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Para muitas das reações de interesse, os valores de ∆H° e ∆S° podem ser considerados constantes e, consequentemente, a equação acima pode ser escrita como:
∆𝐺 0 (𝑇) = 𝑏 + 𝑎𝑇 onde a = - ΔS0 e b = ΔH0
Em outras palavras, para muitas das reações de interesse neste curso, a equação 1 pode ser considerada a equação de uma reta onde:
ΔH0 (entalpia) é dado como coeficiente linear
ΔS0 (entropia) seria o coeficiente angular da reta
Sendo assim, um gráfico de ΔG0 em função de T será uma reta. Exemplo: reação de formação do óxido de silício.
2𝐶𝑑(𝑙) + 𝑂2 = 2𝐶𝑑𝑂(𝑠)
594𝐾 < 𝑇 < 1038
∆G° = −525.180 − 𝑇 (−209,8)( 𝐽/ 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑂2 )
2𝐶𝑑(𝑔) + 𝑂2 = 2𝐶𝑑𝑂(𝑠)
1038𝐾 < 𝑇 < 1800
∆G° = −709.390 − 𝑇 (−388,1)( 𝐽/ 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑂2 )
Diferentes valores para o coeficiente linear e angular e, por isso, as retas mudam de inclinação e, caso o seguimento de reta que representa a
equação de oxidação do cádmio, em um determinado estado físico, seja prolongado até tocar o eixo y para T = 0 K, o valor do coeficiente linear
também será diferente do obtido para a oxidação do cádmio com outro estado físico.
Revisão Diagrama de Ellingham
Essas alterações nos coeficientes angular e linear das retas observadas se devem às alterações nos valores de entropia (coeficiente angular) e
entalpia (coeficiente linear) promovidos pelas mudanças de estado físico.
Como a entropia do estado gasoso é maior que a do estado líquido, e a entropia do estado líquido é maior que a do estado sólido , podemos
explicar as mudanças na inclinação das retas no diagrama com a equação química geral para a oxidação de um óxido metálico qualquer:
A fusão ou evaporação de um dos reagentes vai aumentar o valor da entropia dos reagentes, pois o valor considerado será de uma espécie
líquida ou gasosa e não mais de uma espécie sólida. Consequentemente, teremos uma contribuição negativa para o valor de ΔS 0 , isto é, o valor
da variação de entropia será mais negativo. Dessa forma, como:
Exemplo:
para temperaturas inferiores a 850K: ΔG0 para essa reação são negativos
para temperaturas superiores a 850K: ΔG0 para essa reação são positivos
Isso quer dizer que a partir do estado padrão a platina seria oxidada em
temperaturas menores do que 850K (equação 1) e, por outro lado, o óxido de platina
seria decomposto (reduzido) à platina metálica e oxigênio em temperaturas maiores
que ~850K (equação 2).
Pt + O2 → PtO (1)
Pt + O2 → PtO (1) PtO → Pt + O2 (2)
Revisão Diagrama de Ellingham
No diagrama de Ellingham, os valores de ΔH 0 para as reações podem ser obtidos graficamente prolongando a reta que representa a reação de
formação de óxido até tocar o eixo y no valor de temperatura igual a 0, pois como:
∆G° = ∆H° – T x ∆S° Para T = 0,
∆G0 = ∆H0 − 0∆S0
Daí, ∆G° = ∆H°
• Observe que, entre os óxidos presentes no diagrama, o óxido de platina é o que será decomposto em menor temperatura (850K), por isso,
ele pode ser considerado o óxido menos estável.
• Observe que no diagrama o óxido de cálcio é o mais estável, o prolongamento da reta que representa a reação de formação desse óxido no
diagrama de Ellingham vai cruzar a reta vermelha na temperatura de ≈ 6000K.
• É importante observar que diferente do óxido de platina, a maioria dos óxidos metálicos não poderão ser decompostos através do
aquecimento simples, pois a temperatura necessária para isso seria extremamente alta.
• O que permite concluir que um óxido muito estável estará na parte inferior do diagrama de Ellingham enquanto que um óxido instável estará
na parte superior do diagrama de Ellingham.
• Para os óxidos presentes na Figura, pode-se chegar à seguinte ordem de estabilidade CaO (mais estável) > MgO > Al2O3 > SiO2 > ZnO > NiO >
PtO (menos estável).
• Utilizaremos o termo pressão interna de O 2 para denominarmos os valores de pressão (fugacidade) no equilíbrio obtidos a partir do cálculo
acima. Esse valor pode ser entendido como a “tendência” do oxigênio “sair” da rede cristalina
• Exemplo: SiO2 à temperatura de 723,15K, como o valor de 𝑝𝑂2 é muito pequeno podemos dizer que o O2 têm pouca “tendência a sair” da
rede cristalina do SiO2 ou que o Si “segura” o oxigênio com muita “força” e, consequentemente, o O 2 “não consegue sair da rede” (mais
estável).
