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Treinamento Tax – FSI

27 de Março de 2007

JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Equipe 01:
Andreia Yamane
Caio Schunck
Daniel Tai
Histórico

• Até a Lei 9.249/95, havia a figura da correção monetária das


demonstrações financeiras regida pela Lei 7.799/89, a qual
tinha por objetivo recompor as contas de Ativo Permanente
e do Patrimônio Líquido da perda inflacionária e abater do
lucro a parte referente à inflação do período.

• Com a edição da Lei 9.249/95, o legislador, com objetivo de


“compensar” a extinção da correção monetária das
demonstrações financeiras, criou a figura dos Juros sobre
Capital Próprio, visando remunerar o investidor pelo capital
investido na empresa.
Histórico
 Principais inovações trazidas pela Lei nº 9.249/95:
• Extinção da correção monetária das demonstrações financeiras (art. 4º);
• Criação e regulamentação da figura dos Juros sobre Capital Próprio (art. 9º);
• Autorização da dedutibilidade do valor dos JCP creditados ou pagos pela
pessoa jurídica para fins de apuração do Lucro Real (ou seja, somente da base de
cálculo do IRPJ*Obs: CSLL).
 A Lei 9.430/96, em seu art. 78, deu nova redação ao §1º do art. 9º da Lei
9.249 e o seu art. 88 revogou os §§ 4º, 9º e 10.

• O § 10 do art. 9º determinava que o valor de JCP creditado ou pago, o qual era


dedutível da base do IRPJ, deveria ser adicionado ao Lucro Líquido para fins da
determinação da base de cálculo da CSLL.
• Assim, diante da revogação do § 10, o valor creditado ou pago à título de JCP,
desde que dentro dos limites legais, passou a ser dedutível tanto da base do IRPJ
quanto da CSLL.
Histórico

• O art. 14 da Lei nº 9.779/99, entretanto, dispôs que as despesas referentes a


JCP não seriam mais dedutíveis para fins de determinação da base de cálculo
da CSLL.

• O RIR/99 também tratou do tema no mesmo sentido da Lei 9.779/99, já que


não considerou os JCP como despesa dedutível na determinação da base de
cálculo da CSLL:

“Art. 347. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeito de apuração do


lucro real, os juros pagos ou creditados individualmente a titular, sócios ou
acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as
contas do patrimônio líquido, limitados, porém, à variação pro-rata dia, da
Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP)”.

• Contudo, tal dispositivo foi revogado pelo art. 78 da MP nº 2.158-35/01, de


modo que mais uma vez a despesa de JCP passou a ser dedutível na
determinação da base da CSLL.
Histórico no âmbito dos Atos Normativos secundários
 IN SRF nº 11/96: Determinou que se a Pessoa Jurídica calcular o limite de
dedutibilidade dos JCP com base no Lucro Líquido do Exercício, deverá considerar
este lucro antes da Provisão para o IR e da dedução dos respectivos juros.

 IN SRF nº 93/97: Não alterou a regra anterior, pois dispôs que o Lucro Líquido
para o cálculo do limite para os JCP é aquele antes da dedução dos juros e da
provisão para o IR e após a dedução da CSLL.

 IN SRF nº 41/98:
 Definiu o momento em que considera-se creditado os JCP, para assim, tornar-se
possível a exclusão dos mesmos na determinação da base do IR, qual seja, o
registro do valor na conta de resultado “Despesa com JCP” e a contrapartida na
conta de passivo “JCP a pagar”.
 A pessoa jurídica deve informar o beneficiário dos JCP da ocorrência do crédito
ou pagamento destes até o dia 10 do mês subseqüente, fazendo nascer a obrigação
para a pessoa jurídica beneficiária de registrar os juros creditados como receita
financeira na mesma data, ainda que o recebimento efetivo se dê apenas
posteriormente.
Evolução Legislativa da Matéria
IN SRF 41/98:
• Previu que os JCP consideram-
se creditados quando a despesa
for registrada na contabilidade da
IN SRF 11/96: PJ, em contrapartida da conta de
Lei 7.799/89: passivo exigível;
• PJ que calcular o limite
• Correção dos JCP com base no • O registro dos JCP como RIR/99:
Monetária das Lucro Líquido deve despesa pela PJ pagadora cria a
obrigação da PJ beneficiária de, • No mesmo
Demonstrações considerar tal lucro antes sentido da
no mesmo momento, registrar os
Financeiras da PIR e da dedução dos Lei 9.779/99
JCP creditados como receita
juros
financeira;

