos concebidos para captar, registrar, acumular,
resumir e interpretar os fenômenos que afectam as situações
patrimoniais, financeiras e econômicas das organizações.

 Definir Contabilidade Geral e suas aplicaçòes.

 Fazer um breve percurso histórico da disciplina.

 Conhecer as diferentes formas de fazer auditoria;


Objectivos
Específicos
 Conhecer os processos de orientação do fedback.

 Saber Interpretar os resultados.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de


licenciatura em Contabilidae e Auditoria do ISCED e outros como
Gestão de Rcursos Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o
manual.

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Como está estruturado este módulo

Este módulo de Contabilidade Geral, para estudantes do 1º ano do


curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança
dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas algunas incluido estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicoa e pedagogos do ISCED, pensando em si,


num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

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Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresntam duas caracteristicas: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didático-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.

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Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro


estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o

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intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das


actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,

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sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando


a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou admibistrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

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O plágio1 é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma


transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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TEMA – I: ESTUDO DA DIMENSÃO E ESTRUTURA DA REALIDADE FINANCEIRA.

UNIDADE Temática 1.1. Introdução


UNIDADE Temática 1.2. Finanças Públicas e Finanças Privadas
UNIDADE Temática 1.3. Introdução ao Fenómeno Financeiro
UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

Introdução

O conhecimento constitui-se hoje em um diferencial na conquista de


espaço no mundo cada vez mais competitivo, e sem dúvida determina
a capacidade de interpretar os fatos e analisá-los. A reflexão sobre os
fatos, permite a inovação e a criação na gestão de recursos cada vez
mais escassos. Por isso, conhecer o que já foi criado pode proporcionar
uma ferramenta valiosa para enfrentar os desafios impostos pelos
novos tempos.

A presente unidade tem como tema central o Estudo da dimensão e


estrutura da realidade financeiro, e que esta dividida em três (3) pontos
nomeadamente: introdução ao fenómeno financeiro; a evolução do
pensamento financeiro e a Economia do fenómeno financeiro.

Com estas matérias prentede-se dotar os nossos estudantes de


conhecimentos necessários para perceber como é que a economia se
encontra organizada e as formas que o Estado optou para ordenar,
intervir e actuar no seio da economia de modo a evitar desequilíbrios.

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No fim deste tema, os estudante deverá ter o domínio sobre matéria referentes:

 Ao conceito de Finanças Públicas;


Objectivos
específicos  Aos sentidos vários em que as Finanças Públicas podem ser entendidas;
 Fenómeno Financeiro, de forma a representar o estado das relações
económicas entre as pessoas e instituições sociais por um lado e o Estado,
do outro;
 Compreender a evolução do fenómeno financeiro de modo estabelecer a
importância de finanças públicas;
 Entender o que é a Economia social;
 O que é a economia privada;
Saber diferenciar a Economia privada da Economia pública;

UNIDADE Temática 1.2. Finanças Públicas e Finanças Privadas

1.1. Finanças Públicas e Finanças Privadas

Numa primeira aproximação ao conceito de finanças públicas exige sua


separação de outra nocao com que anda muitas vezes confundido e de
que é rigorosamente distinto: as finacas privadas.

Enquanto por financas privadas se entendem os aspectos tipicamnete


monetarios do financiamento de uma economia ou de um agente
economico, cobrindo os problemas da moeda e do crédito, ou, mais
restritamente os “mercados financeiros” onde se transaccionam activos
representados por titulos a médio e longo prazo, as financas públicas
designam a actividade economica de um ente público tendente a

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afectar bens a satisfação de necessidades que lhe estão confiadas.


(Teixeira Ribeiro, 1991)

1.1.1. Acepções de Finanças Públicas


Segundo (Teixeira Ribeiro, 1991), a expressão finanças públicas pode se
utilizada em três sentidos fundamentais:
 Sentido orgânico – usa – se para designar o conjunto dos órgãos
do Estado ou de outro ente público (incluindo a parte da Administração
Pública) a quem compete gerir os recursos económicos destinados a
satisfação de certas necessidades sociais, como por ex.: Ministério das
Finanças.
 Sentido objectivo – Designa a actividade através da qual o
Estado ou outro ente Público afecta bens económicos a satisfação de
certas necessidades sociais.
 Sentido subjectivo – Refere a disciplina cientifica que estuda os
princípios e regras que regem a actividade do Estado com o fim de
satisfazer as necessidade que lhe estão confiadas.

No segundo e no terceiro sentidos, tende – se modernamente a


designar por Economia Pública, quer esta forma de actividade
económica, quer o ramo da economia que a estuda.

UNIDADE Temática 1.3. Introdução ao Fenómeno Financeiro

1.2. Introdução ao Fenómeno Financeiro


Como aspecto da realidade e objecto científico das finanças, há que
caracterizar, pois, o fenómeno financeiro. Ele representa, talvez do
modo mais significativo e expressivo, o estado das relações económicas
entre as pessoas e instituições sociais,

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

por uma lado, e o Estado do outro, com o seu estudo contem a visão
mais concreta e insofismável das tarefas e das funções que, com
prioridade, o poder público concretamente desenvolve numa
sociedade, por vezes bem diferente a das proclamações políticas, das
conceções ideológicas e, até, de certas visões superficialmente
cientificas.
Poucos campos melhor do que este são uns verdadeiros termómetros
das relações concretas entre o poder e a sociedade que o íntegra, bem
como das tarefas e funções que esta leva o poder a desempenhar, e do
modo como os grupos, estratos ou classes sociais se situam perante o
poder, beneficiando dos seus gastos ou suportando o respectivo custo.

1.2.1. A evolução do Fenómeno Financeiro

O conteúdo da teoria financeira encontra-se em processo de rápida


transformação. Nos últimos 50 anos ocorreram mudanças notáveis na
teoria e na prática das finanças empresariais. Nesse período, o ritmo
acelerado da inovação na relação - teoria e prática - em finanças tornou-
se mais dinâmico, sistemático e científico. Porém, todo esse arsenal
teórico é o resultado da consolidação de estudos e pesquisas que vem
evoluindo ao longo dos tempos, e contou com a colaboração dos
pioneiros nos estudos e pesquisas financeiras desde o início das
civilizações.

1.2.1.1. A Idade Antiga


Nos povos antigos, a preocupação com finanças surgiu em meio às
reflexões filosóficas, que se ocupavam dos preceitos morais e religiosos
e nas tarefas diárias.
A riqueza, a distribuição da renda, a posse de escravos e de bens, os
recursos financeiros das famílias e dos governos, a atividade comercial,
os empréstimos, a tributação, a cobrança de juros, a valoração das
mercadorias para troca nos sistemas de escambo e na adoção de

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moedas, o fundamento dos preços, a interferência governamental no


mercado e outras questões, impulsionaram o estudo de finanças.
Os registros daquela época relatam que a atividade financeira e
comercial não era vista com "bons olhos" pela sociedade que, de um
modo geral, condenava a riqueza individual, que era vista com
desconfiança, pois acreditavam que o dinheiro servia para reforçar a
divisão social e subverter a retidão moral dos indivíduos.
A religião controlava e determinava o comportamento coletivo,
influenciava a ação dos governantes, impondo leis e regulamentos em
todos os aspectos da sociedade, inclusive o financeiro.

Segundo (Prof. Dr. Alberto Borges Matias; Zípora de Campos Freitas),


em meio a todas as civilizações que existiam na época, pode-se observar
a preocupação com questões financeiras entre árabes, persas,
japoneses, egípcios, como também:
 Os hindus, que criaram as leis que regulavam os preços,
intervindo no mercado com o propósito de determinar um preço justo
para cada bem. O pensador hindu Kautylia, 300 a.C. em sua obra
Artaçastra, escrita em sânscrito, retrata o pensamento financeiro da
época;
 Os judeus, que sofriam a regulamentação da religião sobre as
finanças familiares.
 Os pensadores e os filósofos chineses acreditavam que a riqueza
dos povos dependia do desenvolvimento individual, e o controle e a
interferência governamental na sociedade, nos assuntos financeiros,
levava ao empobrecimento;
 Os gregos, cujo desenvolvimento comercial interferiu na
estrutura do poder em Atenas. Antes do desenvolvimento do comércio,
o poder pertencia aos herdeiros nobres, que era adquirido através do
nascimento ou da propriedade da terra.

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Depois da evolução das relações comerciais, o poder passa a ser


constituído assembléia formada por cidadãos. A atividade financeira
daquela época foi cogitada por Xenofonte (430 ou 445-352 a. C), em seu
trabalho sobre empréstimos e rendas de Atenas e de suas minas de
prata. Além dele, outros pensadores discorreram sobre aspectos
financeiros da Grécia como Aristóteles (384-322 a C), Plínio (62-120),
Tácito (55-120), Cícero (107-42) entre outros;

1.2.1.2. A Idade Média


Na Idade Média, o cristianismo influenciou o comportamento humano
e estabeleceu procedimentos em relação a Finanças.
A Igreja Católica, em seus mosteiros, desenvolveu estudos relacionados
a assuntos financeiros, sendo a escassez das rendas patrimoniais dos
príncipes, a tributação e a constituição do tesouro como reserva para
os maus dias, alguns dos assuntos tratados nas obras do teólogo São
Tomas de Aquino (1226-1274).
Mateo Palmieri (1405-1475) fez um estudo sobre empréstimos e
proporcionalidade de tributos contra critérios progressivos; outros
pensadores apresentaram em suas obras, fragmentos de estudo de
finanças, como Antônio de Firenze (1389-1459) e Bernardino de Siena,
que defendiam o acúmulo do tesouro.
A Igreja influenciava todas as decisões, mas com o crescimento das
cidades estas passaram a adquirir autonomia, ocasionando a
necessidade de se criar uma regulamentação nas transações
comerciais. Surgiram então leis específicas que tratavam de contratos,
instrumentos, operações e títulos financeiros, bem como, instituições
de crédito e de leilões que propiciaram uma evolução nas transações
financeiras.

1.2.1.3. A Era Moderna e de Renascença “Séc. XX”

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

No final do século XIX as obras europeias constituíam a fonte de teorias


financeiras e se refletiam nas políticas, economias, e nas organizações.
Edwin Selegman (1861-1934) contribuiu influenciando o pensamento
europeu com suas pesquisas financeiras.
No início do século XX, o volume de obras, descrevendo a ciência de
finanças, acumulava quantidade e complexidade de teorias que foram
consolidadas ao longo do tempo e que, na visão de alguns pensadores
da época, dificultavam o estudo de finanças.
De um lado, professores como Calkins e Bosland, afirmavam que os
elementos analíticos não necessitavam de material descritivo para a
tomada de decisão; defendiam que o estudo de finanças deveria
dedicar-se apenas a orientar as funções do administrador financeiro.
Por outro lado, cientistas financeiros, acreditavam que se deveria
desenvolver uma base teórica, dar ênfase aos instrumentos financeiros,
sua utilização, não devendo o estudo restringir-se apenas à empresa e
sim ao universo de estudo de todo o sistema financeiro composto por:
instituições governamentais, instituições não financeiras, investidores e
pelo comportamento de todos os elementos envolvidos nas questões
financeiras de modo geral, além da empresa, e de outros aspectos não
abordados pelo administrador financeiro.
A divisão do estudo fez com que a ciência das finanças, concentrasse
seus estudos, a partir daí, nos aspectos operacionais, ou seja, na função
financeira. Desde então, as universidades norte-americanas
contribuíram imensamente para o progresso da teoria de finanças.

1.2.1.4. Tendências na Área de Finanças


As empresas estão se adequando às novas condições mercadológicas e
precisam agir rapidamente, adotando estratégias com base numa visão
global do mercado em vários aspectos. Para que isso ocorra, é
necessário ter uma mentalidade global, sendo esse o maior desafio do
administrador que terá que conquistar a confiança dos investidores,
acionistas, governos, parceiros e
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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

consumidores, e principalmente atingir os resultados esperados na


geração de valor.
A criação do valor é sem dúvida o principal objetivo das empresas e
nesse aspecto dominar finanças torna-se primordial. O mundo
financeiro vem se globalizando velozmente com a desregulamentação
crescente do mercado financeiro. Hoje as riquezas são globais e a teoria
de finanças, como sempre, buscará soluções práticas para questões
financeiras.
Sendo assim, os agentes pretendem entender cada vez mais como
funciona o mercado, buscando transparência nas relações
mercadológicas, as quais dependem da harmonização dos padrões
contábeis. (Prof. Dr. Alberto Borges Matias; Zípora de Campos Freitas)
A teoria financeira tende a preocupar-se com os preços dos ativos,
buscando analisar os fluxos de caixa futuro e fatores de desconto, uma
vez que a observação apenas do fluxo de caixa pode refletir apenas
instabilidades comuns e não uma integração.
Dessa forma, notamos que, as mudanças no mercado financeiro
ocorrerão rapidamente, sendo que muitas questões serão levantadas
em relação ao papel dos governos, as relações comerciais, as crises
especulativas e a alavancagem financeira descolada da economia real.
Nesse contexto, certamente a teoria financeira surgirá como um
instrumento facilitador da administração e alocação de recursos
oferecendo soluções alternativas assim como vem ocorrendo desde o
início das civilizações.

1.2.2. A Economia do Fenómeno Financeiro (Economia Privada,


Social e Pública)

A actuação económica das pessoas, dos grupos e da sociedade pode ser


exercida de diversas formas.

16
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Em alguns casos, achamo-nos perante indivíduos, famílias ou


organizações de base contratual que, na produção, no consumo, na
repartição ou na circulação, actuam como unidades individuais ou como
organizações de mera base contratual, na satisfação das respectivas
necessidades, segundo critérios predominante individuais. Trata-se da
economia privada, em regra contratual.
Outras vezes, deparamos com organizações que visam satisfazer
necessidades segundo uma logica cooperativa ou colectiva, recorrendo
a disciplina institucional interna do grupo, mas sem a possibilidade de
recorrer a mecanismos coativos externos.
Enfim, as pessoas podem associar-se em organizações politicas, as quais
tem por fim o interesse geral de sujeitos indeterminados, indo assim
para alem da simples satisfação de necessidades comuns sociais. Temos
então uma economia pública, que iremos estudar primeiramente em
referencia ao seu sujeito actual mais típico e importante: o Estado.
 A economia privada baseia-se no livre comportamento dos
agentes económicos e em equilíbrios, parciais e gerais, por eles
livremente estabelecidos, de acordo com os seus interesses próprios
confrontados com transparência e medidos por referenciais comuns –
os preços formados em mercado. Tem como instrumentos
fundamentais os contratos e como instituição básica de apropriação
dos bens, produtivos ou de consumo, a propriedade privada. (Sousa
Franco, 1996)
 A economia social assenta na solidariedade, organizada em
grupos de diversas dimensões nível económico, na liberdade de
comportamento das pessoas e dos grupos, na combinação da
propriedade privada com a propriedade social e comunitária, na
cooperação organizada (mais livremente ou com maior peso dos
interesses sociais); ela pode integrar instrumentos de racionalidades e
solidariedade orgânica diversificados, que combinam o individualismo
com o solidarismo, nos seus diversos matrizes. (Sousa Franco, 1996)

17
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Por seu lado, a economia pública assenta, a partida, na existência de


uma solidariedade organizada e dotada de poder politico portanto, da
coação social máxima – a escalada colectividade ou de subsistemas do
sistema social, numa logica de direcção económica mais ou menos
planeada, com formas de apropriação dos bens ela sociedade através
dos seus órgãos políticos e juízos colectivos de utilidade; estes impõem-
se do centro (órgãos de decisão politica) para a periferia (membros da
sociedade), seja qual for a forma de designação e o critério de
funcionamento interno da entidade pública considerada.

A economia privada e a economia pública até hoje dominantes


constituem dois princípios opostos de estruturação e funcionamento da
sociedade económica, que podem situar-se fundamentalmente em dois
planos distintos;

 O da definição do sistema económico, caracterizando assim,


consoante seja globalmente dominante um ou outro destes princípios,
diversos tipos de sistemas económicos;
A adaptação dos respetivos modelos ou critérios de comportamento,
dentro de um ou outro dos sistemas económicos, por sectores, órgãos
sociais ou agentes económicos.
Embora pudesse ser mais logica a ordem inversa, vamos começar por
nos situar no plano de um sistema económico dominado pelos
princípios de economia privada: no plano sociocultural (filosofias e
ideologias individualistas, sistemas sociais e políticos parcialmente
descentralizados), no das instituições e instrumentos económicos
fundamentais (propriedade e iniciativa privada dominantes,
ajustamento económicos pelo mercado e pelos princípios da máxima
utilidade individual, tomada em si ou refletida nos grupos) e no plano
dos comportamentos sociais (motivação egoísta predominante,
dinamismo competitivo ou conflitusl). São estes os sistemas e as
estruturas historicamente dominantes até ao presente, e é no seu

18
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modelo que se integra Moçambique, tal como os países que nos são
mais próximos.

1.2.3. Poder e a Economia: Ordenação, Intervenção e actuação


Económica “Noções prévias”

Vejamos então quais os principais tipos de relações entre o poder


político – podem tomar como sua forma protótipos de organização o
Estado, sem prejuízo do que adianta se dirá – e a actividade económica,
entendida como o processo orgânico de satisfação de necessidades
humanas mediante a afetação de bens materiais raros a fins
alternativos (individuais ou sociais; privados, comunitários ou públicos).

Sendo assim, essa relação pode ser de três tipos principais: a ordenação
económica, a intervenção económica e a actuação económica publica.
Vejamo-las sucessivamente.

 A ordenação Económica
1°. Cabe aos poderes públicos estabelecer os quadros gerais em que
toda a actividade económica tem de se desenvolver (por mais liberal
que seja a sua filosofia económica e social): da constituição económica
e da legislação económica. As próprias directivas e decisões concretas
da administração económica; A máquina político-administrativa, em
larga parte, procede assim a definição do enquadramento da vida
económica, designadamente de natureza jurídica e social; assim
estrutura a actividade económica e condiciona a actuação dos sujeitos
económicos. (Vital Morreira, 1973)
2°. Um primeiro aspecto desta ordenação resulta normalmente da
definição e execução de uma doutrina ou político económico-social
seguido pelo estado: abstencionista, liberal, socialista a, comunista. A
doutrina económica do estado explícita ou implícita, constitui uma
primeira forma de ordenação genérica da actividade económica e

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social, a qual há-de conformar-se as suas actuações políticas e as dos


sujeitos privados. (Vital Morreira, 1973)
3°. As doutrinas e políticas económicas de índole geral podem
especificar-se, tanto em normas como numa prática jurídico-política
(com a qual estão, alias, interdependentes). Então formulam-se
princípios gerais, aos quais deve obedecer toda a vida económico-
social, e também a produção e normas jurídicas ou as situações e
relações jurídicas a ela pertinentes. Este conjunto de disposições
fundamentais, pode designar-se por constituição económica. (Debates
entre as interpretações liberais e as interpretações dirigistas da
constituição de 1933)
4°. O Estado pode ainda, ao abrigo da sua função ordenadora da vida
económica, definir normas gerais, que não demarcam já os quadros
fundamentais de toda a vida económica, mas a eles se subordinam, seja
para toda a actividade económica, seja para certos sectores, tipos de
actividade ou de relações económico-sociais gerais e permanentes
antes referidos, regulando de forma directa, por exemplo, um sector,
um tipo ou uma área de actividade: será legislação ou regulamentação
económica.

 A intervenção económica

1°. Segundo (Sousa Franco, 1996), não se esgota, aqui a relação entre
político e a actividade económica. Um outro modelo e o que visa alterar
concretamente o que seria a actividade livre e norma dos sujeitos
económicos. Assim, suponhamos que o Estado considera indesejável
que se produzam mais tecidos de fibras sintéticas: poderá evitar que
abram mais fabricas, poderá baixar os preços dos têxteis, levando
algumas unidades a falência e outras a retraírem a produção, podem
restringir o crédito ao sector, poderá fixar quotas de mercado ou limitar
por contingente a produção de cada fábrica ou empresa.

