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Composição Escrita

Amony da Flora Bonifácio Saulosse


Estrutura da Aula
1. Objectivos.

2. Os conceitos de Escrita e Escrever;

3. A Planificação da Escrita;

4. A Produção Escrita;

5. O Reconhecimento de esquemas de compreensão global;

6. Oficina: Planificação e Produção de textos escritos (Plataforma);

7. Referências Bibliográficas;

8. Anexos.
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1. Objectivos
− No final desta aula, o estudante deve:

1. Planificar a produção de diferentes textos escritos.

2. Produzir diferentes tipologias/géneros de textos escritos.

3. Identificar esquemas de compreensão global em diferentes tipologias/géneros


textuais.

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2. Conceitos de Escrita e de Escrever

− Escrita é a produção textual que exige do produtor a activação de conhecimentos e a


mobilização de várias estratégias (Koch & Elias, 2010, p. 34). Assim,

− escrever é uma actividade cognitiva e metacognitiva complexa que não dispensa um


saber fazer consciente e aprofundado (Figueiredo, 1994, p. 158).

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3. A Planificação da Escrita

− O plano do texto “permite construir (na produção) e reconstruir (na leitura ou na


escuta) a organização global de um texto, prescrita por um género” (Adam, 2008, p.
256).

− É a indicação de um conjunto de etapas a percorrer constituído por uma lista de


elementos hierarquicamente organizados e apresentados por palavras ou frases
(Rei, 2000, p. 15).

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3. Cont. Planificar
− Planificar é fazer com que os diversos elementos se interliguem e convirjam no
texto de modo a que este alcance a finalidade que moveu o seu autor (Nascimento &
Pinto, 2006, p. 116). O que implica

− ordenar, hierarquizar as ideias de acordo com a estratégia julgada adequada à


circunstância (idem), o que

− exige a lucidez no acto de rejeitar parte da informação acumulada na fase de


encontrar ideias (idem).

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3. Cont. Métodos de planificação
− Nascimento e Pinto (Op. Cit., p. 117) advogam que não existem métodos de
planificação aplicados uniformemente, isto é, cada assunto/tipo de texto exige uma
planificação apropriada. Assim,

− quando não se está obrigado a seguir um modelo predeterminado pode-se planificar


um texto usando os seguintes métodos de desenvolvimento:

→ ver slide seguinte

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3. Cont. técnicas para planificar textos
Ord. Técnicas que ajudarão a planificar um texto Objectivos
1 Apresentando pela ordem de importância. Prender a atenção do leitor, fixá-la.
2 Observando a sequência cronológica. Relatar factos ou descrever um processo.
3 Expondo em ordenação espacial. Caracterizar espaços, descrever paisagens.
4 Fazendo uma comparação/contraste. Contrastar ideias ou opções.
2 Elaborando uma análise. Descrever as partes de um todo (tema).
6 Agrupando ideias relacionadas. Organizar discursos.
7 Expondo indutiva ou dedutivamente. Generalizar ou particularizar factos.
8 Defendendo / refutando com argumentos. Defender uma tese, etc.
9 Explicando a metodologia usada pelo autor. Resumir, sintetizar, etc.
10 SOSRA ou SPRI. Abordar problemas e propor soluções.
11 AIDMA. Produzir publicidades.
Fonte: adaptado de Nascimento e Pinto (2006, pp. 117-123).
Nota: a ordem de apresentação não é vinculativa, apenas organização da apresentação e do texto.
Legenda: SOSRA – Situação, Observação, Sentimento, Reflexão, Acção / SPRI – Situação, Problema, Resolução, Informação /
AIDMA – Atenção, Interesse, Desejo, Memorização, Acção.
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3. Cont. Interacção de técnicas
− Na planificação de um texto não é obrigatório usar uma única técnica. A combinação
das diferentes técnicas, em geral, produz um texto eficaz (Nascimento & Pinto, Op.
Cit., p. 123). Assim,

− de uma ou de outra forma, para que não se perca o fluxo do pensamento, depois de
elaborado o plano, deve-se concentrar a atenção da redacção no conteúdo (ibid., p.
124),

− deixando para etapas posteriores a revisão (idem).

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4. Produção Escrita

− A primeira redacção deve ser feita concentrando a atenção no conteúdo (ibid., p.


124). O que remete ao facto de que há etapas posteriores, i.e., a revisão (idem):

− A revisão permite verificar se o texto é uma progressão lógica; eliminar as repetições


desnecessárias; confirmar se o vocabulário é adequado; conferir a pontuação e a
grafia (idem).

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4. Cont. As três partes de um texto
− Um texto, em geral, apresenta três partes distintas: introdução, desenvolvimento e
conclusão (Nascimento & Pinto, 2006, p. 125; Rei, 2000, p. 20; Costa, 2010, p. 322).
Em síntese,

− A introdução anuncia o que se quer dizer (idem).