Lei 9.248/95: Lei 9.779/99: MP 2158-35/01:


Lei 9.430/96:
• Extinção da Correção • Art. 14: dispôs que as • Revogação do art. 14,
• Nova redação ao §1º e
L. 9.779/99;
Monetária (art. 4º); revogação dos §§ 4º, 9º e despesas de JCP não
10 do art. 9º, L. 9.249/95; mais seriam dedutíveis • Dedutibilidade dos
• Regulamentação dos
na determinação da base JCP na base da CSLL;
JCP e previsão de sua • Previsão da de cálculo da CSLL
dedutibilidade (art. 9º); dedutibilidade dos JCP na
determinação da base de
cálculo da CSLL;
Conceito
• Juros : é o rendimento do capital, preço do seu uso, preço locativo ou
aluguel do dinheiro, prêmio pelo risco proveniente do seu empréstimo.

• Espécies de Juros:
- Convencionais – decorrentes de convenção
- Legais – decorrentes da lei
- Compensatórios – compensação pelo uso do capital
- Moratórios – indenização prefixada pelo atraso no cumprimentos das
obrigações (mora).

• Juros sobre Capital Próprio: espécie de juros compensatórios, trata-se de


sistemática de remuneração do capital próprio dos titulares, sócios ou
acionistas que investem seu capital em determinada pessoa jurídica.
Lei Federal nº9.249/95: Art.9º - A pessoa jurídica poderá deduzir, para
efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados
individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração
do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e
limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP.
Conceito
Regime de Tributação:
Lucro Real –os juros, mesmo quando imputados aos dividendos, auferidos por pessoa
jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, registrar-se-ão
como receita financeira, integrando-se à base de cálculo do IR e da CSLL. A partir
de 01/01/97, os juros recebidos por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
presumido ou arbitrado, integram a base de cálculo do IR e e da CSLL. Em todos
estes casos, o IRRF sobre juros será considerado antecipação do devido no período
de apuração.

• Juros sobre o Capital Próprio (JCP) X Dividendos:


Tanto JCP quanto dividendos são maneiras de remunerar os acionistas. De fato, são
destinações do resultado auferido pela empresa pagadora.

JCP
- Calculados antes do IRPJ; despesa dedutível que reduz o IRPJ/CSLL a pagar
- Tributado na fonte (IR) à 15%
Dividendos
- Calculados após o IRPJ/CSLL, não reduzem a base de cálculo do IRPJ/CSLL.
- Isentos de tributação (calculados sobre o lucro tributado).
- Obrigatórios nas S/A (Lei 6.404/76, art. 202).
Conceito

Requisitos para Dedução:

• Art. 347 do RIR/99 , § 1º


- Existência de lucros computados antes da dedução dos juros.

- Lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superiror a 2


vezes os juros a serem pagos ou creditados.

• Regime de Competência:

Há de se ressaltar a diferença entre a possibilidade jurídica do pagamento dos juros e o


tratamento fiscal a este dispensado. Se tais requisitos não forem atendidos, pagar-se-á
o JCP, no entanto, não serão dedutíveis, devendo-se adicionar à base de cálculo.
Conceito

• A IN SRF nº 11/96, art.29, afirma que a dedutibilidade dos


juros sobre o capital será aferida de acordo com o regime de
competência; o problema é saber quando a pessoa jurídica
torna-se devedora dos juros.

