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PRÁTICA PENAL
Prof. Felipe N. P. Alamino
Peça Prático-Profissional
Leia com atenção o caso concreto a seguir:
Visando abrir um restaurante, José pede vinte mil reais emprestados a Caio, assinando, como garantia,
uma nota promissória no aludido valor, com vencimento para o dia 15 de maio de 2010.
Na data mencionada, não tendo havido pagamento, Caio telefona para José e, educadamente, cobra a
dívida, obtendo do devedor a promessa de que o valor seria pago em uma semana. Findo o prazo, Caio
novamente contata José, que, desta vez, afirma estar sem dinheiro, pois o restaurante não apresentara o
lucro esperado. Indignado, Caio comparece no dia 24 de maio de 2010 ao restaurante e, mostrando para
José uma pistola que trazia consigo, afirma que a dívida deveria ser saldada imediatamente, pois, do
contrário, José pagaria com a própria vida. Aterrorizado, José entra no restaurante e telefona para a
polícia, que, entretanto, não encontra Caio quando chega ao local.
Os fatos acima referidos foram levados ao conhecimento do delegado de polícia da localidade, que
instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. Ao final da investigação, tendo Caio
confirmado a ocorrência dos eventos em sua integralidade, o Ministério Público o denuncia pela prática do
crime de extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo. Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara
Criminal, o réu é citado no dia 18 de janeiro de 2011.
Procurado apenas por Caio para representá-lo na ação penal instaurada, sabendo-se que Joaquim e
Manoel presenciaram os telefonemas de Caio cobrando a dívida vencida, e com base somente nas
informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija, no último dia
do prazo, a peça cabível, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte.
Revisão RA
Autor Citado
Reposta à
Acusação
Correção da Peça
Resposta à Acusação
Prazo: 10 dias
Processo nº...
I – Dos Fatos – Narrar a história sem esquecer: (i) o crime pelo qual foi
denunciado; (ii) o réu foi citado no dia 18.01.2011; (iii) falar das testemunhas.
Correção da Peça
II – Do Direito
(i) Atipicidade da Conduta:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa:
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
(ii) Conduta se amolda a exercício arbitrário das razões – art. 345 caput CP, que é de AP PRIVADA -
não houve violência
(iii) Decadência Extinção da punibilidade. Art. 38 CPP, queixa tem prazo de 6 meses a partir da
ciência da autoria Absolvição por extinção de punibilidade, art. 397, IV CPP.
Correção da Peça
III – Dos Pedidos
Nestes termos,
Pede deferimento
Local, 28 de janeiro de 2011 (último dia do prazo do 396 CPP)
Advogado, OAB
ROL DE TESTEMUNHAS:
1- Joaquim
2- Manuel
Autônomas:
HC Relaxamento/
IP
MS Liberdade Provisória
Revisão Criminal
MP Arquivamento/Diligências
Denúncia
Juiz Rejeita!
Recebe
Agora temos: Citação
Acusado/Réu
Resposta à Acusação
Absolvição Sumária
Intimação
Regra Geral:
APP Incondicionada Memoriais
“Somente se Procede mediante
Representação” – APCond. RECURSOS
Sentença
“Somente se Procede mediante
queixa” – APPriv.
Memoriais 403, §3º CPP
Réu Citado
Memoriais
Audiência
Memoriais 404, § único
Recebimento da
Denúncia/Queixa Citação do Réu
Audiência
Diligência Memoriais
Imprescindível
Memoriais
Memoriais – última chance de convencer o juiz antes da
sentença.
I – Nulidades
II – Extinção de Punibilidade (normalmente
art. 107 CP, mas também 312, §3º CP.
III – Falta de Justa Causa (hipóteses do 386
CPP)
Teses Subsidiárias
Usadas para o caso de o réu ser condenado (primeiro
sustentamos a inocência, depois, em caso de condenação,
benefícios)
Homicídio simples
Confiante em sua decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido, considerando que tinha autorização para tanto, e a registrou, tornando-a
regular. Precisando que alguém o substituísse no local do trabalho no dia do crime, narrou sua intenção criminosa para José, melhor amigo com quem
trabalha, assegurando-lhe que comprou a arma exclusivamente para ameaçar Maria a manter com ele conjunção carnal, mas que não a lesionaria de forma
alguma. Ainda esclareceu a José, que alugara um quarto em um hotel e comprara uma mordaça para evitar que Maria gritasse e os fatos fossem
descobertos.
Quando Lauro saía de casa, em seu carro, para encontrar Maria, foi surpreendido por viatura da Polícia Militar, que havia sido alertada por José sobre o
crime prestes a acontecer, sendo efetuada a prisão de Lauro em flagrante. Em sede policial, Maria foi ouvida, afirmando, apesar de não apresentar
documentos, que tinha 17 anos e que Lauro sempre manteve comportamento estranho com ela, razão pela qual tinha interesse em ver o autor dos fatos
responsabilizado criminalmente.
Após receber os autos e considerando que o detido possuía autorização para portar arma de fogo, o Ministério Público denunciou Lauro apenas pela prática
do crime de estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c Art. 14, inciso II, c/c Art. 61, inciso II, alínea f, todos do Código Penal. O processo teve regular
prosseguimento, mas, em razão da demora para realização da instrução, Lauro foi colocado em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima
Maria foi ouvida, confirmou suas declarações em sede policial, disse que tinha 17 anos, apesar de ter esquecido seu documento de identificação para
confirmar, apenas apresentando cópia de sua matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para demonstrar que, de fato, era Maria. José foi ouvido e
também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim como os policiais. O réu não estava presente na audiência por não ter sido intimado e, apesar de
seu advogado ter-se mostrado inconformado com tal fato, o ato foi realizado, porque o interrogatório seria feito em outra data.
Na segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando integralmente os fatos narrados na denúncia, mas demonstrou não ter conhecimento sobre as
declarações das testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na mesma ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material apreendido, o laudo
da arma de fogo demonstrando o potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem outras anotações. Encaminhados os autos para o Ministério
Público, foi apresentada manifestação requerendo condenação nos termos da denúncia. Em seguida, a defesa técnica de Lauro foi intimada, em 04 de
setembro de 2018, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para apresentação da medida cabível.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus,
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo para interposição.
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.