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2°. Este tipo de comportamento que se designará, em sentido próprio,


por intervenção económica do Estado a qual tem como forma mais
racionalizada a política económica. Ela pode ser directa ou indirecta, e
representa a relação mais flexível, diversificada e variada entre o Estado
e a actividade económica. O que a caracteriza é que o Estado visa alterar
o comportamento dos produtores ou dos consumidores (em suma, dos
sujeitos económicos) que dispõem de uma certa margem de liberdade:
a intervenção estadual tenta modificar a forma natural como esses
agentes actuariam, de modo genérico (teremos então politicas
económicas) ou em termos casuísticos (por acuações individualizadas).

 A actuação económica do Estado


1°. O estado pode, porém, desenvolver ele próprio – como forma
política da sociedade – uma actividade de sujeito económico colectivos
ou social. Sabemos de sistemas sociais em que todas as necessidades
económicas, em sociedades primitivas ou integralmente socialistas, são
satisfeitas pelas próprias sociedades políticas (que terá, para uns,
necessidades próprias, como organismo que é; que apenas “interpreta”
necessidades individuais; ou que actuam num e noutro plano). (Sousa
Franco, 1996)
2°. Todos sabemos que há serviços que o Estado e só ele podem prestar
numa sociedade evoluída: a administração da justiça, a defesa e a
segurança interna, certas zonas de administração civil. Para tanto, ele
haverá de dispor de bens, de utilizar meios de financiamento, de
remunerar o trabalho e outros factores produtivos.

Mas sabemos igualmente que há serviços que o estado, por razoes


diversas chamou a se prestar (embora pudesse não fazer. E o faça nuns
países e não em outros): dos correios e telecomunicações, de certas
modalidades de crédito, da rádio e televisão e certos países (por vezes
em concorrência com os particulares).

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Também estes bens e serviços tem uma natureza económica bem


evidente. O Estado, ao produzi-los, é um produtor como outro
qualquer: quer seja monopolista, quer se integre num esquema
concorrencial, quer aja em regime de preços livres, quer se socorra de
preços dirigidos; tanto se tiver organizações de tipo empresarial, como
se sujeitar a critérios, as vezes pouco económicos, de gestão dos
serviços públicos com caracter estritamente politico.

Nestas situações, que poderemos designar por actuação económica em


sentido próprio, o estado age por si mesmo como sujeito ou agente
económico, formulando escolhas ou opções económicas no interesse
da comunidade (ou da sua maquina ou aparelho estadual).

Sumário

O conhecimento constitui-se hoje em um diferencial na conquista de


espaço no mundo cada vez mais competitivo, e sem dúvida determina
a capacidade de interpretar os fatos e analisá-los. A reflexão sobre os
fatos, permite a inovação e a criação na gestão de recursos cada vez
mais escassos. Por isso, conhecer o que já foi criado pode proporcionar
uma ferramenta valiosa para enfrentar os desafios impostos pelos
novos tempos.
O intuito desse tema é discorrer acerca da evolução do fenómeno
financeiro e ou pensamento financeiro em todas as épocas,
considerando desde a reminiscência da Idade Antiga até os dias atuais,
em diversas localidades.
Dessa forma, procuramos resgatar as idéias de pensadores que
propiciaram a teoria de finanças alcançar o patamar em que se encontra
atualmente, demonstrar que a dedicação desses estudiosos no
desenvolvimento de teorias e pesquisas edificou a moderna teoria de
finanças.
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1) Mencione o objecto de estudo de Finanças públicas.


2) “A expressão Finanças Públicas pode ser utilizada em três sentidos
fundamentais.”
a) Diga quais são e fale resumidamente sobre cada um deles.
3) Enuncie a diferença entre Economia Privada e a Economia Pública,
tendo como base o conhecimento sobre o conceito de Economia
Social.
4) Sendo a Economia uma ciência social, qual é a relação em termos de
avaliação geral critica olhando para as finanças públicas de modo a
fazermos a alocação equitativa dos recursos escassos de modo a obter-
se o bem-estar social.
5) “A actividade económica, entendida como o processo orgânico de
satisfação de necessidades humanas mediante a afectação de bens
materiais raros afins alternativos, a sua relação pode ser de três tipos
principais.”
a) Diga quais são os tipos de relações existentes e suas diferenças.

Correcção dos Exercícios

1) O âmbito do objecto de Finanças Públicas, se cingirá aduas


actividades fundamentais: a de gestão dos dinheiros públicos, ou seja,
a actividade de gestão financeira pública, ou simplesmente, a actividade
financeira pública; e a de controlo dos dinheiros públicos, mais

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precisamente, a actividade de controlo financeiro externo (gestão e


controlo dos dinheiros públicos).
2) A expressão finanças públicas pode ser entendida em três
sentidos, que são:
a) Sentido Orgânico;
b) Sentido Objectivo;
c) Sentido Subjectivo.

3) A economia privada é o sistema que se baseia no livre


comportamento dos agentes económicos e em equilíbrios, por eles,
livremente estabelecidos, de acordo com os seus próprios interesses,
mas conformados com transparência, e tem como instrumentos
fundamentais, os contratos e como instituição básica de apropriação
dos bens produtivos ou de consumo, a propriedade privada. Enquanto
a economia pública assente, na existência de uma solidariedade
organizada e dotada de poder político, numa logica de direcção
económica mais ou menos planeada, com formas de apropriação dos
bens pela sociedade através dos órgãos políticos e juízos colectivos de
utilidade.
4) Fazendo uma avaliação critica a partir da economia que é uma
ciência social olhando para as finanças públicas é de modo a poder olhar
para os dados passados, de modo a perceber os resultados presentes
para dai poder prosperas um futuro risonho pois teremos já estudos
suficiente para poder realmente saber a importância das finanças
públicas para a alocação equitativa dos recursos escassos para o bem-
estar da sociedade.
5) A actividade económica entendida, como acima se refere, pode
ser entendida como:
a) Ordenação económica;
b) Intervenção económica;
c) Actuação económica.
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TEMA – II: FINANCAS, DOUTRINAS E SISTEMAS ECONOMICOS E SOCIAIS.


UNIDADE Temática 1.1. Introdução
UNIDADE Temática 1.2. Finanças Publicas e os Sistemas Económico-sociais
UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

Introdução

A inflação, suas causas e consequências, quer a nível da economia, quer


a nível empresarial ou individual é tema por demais debatido e
controvertido. É bem provável que ao longo deste encontro os senhores
tenham mais uma vez constatada essa afirmação. O tema que esta
unidade apresenta, representa apenas uma das inúmeras abordagens
acerca desse assunto. O objetivo de nossa explanação "Decisões e
envolventes financeiras em um contexto inflacionário" é o da discussão
de como adaptar o processo tradicional de tomada das decisões
financeiras dentro de uma conjuntura inflacionária. O tema será
abordado do ponto de vista interno da empresa, ou seja, em uma visão
microeconômica. Essa abordagem será razoavelmente "normativa",
isto é, como deveria ser a tomada de decisões, em lugar de como elas
normalmente o são na prática

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

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Objectivos  Entender as relações existentes entre finanças públicas e os


específicos
sistemas económicos – sociais, tomando em consideração, que
pela sua própria definição a actividade financeira configura-se de
forma diferente, consoante o sistema económico em que se
concretiza.
 Entender os instrumentos possível para tomada de decisões
financeira de modo a satisfazer a sociedade em termos locativos
dos recursos escassos, podendo com isso traçar ideias para
melhoramento das mesmas necessidades.

UNIDADE Temática 1.2. Finanças Publicas e os Sistemas Económico-sociais

1.1. As Finanças Públicas e os Sistemas Económicos – Sociais

a) Sistemas e estrutura

I. Pela sua própria definição a actividade financeira configura-se de forma


diferente, consoante o sistema económico-social em que se concretiza.
II. Importa precisar - muito brevemente - o que se entende por sistema
económico abstracto, estrutura económica e sistema concreto.

Temos de partir, para os definir, da noção fundamental de sistema - um


conjunto de elementos unidos por um conjunto de relações. Os
sistemas económicos, em geral, são formas típicas e globais de
organização e funcionamento da sociedade em geral (sistemas sociais)
e da sua actividade económica em especial. Os sistemas
socioeconómicos são inspirados por concepções valorativas da
sociedade (doutrinas ou, na sua versão sintética e orientada para a
pratica social, ideologias) e são condicionados pelas estruturas sociais

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(naturais, socioculturais, políticas, económicas), cujos modelos de


organização são bem diversos.

Por sistema abstracto entendemos um tipo ideal de organização e


funcionamento de uma sociedade, que pode estruturar-se, em
princípio, de harmonia com duas ideias distintas: a ideia de economia
descentralizada livre e a de direcção central total. Tanto uma com outra
correspondem, em qualquer caso, a princípios abstractos puros, já que
nunca existirá uma economia completamente livre de qualquer
orientação ou intervenção central; nem, por outro lado, há uma total
direcção estatal. Os sistemas abstractos confrontam – se precisamente
com realidades concretas, que são as estruturas sócio -económicas.

Por estruturas socioeconómicas entendemos a forma como configuram


numa dada economia, quer os seus elementos extraeconómicos
(condições geográficas, demográficas, institucionais, etc.), quer os
elementos económicos permanentes: as estruturas da produção, da
repartição, da circulação e do consumo (estruturas económicas).

Um último conceito a reter é o do sistema concreto - tipo de


organização e funcionamento da actividade económica,
suficientemente diferenciado dos outros e aplicável em diferentes
estruturas.

Definido o sistema económico, importa ver como se caracterizam os


fenómenos financeiros nos grandes sistemas concretos.

b) Sistemas pré-industriais e sistemas da sociedade industrial

Para efeitos de delimitação dos sistemas económicos concretos, a


rotura fundamental estabelece-se em torno da revolução industrial,
que constitui um marco de separação histórica para a sociedade
moderna, na medida em que veio introduzir profundas alterações nas

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instituições, nas técnicas e até na forma vital e psicológica como as


pessoas encaram a actividade económica . (Sousa Franco, 1982-83)

Temos de optar aqui em exclusivo pelos sistemas saídos da revolução


industrial, embora se aconselhe vivamente o estudo dos sistemas prê-
industriais; o da economia dominial, com caracteres de arcaísmo social
e cultural e de direcção central do processo económico (patentes quer
na economia tribal quer na feudal) e o da economia urbana (tanto no
modelo de economia greco-latina como nas economias nacionais do
século XV ao século XVIII europeus e em diversas economias mais
evoluídas extra-europeias· (Sousa Franco, 1996)

Segundo (Max Weber, Daniel Bell, Raymond Aron et. All) A revolução
industrial produziu modificações fundamentais nas técnicas de
produção, nas mentalidades, nos comportamentos e nas instituições
económicas. É a partir dela que pode falar-se nos actuais sistemas
económicos dominantes: capitalismo e colectivismo - os quais, apesar
de todas as suas diferenças têm, entre si, alguns traços comuns, que
correspondem aos caracteres da sociedade industrial17: trata-se de
sistemas dominados pela predominância de idênticos factores
fundamentais, como a sujeição a uma tecnologia complexa, evoluía,
dinâmica e integrada com o saber científico, a existência de motivações
hedonísticas e materialistas nos agentes económicos e a adopção de
atitudes económicas activas (predomínio da indústria e dos serviços
sobre o sector primário.

1.1.1. O Sistema Capitalista

a) Razão de ordem
Trata-se do mais antigo dos dois sistemas directamente emergentes da
revolução industrial. A sua
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caracterização pode ser feita por uma serie de traços


individualizadores:
(1) Existência de um conjunto de instituições juridico-sociais típicas.
(2) Um conjunto de princípios e leis económicas fundamentais, que
regulam o funcionamento da vida económica.
(3) Um móbil específico das actividades económicas.

b) As instituições sociais

As instituições típicas do capitalismo são, no domínio da produção, o


capital e a empresa. Ao mesmo tempo, um conjunto de direitos
fundamentais vai integrar o quadro essencial de organização e
funcionamento deste sistema - propriedade privada e iniciativa privada.

A ideia de propriedade privada começa por ser entendida em termos


absolutos, dela decorrendo o predomínio do capital dentro da empresa,
sem que haja praticamente qualquer possibilidade de intervenção do
Estado no sentido de limitar os poderes do proprietário.

Também a iniciativa privada se concretiza numa série de princípios,


entre os quais assumem particular destaque:

 Liberdade de contratar - total autonomia da vontade individual como


reguladora dos contratos, e destes como principal instrumento
regulador da actividade económico-social;
 Liberdade de trabalho - segundo a qual cada um exerce a profissão que
deseja e dispõe do seu trabalho, contratando ele próprio com total
liberdade as condições em que vai trabalhar;
 Liberdade de empresa - a qual e o poder de criar livremente quaisquer
unidades de produção e o direito de as gerir e delas dispor.

c) Princípios económicos fundamentais

d) Motivações Típicas

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O elemento mais profundamente característico encontra-se aqui. O


sistema pode ser caracterizado como uma economia de lucro ou de
ganho. Os sujeitos económicos são dominados pela intenção de obter
ganhos, ao contrário do que sucedia nos sistemas anteriores, em que se
pode dizer que havia no essencial apenas uma ideia de sobrevivência e
moderação regendo o funcionamento dos mecanismos económicos.

1.1.2. Os Regimes económicos e as doutrinas

a) Os regimes económicos

O conceito de sistema económico pode cobrir realidades muito


diversas.
Por um lado, as próprias estruturas em que o sistema é aplicado são
profundamente diferentes entre si (pense-se na Europa, no Japão, nos
Estados Unidos da América, em países da América Latina como o Brasil,
em Taiwan ou na Coreia do SUL). Por outro lado, a articulação entre o
poder político e a actividade económica pode fazer-se de maneiras
distintas, que vão provocar diferentes modos de funcionamento do
sistema, os quais podem ser designados por regimes económicos.

Segundo (Sousa Franco, 1996), No sistema capitalista podemos


distinguir dois regimes económicos fundamentais:

 Liberalismo, caracterizado por um reduzido peso do poder politico na


actividade económica, que se desenrola sobretudo em obediência ao
princípio da liberdade dos múltiplos sujeitos individuais;
 Intervencionismo «lato senso», que se caracteriza pelo importante
papel de ordenação e intervenção económica do poder político que, no
entanto, continua a respeitar os princípios fundamentais do sistema (ou
seja, a propriedade privada e a iniciativa privada).

30
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

A configuração da actividade financeira nestes dois tipos de regimes e


bastante diversa. E em função disso que se costuma falar em finanças
clássicas - que seriam as características do liberalismo e finanças
modernas - as finanças dos Estados intervencionistas; ou, destacando
apenas um dos seus caracteres definidores, finanças nébulas (as quais,
em Estados politicamente liberais ou autoritários, são marcados pelo
critério da não perturbação da actividade económica pela actividade
financeira) ou finanças activa (dominadas pelo critério da intervenção
sobre a actividade económico-social).

b) As doutrinas económicas

As grandes doutrinas acerca da sociedade inspiraram os sistemas


económicos e projectam-se no entendimento de cada um dos seus
aspectos, designadamente o fenómeno financeiro. As principais
doutrinas que tem inspirado a ciência e a pratica social desde o sec. XIX
parece-nos que podem agrupar-se em quatro grandes famílias. O
Individualismo, que integra a forma mais corrente da ideologia liberal,
concebe o sistema social como uma simples rede de relações entre os
indivíduos e o Estado como um meio de prossecução dos fins individuais
agregados contratualmente; ou pode negar 0 Estado (anarquismo). Nas
concepções solidaristas, diversamente, já se entende que a
solidariedade social determina a existência de relações criadoras entre
as pessoas, as quais dão origem ao aparecimento de instituições com
orgânicas, fins e fun~6es próprios (institucionalizo), ou determinam 0
aparecimento de relações de cooperarão que transcendem o
individualismo (corporativismo), ou visam fazer prevalecer interesses
ou valores sociais na organização da sociedade (socialismos não
marxistas de diversa inspiração). As doutrinas organicistas concebem a
sociedade, ou 0 Estado, como dotados de entidade própria na sua
organização, quer se trate de organização baseada em estratos sociais
(corporativismo), quer na prevalência do Estado como forma social e

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entidade suprema (estatismos de diverso tipo). Enfim, os personalismos


sociais encaram a organização social e do Estado como expressão de
realidades que transcendem a sociedade, quer se trate das ideias -
idealismo - quer se trate da matéria imaterialismo, que encontra no
marxismo a sua expressão mais importante.

O individualismo liberal inspira, evidentemente, o sistema da economia


de mercado, enquanto o marxismo constitui a principal fonte de
inspiração dos colectivismos ainda existentes no mundo. Para além
destes dois tipos, outros modelos ideais de sistemas existem (o
cooperativismo, o socialismo autogestionário, a social democracia
avançada, o comunitarismo terceiro-mundista, na linha do solidarismo;
o corporativismo, o nazismo, na linha organicista, etc.). Mas nenhum
deles se concretizou em sistemas dominantes na organização concreta
das sociedades dos nossos dias; por isso os pomos de lado (sem excluir
que possam vir a inspirar sistemas económicos novos). O modelo
doutrinário do sistema de economia de mercado pode designar-se por
capitalismo, o da economia integralmente planeada (planificação, em
sentido próprio) por colectivismo, forma de socialismo alternativa a
social-democracia (que e apenas uma politica correctiva do capitalismo,
assente na justiça e na concertação sociais). E no âmbito deles que as
doutrinas podem inspirar as políticas e as práticas sociais ou determinar
a configuração de regimes económicos concretos.

1.1.3. O Liberalismo e as Finanças Neutras

a) Caracterização geral

A primeira fase do regime capitalista, inspirada pelo pensamento da


escola clássica e dominada pela necessidade de consolidar um
crescimento assente na liberdade
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económica das empresas, consumidores e detentores de factores de


produção, e na economia privada, corresponde ao modelo doutrinário
das financias liberais e ao modelo pratico das finanças neutras.
Distinguiremos quatro perspectivas fundamentais: o lugar e função das
finanças públicas; as suas relações com a economia privada; as
instituições jurídicopolíticas; e a configuração dos instrumentos
financeiros.
b) Lugar e função das finanças públicas

A este respeito o pensamento e a prática das finanças liberais são


dominados por quatro princípios essenciais.

Todos eles decorrem de as finanças clássicas corresponderem a fase do


puro liberalismo económico e reflectirem as suas necessidades e
preocupações, designadamente a restrição do papel do Estado e a
actuação da iniciativa privada como instrumento fundamental de
progresso na actividade económica. As modernas teorias neoclássicas e
marginalistas vieram, alias, retomar em muitos pontos este tipo de
análise (bem como os monetaristas e a escola financeira da «escolha
publica»).

1. A privatização da economia

A primeira grande característica do modelo e a regra da privatização da


economia, entendendo-se que ao Estado apenas compete criar as
condições que permitam a sociedade manter-se organizada e estável, a
propriedade privada defender-se e a iniciativa privada prosperar. No
quadro liberal, ao Estado cumpre estritamente remeter-se a funções
como a defesa, segurança, administração geral e manutenção da
ordem; ou apenas a outros serviços que não interessem a iniciativa
privada, que detém o capital e toma todas as grandes decisões relativas

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a produção, ao consumo e a repartição. Economia privada,


administração e autoridade públicas: eis a regra de ouro.

2. Sector público reduzido

Por esta razão, o sector publico e reduzido substancialmente em


relação a anteriores períodos históricos, desfazendo-se o Estado de
muitas actividades que ate ai desenvolvia. Geralmente os sectores
públicos no liberalismo não iam além dos 10 a 15 por cento do produto
nacional.

