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DOENÇAS DO FÍGADO
ANATOMIA
VASULARIZAÇÃO
• De 75 a 80% do fluxo sanguíneo hepático são provenientes
da veia porta
• O restante é atribuído à artéria hepática
Emanuelle Ferreira
- 50% do oxigênio que chega ao fígado vêm da veia porta, e a outra metade, da artéria hepática
• A artéria hepática comum nasce do tronco celíaco
- Seus principais ramos são a artéria gastroduodenal, a artéria hepática própria e a artéria gástrica
direita
• A drenagem venosa do fígado é feita por 3 veias hepáticas principais: direita, média e esquerda -
> drenam para a VCI
• Lobo caudado ou de
Spiegel -> I
• Esquerdo -> II, III e IV
• Direito -> V, VI, VII e
VIII
- Armazenar cerca de 10% do estoque de ferro total do organismo ligado à ferritina nos
hepatócitos
- Atua indiretamente na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K)
• Capacidade de regeneração, com base na proliferação dos hepatócitos
EXAMES LABORATORIAIS
• Enzimas hepatocelulares -> AST ou TGO e ALT ou TGP, servem para quantificar a lesão aos
hepatócitos (sempre que estas são lesadas, os níveis séricos se elevam)
- Altos níveis séricos (> 500 UI/L) geralmente estão associados a hepatites agudas ou isquemia
hepática
- Aumentadas com esteatose
• Enzimas canaliculares -> mostram lesão nos ductos hepáticos e colestase. São representadas pela
Fosfatase Alcalina (FA) e pela gamaglutamiltransferase (GGT)
• Bilirrubinas ->
- Elevação da indireta -> hemólise e
eritropoiese deficiente, diminuição da
captação e conjugação (insuficiência
hepática)
- Elevação da direta -> obstrução da
excreção hepática de bile (colestase) ou
disfunção hepática
• Albumina -> síntese de albumina
encontra-se baixa nos casos de
insuficiência hepática
• Fatores de coagulação -> fatores vitamina K-dependentes (II, VII, IX e X) são sintetizados no fígado.
Assim, alterações da função hepática costumam causar alargamento no tempo de protrombina
(TAP)
• Alfafetoproteína e CEA
- Marcador específico para hepatocarcinoma – Alfafetoproteína.
- CEA analisa metástases
CLASSIFICAÇÃO DE CHILD-PUGH
• Classifica a gravidade da doença hepática
• Pontuação até 6 -> Child A ou hepatopatas
bem compensados
• 7 a 9-> Child B ou hepatopatas com
comprometimento funcional importante
• 10 a 15 -> Child C ou hepatopatas
descompensados
Emanuelle Ferreira
ABSCESSO PIOGÊNICO
• Transmissão: árvore biliar, veia porta, artéria
hepática, extensão direta, trauma
• Microorganismos: E. coli, Klebsiella
Pneumoniae, Strepto.
• Diagnóstico: TC, USG, RM, RX abdome
• Clínica: febre, dor abdominal HD, icterícia,
anorexia
- Sintomas parecidos com o de colecistite
• Tratamento: antibióticos, drenagem
percutânea
- Se o abscesso for pequeno
(aproximadamente 5cm) o antibiótico
geralmente resolve o caso
- Caso o abscesso não regrida é feita a drenagem
ABSCESSO AMEBIANO
• Mais homens, 20-40 anos, história de viagem (endêmica)
• Patogenia: protozoário Entamoeba histolytica
- Contato com cisto (ingestão) → Sistema porta → Necrose de liquefação do fígado → Forma
cavidade
• Se romper o abscesso pode causar peritonite. (> 5cm tem mais riscos)
• Clínica: dor abdominal QSD, febre, náuseas, calafrios
• Diagnóstico: USG, TC, TAP alargado, anticorpos anti-amebianos no sangue (ELISA)
• Tratamento: metronidazol 750mg VO, aspiração com agulha
CISTO HIDÁTICO
• O cisto parasitário hepático mais comum, mais conhecido como equinococose hidática hepática -
> zoonose produzida pela larva do Echinococcus granulosus
• Ciclo biológico no cachorro e no gado, sendo o homem hospedeiro intermediário, que o adquire
por contato ou consumo de água e verduras contaminadas
Emanuelle Ferreira
ADENOMA HEPÁTICO
• Causado pela proliferação benigna dos hepatócitos
