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Introdução a Terapia Cognitivo-Comportamental
Ana Claudia Ornelas

A Terapia cognitivo-comportamental foi desenvolvida por Aaron T. Beck,


na Universidade da Pensilvânia, no início da década de 60, como uma
psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, direcionada a resolver
problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos
disfuncionais (BECK, 1997). Ensina os pacientes a identificar, avaliar e
responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. Enfatiza o presente e
ensina o paciente a ser o seu próprio terapeuta pela colaboração e participação
ativa (BECK, 1997).
A cognição, função da consciência, relacionada às deduções acerca das
experiências de vida, é considerada o principal elemento envolvido na
manutenção dos transtornos psicológicos pela teoria cognitiva da psicopatologia
e psicoterapia (KNAPP; ROCHA, 2003). Os pacientes com distúrbios
psicológicos apresentam pensamentos disfuncionais ou distorcidos e o foco
desta terapia é obter mudanças cognitivas através da avaliação realista da
situação e da mudança do comportamento (BECK et al, 1997).
As emoções expressam a medida pessoal e íntima daquilo que está
acontecendo na nossa vida em sociedade. São essenciais para os nossos
relacionamentos próximos. Os terapeutas cognitivos comportamentais tendem a
tocar principalmente nas emoções que estão associadas aos processos
cognitivos (LAZARUS, 1991). E as mudanças emocionais e comportamentais
serão duradouras se resultarem da modificação de crenças disfuncionais
básicas do paciente (BECK et al, 1997). Os termos genéricos Terapia Cognitivo
Comportamental abrangem uma variedade de mais de vinte abordagens dentro
do modelo cognitivo e comportamental (MAHONEY; LUDDON, 1998).
Os primeiros escritos importantes e as primeiras abordagens cognitivas
comportamentais para o tratamento dos transtornos emocionais começam a
surgir nos anos de 1960 e 1970. De início a terapia cognitivo-comportamental foi
aplicada à depressão unipolar (BECK, 1997). Hoje, entretanto, é aplicada a
vários transtornos como o de ansiedade (BECK, et a, 1997; CLARK, 1989;

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SALKOVSKIS; KIRK, 1989); dependências químicas (BECK al, 1997);
transtornos de personalidade (BECK et al, 1997); transtornos alimentares
(FAIRBURN, 1997); transtorno bipolar (BASCO; RUSH, 1996); NEWMAN et al,
2002); casais (DATTILIO, 1998); Crianças e Adolescentes (REINECK;
DATTILIO; FREEMAN, 1996), entre outros.
Segundo Dobson (2001) três características estão no núcleo das terapias
cognitivas comportamentais, a dizer, a atividade cognitiva influencia o
comportamento; a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; o
comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.
Estas terapias baseiam-se na premissa de que a interrelação entre cognição,
emoção e comportamento estão implicados no funcionamento normal do ser
humano e, em especial, na psicopatologia. Um evento comum pode gerar
diferentes formas de percepção em diferentes pessoas, mas não é o evento em
si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos
sobre o evento; nossas emoções e comportamentos estão influenciados pelo
que pensamos. Nós sentimos o que pensamos (BURNS, 1989). Os eventos
ativam os pensamentos, os quais geram, como consequências, as emoções e
os comportamentos. Outra premissa tem como base a observação de que as
distorções cognitivas (vieses sistemáticos na forma como os indivíduos
interpretam suas experiências) são prevalentes em diversos transtornos.
O objetivo da Terapia Cognitiva é corrigir as distorções do pensamento.
Entretanto, para que as mudanças aconteçam, é preciso ir além da mudança dos
erros cognitivos associados a uma síndrome específica. Somente por meio da
análise e correção das crenças mais arraigadas, alterando-se a organização
dessas crenças, é que a reestruturação cognitiva pode ser realizada (KNAPP;
BECK, 2008).
O tratamento deve ser focado nas crenças nucleares do tipo “é impossível
ser amado” e crenças subjacentes como “se eu não tiver uma mulher sou um
fracasso”, que são avaliados assim como os foram os pensamentos automáticos,
o que significa procurar por evidências que as sustentem e corrigi-las com o teste
da realidade (BECK; KNAPP, 2008; KNAPP; ROCHA, 2003). São exemplos de
distorções cognitivas segundo Knapp (2004) a catastrofização, que é pensar que
o pior de uma situação irá acontecer, sem levar em consideração a possibilidade
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de outros desfechos; o raciocínio emocional, que é deixar que os sentimentos
guiem a interpretação da realidade; polarização, que é ver a situação em duas
categorias apenas, mutuamente exclusivas, em vez de um continuum;
adivinhação, que é prever o futuro, antecipar problemas que talvez não venham
a existir; dentre outros.
A terapia cognitivo-comportamental identifica e trabalha com três níveis
de cognição: pensamentos automáticos (PA); pressupostos subjacentes e
crenças nucleares. Todos nós temos crenças, pressupostos e pensamentos
automáticos, tanto positivos quanto negativos, mas, normalmente, quando
falamos nesses conceitos, estamos nos referindo aos tipos disfuncionais
(KNAPP, 2004). Crenças nucleares ou centrais são ideias e conceitos mais
enraizados e fundamentais acerca de nós mesmos, das pessoas e do mundo.
Elas vão se construindo desde as experiências de aprendizado mais primevas e
se fortalecem ao longo da vida, moldando a percepção e a interpretação dos
eventos, moldando o nosso jeito psicológico de ser. São também absolutistas,
generalizadas e cristalizadas, podem permanecer latentes todo o tempo, sendo
ativadas nos transtornos emocionais. Na literatura, os conceitos de crenças
nucleares e esquemas com frequência são usados indistintamente, mas
optaremos pela diferenciação: esquemas são estruturas, crenças são o
conteúdo dos esquemas (KNAPP, 2004). O conteúdo dos esquemas são as
representações internas (crenças) abstraídas dos dados recebidos do sistema
de processamento de informações, que provem a base para a interpretação das
experiências de vida.
A avaliação comportamental é o primeiro passo para a psicoterapia. É
através dela que podemos definir o começo do planejamento de tratamento e
começar a pensar em hipóteses diagnosticas. Para Souza (2005) a avaliação
comportamental é importantíssima dentro do contexto terapêutico, pois é através
dela que podemos definir as ferramentas que o cliente possui para lidar com os
problemas que o afligem e em que ponto as contingências estão sendo
prejudiciais. Ressalta o autor, ainda, que é a partir das hipóteses diagnósticas
que o terapeuta baseia seu raciocínio clínico e testa através das suas perguntas
e intervenções a validade dessas mesmas hipóteses.

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Abaixo o modelo do diagrama de conceituação de casos clínicos para ser
preenchido pelo terapeuta cognitivo durante a fase da avaliação e formulação de
casos.

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Referências Bibliográficas

BARLOW et al, Behavioral treatment of panic disorder. Behavior Therapy,


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1997.BECK, J. S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 1997.

BURNS, D. D. The feeling good handbook. New York: William Morrow, 1989.

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