Entendendo que era a iniciativa privada que devia deixar-se a


prossecução do bem-estar geral, nomeadamente no domínio
produtivo, o Estado abandonou ate actividades produtivas que
tradicionalmente vinha exercendo e reduziu o seu património, que
aumentará durante o mercantilismo.

3. O princípio do mínimo

Critério prático de dimensão ideal da actividade económica pública


perfila-se como fundamental o princípio do mínimo. Segundo ele,
qualitativa e quantitativamente, a actividade financeira deve reduzir-se
ao mínimo imprescindível, absorvendo a menor parcela possível do
rendimento nacional.

4. A simplicidade das finanças públicas

Da exiguidade das suas funções decorre, pois, uma extrema


simplicidade da administração financeira dos seus instrumentos. Ela
cobre apenas a administração tradicional, de uma maneira uniforme e
homogénea, não se justificando então a existência de empresas

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públicas, de administra~6es autónomas ou complexos regimes de


especializarão financeira. Administração central (federal ou estadual) e
local, com fun~6es c1aras e delimitadas e instrumentos simples e
uniformes, eis quanto basta para as fun~6es financeiras. E isto e
acentuado pelo carácter racionalista, uniformizador e universalista do
pensamento liberal.

c) Relações entre actividade financeira e economia privada

Este domínio, que decorre do anterior e com ele integra a


caracterização sócio económica das finanças públicas, pode ser
sintetizado em três ideias simples.

1. Separarão entre finanças e economia A primeira e que - no plano


teórico como no plano pratico a separação entre finanças e economia
e radical.

Separação científica: a ciência das finanças, dominada por princípios


opostos, mais jurídico-administrativa e politica que económico-social, e
autonomizada de raiz em relação a ciência económica, mais económico-
social. Separação no plano dos seus princípios inspiradores, que são -
como viu - opostos. Quando há autores que tratam as finanças públicas
integrando-as numa teoria geral da economia - e o caso, antes de mais,
de WICKS ELL -, então as finanças c1assicas «cientifica» estão
caminhando para o fim (o qual, note-se, corresponde a um esforço de
integração, que já encontramos nas obras de ADAM SMITH e RICARDO).

Separação, também, entre a gestão financeiros a actividade económica,


entre os instrumentos financeiros e a actividade dos particulares que
com eles se relacionam.

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2. A neutralidade das finanças

Com mais profundidade, o critério que essencialmente preside a


relação entre actividade financeira e actividade económica geral e o da
neutralidade.

Quer isto dizer que a actividade financeira deve ser organizada de forma
a não perturbar (ou perturbar no mínimo) a actuação livre dos sujeitos
económicos.

Da ideia de neutralidade derivam duas consequências:

 A actividade financeira deve decorrer de forma que não cause


distorções da actividade económica privada (deve «deixar a economia
como estava antes» de pagar o imposto ou suportar a despesa, ou o
mais perto possível...);
 As instituições e actividade financeira não devem propor-se qualquer
finalidade de alteração ou comando da actividade económica privada (a
única «politica financeira» e que não deve haver politicas financeiras,
no sentido intervencionista e voluntarista).

3. Abstenção económica do Estado

O Estado tendera então a não exercer funções de regulamentação e


intervenção sobre a actividade económica, para deixar agir
'espontaneamente a livre concorrência. Toda a sua orientação
económica e dominada pela preocupação de não modificar o
comportamento normal dos sujeitos económicos privados, abstendo-se
quanto possível de interferir sobre eles ao desenrolar o seu
comportamento económico próprio (actividade financeira).

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d) Estruturação jurídico-política das finanças

Dado o papel fundamental de garantia que cabe as instituições


financeiras e o modelo de Estado demoliberal em que as finanças
liberais se situam, são essenciais os caracteres institucionais das
finanças e enorme a sua, importância científica e prática. Acentuemos
em quais aspectos principais.

1. Importância da participação democrática parlamentar na actividade


financeira

A actividade financeira e uma actividade que por essência e regulada


normativamente, decidida na aplicação concreta (orçamento),
controlada na execução e objecto de prestação de contas por parte do
Governo: nisto tudo, cabe papel primordial a instituição parlamentar,
primeiro como defensora dos cidadãos, depois também como sua
representante. A existência do sufrágio censitário limita esta
participação aos proprietários, ate a lenta adopção do sufrágio
universal (sufragismo, etc.). E o carácter essencialmente representativo
limita as formas de participação directa dos cidadãos (acção popular,
referendo, v.g., que nos últimos anos se difundem e ganham vigor
teórico e doutrinário).

2. A actividade financeira e os direitos do homem

A actividade financeira decorre constantemente no âmbito da


arbitragem entre o poder público e o direito privado; dai que, para os
liberais, ponha em causa direitos fundamentais, designadamente o
direito de propriedade (concebido como direito fundamental, não
como mero «direito económico e social»).

3. Princípio da legalidade
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Dos dois anteriores fundamentos decorre o entendimento estrito do


princípio da legalidade, tanto como garantia dos cidadãos -
proprietários como enquanto reserva de competência parlamentar. Do
mesmo passo, deles provem a natureza estrita do próprio orçamento e
a aplicação rigorosa e com o mínimo de limitações das regras
orçamentais.

e) Configuração dos instrumentos financeiros

Dos princípios do liberalismo económico e político, no âmbito de uma


estrutura capitalista amadurecida ou em crescimento, decorre uma
certa configuração dos instrumentos financeiros. Qual?

1. A importância primordial do imposto

O imposto e a receita típica do liberalismo: pode mesmo falar-se do


período das finanças clássicas como o tempo das finanças tributárias.

O peso do imposto explica-se por diversos factores: redução do


património do Estado; aumento da importância da riqueza mobiliária
no conjunto do rendimento nacional, acompanhado da abstenção do
Estado neste domínio; e ainda a generalização da ideia da
«contribuição» como dever de cidadania, consentido livre mente pelo
Parlamento.

2. 0 Equilíbrio orçamental

O equilíbrio orçamental aparece como 0 ultimo grande princípio das


finanças liberais.

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Para os clássicos, «equilíbrio orçamental» significa que as despensas


totais devem ser cobertas pelas receitas normais ou rendimentos do
Estado; ou sejam, os impostos e as receitas patrimoniais que ainda
existam - excepcionando-se assim 0 recurso aos empréstimos, que só
era possível numa situação de guerra ou calamidade pública (como
recursos de «finanças extraordinárias»).

A ideia - base era a de que, sempre que existisse um défice, o Estado


iria recorrer ou a empréstimos ou a criação de moeda; tal recurso tinha
consequências negativas, porque representava um desvio para o sector
público de aforro do sector privado, único que se entendia ser
produtivo, e porque abria um processo inflacionista, pelo excesso de
emissão de moeda, bem como poderia conduzir o Estado ate uma
situação de bancarrota (impossibilidade de cumprir os seus
compromissos). É evidente que o equilíbrio, assim entendido, limita
também o crescimento do sector público - pois os parlamentos têm
naturais limitações quanto ao nível máximo de impostos que podem
votar; e o crédito esta vedado, como ilegítima absorção pelos cidadãos
presentes dos impostos que, no futuro, outros cidadãos terão de
suportar para pagar as dívidas herdadas.

Outro princípio fundamental que preside ao relacionamento entre o


Estado e a actividade económica é, naturalmente, o da abstenção.

Para que se possa atingir a maximização no valor da empresa, três


decisões financeiras devem ser tomadas: investimento, financiamento
e dividendos. Expresso de outra forma pode-se dizer que
maximizaremos o valor da empresa à medida que otimizarmos as
decisões de investimento, financiamento e dividendos, podendo ainda
ser adicionada a decisão de capital de giro.

V = F (I, F, D)

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O objetivo da administração financeira em um contexto inflacionário é


perfeitamente compatível e conciliável com o conceito até então
expostos desde que apropriadamente definidos os seguintes itens:

a) Lucro por ação: o lucro contábil apresentado nas demonstrações


financeiras convencionais é drasticamente distorcido pela inflação. Os
ajustes das demonstrações financeiras para o impacto da inflação tal
como preconizado na legislação brasileira é no mínimo parcial;

b) Risco inflacionário: quando nos referíamos ao ajuste do fluxo de


resultados, argumentávamos sobre a necessidade de se ajustar para o
risco. Esse risco normalmente é entendido como o risco do negócio ou
operacional ligado este à estrutura dos ativos da empresa, bem como
do risco financeiro, ligado este à estrutura de capital ou grau de
alavancagem da empresa. Em um contexto inflacionário, precisamos
estar atentos, para a presença de mais um componente do risco, qual
seja o inflacionário. Por este entendemos o risco que uma inflação
futura poderá ter sobre o fluxo de lucro da empresa.

Em um contexto inflacionário, o objetivo da administração financeira


deve ser o da maximização do valor da empresa, porém dentro de uma
nova conceituação, qual seja a da "manutenção da substância
patrimonial" da empresa. Por esse conceito entende-se também a
manutenção em termos reais de capacidade de geração contínua de
recursos. Esse conceito é mais amplo que a simples manutenção do
poder de compra do patrimônio líquido da empresa.

2. Decisões e Envolventes Financeiros

As decisões financeiras são classificadas de curto prazo, médio


prazo e longo prazo.

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 Decisões financeiras de curto prazo centram-se na gestão do fundo de


maneira e na gestão da tesouraria, a saber:
 As gestões do activo circulante – as decisões a tomar centram-se na
disponibilidade, no controlo de crédito concedido aos clientes, e
controlo financeiro dos estoques e na aplicação dos excedentes
temporários de tesouraria em depósito a prazo e em títulos negociados;
 Gestão de débito a curto prazo- as decisões a tomar tem por domínio
de actuação os créditos obtidos dos fornecedores e dos credores e
cobertura dos défices temporários de tesouraria.
 Decisões financeiras de médio e longo prazo, inserida na estratégia
financeira da empresa, estão relacionadas com a política de
investimento, de financiamento e a distribuição dos resultados.

Como dissemos, iremo-nos concentrar na análise de quatro decisões


principais, quais sejam, investimento, financiamento, dividendos e
capital de giro.

 Decisão de capital de giro

Várias têm sido as definições de capital de giro, porém para o nosso


objetivo entendemos capital de giro por ativo circulante, menos passivo
circulante, sendo que nesse caso o conceito de circulante está ligado ao
ciclo operacional da empresa e não à conceituação usual ou legal de 360
dias. Assim, capital de giro seria o montante de recursos necessários
para a manuten- ção do ciclo operacional da empresa.

Pode-se generalizar dizendo que normalmente os ativos circulantes


apresentam menores retornos que os demais ativos, com exceção das
empresas comerciais, onde o negócio em si consiste na administração
do ativo circulante. Sendo os retornos menores, deveríamos minimizar
o seu investimento. O passivo circulante normalmente apresenta custos

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menores que as demais fontes e, assim sendo, o lógico seria maximizá-


lo.

Se, por um lado, minimizamos ativos circulantes e maximizamos


passivos circulantes, o capital de giro, que é a subtração dos dois,
deveria ser nulo ou até mesmo negativo. A empresa não é levada em
uma situação normal a operar nesse caso extremo, pois deve avaliar o
risco da iliquidez. O risco da liquidez obriga a empresa a operar com
uma margem de segurança e, portanto, com um capital de giro positivo.

Em um contexto inflacionário a análise precedente merece alguns


reparos, em função de como a mesma afeta tanto ativos como passivos
circulantes. Os ativos e passivos circulantes poderiam ser em um
contexto inflacionário classificados como ativos e passivos monetários
e reais.

Por ativos e passivos circulantes monetários entende-se aqueles itens


que estão expressos em valores monetários constantes, como por
exemplo caixa, duplicatas a receber, contas, fornecedores e
empréstimos apagar desde que não indexados. Por ativos e passivos
circulantes reais entende-se aqueles itens que em termos reais mantêm
seu poder de compra, tais como estoques e empréstimos a pagar
indexados.

Uma regra geral, razoavelmente lógica, é que em uma situação


inflacionária toda empresa que opera com passivos circulantes
monetários (PCM) maiores que ativos circulantes monetários (ACM)
terá ganhos com a inflação, e perdas se o oposto for verdadeiro.

Isto poderia induzir a empresa a aumentar seu passivo circulante


monetário, aumentando portanto seu nível de endividamento e em
contrapartida investir ao máximo nos ativos circulantes reais, como
estoques por exemplo. Essa forma simplista de ver o problema poderá

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ser apenas parcialmente correta. Alguns problemas que podem surgir


desta política poderiam ser enumerados:

I. Maiores proporções de fundos a curto prazo podem aumentar


substancialmente o risco da empresa, uma vez que a renovação de
compromissos será feita com maiores dificuldades devido a restrições
de cré- dito, bem como a taxa de juros será mais elevada, uma vez que
a estrutura de taxa de juros se altera.
II. Alguns dos ativos e passivos monetários já podem ter incorporado
expectativas de inflação e assim sendo a vantagem apontada
desaparece, permanecendo apenas as desvantagens.
III. Em uma situação inflacionária as necessidades de capital de giro
crescem de forma exponencial, ou seja, uma inflação de 10070, sem
apresentar nenhum crescimento real de vendas, poderá exigir que a
empresa obtenha externamente 17% do seu volume de vendas de
recursos para financiar seu giro. Com taxas maiores de inflação esse
número cresce exponencialmente.

Do exposto pode-se concluir que "jogar" com a inflação na


administração do capital de giro pode ser uma falácia, além de expor a
empresa a riscos crescentes de liquidez que poderão levá-la até mesmo
à insolvência.

Visto o problema do nível de capital de giro na sua forma mais


abrangente, vamos agora nos concentrar em alguns dos seus
componentes em particular, ou seja, caixa e quase caixa, duplicatas a
receber e estoques.

 Caixa

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Caixa e quase caixa têm a função básica de prover a liquidez imediata


da empresa. A definição do nível de caixa, entretanto, deve ser vista no
contexto geral do nível de capital de giro, como visto anteriormente.
Como os retornos de recursos mantidos em caixa são nulos, o
investimento nesse item deveria ser zero, sendo que o risco da liquidez
obriga a empresa a manter um dado saldo para cobrir os motivos de
precaução e transação. Por outro lado, modelos podem ser
desenvolvidos para explicar, quando em situação de excesso de caixa,
quanto deixar em caixa e quanto investir em aplicações a curto prazo
que nesse caso chamamos de quase caixa.
Em uma situação inflacionária, a regra geral de se investir o mínimo
possível em caixa torna-se mais verdadeira, sendo que nesse caso cria-
se uma verdadeira aversão ao dinheiro, por ser esse um ativo circulante
monetário.
Como conseqüência direta do crescimento exponencial das
necessidades de capital de giro, dada à inflação, a pressão desses
eventos acaba recaindo sobre o caixa. Este fato, aliado às dificuldades
crescentes de obtenção de recursos, induz a uma administração de
caixa mais prudente ou de maior liquidez.
Note-se, pois, que em uma situação inflacionária temos duas forças
operando em sentido contrário, no que se refere à administração de
caixa. A única solu- ção para esse dilema é a montagem de previsões de
caixa mais freqüentes e mais aperfeiçoadas com a incorporação de
técnicas estatísticas de probabilidade e simulação. Não apenas a
freqüência, o aperfeiçoamento das previsões, mas muito mais do que
isso uma administração eficiente de caixa se impõe, administração essa
que exige medidas para acelerar cobrança, e postergação de
pagamentos, sem afetar obviamente a margem da empresa.

 Contas a receber

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O processo decisório de definição do nível ótimo de investimento em


contas a receber é uma aplicação do conceito clássico de marginalidade.
Devemos investir em contas a receber sempre que os lucros marginais
dos volumes incrementais forem superiores aos custos marginais
envolvidos. Nesse caso deveremos cuidar essencialmente de três
custos, quais sejam os custos marginais da administração de cobrança,
os custos marginais com devedores duvidosos e finalmente com os
custos marginais do investimento adicional em contas a receber. Este
último é sem dúvida o componente mais crítico do processo decisório.

Em um contexto inflacionário é possível incluir na taxa requerida de


retorno dos investimentos marginais em contas a receber a inflação
esperada. Assim, quando a inflação é esperada e o mercado o permitir,
torna-se possível a inclusão no preço do custo da inflação devido ao
financiamento concedido. Quando, entretanto, a inflação não é
esperada, ou a sua magnitude é diferente da que foi projetada,
investimentos em contas a receber, por ser um ativo circulante
monetário, se traduzem em perdas reais. Como esse parece ser o caso
mais comum, é preciso realizá-lo o mais depressa possível.

A prática tem indicado alguns procedimentos usuais para isso, como por
exemplo: a) redução dos prazos concedidos; b) cobranças mais
intensivas; c) estabelecimento de crédito mais rigoroso; d) uso intensivo
de descontos financeiros para antecipação de pagamentos; e) inclusão
de cláusulas de reajuste de preço (correção monetária mais juros) nos
contratos de vendas para eventuais atrasos nos pagamentos; f) criação
de financeiras cativas, quando possível, de tal forma a dissociar a função
produção-venda da de financiamento.

 Estoques
Os níveis dos investimentos em estoques são influenciados por
produção, ou demanda prevista,
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sazonalidade de vendas, confiança nas fontes de suprimento, eficiência


nas compras, natureza do produto, etc. É, portanto, compreensível que
existam várias-abordagens possíveis acerca de como otimizar essa
decisão. Normalmente, todos esses modelos estão baseados na idéia
de minimização de investimento e/ou custos, fazendo sempre que
possível avaliações para incertezas de alguns elementos críticos do
processo de compra e estocagem, previsões essas que dão origem ao
chamado estoque de segurança. Um dos modelos mais comuns, apesar
de possuir um número enorme de limitações, é o conhecido "lote
econômico de compra" .

Sendo estoques um ativo circulante real, os investimentos aí efetuados


têm a virtude de não perderem substância econômica com a inflação.
Existe assim um conceito generalizado de que investir em estoques é
uma das boas políticas para se proteger da inflação. Esse conceito
generalizado tem sua razão de ser. Entretanto, nessa conceituação
deve-se observar alguns aspectos que consideramos importantes:

1. Mesmo em uma situação inflacionária existe a possibilidade de se


aplicar modelos matemáticos que incorporem a inflação esperada
como um parâmetro adicional. Com isso queremos frisar que existe um
nível ótimo a partir do qual investimentos adicionais não são
recomendáveis.
2. A pressão que a inflação causa sobre o nível geral do capital de giro
pode causar sérios problemas de liquidez à empresa. Essa pressão por
liquidez pode ser substancialmente agravada, caso a empresa resolva
investir em estoques com uma proteção contra a inflação de forma
desordenada.
3. É preciso contrabalançar a suposta proteção contra a inflação com os
custos que a empresa será obrigada a pagar por ela.
4. A chamada proteção poderá diluir-se, caso a empresa, por fatores
exógenos, como por exemplo controle
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governamental, não consiga trabalhar com o conceito de custo de


reposição.

Assim sendo, estoques, por serem um ativo circulante real,


representam uma proteção contra a inflação. Esse investimento pode
até mesmo ser o otimizado, ou seja, pode-se determinar seu nível ideal.
Investimentos desordenados ou especulação em estoques pode
representar não só U1pailusão, mas principalmente um "jogo" muito
perigoso e de custo muito elevado para a empresa.

2.1. Decisão de investimento a longo prazo


Toda vez que a empresa se vê obrigada a tomar decisões de longo prazo
(mais de um ano), a decisão torna-se mais complexa e com maiores
riscos. Essas decisões podem estar ligadas à aquisição de ativos fixos,
compra de outras empresas, à análise de uma operação de leasing, a
um programa de redução de custos a longo prazo, etc.

Técnicas como de valor presente liquido (VPL), taxa interna de retorno


(TIR), pay-back ou número de anos de retorno do investimento e índice
de lucratividade são razoavelmente conhecidas.