• Encontrado predominantemente em mulheres
jovens (entre 20 e 40 anos), pois o uso de
contraceptivo oral aumenta drasticamente sua
incidência (a maioria possui histórico de uso por mais
de 2 anos)
- Também está associado ao uso de anabolizantes
• Geralmente é uma lesão única (70 a 80% dos casos),
de 1 a 30 cm, localizada no lobo direito
• Quando múltipla -> adenomatose (geralmente mais
de 10 adenomas e lesão pré-maligna)
• Composto por cordões de hepatócitos benignos com grande quantidade de glicogênio e gordura
• Hemorragia e necrose podem ser comumente observadas
• Sintomas -> presentes em 50 a 75% dos casos -> queixa mais comum é a dor
• Não há características radiológicas típicas -> nódulo sólido,
heterogêneo, hipervascular com cápsula ou pseudocápsula e
presença de gordura no seu interior
• USG -> lesão sólida, hiperecoica e bem heterogênea, com
região hipoecoica central que corresponde à hemorragia
• TC -> nódulo hipodenso com hipervascularização irregular
após administração de contraste iodado intravenoso
• RNM -> sinal de Atol (halo de hipersinal periférico em T2)
• É o tumor hepático que mais se rompe porque é arterial e tem
pressão
- Também tem risco de malignização
• Aqueles com mais de 5 cm são de tratamento cirúrgico, pelo
risco de sangramento e malignização
• Caracteriza-se por cicatriz fibrosa central com septos irradiados, não visualizada em 15% dos casos
- A cicatriz central contém uma grande artéria que se ramifica em múltiplas artérias menores
• USG e TC-> pode evidenciar lesão hiper, hipo ou isoecoica/densa, e a cicatriz central é vista em
apenas 20%
• A angiografia mostra padrão hipervascular com lesão típica “em roda radiada”
• O tratamento cirúrgico é indicado quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de adenoma
HEMANGIOMA HEPÁTICO
• É tumor benigno mais comum que afeta o fígado
• Hemangioma infantil: 12% tumores hepáticos
• São de origem mesenquimal e geralmente são solitários
• São compostos por massas de vasos sanguíneos que são atípicos
ou irregulares em seu arranjo e tamanho
• Os contraceptivos orais e os esteroides possam acelerar o
crescimento
• Acomete mais mulheres do que homens, a uma proporção de
3:1, geralmente entre 30 e 50 anos (60 a 80%)
• Geralmente são solitários, periféricos e de pequeno tamanho, mas também podem ser múltiplos
e chegar a mais de 20 cm
• Normalmente, é assintomático (é preciso afastar outras causas antes de atribuir os sintomas ao
hemangioma), porém pode causar dor (há possibilidade de indicar crescimento da lesão ou
necrose com distensão da cápsula de Glisson) ou até ruptura (rara, mas potencialmente grave)
• Lesões sintomáticas são mais frequentes em tumores > 4 cm e mulheres jovens
• USG -> nódulo hiperecogênico, bem demarcado, com Doppler que evidencia vasos periféricos
• Angiografia mostra imagem típica de cottonwool (algodão “em ramo”)
• RNM é o melhor método diagnóstico para hemangioma hepático, em que se observa massa lisa
homogênea bem demarcada e sinal hiperintenso em T2, com imagem bastante característica (“em
lua cheia”)
• A conduta normalmente é expectante, visto que sua ruptura é extremamente rara
• Cirurgia sem aumento de tamanho significativo, dor de difícil controle ou ruptura
Emanuelle Ferreira
DIAGNÓSTICO
• O único modo de diagnosticar
precocemente o CHC é o screening de
pacientes de alto risco, realizando-se
ultrassonografia a cada 6 meses
• Aumento de alfafetoproteína
- Nesses casos, TC ou RNM são os exames
iniciais
• Paciente cirrótico com nódulo sólido
dominante deve ser considerado como
tendo CHC até
• prova ao contrário
• Biópsia percutânea só é realizada nos
pacientes em que os resultados de imagem
são incertos
ESTADIAMENTO TNM
