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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA_ VSJE DO

CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR-BA

XXXXXXXXXX, brasileira, casada, estudante, inscrita no RG nº XXXX e CPF. nº


XXXXXXXXX, residente e domiciliada na Rua XXXXXXX, com endereço eletrô nico, por sua
advogada infra-assinada, conforme procuraçã o anexa, endereço constante no instrumento
mandato, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO INDENIZATÓRIA DE CONTRATO DE SERVIÇOS NÃO CUMPRIPRIDO COM
RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS C/C DANOS MORAIS
em face da XXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº XXXXXXXX,
com sede no endereço de Rua X XXXXXXXX, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1 - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Conforme os artigos 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil e art. 5º, LXXIV da
Constituiçã o Federal, a Autora requer a concessã o da gratuidade da justiça, por ser
economicamente hipossuficiente e nã o poder arcar com as custas processuais sem prejuízo
do seu pró prio sustento e da sua família.
2- DOS FATOS

A parte autora contratou o serviço de telefone e internet na época da contrataçã o era GVT.
Apó s a compra da GVT pela empresa VIVO, ora ré, o plano foi migrado para serviços
mensais de internet “Vivo Fibra 50 Mbps” e telefone, motivo pelo qual a requerida alega
“multa por fidelizaçã o” no valor de R$ XXXX.

Ocorre que, tornou-se impraticá vel a utilizaçã o do serviço de internet, foram constantes e
escandalosas falhas no serviço prestado pela demandada, tendo em vista que nã o era
entregue a velocidade contratada, conforme testes de velocidade anexos.

Desde 2015, quando houve a mudança para empresa Ré a má prestaçã o do serviço


mostrou-se contínua e habitual, de maneira inadvertida e injustificá vel. A parte autora fez
inú meras reclamaçõ es que geraram diversos nú meros de protocolos (anexos), inclusive,
foram realizadas visitas técnicas na residência e efetuadas a troca do modem por 4 vezes na
esperança de que seus problemas fossem solucionados e nunca logrou êxito.

Cumpre ressaltar que, a parte autora sempre foi cliente da requerida, GVT (atual VIVO),
prestadora de serviço de telefonia fixa e da internet todo esse tempo cumpriu
rigorosamente com a sua obrigaçã o contratual, pagando em dia os valores devidos em
contraprestaçã o aos serviços contratados, inclusive, para nã o entrar no rol dos maus
pagadores já efetuou o pagamento da multa que fora enviada indevidamente.

No entanto, Excelência, o mesmo nã o se pode afirmar em relaçã o à requerida, uma vez que
os serviços que foram prestados a parte autora, sobretudo nos meses que antecederam ao
término do contrato, foram de péssima qualidade, em total desrespeito ao que fora de livre
vontade acordado entre as partes, ocasionando diversos transtornos no â mbito moral e
material, situaçã o que em si enseja a responsabilidade civil da ré e propicia necessá ria
indenizaçã o para compensar os danos sofridos pelo requerente.

Desta feita, provocado pela inercia da requerida e pela má prestaçã o dos serviços, a
requerente se viu obrigada a contratar um novo plano de internet, de forma suprir à s suas
necessidades e de atenuar a omissã o da contratada. Deste modo, requereu junto com uma
outra empresa que fosse feita a portabilidade dos serviços.

Nã o obstante, diante do exposto apresentado, para a sua surpresa a ú ltima fatura com com
vencimento no dia 10/09/2018 emitida pela Ré, veio cobrando um valor de R$ 9,67
referente a “serviços digitais - G4U, DKids, ESPN, CN, EI”, no qual nunca fora contratado
pela autora, bem como a multa por fidelizaçã o no valor de R$ 125,68, tendo em vista a
quebra do contrato por parte desta, quando nã o adimpliu com as suas obrigaçõ es
contratuais.

Porém, no caso em tela verifica-se que, de acordo com o artigo 58 da resoluçã o 632/2014
da ANATEL, nã o pode o requerente suportar o ô nus contratual, quando a responsabilidade
contratual fora quebrada pela parte requerida.