A inflação é um fator a dificultar o processo de tomada de decisão a


longo prazo, pois a mesma irá exigir uma série de considerações
especiais em relação à análise convencional. Vários são os aspectos que
deveriam ser considerados para a inclusão da inflação na análise de
propostas de investimentos, sendo que os mais relevantes são
discutidos a seguir:

2.1.1. Ajuste na taxa de desconto


Existe uma idéia generalizada de que a solução do problema seria
descontar os fluxos de caixa do projeto em análise por uma taxa de

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desconto na qual fosse incluída a inflação esperada. Esse ajuste na taxa


de desconto, entretanto, mesmo quando feito corretamente, apresenta
uma limitação, pois ajustamos apenas a taxa de desconto.

2.1.2. Ajuste no fluxo de caixa


Ajustar não apenas a taxa de desconto, mas também o fluxo de caixa é
uma alternativa mais eficiente. Devemos inclusive destacar que
poderemos avaliar o diferente impacto que a inflação poderá ter sobre
os diversos componentes do fluxo de caixa (entradas e saí- das de caixa).

2.1.3. Ajustes no fluxo de caixa com taxas distintas para diferentes períodos
O grau de incerteza e risco cresce com o tempo e da mesma forma que
é difícil projetar fluxos de caixa futuros, torna-se igualmente difícil
projetar taxas de inflação. A solução deste problema poderia ser
conduzida com a introdução da abordagem de simulação matemática
onde teríamos a chance de introduzir diferentes taxas de inflação agora
não mais para diferentes itens do fluxo de caixa, mas sim para
diferentes períodos.

2.1.4. Necessidades de capital de giro para o investimento


A análise convencional de propostas de investimento a longo prazo,
especialmente propostas de investimento em ativo permanente, não
leva normalmente em consideração o capital de giro necessário. Isto é,
analisamos o projeto em si, isoladamente, e dimensionamos o capital
de giro necessário, em uma outra etapa da análise. Como já tivemos
ocasião de ressaltar, as necessidades de capital de giro crescem
exponencialmente. Portanto, quando formos analisar uma proposta de
investimento em ativos permanentes, precisamos considerar as
necessidades de capital de giro para que esse ativo possa operar.

2.1.5. Aspectos tributários

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Considerando que na realidade brasileira o impacto da inflação é


parcialmente reconhecido nas demonstrações financeiras, é preciso
que consideremos o efeito da sistemática contábil na apuração dos
resultados e no imposto de renda a ser pago.

Resumidamente, o tratamento contábil da inflação consiste em se


corrigir os ativos permanentes, bem como o patrimônio líquido. A
contrapartida da correção monetária do ativo permanente funciona
como uma conta de receita e a contrapartida da correção monetária do
patrimônio líquido funciona como uma conta de despesa. Assim, se a
correção monetá- ria for devedora, a empresa terá uma despesa dedutí-
vel para fins fiscais, e uma receita, se for credora.

Como vemos, caso o ativo seja adquirido com capital próprio, não
haverá nenhum impacto na corre- ção monetária, bem como em
termos de imposto de renda. Entretanto, caso o ativo seja adquirido
com capital de terceiros (financiamento), a empresa terá um imposto
de renda adicional devido à sistemática de correção monetária.
Portanto, é fundamental, na análise de investimento, que se avalie a
forma como o ativo foi financiado e se destaque que, com isso, estamos
fazendo uma inter-relação da decisão de investimento com
financiamento, aspecto esse que, tradicionalmente, não é considerado
na teoria financeira.

Pelo que acabamos de expor, fica bastante claro que o processo de


tomada de decisão a longo prazo merece uma análise bem mais
criteriosa. Investimento em ativos permanentes como uma proteção à
inflação é uma decisão correta somente se forem observados os
aspectos acima expostos. A exemplo de estoques, proteção contra a
inflação não significa que qualquer decisão de investimento estará
sempre correta.

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2.2. Decisão de financiamento


A decisão de financiamento pode ser entendida como a análise da
alternativa de menor custo de prover a empresa com recursos, quer
sejam de capitais pró- prios, quer de terceiros. Em outras palavras,
estamos procurando determinar a proporção ideal do endividamento
ou da estrutura de capital ou ainda da alavancagem financeira da
empresa.

Essa é sem dúvida a decisão mais complexa de ser respondida, tanto em


termos acadêmicos como práticos. O empresário fala, normalmente,
com mais desenvoltura sobre as demais decisões financeiras do que
sobre essa em particular. O mundo acadêmico, por sua vez, não o tem
auxiliado a responder essa importante questão.

2.2.1. Custo de capital de terceiros


Por custo de capital de terceiros (Ki) entendemos o custo efetivo
ponderado das diversas fontes de financiamento da empresa;
considerando que despesas financeiras são dedutíveis para fins de
imposto de renda, torna-se claro que o custo efetivo para a empresa
deverá considerar esse fato.

Na medida que o nível de endividamento da empresa cresça, o risco dos


emprestadores aumenta e as taxas tendem normalmente a se elevar.

2.2.2. Custo de capital próprio


Por custo de capital próprio entende-se a média ponderada dos custos
dos diversos componentes do patrimônio líquido, sendo que todos
esses componentes estão intimamente relacionados ao custo da conta
capital. Em outros termos, estamos procurando definir a taxa requerida
de retorno exigida pelos acionistas.

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A determinação desse item é bastante simples no caso de uma empresa


de capital fechado e nas mãos de poucos acionistas, pois esses
certamente terão condições de explicitar o quanto desejam de retorno
sobre o seu capital. Em empresas de capital aberto, essa informação é
mais difícil de se obter, uma vez que na impossibilidade de consultar
todos o acionistas, somos obrigados a nos aproximar das taxas de
retorno por eles exigidas de uma forma indireta, isto é, pelo seu grau
de satisfação com relação à empresa, informação essa que é traduzida
no retorno propiciado pela ação.

Poderíamos, igualmente, afirmar que o acionista, ao exigir uma


determinada taxa de retorno, quer obter uma dada remuneração
suficiente para cobrir a taxa livre de risco (caderneta de poupança),
mais um adicional para cobrir o risco do negócio (estrutura de ativos)
mais o risco financeiro.

2.2.3. Estrutura ótima de capital


Não considerando grandes debates acadêmicos acerca das funções
custo de capital próprio e de terceiros, bem como de suas interações,
podemos considerar o custo de capital da empresa e sua estrutura
ótima de capital como uma média ponderada desses dois custos.

2.2.4. Custo de capital de terceiros e inflação


O conceito anterior de custo de capital de terceiros deverá sofrer
algumas alterações quando introduzimos a inflação. Assim a taxa
efetiva de juros, certamente terá um componente inflacionário que
deverá ser considerado.

2.2.5. Custo de capital próprio e inflação


Na análise do custo do capital próprio em face da inflação, é necessário
que se faça uma distinção entre empresas de capital aberto e empresas
de capital fechado.
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1. Empresas de capital aberto


Nesse caso a taxa requerida de retorno pelos acionistas, como não
poderia deixar de ser, continua sendo obtida pelo retorno da ação no
mercado. A expectativa é que essa taxa de retorno seja positiva, e vários
estudos têm sido feitos para indicar se os acionistas têm obtido taxas
reais de retorno. O acionista passa a exigir na taxa requerida de retorno
um prêmio pelo risco adicional.

Como podemos concluir, o custo de capital médio ponderado em um


contexto inflacionário será substancialmente alterado e a estrutura
ótima de capital deverá ser mais conservadora, isto é, com um nível de
endividamento menor.

Um problema prático, portanto, muito interessante é que mesmo


reconhecendo que é do interesse da empresa operar com menor nível
de endividamento, a grande dificuldade é responder como se pode
atingir esse nível. A capitalização externa certamente é um caminho
nem sempre fácil; a capitalização interna é uma alternativa que é
altamente prejudicada pela sistemática deficiente de correção das
demonstra- ções financeiras que induzem a empresa a se descapitalizar
com pagamento de dividendos, impostos de renda e gratificações,
sobre lucros ilusórios. A outra alternativa nem sempre fácil de se obter
é perseguir uma adequação do nível de operação da empresa ao capital
próprio da mesma, ou seja,' redução do nível de operação a um nível
compatível com o patrimônio da empresa.

2. Empresas de capital fechado


A situação de empresas de capital fechado é razoavelmente distinta. A
distinção é que nesse caso existe uma identidade patrimonial entre os
acionistas controladores e o
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patrimônio da empresa. Por "identidade patrimonial" entendemos o


conceito, nada válido juridicamente, porém aceito pelo modo de pensar
e agir dos acionistas, de que o patrimônio da empresa é uma extensão
do seu patrimônio pessoal.

Esse conceito é fundamental no caso de uma economia inflacionária,


pois o grau de proteção do patrimônio da empresa em forma de ativos
reais é considerado como uma proteção ao seu investimento nessa
mesma empresa.

Assim, ao considerar a taxa de retorno real exigida, o acionista de uma


empresa de capital fechado tende a raciocinar em termos de identidade
patrimonial.

Como a sistemática contábil brasileira é deficiente, é natural que os


dados contábeis não sejam considerados confiáveis e daí a possibilidade
de que os acionistas façam mental ou intuitivamente seus ajustes lias
taxas de retorno. Caso as demonstrações financeiras de fato refletissem
o resultado real da empresa, provavelmente não haveria necessidade
de ajustes "mentais ou intuitivos". Nessa situação ideal talvez não fosse
nem mesmo necessário a distinção entre empresas de capital fechado
a empresas de capital aberto.

O que, de fato, os acionistas passariam a exigir como taxa de retorno


seria baseado em fatores intrínsecos, tais como fluxo de lucros reais,
sua taxa real de crescimento e forma de distribuição desses resultados.

Para a conclusão desse raciocínio poderíamos dizer que a reação do


acionista em empresa de capital fechado é idêntica ao do acionista da
empresa de capital aberto, ou seja, que o risco inflacionário (em adição
ao operacional e financeiro) cresce com o grau de endividamento da
empresa.

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2.3. Decisão de dividendos

A decisão de dividendos está voltada para o montante ideal de lucros


que deve ser pago pelas empresas e seus acionistas. Esta é uma decisão
bastante controvertida, pois se deve atender a dois interesses distintos,
acionista e empresa, interesses esses que podem ser conflitantes.

A exemplo de outras decisões, a decisão de dividendos é uma área


sujeita a grandes debates e controvérsias, principalmente acerca de
relevância ou irrelevância de dividendos. Observamos diversas posições
divergentes, porém existem algumas evidências que favorecem a idéia
da relevância de dividendos, e principalmente as empresas tendem a se
comportar como se dividendos de fato fossem relevantes.

2.3.1. Dividendos sobre lucros ilusórios


A inflação afeta drasticamente a validade das informações contidas nas
demonstrações financeiras. Vá- rios têm sido os métodos preconizados
para o ajuste desta situação, destacando-se a sistemática do custo de
reposição, a do ajuste às variações do nível geral de preços e,
finalmente, o método ideal que seria a combinação de ambos.

A sistemática adotada oficialmente no Brasil é um derivativo do sistema


de ajuste às variações do nível geral de preços. Na derivação desse
método cometeram-se, pelo menos três grandes erros, quais sejam:

I. Estoques não são levados em consideração, apesar de representarem


um ativo real;
2. O impacto da inflação nos resultados. do exercício em análise
também não é considerado; 3. O cálculo da correção monetária

54
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

baseado em ORTN's igualmente faz com que o impacto geral da inflação


seja subavaliado.

A presença desses três fatores faz com que as empresas apresentem


lucros ilusórios, paguem mais imposto de renda e distribuam maiores
resultados na forma de gratificação ou para acionistas na forma de
dividendos. Estamos diante de uma situação que indiscutivelmente leva
as empresas a um processo de descapitalização.

2.3.2. Fundos insuficientes gerados pela depreciação


Depreciação certamente não é fonte de fundos, e sim os lucros do
exercício. Ela representa, por outro lado, uma despesa dedutível para o
cálculo do imposto de renda e, assim, através da economia do imposto
de renda ela representa uma redução de imposto e como conseqüência
gera fundos.

Na medida em que a depreciação é insuficiente, por ser baseada em


valores históricos, temos aí uma fonte adicional de distorções. Mesmo
quando o custo histórico é corrigido monetariamente, não temos um
sistema perfeito, pois o importante seria basear-se nos custos de
reposição.

2.3.3. Dividendos versus capital de giro


Dois aspectos parecem ter sido bastante enfatizados. Com a inflação, as
necessidades de capital de giro crescem exponencialmente; por outro
lado, os recursos internos podem representar a maior fonte de
financiamento e a de mais fácil acesso.

A lógica indica que essas duas posições poderiam ser confrontadas e


que recursos internos gerados pelas empresas deveriam ser canalizados
para financiar as necessidades crescentes de capital de giro.

55
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

2.3.4. Reação dos acionistas a retenções crescentes


O dividendo para o acionista representa um fator de redução de
incerteza, tem um conteúdo informacional, além de ser em última
análise uma fonte de renda corrente. As colocações feitas
anteriormente poderiam induzir ao raciocínio de que a retenção
substancial de dividendos seria recomendada.

É, portanto, indispensável que estejamos alertas sobre o impacto


dessas decisões sobre o nosso acionista, pois dividendo não é uma
decisão unilateral.

Sumário

A inflação provoca indubitavelmente grandes distorções em toda


economia. As empresas, como outras entidades econômicas, sofrem
drasticamente seus efeitos. Administrar ou sobreviver em termos de
administração financeira nesse contexto está a exigir grandes
alterações na forma convencional como finanças é ensinada e
principalmente praticada. As decisões de investimento, capital de giro,
financiamento e dividendos precisam ser repensadas e reinterpretadas.

O papel do executivo financeiro cresceu em importância, pois agora ele


precisa maximizar o valor da empresa dentro de uma nova
conceituação de manutenção da substância patrimonial. Finanças de
empresas há muito não é uma arte, porém, ainda não atingiu o estágio
de uma ciência. Não é possível administrar-se com base em intuição e
idéias pré-concebidas acerca de alguns conceitos. Por outro lado, não
existem formulações definitivas e inquestionáveis para indicar
inequivocamente qual a melhor forma de decidir. Em uma situação
inflacionária essa situação ambígua é mais verdadeira. O empresário
não pode prender-se, por outro lado, apenas na análise interna da
empresa. A empresa está inserida em um contexto econômico e é

56
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

preciso procurar analisar, compreender para poder se defender e, por


que não dizer, sobreviver neste contexto.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1) Diga o que entende sobre a expressão “Sistemas Económicos”.


2) No sistema capitalista podemos distinguir dois regimes económicos
fundamentais.
a) Diga quais são e defina-os.
3) Diga qual é a importância da participação democrática parlamentar na
actividade financeira.
4) “Sendo o imposto a receita típica do liberalismo e podendo mesmo
falar-se do período das finanças clássicas como o tempo das finanças
tributarias.”
a) Diga como se explica o peso do imposto nestes sistemas.
5) Diga o que entende sobre a regra do equilíbrio orçamental.

Correcção dos Exercícios

1. Sistemas económicos são formas típicas e globais de organização e


funcionamento da sociedade em geral (sistemas sociais) e da sua
actividade económica em especial. Os sistemas socioeconómicos são
inspirados por concepções valorativas da sociedade (doutrinas, na sua
versão sintética e orientada para a pratica social, ideologias) e são
condicionadas pelas estruturas sociais (naturais, socioeconómicas,
políticas e económicas), cujos modelos de organização são bem
diversos.

57
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

2. Os dois regimes económicos que se podem distinguir no sistema


capitalista são os seguintes: Liberalismo e o Intervencionismo.
3. A importância da participação democrática parlamentar na actividade
financeira, reside no facto desta ser uma actividade que por essência é
regulada normativamente, decidida na aplicação concreta (orçamento),
controlada na execução e objecto de prestação de contas por parte do
governo; Nisto tudo cabe o papel fundamental a instituição
parlamentar, primeira como defensora dos cidadãos, depois também
como sua representante.
4. O peso do imposto nestes sistemas explica-se por diversos factores que
são:
 A redução do património do Estado;
 Aumento da importância da riqueza mobiliária no conjunto do
rendimento nacional, acompanhado da abstenção do Estado neste
domínio;
 A generalização da ideia da contribuição como dever de cidadania,
consentido livremente pelo parlamento.
5. A regra do equilíbrio orçamental significa que as despesas totais devem
ser cobertas pelas receitas normais ou rendimentos do Estado.

58
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

TEMA – III: AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NACIONAIS E COMUNITÁRIAS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução


UNIDADE Tematica 1.2. As Instituições Financeiras Nacionais e
Comunitárias
UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

Introdução

Tendo em vista as desigualdades sociais existentes no Brasil e nos países


em desenvolvimento, há uma tendência por parte das empresas a
avaliarem sua postura social pelo fato de serem transformadoras do
ambiente em que atuam, assim como, as atividades e o seu
comportamento serão avaliados pela sociedade.
Essa situação identifica a forma com que as instituições bancárias,
absorvem os conceitos dos mais diversos autores sobre o balanço social
e como tem traduzido nos demonstrativos publicados e que reflexos
causam na sociedade, na busca do resgate da cidadania. A resposta à
indagação e a pesquisa efetuada poderão ensejar que se consolidem
conceitos e que estes sejam disseminados, novas questões sejam
levantadas e pesquisas implementadas, que produzam sugestões de
aperfeiçoamento do “balanço social”, para que surjam novas adesões a
esses instrumentos.
Pois hoje há o deslocamento do Estado para as empresas, e que essa
redução de poder, conjugada a diminuição social do Estado aumenta a
responsabilidade social das empresas e o investimento do setor privado
na minoração das injustiças sociais. Supõe-se que tal interesse tem um
componente fortemente econômico, na busca da construção de uma
“imagem” que tem” preço” de mercado, aliado ao maior grau de
conscientização da própria sociedade.

59
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

A responsabilidade social dos bancos lembra que têm objetivos


econômicos e de bem-estar social no meio em que esta inserida. Assim,
o presente artigo vem refletir sobre a importância mostra as ações
sociais e o reflexo dessas para o resgate da cidadania, no âmbito de sua
atuação, demonstrados na publicação de seus balanços sociais
repercutem na sociedade.

O estudante deverá ser capaz de perceber no final desta unidade o seguinte:


 Conceito de Instituição Financeira;
Objectivos  A sua Função e ou importância;
específicos
 A Responsabilidade Social das Instituições Financeiras;
 A realidade das Instituições financeiras Comunitárias e Internacionais.

UNIDADE Temática 1.2. As Instituições Financeiras Nacionais e Comunitárias

1.1. Instituição Financeira

Instituição financeira é uma organização cuja finalidade é


otimizar a alocação de capitais financeiros próprios e/ou de
terceiros, obedecendo uma co-relação
de risco, custo e prazo que atenda aos objetivos dos
seus patrocinadores (no sentido da palavra inglesa stakeholder),
incluindo pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesses em
sua operação como acionistas, clientes,
colaboradores, Cooperados, fornecedores, agências
reguladoras do mercado onde a organização opere.

A Instituição Financeira opera administrando um equilíbrio


delicado entre moedas, prazos e taxas negociados para os

60
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

capitais que capta (passivos) e para os que aplica (ativos) no


mercado, respeitando os critérios e normas estabelecidos pelas
agências reguladoras/supervisoras de cada mercado onde atue.

Um complicador para a governança do Sistema Financeiro é a


taxa de alavancagem entre os passivos e ativos da Instituição
Financeira, a qual exige um contínuo monitoramento, e pode
levar a eventuais intervenções pelas agência reguladoras ou
supervisoras, visando administrar o risco sistêmico.