− O desenvolvimento expõe o que se anunciou (idem).

− A conclusão procura que fixem o essencial do que se disse (idem).

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4. Cont. a Introdução e a Conclusão
− A introdução de um texto apresenta: (i) o tema, (ii) a questão chave, (iii) o tipo de
plano a seguir, (iv) a problemática abreviada e delimitada (Rei, 2000, p. 20).

− A conclusão não acrescenta nada de novo: nem exemplos, nem considerações, nem
informações (ibid., p. 23), ou ela recapitula ou ela diz como poderia o tema continuar
a desenvolver-se (idem).

→ ver contraponto no slide seguinte

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4. Cont. contraponto
− Existe um verdadeira contraponto entre a introdução e a conclusão como demostra
Gourmelin e Guedon (1992), apud Rei (2000).

Introdução Conclusão
1. Situar no contexto 3. Sintetizar as etapas
2. Colocar o problema 2. Mostrar a resolução
3. Enunciar o plano 1. Repor no contexto

Fonte: adaptado de Gourmelin e Guedon (1992, p. 114), apud Rei (2000, p. 23).

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4. Cont. o Desenvolvimento
− O desenvolvimento é o lugar para decompor o tema em partes para a sua apreensão
(Nascimento & Pinto, 2006, p. 126).

− É o local para esclarecer, argumentar, discutir, apresentar exemplos, introduzir


opiniões ou juízos de pessoas credenciadas (idem). Pode-se

− escrever em pirâmide invertida, i.e., primeiro escrever o mais importante ou inverter


a pirâmide, i.e., primeiro escrever o acessório e depois o mais importante (idem).

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5. Esquemas
− Esquema 1
− Esquema prototípica argumentativa (Adam, 2008, p. 233, p. 147)

Tese Dados Conclusão (C)


Anterior + Factos (F) Por isso, provavelmente (nova) tese
P.arg. 0 P.arg. 1 P.arg. 3

Apoio A menos que


P.arg. 2 restrição (R) P.arg. 4
(Princípios Base)

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5. Cont. Esquemas
− O esquema ora apresentado comporta dois níveis:

1. O Justificativo, o interlocutor é pouco levado em conta, a estratégia argumentativa é


dominada pelos conhecimentos colocados (P.arg.1 + P.arg.2 + P.arg.3) (Adam, 2008,
p. 233).

2. O Dialógico, a argumentação é negociada com um contra-argu-mentador real ou


potencial, a estratégia argumentativa visa a uma transformação dos conhecimentos
(P.arg.0 e P.arg.4) (ibid., p. 234).

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5. Cont. Esquemas
− Esquema 2

− Esquema prototípica explicativa (Adam, 2008, p. 233, p. 244)

Sequência Por que p? P.explicativa 0 Esquematização inicial


explicativa Porque q P.explicativa 1 Problema (questão)
P.explicativa 2 Explicação (resposta)
P.explicativa 3 Ratificação-avaliação

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5. Cont. Esquema
− O esquema ora apresentado corresponde a três fases: (i) constituição de um objecto a
ser explicado; (ii) núcleo explicativo; (iii) consenso obtido ao termo da explicação
(Adam, 2008, p. 243).

− O operador por que introduz a primeira macroposição (P.expl.1);

− O operador porque leva à segunda macroposição (P.expl.2);

− Geralmente, há uma terceira macroposição de ratificação (P.expl.3).

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6. Oficina (cont. na Plataforma Cosys)
1. Planificar a produção dos seguintes tipos de textos: um expositivo-explicativo e
um argumentativo.

2. Produzir por escrito os seguintes tipos de textos: um expositivo-explicativo e um


argumentativo.

3. Identificar o esquema dos textos: “Leitura”; “Necessária e urgente educação


preventiva sobre a Covid-19” e “Para África tudo serve” (cf.: anexos 1, 2 e 3,
respectivamente).

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7. Referências Bibliográficas
Adam, Jean-Michel. (2008). A lingüística textual: introdução à análise textual dos discursos. São
Paulo: Cortez.
Costa, João (Coord.). (2010). Gramática Moderna da Língua Portuguesa. Lisboa: Escolar Editora.
Figueiredo, Oliveira. (1994). Escrever: da teoria à pratica. In: Fonseca, Fernanda Irene (Org.) et al.
Pedagogia da Escrita: perspectivas (pp. 153-173). Portugal: Porto Editora.
Koch, Ingedora villaça & Elias, Vanda Maria. (2010). Ler e Escrever: Estratégias de produção
textual. São Paulo: Editora Contexto.
Nascimento, Zacarias & Pinto, José Manuel de Castro. (2006). A dinâmica da escrita: como escrever
com êxito (5.ªed). Lisboa: Plátano.
Rei, José Esteves. (2000). Curso de Redacção II: O texto. Porto: Porto Editora.

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