O prejuízo causado a parte autora é cristalino, eis que foi privada de utilizar os serviços
contratados, em razã o da péssima qualidade do serviço de internet. Feitas essas referências
e, apesar de ambos os serviços, é inequívoca a culpa atribuída à Empresa Promovida,
restando-nos pelo reconhecimento dos danos morais e materiais suportados pela parte
Autora, tudo em sintonia com a melhor doutrina e jurisprudência.
Desta forma, deve ser responsabilizada civilmente, a parte requerida pela má prestaçã o de
serviços (inclusive de serviços essenciais), tendo privado a parte demandante, por longos
períodos e de maneira reiterada e frequente, de utilizar os serviços contratados, essenciais
no regular desempenho de suas atividades diá rias pessoais e profissionais.
Portanto, nas razõ es acima explanadas, bem como na exposiçã o jurídica que se segue vem a
parte autora pleitear indenizaçã o por danos morais e materiais.
3- DOS DIREITOS
O Có digo de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida, que consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatá rio final,
além de resguardar o direito do hipossuficiente, senã o vejamos:
“Art. 4º: A Política Nacional das Relaçõ es de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saú de e segurança, a proteçã o
de seus interesses econô micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relaçõ es de consumo, atendidos os seguintes princípios:
(...)
III- harmonizaçã o dos interesses dos participantes das relaçõ es de consumo e
compatibilizaçã o da proteçã o do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econô mico e tecnoló gico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econô mica (art. 170, V da CF/88) sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relaçõ es entre
consumidores e fornecedores.”
A autora é pessoa de boa-fé, conduta ilibada e honesta que sempre arcou assiduamente
com as suas mensalidades para com a prestadora de serviços de acesso à internet, em
contrapartida, a prestadora se comprometeu a franquiar de forma satisfató ria o acesso à
rede mundial de internet, sob os termos estipulados pela ANATEL, porém, o que ocorre é
que a acionada deixou de cumprir com sua obrigaçã o de fornecer um serviço de qualidade,
bem como incialmente contratado.
3.1 Das Resoluções – Anatel. Devolução dos valores referente ao serviço de internet
A Resoluçã o nº 574, de 28 de outubro de 2011 – Anatel estabelece que, sempre que as
prestadoras com mais de 50 mil assinantes (como é o caso da empresa Ré) oferecerem
serviços de conexã o à Internet, elas devem que respeitar os padrõ es mínimos de qualidade
definidos na regulamentaçã o. Entre as obrigaçõ es técnicas, está a de velocidade de conexã o,
medida de duas formas:
1. A velocidade da conexã o nã o deve ser inferior a 40% da velocidade que foi ofertada ao
cliente, no caso em epígrafe a internet mínima entregue a parte autora não chegava
nem a 30% da velocidade contratada, conforme comprovado em testes anexos.
2. Considerando todas as conexõ es à Internet, a média mensal da velocidade nã o deve ser
inferior a 80% da velocidade ofertada ao cliente.
Outrossim, o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de
Telecomunicaçõ es – RGC, a resoluçã o nº 632, de 7 de março de 2014, estabelece em seu art.
3º, I, que os consumidores dos serviços abrangidos por este regulamento tem direito o
acesso e fruiçã o dos serviços dentro dos padrõ es de qualidade e regularidade previstos na
regulamentaçã o, e conforme as condiçõ es ofertadas e contratadas, senã o vejamos:
Art. 3º O Consumidor dos serviços abrangidos por este Regulamento tem direito, sem
prejuízo do disposto na legislaçã o aplicá vel e nos regulamentos específicos de cada serviço:
I - ao acesso e fruiçã o dos serviços dentro dos padrõ es de qualidade e regularidade
previstos na regulamentaçã o, e conforme as condiçõ es ofertadas e contratadas;
Ademais, o art. 58, pará grafo ú nico, da resoluçã o nº 632, de 7 de março de 2014, a ANATEL,
prevendo a possibilidade da fornecedora sopesar onerosas condiçõ es aos consumidores, tal
como a fidelizaçã o sob pena de multa, senã o vejamos:
Pará grafo ú nico. É vedada a cobrança prevista no caput na hipótese de rescisão em
razão de descumprimento de obrigação contratual ou legal por parte da Prestadora,
cabendo a ela o ô nus da prova da nã o-procedência do alegado pelo Consumidor.