1.1.1. Funções das Instituições Financeiras

Instituições financeiras fornecem serviços como intermediários


dos mercados financeiros . Em termos gerais, existem três
principais tipos de instituições financeiras :

1. Instituições depositárias - instituições que aceitam tomar e gerir


depósitos, além de fazer empréstimos,
incluindo bancos, sociedades de construção, cooperativas de
créditos , empresas de confiança e empresas de empréstimo
hipotecário;
2. Instituições contratuais - companhias de seguros e fundos de
pensões; e
3. Instituições de investimento - bancos de
investimento, subscritores, corretoras.

1.1.2. Responsabilidade Social das Instituições Financeiras

As revoluções tecnológicas que ocorrem com o passar do tempo


geram mudanças que intervém nas relações empresariais, assim
como na geração de bens e serviços. As aberturas nos padrões
de produção possibilitaram uma maior possibilidade de riqueza
com menor intervenção humana. Já não são mais satisfatórias
as grandes riquezas materiais, em detrimento da qualidade de

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

vida dos indivíduos. Afirma-se que esse resultado é um reflexo


da intensa mobilização dos diversos setores da sociedade,
atuando de forma proposital, procurando apontar caminhos
para uma maior equidade nas relações entre o governo, o
mercado e a sociedade civil organizada.

Segundo Veloso (2002), reconhece-se o processo de


reestruturação de atribuições por que passam o Estado, a
sociedade civil e as organizações, tendo como um de seus
efeitos principais o maior interesse das empresas em se
tornarem socialmente responsáveis perante o contexto
sociocultural em que se inserem, ocupando espaços na
sociedade antes preenchidos somente pelo Estado ou pela
Sociedade Civil, como área de atuação social nas comunidades.

Essa sociedade civil tem procurado assumir a sua parcela para a


melhoria da qualidade de vida coletiva, buscando estabelecer
relações humanas mais saudáveis, assim como o Estado tem
empreendido esforços para melhoria das relações com os seus
governantes, aprovando assuntos de interesses estratégicos
para a nação; e as empresas atendendo as exigências que
surgem desses “grupos de interesse” têm aportado com sua
parcela de contribuição para reduzir a fome e a miséria em
nosso país.

Na atual conjuntura ouve-se muito falar em solidariedade,


transparência, ética, comunidade e responsabilidade social,
para citar somente alguns termos atuais na sociedade. Assim
como se debate tanto a melhoria de qualidade de vida.
Infelizmente ao se contemplar as diversas nações neste início de
século, sob o enfoque das condições de vida, constata-se que
grandes são o aumento das desigualdades, contradições e o
aprofundamento da pobreza que permeiam a sociedade. Todo

62
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

o desenvolvimento científico e tecnológico das últimas décadas


parece não ter sido usado em prol do resgate da dignidade
humana. Benício (2005) afirma que:

 Essa grande contradição exige uma redefinição


urgente dos parâmetros de desenvolvimento
econômico. A crença de que o crescimento
econômico geraria um maior volume de receita
para atender a população carente está
definitivamente abalado.

A Responsabilidade Social surge no momento em que a


sociedade assume uma atitude que cobra uma postura mais
complexa, necessitando de diálogo e interdependência mais
acirrada entre os três setores: Sociedade, governo e empresa.

A expectativa em torno da Responsabilidade Social é voltada


para o que se espera em torno daquilo a ser pertinente de uma
organização. Espera-se uma participação mais direta das ações
comunitárias na região em que está presente e minorar
possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade
que exerce; entretanto, só o apoio ao desenvolvimento da
comunidade e preservação do meio-ambiente não são
suficientes para atribuir a uma empresa a condição de
socialmente responsável, investimento no bem-estar dos seus
funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho
saudável, além de promover comunicações transparentes, dar
retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e
garantir a satisfação dos seus clientes ou consumidores.

Responsabilidade Social pode ser definida como


o compromisso que uma organização deve ter
para com a sociedade, expresso por meios de
atos e atitudes que a afetem

63
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

positivamente, de modo amplo, ou a alguma


comunidade de modo específico, agindo
proativamente, e coerentemente no que tange o
seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela. (CARDOSO e
ASHLEY, 2002 p.7)

E Veloso (2002, p.53) pontua como atitudes e atividades que as


organizações necessitam desenvolver com vistas ao atingimento
da Responsabilidade Social:

 Preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas


que afetem todos os públicos, stakeholders envolvidos
(entendidos de maneira mais ampla possível);
 Promoção de valores e comportamentos morais que
respeitem os padrões universais de direitos humanos e
de cidadania e participação na sociedade;
 Respeito ao meio ambiente e contribuição para sua
sustentabilidade em todo o mundo;
 Maior envolvimento nas comunidades em que se insere
a organização, contribuindo para o desenvolvimento
econômico e humano dos indivíduos ou até atuando
diretamente na área social, em parceria com governos
ou isoladamente.

Então se pode dizer, então, que os principais setores da


responsabilidade social de uma empresa são: o apoio ao
desenvolvimento da comunidade onde atua; preservação do
meio ambiente; garantia ao bem-estar dos funcionários e
dependentes num ambiente de trabalho agradável; promoção
de um sistema de comunicação transparente; retorno aos
acionistas; sinergia com seus parceiros/partes interessadas; e

64
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

garantia da satisfação dos seus clientes internos e externos.

1.1.3. O que esta sendo realizado pelas Instituições Bancárias?

A sociedade tem levado mais a sério as ações relacionadas com


a Responsabilidade Social, e as empresas perceberam que essas
questões se tornaram essenciais para a sobrevivência
empresarial e para estratégias financeiras, quando pensadas em
longo prazo, tornando as relações mais transparentes e
ajudando no desenvolvimento da sociedade. Trevisan (2005)
afirma que “a ação socialmente responsável das empresas já
ultrapassou o estágio de mera tendência para se transformar
gradativamente em estratégia corporativa”.

Seguindo o comportamento apresentado pela sociedade de


acordo com a responsabilidade social, consolidou-se a
necessidade de divulgação de relatórios sociais ou balanços
sociais.
O Balanço Social surge em 1980, como forma de nutrir ou
complementar carências que o próprio governo não consegue
suprir, assim como o despertar das empresas para a
“ferramenta” poderosa que pode vir a ser com a sua publicação,
visto que os concorrentes, consumidores e a própria
comunidade saberão como e de que forma a empresa está
investindo o seu capital na sociedade em que está instalada.
Atualmente, a publicação do Balanço Social é obrigatória por Lei
na França, e em países como Estados Unidos, Bélgica e
Alemanha, ela ocorre por exigência da própria sociedade.

A empresa socialmente responsável disponibiliza ao público as


suas ações em relação à área social, e o que esta oferecendo de
retorno à sociedade onde está
65
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

inserida. O Balanço Social vem servir de instrumento para a


divulgação dessas atuações, compartilhando informações
sociais das organizações para a comunidade.

Objetivando auxiliar a demonstração aos diversos públicos de


sua performance econômica, social e financeira, dentro de uma
filosofia de transparência e de responsabilidade, têm-se
disponibilizado para a empresa um “instrumento” chamado
“balanço social” ou relatório social, com conceitos e práticas em
processo de consolidação. O tema “balanço social” insere-se
num campo de discussão de maior amplitude que é o da
“Responsabilidade Social” e tem sido estudado pela
contabilidade e outras ciências afins.

Segundo Sucupira (2002) o Balanço Social, é um conjunto de


informações sobre as atividades desenvolvidas por uma
empresa, em promoção humana e social, dirigidas a seus
empregados e a comunidade onde está inserida. Através dele a
empresa mostra o que faz pelos seus empregados, dependentes
e pela população que recebe a sua influência direta. O Balanço
Social é uma forma de demonstração para a sociedade, de que
a questão social está sendo integrada como questão estratégica
e vital da empresa, valoriza a cidadania, além de avaliar o
desempenho social das empresas que o publicam, e assim como
o Balanço Contábil, o Balanço Social precisa estar pautado em
evidências concretas e mensuráveis, para garantir e manter a
sua credibilidade.

Já Silva (2005) defende que o Balanço social venha demonstrar


que a existência das empresas deve ser somente atribuída à
geração de lucros, desprendendo-se dos “números friamente
apresentados”, e conferindo
66
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

capacidade das empresas de fornecer formas de benefícios


sociais. É um instrumento de diálogo e comunicação, pois as
empresas assumem responsabilidades sociais, desenvolvem um
processo de comunicação contínua e permanente com os
componentes da sua inter-relação interna e externa, além de
emanar uma publicidade positiva, usada pela empresa para
divulgar os resultados positivos no âmbito da sua ação social e
não com a finalidade de persuadir a população, mostrando fatos
isolados que pouca importância tem no conjunto das suas ações
com os seus parceiros.

Neste sentido, não é apenas um relatório institucional,


necessário e legítimo, mas uma demonstração com dados
transparentes, mensuráveis como é o próprio balanço. Além do
mais, não pode ser confundido com a vitalidade econômica das
empresas medida por indicadores de seu desempenho
econômico financeiro e de investimento tecnológico. Isto é
necessário, mas insuficiente. É preciso que as empresas
demonstrem, com indicadores claros, aquilo que fazem para
integrar, interiorizar a dimensão sócio-ambiental de seus
negócios.

Balanço Social é uma peça integrante da Contabilidade


Social, e esta, por sua vez, é uma parte da Ciência
Contábil, que tem como objeto estudar os reflexos das
variações patrimoniais nas empresas, na sociedade e no
meio ambiente (KROETZ, 1998, apud REIS e MEDEIROS,
2007, p. 61.)

1.1.4. Instituições Financeiras Nacionais

67
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Segundo (Associação Moçambicana de Bancos “AMB”), De


acordo com a Lei nº 15/99, de 01 de Novembro, que regula o
estabelecimento e o exercício da actividade das Instituições de
Crédito e das Sociedades Financeiras, as entidades financeiras
dividem-se em dois grupos principais:

 Instituições de Crédito
 Sociedades Financeiras

Instituições de Crédito: compreende o conjunto de instituições,


cuja actividade económica consiste na captação de depósitos
(poupanças) para conversão em aplicações (investimento)
através da concessão de crédito.

De acordo com o artigo 3, da Lei nº 15/99, de 01 de Novembro,


as instituições de crédito podem ser: os Bancos; as Sociedades
de Locação Financeira; as Cooperativas de Crédito; as
Sociedades de factoring; e as Sociedades de Investimento.

Fonte: www.bancomoc.mz

Cooperativas de Crédito

Cooperativa de Poupança e Crédito, SCRL


Rua Consiglieri Pedroso, nº 99, R/C - Cidade de Maputo
UGC-CPC - Cooperativa de Poupança e Crédito, SCRL
Av. Agostinho Neto, nº 714
Cooperativa de Crédito dos Micro-empresários de Angónia, SCRL
Angónia
Cooperativa de Crédito dos Produtores do Limpopo, SCRL
Chokwé

68
Banco Internacional de

ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de FinançasMoçambique,


Públicas SA
http://www.millenniumbim.co.mz

Banco Comercial e de
Investimentos, SA
http://www.bci.co.mz

Standard Bank, SA
http://www.standardbank.co.mz

Moza Banco, SA
http://www.mozabanco.co.mz

Barclays Bank Moçambique, SA


http://www.barclays.co.mz

Banco Único, SA
http://www.bancounico.co.mz

African Banking Corporation


(Moçambique), SA
http://www.africanbankingcorp.com

Banco Nacional de Investimento, SA


http://www.bni.co.mz

FNB Moçambique, SA
http://www.fnb.co.mz

69
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Banco Terra, SA
http://www.bancoterra.co.mz

Ecobank, SA
http://www.ecobank.com

Capital Bank, SA
http://www.capitalbank.co.mz

Societe Generale Moçambique


http://www.societegenerale.co.mz/

Banco Oportunidade de
Moçambique, SA
http://www.banco-
oportunidade.com/

Socremo Banco de Microfinanças,


SA
http://www.socremo.com

Banco Mais
http://www.bancomais.co.mz

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Nosso Banco

http://www.nossobanco.co.mz/

Caixa Cooperativa de Crédito, SCRL


Rua de Bagamoyo, nº 40, Cidade de Maputo
Sociedade Cooperativa de Crédito das Mulheres de Nampula, SCRL
Av. Eduardo Mondlane, nº 348, Nampula
Fonte: www.bancomoc.mz

Sociedades de Investimento

Sociedade de Gestão e Financiamento para a


Promoção de Pequenos Projectos de
Investimentos, SA
Rua de Mukumbura, nº 434
Fonte: www.bancomoc.mz

Sociedades Financeiras: compreende o conjunto de entidades que não


sejam instituições de crédito e cuja actividade principal consiste na
participação em emissões e colocações de valores mobiliários; gestão
de fundos de investimento; actuação nos mercados interbancários.

De acordo com o artigo 5, da Lei nº 15/99, de 01 de Novembro, as


sociedades financeiras podem ser: as Sociedades Financeiras de
Corretagem; as Sociedades Corretoras; as Sociedades Gestoras de
Fundos de Investimento; as Sociedades Gestoras de Património; as
Sociedades de Capital de Risco; Sociedades Administradoras de
Compras em Grupo; e as Casas de Câmbio.

De acordo com a mesma Lei, não são consideradas sociedades


financeiras as seguradoras e as sociedades gestoras de fundos de
pensões.

71
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Sociedades Financeiras de Corretagem

Centro Cultural do Banco de Moçambique


InstitutoNacional de Estatística
Ministério das Finanças
Ministério de Planificação e Desenvolvimento
Fundo MonetárioInternacional
Banco Mundial
BancoAfricano de Desenvolvimento
Associação dos Bancos Centrais de África
Divisão de Estatística das Nações Unidas
Dados Estatísticos das NaçõesUnidas
BancosCentrais da SADC
BancosCentrais da CPLP
Fonte: www.bancomoc.mz

1.1.5. Instituições Financeiras Internacionais “Caso Brasil”

De acordo com a classificação do Banco Central do Brasil


(www.bcb.gov.br), as instituições que compõe o SFN são
divididas quanto aos seus órgãos normatizadores e
supervisores, e também quanto as suas operações. Sob as
normas do Conselho Monetário Nacional e a supervisão do BCB
estão as instituições financeiras propriamente ditas, que atuam
no s mercados monetário, de crédito, de capitais e de câmbio.

O primeiro grupo refere-se às instituições monetárias, que


podem realizar a captação de depósitos à vista, ou seja,
depósitos em conta corrente.

 Banco comercial: Instituição privada ou pública


especializada em operações de curto e médios prazos,
que oferece capital de giro para o
72
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

comércio, indústria, empresas prestadoras de serviços e


pessoas físicas, bem como concedem crédito rural.
 Cooperativa de crédito: Instituição privada, com
personalidade jurídica própria, especializada em
propiciar crédito e prestar serviços a seus associados,
constituída sob a forma de sociedade de pessoas de
natureza civil. Podem se originar da associação de
funcionários de uma mesma empresa ou grupo de
empresas, de profissionais de determinado segmento,
de empresários ou mesmo adotar a livre admissão de
associados em uma área determinada de atuação, sob
certas condições.
 Banco múltiplo com carteira comercial: Instituições
financeiras privadas ou públicas que realizam as
operações ativas, passivas e acessórias das diversas
instituições financeiras, por intermédio das seguintes
carteiras: comercial, de investimento e/ou de
desenvolvimento, de crédito imobiliário, de
arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e
investimento. Para captar depósito a vista deve ter a
carteira comercial.

As instituições financeiras que não são autorizadas a captar


depósitos à vista, chamadas de não-monetárias, estão dispostas
abaixo. Entre elas também se inclui oos bancos múltiplos sem
carteira comercial.

 Agência de fomento: Instituições que possuem como


objeto social a concessão de financiamento de capital
fixo e de giro associado a projetos na Unidade da
Federação onde tenham sede. Devem estar sob o
controle de Unidade da Federação, sendo que cada
Unidade só pode constituir uma agência.

73
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

 Associação de poupança e empréstimo: São associações


civis, sendo de propriedade comum de seus associados,
que tem por objetivo propiciar a aquisição de casa
própria aos seus associados, captar e disseminar o hábito
da poupança.
 Banco de câmbio: Instituições autorizadas a realizar, sem
restrições, operações de câmbio e operações de crédito
vinculadas às de câmbio, como financiamentos à
exportação e importação e adiantamentos sobre
contratos de câmbio, e ainda a receber depósitos em
contas sem remuneração, não movimentáveis por
cheque ou por meio eletrônico pelo titular.
 Banco de desenvolvimento: Instituições controladas
pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo
proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos
recursos necessários ao financiamento, a médio e a
longo prazos, de programas e projetos que visem a
promover o desenvolvimento econômico e social do
respectivo Estado.
 Banco de investimento: Instituições privadas
especializadas em operações de participação societária
de caráter temporário, de financiamento da atividade
produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de
administração de recursos de terceiros.
 Companhia hipotecária: Instituições financeiras
constituídas sob a forma de sociedade anônima, que têm
por objeto social conceder financiamentos destinados à
produção, reforma ou comercialização de imóveis
residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as
normas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

74
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

 Cooperativa central de crédito: Formadas por


cooperativas singulares, organizam em maior escala as
estruturas de administração e suporte de interesse
comum das cooperativas singulares filiadas, exercendo
sobre elas, entre outras funções, supervisão de
funcionamento, capacitação de administradores,
gerentes e associados, e auditoria de demonstrações
financeiras.
 Sociedade de crédito, financiamento e investimento:
Conhecidas por financeiras, são instituições financeiras
privadas que têm como objetivo básico a realização de
financiamento para a aquisição de bens, serviços e
capital de giro.
 Sociedade de crédito imobiliário: Instituição que se
destina à realização de operações imobiliárias relativas a
incorporação, construção, venda ou aquisição de
habitação. Os recursos são obtidos através de depósitos
de poupança, emissão de letras hipotecárias e
imobiliárias, além de depósitos inter-financeiros.
 Sociedades de crédito ao microempreendedor:
Entidades que têm por objeto social exclusivo a
concessão de financiamentos e a prestação de garantias
a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas
classificadas como microempresas, com vistas a
viabilizar empreendimentos de natureza profissional,
comercial ou industrial de pequeno porte. São impedidas
de captar, sob qualquer forma, recursos junto ao
público, bem como emitir títulos e valores mobiliários.

Além destes, existem outros intermediários ou auxiliares


financeiros, que também estão sob a supervisão do BCB e são

75
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

considerados instituições financeiras, embora não captem


recursos diretamente dos poupadores.

 Administradoras de consórcio: Pessoas jurídicas


prestadoras de serviços relativos à formação,
organização e administração de grupos de consórcio. Sua
constituição deve ser autorizada pelo BCB.
 Sociedade de arrendamento mercantil: Constituídas sob
a forma de sociedade anônima, devendo constar
obrigatoriamente na sua denominação social a
expressão "Arrendamento Mercantil". Sua principal
atividade é o arrendamento mercantil ou leasing, além
de aplicar recursos em títulos da dívida pública e em CDI.
 Sociedade corretora de câmbio: Tem por objeto social
exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a
prática de operações no mercado de câmbio de taxas
flutuantes.
 Sociedade corretora de títulos e valores mobiliários: São
constituídas sob a forma de sociedades anônimas ou por
cota de responsabilidade limitada. Possuem como
atividade principal a intermediação no mercado de ações
(venda, compra e distribuição de títulos e valores
mobiliários). Têm acesso exclusivo ao pregão da bolsa de
valores.
 Sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários:
Essencialmente possuem os mesmos objetivos das
corretoras, mas não são autorizadas a operar no recinto
das bolsas de valores e de mercadorias, nem operam
com metais preciosos no mercado físico.

Sob a supervisão exclusiva da Comissão de Valores Mobiliários


estão as bolsas de valores e as bolsas de mercadorias e futuros,
que geram um ambiente mais seguro

76
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

para a realização de negócios do mercado de capitais.


Atualmente no Brasil a Bolsa de Valores de São Paulo foi fundida
com a Bolsa de Mercadorias e Futuros, tornando-se uma única
sociedade.

