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CLÍNICA
FISIOPATOLOGIA
CONDUTA E
TRATAMENTO
LUANDA – 2015
DEFINIÇÃO DE MALÁRIA GRAVE
• Doença multi-sistémica, caracterizada por uma resposta
inflamatória à infecção, traduzida por um Síndrome de Resposta
Inflamatória Sistémica (SIRS), manifestada clinicamente por:
Termo-desregulação (febre ou hipotermia),
Taquicardia,
Taquipneia,
Leucocitose com ou sem desvio à esquerda.
White & Plorde, 1991; White, 2003, 2011
Profª Drª Fernanda Dias MOnteiro
• Virulência do parasita
• Estirpe quimio-resistente
• R:esposta Imune
• Produção de citokinas (FNT)
• Citoaderência
MALÁRIA GRAVE
Grupos de risco (hospedeiro)
Crianças > 6 meses (1 -3 anos)
Mulheres grávidas (primíparas)
Tratamento Imunosupressor
Viajantes não Imunes (Primo-infectados)
Doentes Imunocomprometidos
Indivíduos que abandonaram a zona endémica a
vários anos (> 5anos)
P.falciparum a espécie responsável
por 90% dos registos em África.
?
P. vivax e P. knowlesi –
malária severa
RESPOSTA DO HOSPEDEIRO
A compreensão da variabilidade da resposta do hospedeiro
humano na evolução da infecção (infecção assintomática*, doença
não-grave, formas crónicas, quadros clínicos graves e
potencialmente fatais), continua a ser um grande desafio da
investigação biomédica e do manuseamento da doença.
Resultado Clínico da interação de vários factores (parasitários,
Figura III.4. Resultado clínico da interacção de vários factores (parasitário, hospedeiro e factores
hospedeiro e factores sociogeográficos),
sociogeográficos), na patogénesena patogénese
da malária em África. da malária
Malária grave
Acidose metabólica
Infecção
Resultado clinico
Febre Anemia severa,
Malária Malária cerebral
Morte
Assintomática
sintomática
Factores ligados ao hospedeiro
GENÉTICOS
1. Thalassemia, Drepanocitose, G6PD – Protecção
2. HLA classe I (HLA –BW53) – 40% protecção Malária
cerebral / anemia
3. HLA classe II – (HLA –DrW 13) - resistência ao
aparecimento de anemias
IMUNOLÓGICOS
1. CELULAR – LINFÓCITOS T – (modulam a resposta
imune na produção de citoquinas e destruição
directa dos Ag)
2. HUMORAL – LINFÓCITOS B – produção de
imunoglobulinas – anticorpos IgM, IgG, IgA, IgE
Factores ligados ao hospedeiro
NUTRICIONAIS
Carência do acido para-aminobenzóico, (PABA), nos regimes estritamente lácteos –
conferem protecção as formas graves da doença. PABA – factor essencial ao
crescimento do plasmodium
Factores ligados ao parasita
VIRULÊNCIA DA ESTIRPE
> Velocidade de multiplicação
> Capacidade na estimulação da produção de
citoquinas ( TNF)
> Fenómenos de citoaderência
VALOR DA INOCULAÇÃO
Exposição repetida
PREIMUNIÇÃO
Indicadores de gravidade e sinais de mau prognóstico
Malária cerebral Coma não despertável, que persiste para além dos 30 minutos depois de uma convulsão
generalizada, excluídas outras causas de coma, com um Score 9 na escala de coma Glasgow ou <2
na escala de Blantyre (crianças)
Anemia Severa Hematócrito 15% ou Hemoglobina 50 g/L, na presença de parasitémia >10.000/l
Insuficiência Renal Diurese <400 ml/24 horas em adultos (<12 ml/kg/24 horas em crianças) e uma creatinina sérica > 265
mol/l (> 3,0 mg/dl) apesar da reposição adequada do volume
Edema Pulmonar Agudo e O score de lesão pulmonar aguda é calculado com base na densidade radiográfica, na gravidade da
Síndrome distress respiratório hipoxemia e pressão positiva expiratória final
(SDRA)
Hipoglicemia Concentração de glicose no sangue total <2,2 mmol /l (<40 mg / dl)
Colapso circulatório (malária Pressão arterial sistólica <70 mmHg em pacientes > 5 anos de idade (<50 mmHg em crianças com
álgida) idade entre 1-5 anos), com a pele fria e húmida ou uma diferença de temperatura central para a da
pele > 1 C
Sangramento anormal e / ou Hemorragias espontâneas da gengiva, nariz, do trato gastrointestinal, ou evidência laboratorial de
coagulação intravascular coagulação intravascular disseminada.