Dessa forma, nã o há o que se falar em multa de fidelidade do caso em apreço, tendo em
vista que a acionada descumpriu a obrigaçã o contratual.
Portanto, a cobrança da multa por fidelidade é indevida. Requer a restituição simples dos
valores pagos referente a Vivo Fibra 50 nos meses de março a julho, conforme tabela
abaixo.
3.2 Do inadimplemento obrigacional. Dos Danos Morais e Materiais
Estabelece o art. 14 do Có digo de Defesa do Consumidor que "o fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados
aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos serviços".
O direito à indenizaçã o por danos materiais e morais encontra-se expressamente
consagrado em nossa Carta Magna, como se vê pela leitura de seu artigo 5º, incisos V e X, os
quais transcrevo: "É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenizaçã o por dano material, moral ou à imagem" (artigo 5º, inciso V, CF).
"Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito à indenizaçã o pelo dano material ou moral, decorrente de sua violaçã o" (artigo 5º,
inciso X, CF).
É correto que, antes mesmo do direito à indenizaçã o material e moral ter sido erigido à
categoria de garantia constitucional, já era previsto em nossa legislaçã o infraconstitucional,
bem como, reconhecido pela Justiça.
O comando constitucional do art. 5º, V e X, também é claro quanto ao direito da parte
autora à indenizaçã o dos danos morais sofridos. É um direito constitucional.
Consoante entendimento do ordenamento jurídico pá trio, todo aquele que causar dano a
outrem, seja por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência comete ato ilícito,
ocasionando por consequência a obrigaçã o de reparaçã o do respectivo dano.
O valor a ser arbitrado a título de indenizaçã o por dano moral compete ao prudente
arbítrio do magistrado, que de acordo com os parâ metros preconizados pela doutrina e
jurisprudência, quer sejam: ato ilícito, extensã o do dano, e situaçã o econô mica das partes,
estabelecerá o valor a ser indenizado, ou seja, pago pelo agente causador do dano.
No mesmo sentido, o art. 6, inciso VI, do CDC, expõ e que sã o direitos do consumidor "a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos". Dessa forma, frente aos ditames legais e aos fatos narrados, é claro o dever da
requerida em indenizar a autora. E quanto a este dever legal, assim leciona o saudoso
professor da Universidade de Sã o Paulo, Carlos Alberto Bittar (Curso de Direito Civil. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 561):
O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a
necessidade de reparaçã o dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigaçã o
de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da açã o
violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato
ilícito pró prio, ou de outrem a ele relacionado.
Sobre o caso, nã o se pode aceitar que a má prestaçã o do serviço de forma contínua seja um
mero aborrecimento do cotidiano como as operadoras de sinal de internet costumam
argumentar. Em circunstâ ncias como a relatada, o transtorno, o incomodo exagerado, o
sentimento de impotência da autora diante da requerida e do seu agir abusivo e ilícito,
extrapola os limites do aceitá vel como aborrecimento do cotidiano e caracteriza, sem
dú vidas, o dano pessoal, justificando, portanto, a indenizaçã o.
Nesse mesmo contexto, disciplinando a matéria que versa sobre a ocorrência de um ato
ilícito gerador de um dano, seja ele moral ou material e o seu correlato dever de indenizar,
merecem especial atençã o o artigo 186 e artigo e 927, ambos do CC, vejamos:
“Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará -lo”.
Ademais, além das leis positivadas no nosso ordenamento jurídico, os costumes também
sã o fontes de direito e devem servir para delinear as condutas dos cidadã os na sociedade.
A doutrina confirmada pela jurisprudência entende que a responsabilizaçã o civil exige o
dano, havendo o dever de indenizar na medida de sua extensã o e este deve ser certo, –
entenda-se: possível, real, aferível.
Assim, o caso em comento dá ensejo à indenizaçã o. No entanto, nã o se mostra necessá rio a
comprovaçã o dos dissabores ocasionados, uma vez que se trata de dano in re ipsa, o qual
independe de prova efetiva, bastando os fatos alegados e os transtornos daí decorrentes.