 Bolsa de mercadorias e futuros: Associações privadas


civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação
e a liquidação, física e financeira, das operações
realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para
tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar
um mercado de derivativos livre e transparente, que
proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de
efetuarem operações de hedging (proteção) ante
flutuações de preço de commodities agropecuárias,
índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de
todo e qualquer instrumento ou variável
macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro
possa influenciar negativamente suas atividades.
 Bolsa de valores: Sociedades anônimas ou associações
civis, com o objetivo de manter local ou sistema
adequado ao encontro de seus membros e à realização
entre eles de transações de compra e venda de títulos e
valores mobiliários, em mercado livre e aberto,
especialmente organizado e fiscalizado por seus
membros e pela Comissão de Valores Mobiliários.

Mesmo não sendo obrigadas a seguirem o Plano de Contas das


Instituições Financeiras (COSIF), as entidades do ramo de
seguros, previdência privada e capitalização são consideradas
instituições financeiras. Como já mencionado, estão sob a
supervisão da SUSEP e da SPC.

Sob a supervisão da SUSEP estão as sociedades seguradoras


(que prestam o serviço de seguros), as
77
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

resseguradoras (que fazem o resseguro, ou seja, o seguro dos


serviços de seguro prestados pelas seguradoras), as sociedades
de capitalização (que emitem títulos de capitalização) e as
entidades abertas de previdência privada (prestando serviços de
previdência privada aberta, ou seja, com adesão livre a qualquer
interessado).

Já a SPC regula apenas as entidades fechadas de previdência


complementar, conhecidas como fundos de pensão, onde os
associados fazem parte de um grupo específico de pessoas,
geralmente empregados da empresa que patrocina o fundo.

Sumário

As instituições bancárias são vitais para qualquer economia, pois


fazem a intermediação entre os poupadores que dispõem de
recursos financeiros, e os tomadores de empréstimos que
precisam desses recursos para operacionalizar seus planos de
expansão gerando empregos, aumentando a renda e
solidificando sua presença no mercado, de modo que são
responsáveis diretamente pelo crescimento econômico do país.
Tendo em vista a importância dos bancos para a economia, faz-
se necessário analisar o quanto as instituições desse setor têm
praticado de Responsabilidade Social e mensurar o quanto isso
tem custado para elas.

Da mesma forma que qualquer outra empresa, os bancos têm a


responsabilidade pelos impactos sociais e ambientais de suas
atividades de negócios. Assim como estão habituados a receber
os créditos por suas contribuições ao desenvolvimento
econômico e social em certos países ou regiões e setores, eles
devem também aceitar a responsabilidade compartilhada
(conjuntamente com seus clientes) pelos impactos nocivos de
suas decisões financeiras. Aceitar essa

78
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

responsabilidade levará ao aprendizado a partir dos erros,


ajustando as políticas e os procedimentos e os esforços
suficientes para mitigar e compensar os impactos adversos que
podem resultar de seu envolvimento em tais atividades.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.3

1. Defina Instituição financeira por palavras próprias.


2. Qual é a responsabilidade Social presente nas
instituições financeiras?
3. Quais são as Instituições Financeiras Nacionais actuais?
4. Qual é a necessidade de existência de um Balanco Social
nas instituições financeiras actuais?
5. Em linhas curtas, defina Balanco Social.

Correcção dos Exercícios

1. Instituição financeira é uma organização cuja finalidade é


otimizar a alocação de capitais financeiros próprios e/ou de
terceiros, obedecendo uma co-relação
de risco, custo e prazo que atenda aos objetivos dos
seus patrocinadores ( no sentido da palavra
inglesa stakeholder), incluindo pessoas físicas ou jurídicas que
tenham interesses em sua operação como acionistas, clientes,
colaboradores, Cooperados, fornecedores, agências
reguladoras do mercado onde a organização opere.

2. Os principais setores da responsabilidade social de uma


empresa são: o apoio ao desenvolvimento da comunidade onde
atua; preservação do meio ambiente; garantia ao bem-estar dos
funcionários e dependentes num ambiente de trabalho
agradável; promoção de um sistema de comunicação
transparente; retorno aos acionistas;
79
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

sinergia com seus parceiros/partes interessadas; e garantia da


satisfação dos seus clientes internos e externos.
3. Visitar www.bancomoc.mz

4. A empresa socialmente responsável disponibiliza ao público as


suas ações em relação à área social, e o que esta oferecendo de
retorno à sociedade onde está inserida. O Balanço Social vem
servir de instrumento para a divulgação dessas atuações,
compartilhando informações sociais das organizações para a
comunidade.
5. O Balanço Social é uma forma de demonstração para a
sociedade, de que a questão social está sendo integrada como
questão estratégica e vital da empresa, valoriza a cidadania,
além de avaliar o desempenho social das empresas que o
publicam, e assim como o Balanço Contábil, o Balanço Social
precisa estar pautado em evidências concretas e mensuráveis,
para garantir e manter a sua credibilidade.

80
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

TEMA – IV: O ORÇAMENTO DO ESTADO

UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Orçamento do Estado

UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Orçamento do Estado

Introdução

O estudo do orçamento, remonta à década de 1920. Na verdade, a


gestão organizacional vem tendo saltos de qualidade desde a revolução
industrial no século xix. Esta evolução na gestão proporcionou diversas
técnicas na elaboração dos orçamentos, partindo do orçamento
tradicional. O objetivo fundamental do orçamento é de identificar os
componentes do planeamento financeiro com a utilização de um
sistema orçamentário, entendido como um plano abrangendo todo o
conjunto das operações anuais.

No final deste tema, o estudante deverá ser capaz de:

 Saber definir o OE
Objectivos
 Saber distinguir as regras do OE
específicos
 Saber distinguir as componentes do OE
 Saber analisar as diferentes fontes de financiamento do OE
 Saber analisar o ciclo orçamental e os documentos que
acompanham o OE
 Saber fazer análise do OE.

81
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

2.1. Noções do orçamento

O Orçamento é um documento onde as receitas e as despesas se


encontram previstas ou seja orçadas. Esta definição dá-nos os dois
elementos de qualquer orçamento, seja público ou privado. Documento
onde se prevêem as receitas e as despesas públicas autorizadas para o
período financeiro. O orçamento é sempre um mapa de previsão. As
receitas e as despesas que dele constam não são passadas, nem actuais,
mas futuras; pelo facto de o futuro ser incerto torna-se ilusório prever
todo o futuro, daí que o orçamento tenha de confinar-se a determinado
período.

2.1.1. Porque o orçamento de Estado é importante?

Eis aqui algumas boas razões para tomar à sério o OE:

• Em democracia, o orçamento deveria reflectir os objectivos e


aspirações do povo.

• O governo é um dos principais actores na economia. As compras


governamentais assim como a maneira como o governo arrecada o
dinheiro para fazer as suas compras afecta toda a gente.

• O orçamento é conexão vital que traduz a política em prestação de


serviços

• Orçamento é um instrumento poderoso para conduzir ao


desenvolvimento e redistribuição na sociedade.

2.1.2.Características de um bom OE

Orçamento participativo: toma em conta as necessidades básicas da


maioria da população.

Maior parte das receitas é gerada dentro do país

Projectos do governo devem ser sustentáveis sem depender do


financiamento dos doadores

Transparência: para que o governo possa prestar contas quando gastar


menos ou mais do que devia.

82
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Prioriza as necessidades mais prementes do país

Flexibilidade

2.1.3. As Regras orçamentais

Na preparação do orçamento, deve-se respeitar vários princípios e


regras, normalmente designadas por regras orçamentais. Estas regras
foram teorizadas durante o período do liberalismo e tem como
objectivo tornar o orçamento claro, simples e verdadeiro, de forma a
garantir que as funções económica, política e jurídica
da instituição o orçamental não sofram desvios.

Anualidade: a regra da anualidade envolve uma dupla exigência:


votação anual do Orçamento pelo Parlamento e execução anual do
Orçamento pelo Governo e Administração Pública. O registo das
receitas e das despesas poderá ser feito na óptica do orçamento de
gerência ou na óptica do orçamento de exercício. No critério de
gerência incluem-se no Orçamento todas as despesas a realizar
efectivamente e as receitas de facto cobradas independentemente do
momento em que tenham sido geradas juridicamente.

Equidade: tem como finalidade garantir que os recursos sejam gastos


considerando a necessidade de não oneração das gerações futuras,
especialmente no tocante a encargos cujo benefício reverta apenas
para as gerações presentes. Deve, pois, existir equidade na distribuição
de benefícios e custos entre gerações.

Publicidade: o Governo deverá assegurar a publicação de todos os


documentos que se revelem necessários para assegurar a adequada
divulgação e transparência do OE e da sua execução.

Plenitude Orçamental (Regra da Unidade e da Universalidade): um só


Orçamento e tudo no Orçamento. Com esta formulação tradicional
pretende-se ligar a unidade e a universalidade orçamentais. Procurando

83
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

evitar-se a proliferação de contas, o que está em causa é uma


preocupação essencial de racionalidade.

Regra da Não Consignação: segundo este princípio “não pode afectar-


se o produto de quaisquer receitas à cobertura de determinadas
despesas”. Pretende-se, deste modo, que a totalidade das receitas
públicas seja destinada à generalidade das despesas. Trata-se de um
princípio republicano, decorrente da satisfação das necessidades
públicas com meios colectivos

Regra da Especificação: estipula que o Orçamento deve especificar “as


despesas segundo a respectiva classificação orgânica e funcional, de
modo a impedir a existência de dotações e fundos secretos, podendo
ainda ser estruturado por programas”. Assim, as despesas são fixadas
de acordo com uma classificação orgânica, económica e funcional.

Regra do orçamento bruto: a regra do orçamento bruto diz-nos que


todas as receitas e despesas são inscritas no orçamento pela
importância ou valor integral em que foram avaliadas. Ou seja, as
receitas e as despesas devem ser inscritas no orçamento de forma bruta
não líquida

Equilíbrio orçamental: na sua formulação clássica o equilíbrio


orçamental é visto como uma determinação formal: tem de se prever
em cada orçamento as receitas necessárias para cobrir todas as
despesas. Esta obrigação formal aplica-se sem prejuízo dos regimes dos
programas e das medidas que os compõem, da especificação nos
orçamentos dos serviços integrados e do equilíbrio dos fundos e
serviços autónomos.

2.2. Composição do orçamento

O OE pode ser dividido em três componentes:

84
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Receitas: Esta componente diz respeito a todos os recursos financeiros


cujo beneficiário é o Estado, e tem em vista o financiamento de
despesas públicas. No sentido restrito são consideradas receitas do
Estado as obtidas através do pagamento

de impostos ou de obrigações ao Estado pela provisão de determinados


bens e serviços, vendas patrimoniais, portanto todos os recursos
resultantes da própria actividade do Estado. No sentido mais amplo, as
receitas públicas incluem para além

destes itens os recursos provenientes de donativos e empréstimos.

Despesas: Esta é a componente dos gastos do governo e também se


designam por “despesas públicas” ou “gastos públicos”. Governos
podem gastar seus recursos, por exemplo, no procurement (aquisições)
de bens e provisão de serviços, para pagar o serviço de dívidas, fazer
investimento, e outras despesas com vista a satisfazer as necessidades
públicas.

Saldo Orçamental: este poderá ser um superavit ou um deficit. O


superávit orçamental ocorre quando as receitas do Estado são maiores
que as despesas. Um deficit no orçamento ocorre quando as despesas
do governo são maiores que as receitas, e neste caso deverão ser
encontradas alternativas de financiamento às despesas não cobertas.

2.2.1. Receitas públicas

Receita é a expressão monetária resultante do poder de tributar e/ou


do agregado de bens e/ou serviços da entidade, validada pelo mercado
em um determinado período de tempo e que provoca um acréscimo no
activo ou uma redução do passivo, com um acréscimo correspondente
no património líquido, abstraindo-se do esforço de produzir tal receita
representado pela redução (despesa) do activo ou acréscimo do passivo
e correspondente redução do património líquido

85
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Receita pública refere-se ao rendimento anual do governo arrecadado


das várias fontes de financiamento. Estas fontes podem ser:

Impostos;

Miscelânea de taxas e quotizações;

Comercialização de serviços;

Lucros dos empreendimentos estatais;

Venda de activos.

Como acima foi mencionado, se for considerado o conceito de receita


pública no sentido lato, à lista acima deverão ser acrescentados os
donativos/ajuda, a emissão de dinheiro e os empréstimos que
correspondem às fontes de financiamento do défice orçamental. Ou
seja, deverão ser acrescentadas as seguintes fontes:

Doações/ajuda;

Empréstimos externos;

Empréstimo doméstico;

Emissão de dinheiro.

Existem dois tipos de impostos: impostos directos e impostos


indirectos.

• Impostos directos incidem sobre o rendimento ou riqueza de pessoas


e empresas. Inclui por exemplo impostos sobre rendimento de pessoas
colectivas, imposto sobre rendimento de pessoa singular, ganhos de
capital, imposto sobre propriedade.

• Impostos indirectos incidem sobre o consumo de bens e serviços. O


exemplo típico é o imposto sobre valor acrescentado (IVA). Este
imposto incide sobre o preço de venda de bens e serviços.

Empréstimos e doações

86
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Os governos podem pedir empréstimo de seus próprios cidadãos assim


como nos mercados de capital internacional. Também podem ter
acesso a empréstimos concessionais (baixa taxa de juro) das instituições
multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco
Mundial. A capacidade de um país pedir emprestado dinheiro no
estrangeiro depende de vários factores. Por exemplo, credores podem
tomar em conta o volume ou nível de dívida existente, sua capacidade
para gerar receitas fiscais, suas necessidades em termos de despesa
pública, as opções de financiamento disponíveis, assim como
considerações políticas e sistemas de valor.

Empréstimos concessionais das instituições multilaterais são

dependentes da capacidade ou vontade do país em satisfazer certas


condições, como manter um nível baixo de inflação e redução do défice
orçamental. Doações são oferecidas ao país recipiente para um
propósito específico, como ajudar na luta contra HIV/SIDA ou ajudar a
reconstrução pós guerra ou ajudar o país a sair duma catástrofe.
Naturalmente, quanto mais o país pede emprestado, mais vai precisar
pagar de volta,

incluindo juros da dívida.

2.2.2. Défice orçamental

Muitos governos, especialmente dos países em vias de


desenvolvimento como Moçambique, apresentam défices orçamentais.
Isso significa que o governo planeia gastar mais do que espera arrecadar
das receitas fiscais. Quando as despesas planeadas excedem as receitas
a recolher, o governo deve procurar fontes adicionais de receitas para
financiar as suas despesas. Isso envolve pedir emprestado dinheiro e,
desse modo, aumentar a dívida pública. A dívida pública é, portanto,
consequência do crédito concedido ao governo que é reportado no
orçamento anual como défice orçamental. Constitui o total do saldo do
passivo financeiro do sector público, com o ónus sobre o governo a
reembolsar o montante emprestado, incluindo juros.

2.2.3. Fontes de financiamento do defice

87
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Quando existe um défice orçamental, o governo pode arrecadar fundos


para financiá-lo através de:

• Emissão de novas notas (Senhoriagem): esta opção vai aumentar a


moeda em circulação. Numa economia robusta e feita de maneira
prudente, esta opção pode ser sustentável. No entanto, em países em
vias de desenvolvimento enfrentando turbulências económicas, esta
opção pode resultar em inflação em espiral.

• Empréstimos externos: esta opção adiciona ao existente ónus da


dívida externa do governo. Embora esta opção permita libertar fundos
para financiamento de curto prazo, o pagamento da dívida pode levar
uma boa proporção dos orçamentos futuros se os fundos recebidos não
forem usados para investimentos produtivos. Isto pode conduzir ao
caso de armadilha de dívida com impacto perpétuo sobre o défice
orçamental.

• Empréstimos domésticos: esta opção também aumenta o ónus da


dívida do governo e deixa poucos recursos para despesas sociais. Nesta
opção, o governo compete com o sector privado pelo acesso a finanças,
deste modo reduzindo o montante de finanças disponível para o sector
privado. Isto chama-se “crowding out” do investimento privado. O
governo tem a vantagem pois pode oferecer uma taxa de juro alta ou
outras formas de pagamento, assim como garantias de pagamento.

2.3. Ciclo orçamental

O OE faz parte de um processo contínuo de decisão sobre recursos


públicos, localizado dentro de um sistema mais geral de gestão e de
avaliação das despesas do país e politica tributária.

O processo de orçamentação ideal obedece a um ciclo em que


actividades estão organizadas sequencialmente e de forma cíclica. De
uma forma resumida, o ciclo

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

orçamental no contexto moçambicano compreende os seguintes


grandes eventos e estágios:

Elaboração do orçamento,

Aprovação do orçamento,

Execução do orçamento e

Auditoria e avaliação do orçamento.

Políticas e plano de médio e longo prazo

O orçamento começa com o estabelecimento de objectivos, políticas e


planos de médio/longo prazo de natureza social, económica,
administrativa e política. Com base nos objectivos e nas metas
definidas, estabelecem-se as políticas económicas e sociais anuais e
plurianuais. Os documentos chaves nesta fase constituem os Planos
Quinquenais do Governo, Planos Indicativos como por exemplo
Agenda 2025 e outros documentos de suporte.

Planeamento orçamental de médio prazo (Cenário Fiscal de Médio


Prazo)

Esta fase inclui o desenvolvimento de planos financeiros de médio


prazo: realização de projecções e previsões no tempo e formulação de
critérios para a selecção de programas. Estes programas implicam
necessariamente, uma priorização de sectores e áreas, de acordo com
as políticas seleccionadas e as metas e objectivos traçados. O Cenário
Fiscal de Médio Prazo (CFMP) é um instrumento que contém a previsão
de receitas e definição de despesas para vários anos, elaborado de
modo a servir de guia de orientação para as acções orçamentais do
governo.

Planeamento e orçamentação anuais

Para cada ano deve ser elaborado o orçamento respectivo com detalhes
sobre receitas e despesas a serem realizadas. Este orçamento resulta
do CFMP mas com informação
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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

actualizada e contextualizada de modo a responder as necessidades do


respectivo ano. O mesmo é acompanhado pelo Plano Económico e
Social (PES) que contém as actividades que o governo se propõe a
atingir no âmbito económico e social. Depois de ser elaborado, o
orçamento deve ser aprovado, juntamente com o PES, pela Assembleia
da República (AR) antes de ser executado.

Execução: produção e pagamentos

A execução do orçamento começa quando o governo inicia a realizar os


gastos e a colectar as receitas autorizadas pela Lei Orçamental.
Entretanto, na prática orçamentos não são sempre implementados da
forma exacta como foram aprovados. Desvios podem acontecer como
resultado de alterações das condições anteriormente usadas como
pressupostos.

A execução do orçamento permite também que seja produzida


informação e documentação comprovativa de que (não) foi possível
atingir ou ultrapassar as metas definidas no orçamento.

Contabilidade e monitoria

O executivo deve adoptar práticas contabilísticas transparentes e


credíveis no processo de execução orçamental assim como garantir que
o mesmo executivo produza instrumentos de monitoria e controlo da
execução orçamental.

Relatórios de execução orçamental e balanços dos planos

Quando o governo faz a execução orçamental deve produzir os


respectivos relatórios que servem para compará-los com o orçamento
aprovado pelo parlamento. Ao mesmo tempo o governo deve elaborar
os balanços dos planos definidos no âmbito

do orçamento (no caso de Moçambique é o Balanço do PES semestral).

Auditoria e avaliação
90
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

O último estágio do processo orçamental inclui várias actividades que


têm o objectivo de medir se os recursos públicos foram ou não usados
efectiva e eficientemente. As despesas devem ser sujeitas a revisão
regular por profissionais de uma instituição independente como uma
empresa de auditoria. Os resultados de pesquisa da instituição de
auditoria devem ser submetidos ao poder legislativo que deve exigir
que o executivo seja responsável pelas suas práticas orçamentais.