ESTADIAMENTO OKUDA
VARIANTES DO CHC
Emanuelle Ferreira
TRATAMENTO
COLANGIOCARCINOMA
• Acomete toda árvore biliar a partir da ampola de Vater
• 40-60% na confluência dos ductos hepáticos -> TUMOR DE KLATSKIN
• Fatores de risco:
- Colangite esclerosante primária
- Doença Cística do colédoco
- Colangite piogênica
• Clínica: dor no QSD, perda de peso e
icterícia (1/4)
• Diagnóstico: TC, RM, CPRE/ Alfa feto
normal
• Tratamento: ressecção completa
- Não operar quando houver
acometimento de grandes vasos e
metástases– realizar tratamento
paliativo
Emanuelle Ferreira
TUMORES METASTÁTICOS
• Tumores malignos mais comuns no fígado
• Origem maior de tumores do TGI – sistema porta (CA colorretal)
- Seguido dos carcinomas broncogênico, de próstata, mama, pâncreas, estômago, rim e colo
uterino
• Altas taxas de recorrência após a ressecção
• Principal critério para ressecção de metástase >> tumor colorretal
• Diagnóstico: TC, RM, Laparoscopia
• Tratamento: quimioterapia e ressecção tumoral
NEOPLASIAS CÍSTICAS
• Cisto simples -> contém líquido claro e não se comunica com a árvore biliar intra-hepática
• Doença policística
• Cistos neoplásicos:
- Primário: cistoadenoma, cistoadenocarcinoma, carcinoma de células escamosas
- Secundário: carcinoma de ovário, pâncreas, cólon, rim e tumor neuroendócrino
• Relacionados aos ductos:
- Doença de Caroli
- Duplicação ductal biliar
• Cistos falsos:
- Hematoma intra-hepático traumático
- Infarto intra-hepático
- Bilioma intra-hepático
• Cisto ciliado do intestino anterior
RESSECÇÕES HEPÁTICAS
RISCOS -> sangramento, lesão biliar, disfunção hepática, ascite e complicações infecciosas
Emanuelle Ferreira
CIRCULAÇÃO PORTAL
• Veia porta é formada pela mesentérica superior e esplênica. Dão os ramos para os segmentos
hepáticos.
• A cirrose faz com que o fígado fique fibrótico – retrai, diminui de tamanho e fica endurecido.
• O sangue não consegue passar, aumentando a pressão no sistema portal
- Dilata retrogradamente.
• Aumento do baço.
• Veias renais dilatam.
• Veia umbilical obliterada, volta a ter fluxo >> cabeça de medusa
• A. gástrica esquerda dilata, ocasionando o aumento dos vasos do fundo gástrico e esôfago
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
• História e exame físico -> nem sempre o paciente com cirrose apresenta ascite
- Sinais: telangectasias, eritema palmar, circulação colateral, baqueteamento, icterícia, ascite
• Testes laboratoriais ->
- Sorologia para hepatite
- Pode ter anemia, caso seja uma cirrose crônica.
• Biópsia hepática
- Dá noção do grau de fibrose do fígado
- Em alguns casos, pode nos dar diagnóstico de carcinoma, já que a cirrose é um fator de risco
• Medida da reserva funcional hepática
- CHILD e MELD (para doença mais avançada)
• Avaliação hepática hemodinâmica
- USG com Doppler
- RM
- Angiografia por TC
• Diagnóstico de sangramento – varizes e Gastropatia portal
HEMORRAGIA DE VARIZES
• Complicação mais letal da hipertensão portal – CHILD C
• Risco de ressangramento nos primeiros dias
• Patogênese -> aumento da pressão nas colaterais do esôfago distal estômago proximal
Emanuelle Ferreira
TRANSPLANTE HEPÁTICO
• Procedimento SUGIURA
INDICAÇÕES
• Cirróticos CHILD A, B e C
• Cirrose biliar primária (com prognóstico ruim)
• Colangite esclerosante primária (recorrente)
• Insuficiência hepática aguda (Crit. King’s College)
• Carcinoma hepatocelular
- Nódulo único de até 5cm
- Até 3 nódulos com no máximo 3cm.
- Ausência de invasão vascular e metástase a distância
CONTRAINDICAÇÕES
• Idade > ou = a 71 anos
• Alcoolismo ativo
• Trombose total do sistema porta
• Doença maligna extra-hepática < 5 anos
• Tumores metastáticos
• Colangiocarcinoma
• Sepse
• Doença cardiopulmonar avançada