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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

 Residência em Área Profissional da Saúde em Saúde Animal e Ambiental: Clínica Médica e


Cirúrgica de Grandes Animais

Procedimentos Técnicos e Fundamentos em Patologia Veterinária

Manuela Cristine Camargo Lambert 

INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA

Professor: Prof. Dr. Eduardo Harry Birgel Junior

PIRASSUNUNGA-SP
2020  
O FÍGADO

• Maior órgão interno do corpo;

• Monogástricos: toca o diafragma e ocupa a área central do abdome cranial;

• Nos ruminantes desloca-se para o lado direito da cavidade abdominal cranial;

• O fígado é suprido de sangue por duas fontes:

A veia porta drena o trato digestivo e fornece 60% a 70% do total do fluxo
sanguíneo hepático aferente. A artéria hepática fornece o restante do fluxo
sanguíneo hepático. O sangue deixa o órgão pela veia hepática e entra na
veia cava caudal.

• DIVIDIDO EM 4 lobos: lobo hepático esquerdo, lobo hepático direito, lobo


caudado, lobo quadrado. (Difere entre espécies)
O FÍGADO EQUINO

Representação esquemática do fígado equino (face visceral).


Fonte: Konig; Liebich.
O FÍGADO BOVINO

Representação esquemática do fígado bovino (face visceral).


Fonte: Konig; Liebich.
SUBUNIDADE FUNCIONAL CLÁSSICA DO FÍGADO: LÓBULO HEPÁTICO
ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO FÍGADO
FUNÇÕES DO FÍGADO

• Metabolismo da bilirrubina (Destruição de hemácias velhas ou anormais);

• Metabolismo dos ácidos biliares (Produção de bile);

• Metabolismo dos carboidratos (Armazenamento de glicose sob a forma de


glicogênio);

• Metabolismo lipídico;

• Metabolismo dos xenobióticos (Drogas e toxinas);

• Síntese das proteínas (Síntese de diversas proteínas presentes no sangue,


fatores imunológicos, de coagulação e de substâncias transportadoras de
oxigênio e gorduras);

• Função imunológica (células de Kuppfer).


CARACTERÍSTICAS

• O fígado tem reserva funcional e capacidade regenerativa.

• Em animais saudáveis, mais de dois terços do parênquima hepático


podem ser removidos sem prejuízo significativo da função hepática, e
a massa hepática normal pode ser regenerada em questão de dias.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
 Em todas as espécies, os sinais clínicos de perturbação hepática são
semelhantes independentemente de suas causas. Eles se manifestam,
entretanto, somente quando consideráveis reserva e capacidade
regenerativa estiverem esgotadas ou quando o fluxo biliar estiver
obstruído.

 Somente as lesões que afetam a maioria do parênquima hepático


provavelmente produzirão sinais de insuficiência hepática porque as lesões
focais raramente destroem parênquima suficiente para esgotar a reserva
hepática.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA: PREJUÍZO NA FUNÇÃO HEPÁTICA
NORMAL EM CONSEQUÊNCIA DE LESÃO HEPÁTICA AGUDA
OU CRÔNICA.

 CAUSAS:

– Infecções (Clostridium Piliforme, herpes vírus, ...);

– Intoxicação (plantas tóxicas, fármacos, endotoxemia, micotoxinas, ferro, ...);


– Colangiohepatite e colelitíase;

– Hepatite crônica (doença auto-imune);


– Hiperamonemia em potros dismaturos e prematuros;

– Anemia hemolítica (infecciosa, intoxicação, auto-imune, isoeritrólise neonatal);


– Shunt portossistêmico (mais comum em pequenos animais, pode ocorrer
raramente em potros).
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA: PREJUÍZO NA FUNÇÃO HEPÁTICA
NORMAL EM CONSEQUÊNCIA DE LESÃO HEPÁTICA AGUDA
OU CRÔNICA.

 POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS:
– encefalopatia hepática;

– distúrbios do fluxo biliar com uma resultante hiperbilirrubinemia;

– distúrbios metabólicos;

– alterações vasculares e hemodinâmicas, tais como desvio de sangue


portal para a circulação sistêmica sem passar pelos hepatócitos;

– manifestações cutâneas: fotossensibilização em herbívoros;

– manifestações imunológicas.
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA

Elevada concentração plasmática de amônia


leva a alteração no SNC. O sistema
neuromuscular é considerado um dos os
principais fatores na patogênese da
encefalopatia hepática.
• MANIFESTAÇÕES IMUNOLÓGICAS DA INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA:

A insuficiência hepática crônica leva a prejuízo da função imunológica


hepática normal. Como consequência, o paciente acometido
frequentemente desenvolve endotoxemia e maior risco de infecção
sistêmica.

Na maioria dos casos, esse distúrbio manifesta-se como uma redução


da filtração de sangue pelas células de Kupffer, que é
preliminarmente um resultado da derivação do sangue portal em vez da
redução da atividade fagocitária das células de Kupffer.
Insuficiência hepática crônica. Fígado post mortem de cavalo.
Fígado diminuído. Envenenamento por planta tóxica.
Focos de necrose aleatórios de 1 a 2mm vermelhos a vermelho escuro
devido a infecção de Clostridium piliforme.
Random disseminated 1- to 2-mm red to dark red foci of necrosis due
to Clostridium piliforme infection.

Infecção por herpes vírus equino em potro. Focos aleatórios de necrose brancos a cinza,

induzidos por vírus.


Degeneração e/ou necrose hepatocelular
Hepatite fibrosante crônica. Equino, macho, cinco meses de idade.
Fígado diminuído, associado a falha hepática crônica.
Na necrópsia geralmente é encontrado um fígado pequeno e

densamente fibrótico. A superfície de corte é geralmente escura,

densa e fibrosa.

A carcaça de cavalos que morrem de insuficiência hepática crônica

muitas vezes não é obviamente ictérica, exceto quando ocorreu

obstrução do ducto biliar secundária, dentro ou fora do fígado.

Edema generalizado dos tecidos subcutâneos, acúmulos de fluido

no corpo, cavidades e má condição corporal podem estar presentes.


Necrose hepática. Aspecto de necropsia do fígado de uma égua, de 16 anos, com sinais
clínicos e anormalidades bioquímicas sanguíneas consistentes com encefalopatia
hepática e uma resposta inflamatória acentuada.

A égua foi submetida à eutanásia devido à deterioração dos sinais neurológicos apesar
do tratamento. O fígado apresentava grandes áreas de infarto e necrose. A etiologia
dessas mudanças não foi determinada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KONIG, HORST E. Anatomia dos animais domésticos. 4. ed. – Porto Alegre: Artmed: 2011.

MCAULIFFE, S; Knottenbelt, D. Knottenbelt and Pascoe's Color Atlas of Diseases and

Disorders of the Horse. 2. ed. Saunders, 2014.

ORSINI, JAMES; DIVERS, THOMAS J. Equine Emergencies. Treatment and Procedures. 4th

ed. - St. Louis, MO: Saunders, 2013.

ZACHARY, JAMES F. Bases da patologia em veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2013

ZACHARY, JAMES F. Pathologic basis of veterinary disease. Sixth edition. St. Louis,

Missouri: Elsevier, 2017.


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