2.4.Análise dos Orçamentos

A tabela abaixo mostra os diferentes e possíveis ângulos de análise e o


que permite analisar:

Foco Questão chave A análise vai permitir


Como se compara as Determinar se o governo
despesas/receitas está definir
numa determinada área prioridades através do seu
com as outras? orçamento.
Prioridades
Avaliar se as prioridades
estão de acordo com as
promessas e cometimentos
da política governamental.
Quanto está sendo Verificar se a alocação do
alocado sobre este governo é Suficiente
assunto?
Adequação
Considerar se as alocações
do governo têm em conta a
inflação
Existe uma melhoria na Monitorar se o governo
orçamentação de um está mudar de prioridades
Progresso
determinado ao longo do tempo
aspecto ou assunto?

91
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Os recursos estão a ser Avaliar se o orçamento do


Equidade alocados/ gastos de governo
forma justa? discrimina de forma injusta

Sector Saúde, Educação, Justiça; Indústria, Agricultura,


Serviços
Grupo populacional Crianças, velhos, portadores de deficiência, mulheres
vulneráveis
Programa Educação de adultos, educação primária, cuidados
governamental primários de saúde, saneamento e água; combate a
corrupção; orçamento de investimento de iniciativa
local (OIIL)
Temática ou Segurança alimentar, HIV-SIDA, criação de emprego
assunto
Usando Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta
documentos como (PARPA),
ponto de referência Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP), Agenda 2025,
Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio (ODM), Plano de
Produção de
Alimentos (PAPA), Revolução Verde

1: Calcular a proporção do orçamento afecta para um sector (POES)

Esta técnica permite inferir o quanto o orçamento prioriza um


determinado item. Assim isso permite comparar a alocação por
departamento, programa, sector, etc. Por outras palavras, podemos
calcular, em forma de percentagem, o valor alocado de despesas (i) para
um determinado departamento como proporção do orçamento total;
(ii) para um programa como proporção do orçamento total do
departamento; (iii) para um subprograma como proporção do
orçamento total do programa. A fórmula é a seguinte:

VA
POES  * 100%
VTOE

92
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Onde: POES-proporção do Orçamento do Estado ao Sector, VA-valor


alocado, VTOE-valor total do Orçamento do Estado

2: Identificar tendências de alocação orçamental

A técnica anterior pode ser estendida para comparar a proporção


alocada para um departamento ou programa específico para diferentes
anos fiscais. O objectivo é ver se a proporção está aumentar ou diminuir
o que pode revelar alteração de prioridades.

3.Converter as alocações orçamentais nominais em reais

Esta técnica pretende atacar o problema da inflação. De ano para ano o


valor do dinheiro diminui como resultado da inflação. Em geral, os
orçamentos são feitos tendo em conta os preços correntes. Por
exemplo se a alocação orçamental cresce a uma taxa inferior ao
aumento da inflação, então esse aumento não é real. Neste contexto,
não é muito útil comparar valores nominais do orçamento de um ano
para outro. Para comparar alocações ao longo do tempo, de forma
precisa, os valores nominais devem ser convertidos a valores reais
usando o deflactor de acordo com a seguinte fórmula:

VN
VR 
Deflator

Onde: VR-valor real e VN-valor nominal

Depois de transformar os valores nominais em reais, então será possível


fazer comparações dos valores reais de um ano para outro.

4.Calcular taxas reais de crescimento

93
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Esta técnica determina a taxa de crescimento do valor real alocado


entre anos seguintes. Isto é, esta técnica permite ver se houve um
aumento ou diminuição real da dotação orçamental a um determinado
item no orçamento entre um período e o outro. A fórmula para fazer
esse cálculo é a seguinte:

5.Determinar as taxas de crescimento médio anual

A taxa de crescimento médio anual é simplesmente a taxa média real


de crescimento na alocação do orçamento para um departamento,
ministério, programa ou subprograma durante um determinado
período de tempo. Para calcular a taxa de crescimento média, em
primeiro lugar é preciso somar as taxas de crescimento real de todo o
período em análise. Depois divide-se o valor pelo número de anos (ou
períodos) em consideração.

Ano1  Ano2  Ano3


TMC 
3

Onde: TMC-taxa média de crescimento

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.

1. Fale das regras dos orçamentos.

2. Os dados a seguir mostram as fontes de financiamento em


Moçambique nos anos de 2007 e 2008.

*Dados em milhões de meticais

94
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

2007* 2008*
Divida Externa 84.334 92.733
Divida Interna 8.042 7.446
 Banco Central 3.000 3.000
 Obrigações Tesouro 4.850 4.268
 Divida assumida 192 178
Total 92.376 100.179
Fonte: CGE, 2008

a. Quais são as diferentes formas de financiar o défice orçamental?


Qual destas formas é mais usada pelo governo Moçambicano.
b. Qual foi variação percentual da divida interna?
c. Comente suas questões animando pelos eus cálculos

3. O Quadro a seguir apresenta os dados das despesas dos sectores


prioritários em Moçambique.

*Dados em milhões de meticais


2007* 2008*
Educação 13.280 17.161
Ensino Geral 11.734 15.151
Ensino Superior 1.546 2.011
Saúde 9.097 10.194
Sistema de Saúde 8.555 9.558
HIV/SIDA 542 636
Infra-estruturas 10.447 14.335
Energia/Recursos Minerais 947 1.409
Estradas 5.852 8.698
Águas 3.280 3.635
Obras Públicas 368 512
MCA 0 953
Agricultura e Desenvolvimento Rural 2.782 3.283
Boa Governação 4.891 6.931
Segurança/Ordem Publica 2.145 2.562
Administração Publica 1.506 2.512
Sistema Judicial 1.240 1.858
Outros Sectores Prioritários 514 1.039

95
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Acção Social 353 812


Trabalho e Emprego 161 228
Total Sectores 41.011 53.897
Restantes Sectores 24.808 26.435
Despesa total sem encargos da divida 65.819 80.331
Encargos da Divida 1.326 1.651
Despesa Total 67.145 81.982
Fonte: CGE, 2008 Comente sobre a
evolução das

TEMA – VI: O PATRIMÓNIO DO ESTADO.


O Património do Estado

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

Introdução

O património imobiliário público constitui um ativo extremamente


importante no conjunto dos ativos detidos pelo Estado. A sua
valorização depende de uma gestão pautada por objetivos de eficiência
e racionalização destes recursos.
O Cadastro e Inventario Geral dos Bens do Património do Estado
compreende os bens direitos e obrigações de que o Estado é titular
como pessoa colectiva de direito público qualquer que seja a sua
natureza dominial ou patrimonial, a forma de aquisição ou o organismo
que a haja realizado.

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

No fim deste tema, os estudantes deverá ter o domínio sobre matéria referentes:

 Possibilitar o conhecimento da composição dos bens do domínio público


Objectivos
específicos e do domínio privado do Estado quanto a sua natureza consistência valor
e afectação;
 Contribuir para a administração eficiente dos bens do Estado
possibilitando a racionalização da sua utilização e fiscalização sistemática;
 Compilar os elementos necessários a definição de políticas de
investimento mediante a efectivação de uma correcta amortização dos
bens duradouros e dos bens de capital do estado e possibilitar a
respectiva reavaliação;
 Apoiar à estatística nacional.

UNIDADE Temática 1.2. Finanças Públicas e Finanças Privadas

1.1. Gestão do património

A boa gestão do património mantém os recursos físicos disponíveis e


em boas condições de uso, além de ser também um indicador de vários
outros aspectos relacionados com a boa gestão, tais como a capacidade
de planificar, orçamentar e executar políticas públicas. A boa gestão do
património ajuda a alcançar os objectivos fundamentais do sector da
Educação.

97
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

O módulo de capacitação Gestão do Património enfatiza dois conteúdos


importantes: (1) registo e inventariação e (2) manutenção.

1.2. O que é o Património do Estado

O Património do Estado é o conjunto de bens, direitos e obrigações de


que o Estado é titular, ou seja, dos quais o Estado detém o título ou a
propriedade:

 Bens móveis, animais e imóveis sujeitos ou não a registo


 Empresas, estabelecimentos, instalações, direitos, quotas e
outras formas de participação financeira do Estado
 Bens adquiridos por conta de projectos, com financiamento
externo, caso não haja reserva de titularidade a favor de
terceiros.

A gestão do património é um conjunto de actividades relacionadas


com os processos de aquisição, afectação, inventariação, guarda,
conservação, movimentação, valoração, amortização, transferência
e abate de bens.

1.3. O Ciclo de Gestão do Patrimonio do Estado

Os bens do Patrimonio do Estado, como quaisquer outros bens, têm um


ciclo de gestão e de vida determinado.

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

 Planificação;
 Aquisição;
 Inventariação, classificação e registo;
 Operação e manutenção;
 Abate.

A gestão do património inicia geralmente com a fase de planificação. A


esta, segue-se a aquisição e bens através de um processo de cntratacao
de empreitadas de obras publicas, de fornecimento de bens ou de
prestação de serviços ao Estado.

Após a aquisição de um bem, segue-se um processo de inventariação,


classificação e registo.

As fases a seguir são as de operação e manutenção, e finalmente segue-


se o processo de abate, no caso de um bem deixar de ter suficiente
utilidade que justifique a sua permanência no Patrimonio do Estado.

A inventariação, classificação e registo do património do estado são


geridas pelo Decreto 23/2007, enquanto a operação e manutenção do
Patrimonio do Estado são geridas pelo Decreto 47/2007.

O abate do Patrimonio do Estado é processado de acordo com o


capítulo V do Decreto 23/2007.

O Sistema de Administração Financeira do Estado - SISTAFE -, criado


pela Lei n.° 9/2002 de 12 de Fevereiro, é composto por cinco
subsistemas, dentre os quais o Subsistema do Património do Estado
(SPE). A 9 de Agosto de 2007, o Conselho de Ministros aprovou a
regulamentação da Gestão do Património do Estado, através do
Decreto 23/2007.

Este regulamento, instrumento fundamental para a gestão da coisa


pública, tem como objectivo estabelecer um sistema uniforme e
harmonizado de normas e procedimentos aplicáveis à gestão,

99
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

fiscalização, utilização e conservação do Património do Estado, nos seus


domínios Público e Privado, bem como dos bens do património cultural
na posse do Estado.

Os objectivos principais do Decreto 23/2007 são:

 Maior racionalidade na aplicação de recursos públicos


 Maior controlo e protecção dos bens contra perdas e desvios
 Estabelecer evidências (provas físicas) precisas e atempadas das
demonstrações contabilísticas.

O Decreto 23/2007 aplica-se a todos os órgãos e instituições do Estado,


incluindo as autarquias locais, empresas do estado, institutos e fundos
públicos dotados de autonomia administrativa, financeira e patrimonial
e, ainda, as representações do pais no exterior.

1.3.1. A composição do Subsistema do Património do Estado

O Subsistema do Património do Estado (SPE) é composto de:

 Unidade de Supervisão (US)


 Unidades Intermédias (UI)
 Unidades Gestoras Executoras (UGE)
 Unidades Gestoras Beneficiárias (UGB)
 Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições (UFSA)
 Unidades Gestoras Executoras das Aquisições (UGEA).

No sector de Educação, nos distritos:

 O Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT)


age em nome da Unidade Gestora Beneficiária – UGB que é a
Administração Distrital
 A Administração Distrital é a Unidade Gestora Executora - UGE.

100
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

A gestão do património do Estado é feita pela intervenção integrada das


UGE, UI e US do Subsistema do Património do Estado (SPE).

1.4. Os bens do Estado ajudam a prestar serviços aos cidadãos

No processo de gestão do património existem vários princípios e regras


que devemos ter em conta, tais como:

 A aquisição dos bens patrimoniais do Estado realiza-se através


de concursos públicos, ressalvando-se algumas excepções legais
 O Património do Estado deve estar identificado, valorado,
qualificado e quantificado
 Os bens do domínio público e privado de uso especial
são impenhoráveis e inalienáveis. Estes bens são aqueles
afectos a um órgão ou instituição do Estado e que são
indispensáveis para a realização e prossecução das suas
atribuições específicas (como as carteiras das salas de aula, por
exemplo)
 A inventariação dos bens patrimoniais obedece ao Classificador
Geral (CG), Diploma Ministerial n.° 78/2008 de 4 de Setembro,
em harmonia com as normas e procedimentos de gestão do
património do Estado.

Os bens patrimoniais do Estado são valorados pelo:

 Valor de aquisição
 Custo de construção ou produção
 Valor resultante de uma avaliação ou ainda
 Valor ou preço resultante do acordo firmado entre o Ministério
das Finanças e o doador do bem.

Todo bem patrimonial deve estar sob a guarda e conservação dum


encarregado responsável para tal.

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

1.5. Tudo registado: o caminho da boa gestão

Cadastro

 É o instrumento utilizado para a especificação e classificação de


bens que compõem o domínio público do Estado.

Inventário

 É o instrumento utilizado para o registo, acompanhamento e


controlo dos bens que compõem o património do Estado ou que
estejam à sua disposição.

1.6. Receitas Publicas

Receita pública é o montante total (impostos, taxas, contribuições e


outras fontes de recursos) em dinheiro recolhido pelo Tesouro
Nacional, incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para custear
as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos.
Regulamentada pela Lei de Orçamento, LEI No 4.320, DE 17 DE MARÇO
DE 1964, ao assunto, refere-se o CAPÍTULO II da mesma, cujo título é Da
Receita. Em sentido amplo, receita pública é o recolhimento de bens
aos cofres públicos, sendo sinônimo de ingresso ou entrada.

Diferencia-se da receita tributária pois ao contrário desta, não está


limitada à arrecadação de tributos e multas, sendo que a receita
tributária é um dos tipos de receita pública.

A receita pública também embarca as receitas das empresas estatais, a


remuneração dos investimentos do Estado e os juros das dívidas fiscais.

Ingresso - outras entradas que não se consideram receita, é a receita


que não foi arrematada, operações de curso anormal. ex: Antecipação
de Receita Orçamentária.

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

1.6.1.Receita orçamentária

Receitas orçamentárias são aquelas que entram de forma definitiva no


patrimônio, são recursos próprios que poderão financiar políticas
públicas e os programas de governo. Podem estar previstas no
orçamento público LOA ou não.O fato de estar ou não estar prevista na
LOA ou em Lei de Crédito Adicional não serve de parâmetro para a
diferenciação de receita orçamentária e extraorçamentária.

1-Receitas Correntes — Conforme a lei 4.320/64 Art.11 § 1º São


Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial,
agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes
de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público
ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
Despesas Correntes.

 Receita tributária — é a proveniente de impostos, taxas e


contribuições de melhorias;
 Receita de Contribuições — é a proveniente das seguintes
contribuições sociais(previdência social, saúde e assistência social),
de intervenção domínio econômico(tarifas de telecomunicações) e
de interesse das categorias profissionais ou econômicas(órgãos
representativos de categorias de profissionais), como instrumentos
de intervenção nas respectivas áreas;
 Receita patrimonial — rendas obtidas pelo Estado quando este
aplica recursos em inversões financeiras, ou as rendas provenientes
de bens de propriedade do Estado, tais como aluguéis;
 Receita agropecuária — é a proveniente da exploração de
atividades agropecuárias de origem vegetal ou animal;
 Receita de serviços — é a proveniente de atividades caracterizadas
pelas prestações de serviços financeiros, transporte, saúde,
comunicação, portuário,
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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário,


processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos
inerentes a atividades da entidade entre outros;
 Receita industrial — resultante da ação direta do Estado em
atividades comerciais, industriais ou agropecuárias;
 Transferências correntes — recursos financeiros recebidos de
outras entidades públicas ou privadas e que se destinam a
cobrir despesas correntes;
 Outras receitas correntes — provenientes de multas, cobrança
da dívida ativa, indenizações e outra receitas de classificação
específica;

 Operações de crédito — oriundas da constituição de dívidas


(empréstimos e financiamentos);
 Alienação de bens — provenientes da venda de bens móveis e
imóveis e de alienação de direitos;
 Amortização de empréstimos concedidos — retorno de valores
anteriormente emprestados a outras entidades de direito público;
 Transferência de capital — recursos recebidos de outras pessoas de
direito público ou privado, destinados à aquisição de bens;
 Outras receitas de capital — classificação genérica para receitas não
especificadas na lei; também classifica-se aqui o superávit do
orçamento corrente (diferença entre receitas e despesas
correntes), embora este não constitua item orçamentário.

1.6.1.Receita extraorçamentária

Receitas extraorçamentárias são aquelas que não fazem parte do


orçamento público.[4]

Como exemplos temos as cauções, fianças, depósitos


para garantia, consignações em folha de pagamento, retenções na
fonte, salários não reclamados, operações de crédito por antecipação

104
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

de receita (ARO) e outras operações assemelhadas.

Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua


realização não se vincula à execução do orçamento.

Tais receitas também não constituem renda para o Estado, uma vez que
este é apenas depositário de tais valores. Contudo tais receitas somam-
se às disponibilidades financeiras do Estado, porém têm em
contrapartida um passivo exigível que será resgatado quando da
realização da correspondente despesa extraorçamentária.

Em casos especiais, a receita extraorçamentária pode converter-se em


receita orçamentária. é o caso de quando alguém perde, em favor do
Estado, o valor de uma caução por inadimplência ou quando perde o
valor depositado em garantia. O mesmo acontece quando os restos a
pagar têm sua prescrição administrativa decorrida. É importante frisar
que cauções, fianças, e depósitos efetuados em títulos e assemelhados
quando em moeda estrangeira são registrados em contas de
compensação, não sendo, portanto considerados receitas
extraorçamentárias.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1) O que é património do Estado?

2) Mencione o ciclo de gestão do Património do Estado?

3) Defina Receitas Publicas?

4) Diferencie Receitas Publicas das Receitas Orcamentais.

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

Correcção dos Exercícios

1) O Património do Estado é o conjunto de bens, direitos e


obrigações de que o Estado é titular, ou seja, dos quais o
Estado detém o título ou a propriedade:

 Bens móveis, animais e imóveis sujeitos ou não a registo


 Empresas, estabelecimentos, instalações, direitos, quotas e
outras formas de participação financeira do Estado
 Bens adquiridos por conta de projectos, com financiamento
externo, caso não haja reserva de titularidade a favor de
terceiros.

2) Planificação; Aquisição; Inventariação, classificação e


registo; Operação e manutenção e Abate.
3) Receita pública é o montante total
(impostos, taxas, contribuições e outras fontes de
recursos) em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional,
incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para
custear as despesas públicas e as necessidades
de investimentos públicos.
4) Receitas orçamentárias são aquelas que entram de
forma definitiva no patrimônio, são recursos próprios
que poderão financiar políticas públicas e os programas
de governo, enquanto que, Receitas orçamentárias são
aquelas que entram de forma definitiva no patrimônio,
são recursos próprios que poderão financiar políticas
públicas e os programas de governo.

106
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

TEMA –V: INSUFICIÊNCIAS DA SOLUÇÃO DE MERCADO E A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA


AFETAÇÃO DOS RECURSOS ECONÓMICOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução


UNIDADE Temática 1.2 Poder e a Economia
UNIDADE Temática 1.3. EXERCÍCIOS

UNIDADE Temática 1.1. Introdução

Introdução

Actividade Financeira é um conjunto de fenómenos, actos que têm por


finalidade a satisfação de necessidades públicas e que se concretizam
através da cobrança de receitas e das despesas públicas.
A actividade financeira é considerada uma actividade instrumental,
porque não ofim, mas sim o meio, o instrumento que permite satisfazer
as necessidades. O estudo científico da actividade financeira alargou,
nos dias de hoje, o seu campo a domínios e a métodos próprios das
ciências sociais, o que, para além detodas as vantagens que a isso se
aponta, em termos do aprofundamento e da riqueza da nova ciência
das finanças, também demonstra que a actividade financeira, enquanto
actividade social, não pode.