• Agora, observe como os valores de pO2 para o mesmo óxido variam com a temperatura. A Tabela 1 mostra que à medida que a temperatura
aumenta, a pressão interna de O2 aumenta. Isso é o mesmo que dizer que as reações de formação dos óxidos deslocam no sentido de
formação dos reagentes ou que o óxido se torna menos estável à medida que a temperatura aumenta. Os maiores valores de ΔG 0 também
mostram a mesma coisa, isto é, a reação é menos espontânea à medida que a temperatura aumenta.
• A segunda figura mostra essas curvas (retas em vermelho) para as reações de formação
dos óxidos de platina, silício e alumínio e as retas pretas mostram as isobáricas de pO 2
• Os valores de pO2 podem ser calculados para uma dada temperatura pela equação ou
encontrado pelo cruzamento das retas no diagrama conforme explicado.
Revisão Diagrama de Ellingham
Pressão de oxigênio no equilíbrio
Revisão Diagrama de Ellingham
Diagrama de Ellingham – Óxidos com mais de um estado de oxidação
Como foi visto, a cada par ordenado (T, ΔG0 ) no diagrama de Ellingham podemos associar um valor de pO 2. Essa informação é de fundamental
importância para a construção de diagramas para óxidos de metais com mais do que um estado de oxidação.
• As coordenadas dos pontos A, B e C podem ser lidas diretamente no diagrama como mostra a Figura (linhas tracejadas azuis).
• Para calcular os valores de log(pO2) utiliza-se da equação abaixo:
∆𝐺0 = 2,303𝑅𝑇𝑙𝑜𝑔(𝑝𝑂2 )
Rearranjando a equação, temos: 𝑙𝑜𝑔(𝑝𝑂2 ) = ∆𝐺0 / 2,303RT Diagrama de Ellingham para o óxido de níquel
• Substituindo os valores de (T, ΔG0 ) para os pontos A, B e C, temos os seguintes
valores de log(pO2), que também podem ser lidos diretamente no diagrama
(linhas vermelhas):
Ponto A = -10,4 e 𝑝𝑂2 = 3,58 x 10-11 atm
Ponto B = -15,67 e 𝑝𝑂2 = 2,15 x 10-16 atm (pressão interna de O2 gerado pelo
óxido de níquel à temperatura de 1000K)
Ponto C = -23,50 e 𝑝𝑂2 = 3,14 x 10-24 atm
• Como esperado, os valores de 𝑝𝑂2 são menores em regiões mais baixas do
diagrama. Por não existir retas pertencentes à óxidos específicos passando
pelos pontos (A) e (C) não podemos atribuir esses valores de pressão de O 2
a algum óxido, esses pontos representam valores de pressão externa de O 2
Revisão Diagrama de Ellingham
Diagrama de Ellingham – Óxidos com mais de um estado de oxidação
• Podemos concluir que se um ponto no diagrama de Ellingham está acima da reta que representa um determinado óxido de interesse, a pO 2
externa (calculada ou lida graficamente) será maior que a pO 2 interna do óxido. Por outro lado, se um ponto no diagrama de Ellingham está
abaixo da reta que representa um determinado óxido de interesse, a pO 2 externa (calculada ou lida graficamente) será menor que a pO 2
interna do óxido.
• Na região onde pO2 externas > pO2 internos, a espécie estável será a mais oxidada
presente na equação química representada na reta do óxido metálico.
• Na região onde pO2 externas < pO2 internos, a espécie estável será a espécie Diagrama de Ellingham para o óxido de níquel
menos oxidada da equação.
• Isto é, na região acima da linha que representa a reação de formação de um óxido
no diagrama de Ellingham a espécie mais estável é a espécie mais oxidada e abaixo
da linha, a espécie mais estável é a espécie menos oxidada.
Revisão Diagrama de Ellingham
Diagrama de Ellingham – Óxidos com mais de um estado de oxidação – Exemplo: óxidos de cobre
• Principais óxidos de cobre: Cu2O e o CuO, sendo o estado de oxidação do cobre nesses dois
óxidos Cu+ e Cu2+, respectivamente.
• Sendo assim, espera-se que quando o cobre é oxidado, esse passe do seu estado de menor
oxidação para o estado de maior oxidação da forma descrita abaixo: 𝐶𝑢0 → 𝐶𝑢+ → 𝐶𝑢2+ ou
𝐶𝑢 → 𝐶𝑢2𝑂 → 𝐶𝑢 𝑂
O desaparecimento da região de estabilidade do PtO no diagrama mostra que acima de 2083K essa espécie não é estável.