disseminada
Convulsões generalizadas 3 Convulsões observadas em 24 horas
repetidas
Acidemia / Acidose pH arterial <7,25 ou acidose (bicarbonato no plasma <15 mmol/l)
Hemoglobinúria macroscópica Hemólise não secundária à deficiência em glicose-6-fosfato desidrogenase
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Profª Doutora Maria Fernanda Dias Monteiro
GRAVIDADE DA DOENÇA
FACTORES QUE FAVORECEM A GRAVIDADE POR P. FALCIPARUM
Hiperparasitémia
4. Capaz de produzir alterações na microcirculação
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS
ROSETAS (ROSSETING)
1. Adesinas Plasmódicas
2. CITORECEPTORES ENDOTELIAIS
MECANISMOS FITOPATOLÓGICOS
Adesinas Plasmódicas
1.Protuberâncias (Knobs) – existem à superfície dos eritrócitos
parasitados (K+ e K-) – substâncias de origem parasitária:
1. HRP1 E HRP2 (proteína rica em histidina).
2. RESA (antigénio de superfície em anel dos eritrócitos parasitados).
3. EMP1 (proteína 1 da membrana do eritrócito).
4. EMP2
MECANISMOS FITOPATOLÓGICOS
CITORECEPTORES ENDOTELIAIS
• CD 36 (receptor trompospondina)
• CR1 (receptor de complemento 1
• ICAM 1 ( MOLECULA DE ADESÃO INTER-CELULAR)
Knobs on the surface of P. falciparum-
infected erythrocytes
Plaquet Leucócito
as
Cérebro
Mosquito injecta
esporozoites
Esporozoites
Veia Sanguínea na circulação PRBCs
sanguínea
glóbulo vermelho parasitado
Alguns merozoites
desenvolvem-se em
gametocitos Fígado Malária Placentária
liberta
merozoites
Sequestro de PRBCs
no endotélio
placentário
Cordão
Umbilical
Merozoites RBC
penetram RBC Schizont
Fases da reprodução
asexuada no RBC
• RESPOSTA IMUNE
IMUNIDADE CELULAR
2% - MSA 0 – 2;
10 % - MSA 3–4,
40 % - MSA 5–6 and
90 % - MSA 7 ou mais
• The sensitivity is 89.9%, specificity 70.6%, and positive predictive value is
94.1% when 5 as the cut off value.
Mishra , Saroj K et al., Prediction of outcome in adults with severe falciparum malaria: a new
scoring system, Malaria Journal, 2007
Emergência médica, que exige a
administração imediata de
quimioterápicos antimaláricos de acção
rápida.
A via parenteral é a preferencial, do
medicamento apropriado, em doses
calculadas com base em mg/kg de
peso.
convulsões
hipertermia
hipoglicemia
MALÁRIA GRAVE
TRATAMENTO ESPECÍFICO
ARTESUNATO I.V. - 1ª escolha
ARTESUNATO I.M.
• Cápsulas - 40 mg
• Co-formulações - 50 mg de artemether (China)
• Ampolas 80 mg/ 1 ml - Via intramuscular
• 40 mg/1 ml uso pediátrico
DIHIDROCLORIDRATO DE QUININA - E.V. - 2ª Escolha
Doxiciclina:
Dose carga 200 mg, seguido de 100 mg/dia,
durante 6 dias ou 200 mg /dia durante 5 dias, ou
Clindamicina:
300 mg de 6/6 h - 5 dias
(Não está contra-indicada nas crianças e mulheres
grávidas)
Continuar a terapia parenteral com COMBINAÇÕES BASEADAS
NA ARTEMISININA (ACTs) por via oral
artéméther + luméfantrine
artésunate + amodiaquine
artésunate + méfloquine ** (alt. Neuropsiquiatricas )
artésunate + sulfadoxine-pyriméthamine
dihydroartémisinine + pipéraquine
COMBINAÇÕES BASEADAS
NA ARTEMISININA (ACT)
ARTEMETHER+LUMEFANTRINA(COARTEM)
Co-formulações:
1
Nº de comprimidos por dose administrados 2 vezes por dia (0h, 8h, 24h, 36h, 48h, 60h)
durante 3 dias. 2
Nº total de comprimidos administrados durante os 3 dias
Artesunato + Amodiaquina (AS+AQ)
Artesunato: 4 mg/kg uma vez ao dia - 3 dias, +
Dose normal de Amodiaquina
1º dia: 10 mg base/kg/dose
2º dia: 10 mg base/kg/dose
3º dia: 5 mg base/kg/dose
4º e 5 dia: 5 mg base/kg/dose
Dose Total: 25 A 35 Mg Base/Kg
Esquema de Tratamento combinado AS+AQ (50+153mg)
PARALDEIDO I. M. - 0,1 ML / KG
SE CONVULSÕES REPETIDAS:***
FENITOINA E.V. - 18 mg/kg lento durante 20 minutos
FENOBARBITAL – 15 mg/Kg peso – E.V. ou IM ***
NÃO utilizar na malária cerebral:
• CORTICOSTERÓIDES
• OUTROS ANTI-INFLAMATÓRIOS
• MANITOL, URÉIA
• DEXTRAN DE BAIXO PESO MOLECULAR
• ADRENALINA
NÃO utilizar na malária cerebral
• HEPARINA
• PROSTACICLINA
• CICLOSPORINA
• DESFERROXAMINA
• SOLUÇÕES CRISTALÓIDES OU COLOIDES
( HCT < 20% ou HGB < 7 g/ 100 ml )