Ao concluir esta unidade, os estudantes terão o domínio sobre matéria


referentes à:
Objectivos  Causas de incapacidade do mercado,
específicos
 A provisão pública de bens,

107
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

 Os princípios doutrinários e
 Políticas da actividade financeira;

UNIDADE Temática 1.2. Poder e a Economia

1.1. Poder e a Economia


a) A actuação económica do Estado
1. 0 Estado pode, porém, desenvolver ele próprio - como
«forma» política da sociedade - uma actividade de sujeito
económico colectivo ou social. Sabemos de sistemas sociais
em que todas as necessidades económicas, em sociedades
primitivas ou integralmente socialistas, são satisfeitas pela
própria sociedade política (que terá, para uns, necessidades
próprias, como organismo que e; que apenas «interpreta»
necessidades individuais; ou que actua num e noutro plano).
2. Todos sabemos que há serviços que o Estado e só ele podem
prestar numa sociedade evoluída: a administração da
justiça, a defesa e a segurança a interna, certas zonas de
administração civil. Para tanto, ele haverá de dispor de bens,
de utilizar meios de financiamento, de remunerar o trabalho
e outros factores produtivos.
Mas sabemos igualmente que há serviços que o Estado, por
razões diversas chamou a Se prestar (embora pudesse não
fazer; e o faça nuns países e não em outros): dos correios e
telecomunicações, de certas modalidades de crédito da
rádio e televisão e certos países (por vezes em concorrência
com os particulares).

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ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

É fácil! Compreender a atribuição de carácter


intrinsecamente económico a produção deste tipo de bens
(coisas como serviços) pelo Estado; já será, contudo, mais
difícil compreender O carácter económico da polícia ou da
defesa nacional, por exemplo. Contudo, também eles
constituem serviços, «pagos» pela colectividade, por via dos
impostos (ou das taxas); e ao presta-los, o Estado suporta
custos, formulando decisões acerca da afectação de bens
económicos raros a fins específicos de carácter social.

Nestas situações, que poderemos designar por actuação


económica em sentido próprio, o Estado age por si mesmo
como sujeito ou agente económico, formulando escolhas ou
opções económicas no interesse da comunidade (ou da sua
maquina ou aparelho estadual).

1.2. A provisão Pública de bens


a) Formas de suprir as incapacidades do mercado

As incapacidades do mercado obrigam pois, para haver níveis


aceitáveis de bem-estar social, a actuações correctivas e
supletivas de sujeitos económicos não dominados pela lógica do
mercado. Tomemos, por exemplo, o caso do farol, bem colectivo
que nunca poderá ser produzido para mercado (pondo agora de
lado as situações, menos claras, em que há «bens públicos
impuros», cujo uso não é necessariamente colectivo, porque a
exclusão se torna possível e a consequente imputação individual
das satisfações também: auto-estradas com portagem). A sua
criação e funcionamento é incompatível com as regras do
mercado e, no entanto, a necessidade
109
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

do farol é sentida por todos os que fazem navegação costeira.


As utilidades que ele presta não podem ser imputadas a um
deterrninado sujeito económico que possa como tal pagar a sua
criação ou funcionamento, mas são sentidas por todos. Todos o
podem usar, sem se prejudicarem uns aos outros nem poderem
ser obrigados a pagar para isso.

Suponhamos que um particular resolve - apesar do elevadíssimo


custo - construir o farol, porque tem navios que precisam de o
utilizar. Ele vai então financiá-lo sozinho, e não pode obter
sequer compensação de todos os que o usam: porque o uso do
farol é livre para todos os que o vêem e assim o utilizam, à
boleia» do construtor do farol. Este só poderia ressarcir-se do
custo que suportou para criar este bem disponível para toda a
comunidade (ou para número indeterminado de sujeitos) se
dispusesse de poder de autoridade, cobrando taxas dos navios
que passassem junto da costa ou vedando-lhes o acesso à zona
de visibilidade; ora, os particulares não o podem fazer. Ou,
então, o mero interesse egoísta chega para financiar o uso do
bem: o caminho municipal que conduz à quinta do Sr. Alberto
financiado pelo dono da quinta é acessível a todos: pode ser
usado por todos, mas o Sr. Alberto além de ser considerado
benemérito, fica compensado pelo proveito que tira do
caminho. Todavia, isto só sucederá, em regra, com pessoas
altruístas e com bens cujo custo de produção ou provisão não
seja excessivamente elevado, Pode ainda suceder que vários
interessados se associem para construir o caminho de acesso às
suas quintas: mas não poderão, se tratar de vias públicas, vedar
a utilização a outros, pelo que alguns se sentirão tentados a não
participar, beneficiando da obra comum; ou então tentarão
cobrar um pedalo ou portagem, ou vedar o acesso aos outros -

110
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

o que só o poder público pode consentir ou Impor.

Assim, sucederá que bens úteis e necessários não estejam


disponíveis, admitindo que todos se motivam pela lógica egoísta
da maximização da utilidade individual (se introduzirmos a
lógica do benfeitor, ele poderá produzir bens úteis a outros e
doá-los ou colocá-los a disposição de outrem; se o benfeitor for
ditador... então poderá servir de «modelo elementar» da
actuação do Estado). Em tais casos, todos podem cooperar na
criação do bem, porque o custo da cooperação é inferior ao de
ficarem sem o bem; mas basta que um deles recuse cooperar
para que não exista o bem, pelo que a sua provisão ocorrerá
raramente. Ou o bem será transformado (ou substituído por) em
um bem privado, oferecido apenas aos que cooperem para a sua
disponibilidade e de cujo uso estão excluídos outros: caso de
uma brigada de bombeiros que apenas socorra os acidentes
ocorridos em prédios dos seus contribuintes (é então necessário
que a contribuição seja proporcional a utilidade recebida). Ou
pode ainda suceder que o bem seja transformado num acessório
de um bem puramente privado, fornecido conjuntamente com
aquele bem colectivo (um sindicato pode dar segurança aos seus
membros, no emprego, por exemplo, e por causa disso prestar
outras utilidades. comuns: estas são, em princípio, sempre
acessórias e dificilmente dissociáveis da utilidade principal).

Na maior parte dos casos estas fórmulas não são satisfatórias.


Então, resta apenas a cooperação ou a coacção (legítima ou de
facto; efectiva ou potencial). Assim, fora dos casos em que seja
possível a cooperação ou a exclusão do grupo, há que recorrer
ao uso da autoridade para produzir os bens necessários.

111
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

II. 0 Problema não surge apenas no momento da produção do


bem, mas no da utilização (ambas formas de provisão para uso
público). É célebre o exemplo da relva comum, dado por DAVID
HUME. Os proprietários de uma relva comum podem utilizá-la
em comum, isto é, sem recorrerem a qualquer forma societária
(que admitiria que alguém cedesse a sua posição a outrem).
Sucederá então que todos ou alguns usem excessivamente a
relva: não existe uma autoridade (excepto por imposição de lei
que dê tal poder aos condóminos) capaz de restringir o acesso,
salvo acordo de todos nesse sentido (mais que não seja,
acordando na regra da maioria para assegurar a gestão). Pode
suceder que, se todos quiserem usar excessivamente a relva (o
mau usa do bem comum também faz parte da noção teórica de
«boleia» nos bens públicos), esse interesse a curto prazo
prejudique o interesse a longo prazo de dispor da relva. É
evidente então a necessidade de uma autoridade - ou dimanada
do grupo utilizador ou exterior a ele (2).

III. Os exemplos dados demonstram os limites do altruísmo. Eles


servem também para mostrar até onde pode, no âmbito do
sistema capitalista, confiar-se nas soluções cooperativas
(contratuais ou institucionais; cooperativas de produção ou de
serviços; associações de utilidade colectiva - «clubes», etc.), que
não dão suficiente lugar ao egoísmo nem dispõem de poder
bastante para ultrapassarem dimensões modestas e problemas
relativamente simples, não pertinentes as áreas fundamentais
da vida em comunidade. Estas só são resolvidas pelo mercado
ou pelo poder, enquanto não mudar, se puder mudar, o
comportamento humano.

IV. Por outro lado, o poder de iniciativa e auto organização é


também, nas sociedades massificadas
112
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

do mundo moderno, limitado: a sociedade produz mais


facilmente bens imateriais (bens de cultura e civilização); no
domínio dos bens materiais e dos actos de força, é em regra do
Estado que se socorre para resolver problemas mais complexos,
inacessíveis ao mercado.

b) O Estado e os bens públicos


Os casos de incapacidade do mercado geram pois situações que,
normalmente, e apenas a intervenção de entidades públicas,
das quais tomaremos o Estado como protótipo, que permite
realizar o bem-estar social, em termos que todos achem
desejáveis (2).

É necessário que haja condições sem as quais não existiria a


própria colectividade: os serviços políticos, legislativos e de
justiça, a defesa, a segurança, certos serviços administrativos
gerais, a diplomacia e política extrema, certas infra-estruturas
materiais e imateriais. Eis casos de bens colectivos. E necessário
gerir, no interesse de todos, os bens cuja provisão tem custos
uniformemente decrescentes, que são em regra bens de
utilização indivisível, nos quais não existe um problema de
superlotação (dentro de certos limites técnicos, fornecer mais
um ou menos um é indiferente; embora possa haver imputação
dos benefícios individuais, para possibilitar a cobertura dos
custos, para limitar o acesso, ou por outros motivos): e o caso
do saneamento básico, das vias de comunicação (estradas,
pontes), da electricidade e água, de outras infra-estruturas
urbanas, de grandes obras de infra-estrutura rural (canais e
barragens de rega), etc. É imperativo que o Estado intervenha
para socializar as exterioridades, custeando a educação dos mais
pobres, financiando a saúde, defendendo o ambiente,
cultivando as florestas, etc. É
113
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

necessário que o Estado assuma riscos de diversos tipos:


lançando empreendimentos industriais de grande risco ou
criando sistemas de segurança social. Só ele tem meios para
traçar e executar políticas económico-sociais e defender o
mercado da concorrência destruidora.

A provisão destes bens públicos pode e deve ser feita pelo


Estado por diversas razões:

(1) Ele tem uma perspectiva de interesse geral, ou, pelo menos, os
seus órgãos e os detentores do poder confrontam-se com o
conjunto da sociedade à luz de critérios de interesse geral.
(2) Tem uma perspectiva temporal ilimitada e uma capacidade de
risco superior à dos outros grupos ou associações contratuais.
(3) Dispõe de poder de autoridade para impor regras de utilização
dos bens e seu financiamento (coacção, no seu aspecto
sociológico).
(4) Tem por via de regra, em cada comunidade, dimensão que lhe
possibilita empreender esforços que não estão ao alcance de
instituições ou pessoas privadas e que a comunidade
inorganicamente não pode resolver com êxito.

c) Formas de Actuação Financeira

Existem assim situações em que há bens públicos (puros ou


mistos) que são objecto de actuações económicas do Estado
destinadas a criar condições de maior bem-estar económico e
social. Estas actuações têm dois momentos distintos:

I) A provisão do bem nas condições adequadas a


obtenção da satisfação óptima: isso faz-se
prestando serviços públicos ou
114
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

colocando bens a disposição da colectividade,


com carácter duradouro (património estadual)
ou em cada ano (despesas públicas). Observar-
se-á que em alguns casos se trata de actividades
sem as quais não haveria Estado; a defesa do
prestígio e autoridade do Estado pode levar a
proibir a existência de exércitos privados (mas
porventura não de serviços privados de
segurança - hoje em expansão, concorrendo com
os policiais ou suprindo-os, e fornecendo bens
privados a par do bem público da segurança).
Mas isso demonstra, por um lado, que os critérios
de decisão do Estado, sendo economicamente
racionais, são fundamentalmente polípticos: aqui
se pode entender que o ensino deve ser todo
público, ali predominantemente privado, além
concorrencial (intersectores). Demonstra, por
outro lado, como própria lógica do liberalismo
leva, em sociedades industriais, ao aparecimento
de um aparelho estadual forte, por razões
inerentes ao processo complexo de satisfação
das necessidades sociais, ainda que se concentre
num número restrito e pouco ponderosa de
actividades.
II) A obtenção dos recursos necessários a assegurar
a provisão dos bens (financiamento: receitas
públicas), tanto no que se refere a sua obtenção
originária como a manutenção dos bens e a
prestação dos serviços públicos.

O recurso à coacção é a forma mais normal de financiar a


provisão pública de bens: a imposição,
115
ISCED CURSO: …..; 40 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Finanças Públicas

a todos os cidadãos, segundo critérios diversos, de um sacrifício


patrimonial para financiar os bens de que, em princípio, todos
podem beneficiar (individualmente ou por grupos; efectiva ou
potencialmente) e o modo típico de obter recursos, que é
acessível apenas ao Estado e outras entidades públicas. A forma
mais normal será recorrer a receitas que têm como único
fundamento - ou contrapartida - a possibilidade de ter acesso ao
uso dos bens públicos: tributos ou impostos. Os bens e serviços
podem ser pagos por preços ou receitas equivalentes. Ou
podem ser financiados por donativos ao Estado. Ou podem –
então como mera antecipação de receitas futuras - ser
financiados pelo recurso ao crédito. Estas são as principais
fontes de financiamento da provisão de bens públicos - e a
importância da sua problemática evidente nas finanças públicas.
(MAFFEO PANTALEONI; cf. SOUSA FRANCO, MFP (r), pp. 20 e
55.).

d) Bens Públicos e Bens Privados

A provisão de bens por entidades públicas e privadas não


corresponde, no actual e complexo modelo social, a uma relação
rígida de correspondência entre tipos de bens e entidades que
os produzem. Assim, quanto aos bens colectivos:
 Os bens colectivos são normalmente fornecidos por entidades
públicas;
 Pode haver bens colectivos excepcionalmente produzidos por
entidades privadas como tais (1), por altruísmo ou interesse
próprio (utilidade individual conjunta; mecenato);
 Pode haver provisão conjunta ou por iniciativa comum de bens
colectivos por entidades públicas e privadas, caso em que, em

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regra, a decisão fundamental será pública, contando com a


colaboração privada.

E quanto a provisão de bens individuais:


 Pode haver bens individuais oferecidos por entidades públicas:
ou por pura lógica política (certas empresas publicas) ou porque
a sua produção é necessária para socializar exterioridades ou
obviar a outras causas de incapacidade do mercado;
 Pode haver bens individuais objecto de provisão mista (caso
muito frequente), paralela ou comum;
 A generalidade dos bens individuais tende a ser objecto de
provisão privada.

A produção dos bens pode resultar da intervenção de diversos tipos


de entidades públicas, como intérpretes de necessidades da
colectividade ou portadoras de necessidades próprias. No âmbito
da escolha por critérios de decisão social, ela pode fazer-se por
diversas formas: pela provisão do bem por uma entidade pública
(ainda que o tenha adquirido a uma entidade privada) ou pela
provisão de entidades privadas que actuam como representantes,
executoras ou mandatárias de entidades públicas. As empresas
privadas concessionárias de bens públicos actuam como se fossem
entidades públicas (como o seriam as entidades concessionarias da
gestão de empresas públicas): para a colectividade e os particulares
elas são órgãos do Estado, ainda que possuam, na relação com o
Estado ou a entidade concedente, interesses privados e tenham
internamente uma estrutura privada.

1.3. Papel do Estado

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Estado: comunidade humana fixada num território e que,


dentro das suas fronteiras, institui uma forma de organização
do poder político soberano com o fim de garantir a segurança,
a justiça e o bem-estar económico e social.

Divisão tradicional dos poderes do Estado Liberal:

- Legislativa

- Executiva

- Judicial

Funções do Estado Contemporâneo:

- Políticas (promove a paz social, gerindo a administração pública


e aplicando os recursos na satisfação das necessidades
colectivas)

- Sociais (promove a melhoria das condições de vida e de bem-


estar da população)

- Económicas (pretende-se que estabilize a economia e garanta o


seu bom funcionamento, promova o crescimento e
desenvolvimento económico)

« O Estado deve garantir a:

- eficiência

- estabilidade

- equidade.

« Deve assumir-se como:

- dinamizador

- regulador

- planificador

- fiscalizador da actividade económica.

Órgãos de Soberania:

- Presidente da República
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- Assembleia da República

- Governo

- Tribunais

Sector Público Administrativo (ou Administrações Públicas):


engloba o conjunto de serviços aos quais compete desempenhar as
actividades tradicionais do Estado. Não visam o lucro mas a
satisfação das necessidades colectivas (saúde, educação,
segurança,…)

O Sector público abrange 3 subsectores:

- Administração Central (ministérios, Direcções Gerais,…)

- Administração Local (Autarquias locais)

- Segurança Social (financia as prestações sociais)

Sector Empresarial do Estado (ou Sector Produtivo do Estado):


conjunto de empresas em que o Estado detém a totalidade ou a
maioria dos respectivos capitais. Distinguem-se:

- Empresas públicas (a totalidade do capital é do Estado)

- Empresas Mistas (associação de capitais públicos e privados)

- Empresas Intervencionadas (empresas privadas em que o Estado


intervém para apoiar a sua recuperação)

Estado Liberal: intervém apenas nos campos onde não surja


iniciativa privada. É a busca do Lucro individual, o motor da
actividade económica.

Estado Intervencionista: Intervém directa e indirectamente na


actividade económica para combater e prevenir crises.

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Estado Providência: pretende combater as desigualdades sociais e


garantir as condições mínimas de sobrevivência.

Os planos do Estado são imperativos para o Sector público e apenas


orientativos para o sector privado. São elaborados pelo Governo e
aprovados (ou não) pela Assembleia da República.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1.3

1. Enuncie as características típicas dos bens colectivos.


2. “A provisão de bens públicos pode e deve ser feita pelo estado
por diversas razoes que se perdem com o interesse geral.”
Comente esta afirmação.

Correcção dos Exercícios

1. As características típicas dos bens colectivos são as seguintes:


Prestam, pela sua própria natureza, utilidades indivisíveis e
proporcionam satisfação passiva (independentemente da
procura no mercado: esta caracteriza a satisfação activa). São
bens não exclusivos, já que não é possível privar alguém da sua
utilização. São bens não emulativos, isto é, os utilizadores não
entram em concorrência para conseguir a sua utilização.
2. Dizer que é um facto que a provisão dos bens públicos tenha que
ser realizado pelo estado, porque ele tem como perspectiva o
interesse geral, ou, pelo menos, os seus órgãos e os detectores
do poder confrontam-se com o conjunto da sociedade a luz de
critérios de intervenção geral; Dispõe também de poder de
autoridade para impor regras de utilização e funcionamento dos
bens, e ter por via de regra, em cada comunidade, uma

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dimensão que lhe possibilita empreender esforços que não


estão ao alcance de instituições ou pessoas privadas e que a
comunidade
3. Inorgânica não pode resolver com êxito

Referências Bibliográficas

 BOLETIM DA REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE. 4." SUPLEMENTO.


Assembleia da República: Lei no 15/99: Regula o estabelecimento
e o exercício da actividade das instiiuiç6es de crédito e das
sociedades.
 DIPLOMA MINISTERIAL n.º. 78/2008, de 4 de Setembro, do
Ministro das Finança
 BOLETIM DA REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto 23/2007 de 9
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Administração Financeira do Estado (SISTAFE).

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Waty, T.A. (2004). Introdução ao Direito Fiscal. W&W Editora, Lda.


Maputo.

Decreto n° 23/2004 de 20 de Agosto. Regulamento do Sistema de


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Do Amaral, J.F., Louça, F., Ferreira, C., Fontaínha, E., Caetano, G.,
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Administração Financeiro do Estado (SISTAFE).

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www.bancomoc.mz

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