Ante as situaçõ es jurídicas e fá ticas já expostas, importante é trazer à aná lise os seguintes
julgados, que se amoldam ao caso presente e dã o guarida ao direito da autora:
CONSUMIDOR. INTERNET. FALHA NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO. DANO MORAL
CONFIGURADO. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃ O PARA CUMPRIMENTO DA SENTENÇA, NÃ O
SE OPERANDO DE FORMA AUTOMÁ TICA (ART. 475-J, CPC). SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. Dano moral configurado, em face do desrespeito da empresa, com
relação ao usuário. O autor trouxe aos autos os diversos números de protocolo que
comprovam as inúmeras tentativas de solucionar o problema através da via
administrativa, o que não foi possível em razão do descaso da ré. Situação que
ultrapassa o mero dissabor do cotidiano, devendo o autor ser indenizado. (...). (TJ-RS -
Recurso Cível: XXXXX RS, Relator: Cleber Augusto Tonial, Data de Julgamento: 12/12/2013,
Terceira Turma Recursal Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 16/12/2013).
CONSUMIDOR. CONTRATO DE PRESTAÇÃ O DE SERVIÇO DE INTERNET. FALHA NA
PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO. DEMORA NA SOLUÇÃ O DO PROBLEMA. INTERVENÇÃ O DO
PROCON. ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. DANOS MORAIS OCORRENTES. Considerando a
essencialidade do serviço de internet na atualidade e a ausência do serviço por mais
de um mês, sem justificativa (após vários pedidos de restabelecimento do serviço,
inclusive, com intervenção no PROCON), agride direito personalíssimo do
consumidor, ensejando o dever de indenizar. A indenização, no caso em tela, tem
como escopo reparar ou minimizar os transtornos sofridos pelo autor, os quais não
podem ser tidos como meros dissabores, uma vez que extrapolaram o limite
razoável para o desfecho esperado. (...). (TJ-RS - Recurso Cível: XXXXX RS, Relator:
Lusmary Fatima Turelly da Silva, Data de Julgamento: 21/08/2014, Terceira Turma
Recursal Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 25/08/2014)
APELAÇÃ O CÍVEL - EMPRESA DE TELEFONIA E DE INTERNET - FALHA NA PRESTAÇÃ O
DOS SERVIÇOS - DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL E COBRANÇAS INDEVIDAS -
COMPROVAÇÃ O - DANOS MORAIS - CONFIGURADOS - AUMENTO - POSSIBILIDADE -
FIXAÇÃ O RAZOÁ VEL E PROPORCIONAL - HONORÁ RIOS DE ADVOGADO - MAJORAÇÃ O -
CABIMENTO - PERCENTUAL MÁ XIMO - IMPOSSIBILIDADE - CAUSA SEM MAIOR
COMPLEXIDADE. - Caracterizada a falha na prestação de serviços de internet que
impediu o consumidor adimplente de utilizar-se do serviço contratado, há que se
reconhecer o direito à indenização por danos morais. - O valor da indenização deve
ser fixado com prudência, segundo os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, mostrando-se apto a reparar, adequadamente, o dano suportado
pelo ofendido, servindo, ainda, como meio de impedir que o condenado reitere a
conduta ilícita.(...). (TJ-MG - AC: XXXXX00033573001 MG, Relator: Evandro Lopes da Costa
Teixeira, Data de Julgamento: 21/08/2014, Câ maras Cíveis / 17ª CÂ MARA CÍVEL, Data de
Publicaçã o: 02/09/2014).
Portanto, diante do cará ter disciplinar da indenizaçã o, bem como do poderio econô mico da
empresa demandada, das circunstâ ncias do evento e da gravidade do dano causado a
autora, mostra-se justo e razoá vel a condenaçã o da acionada em danos morais num
quantum indenizató rio de R$ XXXXX .
3.4 Da repetição de indébito em dobro
O consumidor cobrado indevidamente faz jus à repetição de indébito em dobro, podendo
esse crédito equivaler ao valor integral ou apenas ao excesso pleiteado. Dispõ e o art. 42, do
CDC:
Pará grafo ú nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correçã o
monetá ria e juros legais, salvo hipó tese de engano justificá vel”.
Segundo Almeida (2005, p. 167), a repetiçã o de indébito constitui espécie de punitives
damages, ou seja, “indenizaçã o fixada com o intuito de punir o agente da conduta causadora
do dano cujo ressarcimento é autorizado pela lei em favor da vítima”.
Portanto, a repetiçã o de indébito em dobro nã o objetiva tã o somente a restituiçã o da
quantia paga indevidamente, mas a imposiçã o da sançã o civil, a fim de que o fornecedor
seja punido em razã o da sua prá tica abusiva.
Com relaçã o ao efetivo pagamento, leciona Luiz Antô nio Rizzatto Nunes (2005, p. 546) que
“[...] para ter direito a repetir o dobro, é preciso que a cobrança seja indevida e que tenha
havido pagamento pelo consumidor”.
Nesse mesmo sentido, é de suma importâ ncia trazer a baliza uma apelaçã o, onde estabelece
que a cobrança de multa por fidelidade é indevida, entendimento da Décima Sexta Câ mara
Cível, Tribunal de Justiça do RS da Relatora: Munira Hanna, vejamos:
APELAÇÃ O. RESCISÃ O DE CONTRATO. SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. BANDA LARGA
3G. MÁ PRESTAÇÃ O DE SERVIÇO. CLÁ USULA DE FIDELIZAÇÃ O. COBRANÇA DE MULTA.
REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO. O serviço não foi executado de forma regular pela empresa
de telefonia, apresentando inconstância severa na velocidade. Cabia à apelada
demonstrar de forma cabal que o consumidor estava acessando de forma contínua e
regular o serviço de banda larga 3G, o que nã o ocorreu no caso em tela. Outrossim, a
responsabilidade é da fornecedora do serviço, tal como preceitua o art. 14 do CDC, e tal
responsabilidade é objetiva. Dessa forma, a multa de fidelidade é indevida, pois o
serviço contratado de internet não funcionou, ou seja, tornou-se inútil ao fim a que
se destinava, frustrando as expectativas do apelante ao adquirir um modem com
velocidade de banda larga. O apelante nã o efetuou o pagamento dos valores constantes
na fatura, sendo indevida a restituiçã o dos valores em dobro. Nã o preenchido os requisitos
do art. 42, do CDC. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelaçã o Cível Nº 70040479842,
Décima Sexta Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Munira Hanna, Julgado em
11/04/2013) (TJ-RS - AC: XXXXX RS, Relator: Munira Hanna, Data de Julgamento:
11/04/2013, Décima Sexta Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia
15/04/2013)
No caso em apreço, a parte autora tinha contratado o serviço de internet de 50 Mbps, no
entanto, conforme demonstrado nas provas anexas, nunca obteve a velocidade da conexã o
mínima exigida pela ANATEL de 40% da velocidade.
Ainda assim, realizou o pagamento da fatura do dia 10/09/2018 (comprovante anexo),
onde R$ XXXXXfora pago indevidamente, sendo o valor de R$XXXXX referente a “Serviços
Digitais - G4U, DKids, ESPN,CN,EI” (serviço nã o contratado) somado ao valor R$ XXX
referente a “multa fidelizaçã o”, fazendo jus a repetiçã o de indébito, senã o vejamos:
Ademais, a cobrança indevida consubstancia violaçã o ao dever anexo de cuidado e,
portanto, destoa do parâ metro de conduta determinado pela incidência do princípio da
boa-fé objetiva.
Portanto, requer a repetiçã o de indébito sob o valor pago em excesso de R$ XXXXX.
4- DO PEDIDO
Ante tudo o que foi exposto, requer:
a) A concessã o do benefício da justiça gratuita, uma vez que, a Autora nã o possui meios
para arcar com as custas do processo. Fundamenta seus pedidos nos artigos 98 e seguintes
do CPC e art. 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal;
b) A citaçã o da Ré, para que, querendo, conteste os fatos narrados, devendo comparecer
em audiência a ser designada por este juízo, sob pena de confissã o e aplicaçã o dos efeitos
da revelia.
c) que seja determinada a inversã o do ô nus da prova em favor da parte autora, consoante
disposiçã o do artigo 6º, inciso VIII, do CDC.
d) que ao final sejam julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos da presente
demanda, condenando as empresas acionadas a reparaçã o dos danos morais e materiais
experimentados pela Autora, conforme toda narrativa fá tica, nos valores especificados
abaixo:
e) Seja a requerida condenada ao pagamento no valor de XXXX
f) Requer, ainda, a condenaçã o a título de DANOS MORAIS, diante do cará ter disciplinar da
indenizaçã o, bem como do poderio econô mico da empresa demandada, das circunstâ ncias
do evento e da gravidade do dano causado a autora valor de R$ XXXX.
g) Oportunamente, requer que a condenaçã o pecuniá ria seja acrescida de correçã o
monetá ria a partir da data do arbitramento, conforme Sú mula 392 do STJ, e juros legais
incidindo desde o evento danoso, como preceitua a Sú mula 54 do STJ
Requer provar a veracidade dos fatos aqui alegados por todos os meios de provas em
direito admitidos, especialmente prova testemunhal.
Dá -se à causa o valor de R$ XXXX
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Cidade, 00 de setembro de 00
Advogado

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