• Do ponto de vista fiscal, considera-se creditado,


individualmente, o valor dos juros remuneratórios sobre o
capital próprio, quando a despesa for registrada na
escrituração contábil da pessoa jurídica, em contrapartida à
conta ou subconta de seu passivo exigível, representativa de
direito de crédito do sócio ou acionista da sociedade ou do
titular da empresa individual.
Cálculo do JCP

“O JCP deve ser calculado sobre as contas do Patrimônio Líquido e


limitados a variação pro rata dia, da taxa de juros a longo prazo”.

1) Calcular TJLP no ano em curso, pro rata.

TJLP – taxa divulgada trimestralmente pelo BACEN. É a taxa máxima


permitida para o cálculo do JCP.

(1+TJLP)1/12

2) Multiplicar esta taxa pelo Patrimônio Líquido – líquido das


reservas de reavaliação ou correção monetária.
Cálculo do JCP

Limite de Dedutibilidade (art. 29º, IN 93/97):

O montante dos juros remuneratórios do capital passível de


dedução para efeitos de determinação do lucro real e da base de
cálculo da contribuição social limita-se ao maior dos seguintes
valores:

I – 50% do Lucro Líquido do Exercício (antes da dedução dos


juros) – antes da dedução da despesa com IRPJ e depois despesa
com CSLL.

II – 50% dos Lucros Acumulados e reserva de lucros.


Cálculo do JCP

EXEMPLO
 Dados em 01/01/2006:
Capital Social $ 1.000.000,00
Lucros Acumulados $ 800.000,00
Reserva de Capital $ 150.000,00
Reserva de Reavaliação $ 100.000,00
Reserva Legal $ 50.000,00
Obs. Não houve alteração no valor do patrimônio líquido no ano calendário de 2006.

 Patrimônio Líquido = $ 2.100.000,00

Patrimônio Líquido $ 2.100.000,00


(-) Reserva de Reavaliação $ 100.000,00
Base de Cálculo $ 2.000.000,00
Cálculo do JCP

EXEMPLO – Cálculo dos Juros sobre o Capital Próprio


Base de Cálculo $ 2.000.000,00
(*) TJLP 4,20%
Juros sobre Capital $ 83.978,58
Próprio

Mês Taxa Anual Taxa pro rata Acumulado


Janeiro 9,00% 0,7207% 0,7207%
TJLP
Fevereir
o 9,00% 0,7207% 1,4467%
Março 9,00% 0,7207% 2,1778%
Abril 8,15% 0,6550% 2,8471%
Maio 8,15% 0,6550% 3,5208%
Junho 8,15% 0,6550% 4,1989%
Cálculo do JCP
EXEMPLO – Cálculo do Limite de Dedutibilidade

 Dados em 30/06/2006:
Lucro Líquido (R – D) $ 600.000,00
Despesa com IRPJ $ 85.000,00
Limite 2
Despesa com Juros $ 83.978,58
Lucros Acumulados $ 800.000,00
Reserva Legal $ 50.000,00
* (50%) $ 425.000,00
Limite 1
Lucro Líquido antes do IRPJ e dos $ 768.978,58
Juros e depois da CSLL
* (50%) $ 384.489,29

 Limite Aplicável – $ 425.000,00


Tributação dos JCP IRRF

IRRF à alíquota de 15%

 Lei 9.249/95, art. 9°, §§ 2° e 3°


“Os juros ficarão sujeitos a incidência do imposto de renda na fonte a
alíquota de 15%, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário”.

 Os JCP são calculados antes dos impostos (IRPJ) e por isso tributados
na fonte.

Juros sobre Capital Próprio $ 83.978,58


* IRRF (15%) $ 12.596,79
Contabilização

IN 11/96 SRF – art. 30, § ún.


“Para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real, os juros pagos
ou creditados, ainda que imputados aos dividendos ou quando exercida a
opção de que trata o § 1º do artigo anterior, deverão ser registrados em
contrapartida de despesas financeiras”.

D – Resultado (Despesa Financeira)


C – Passivo (JCP a Pagar)
C – Passivo (IRRF s/ JCP a Pagar)

Resultado Passivo
Despesa Financeira JCP a Pagar IRRF s/ JCP a pagar
1 83.978,58 83.978,58 1 12.596,79 2
2 12.596,79
Contabilização

Deliberação CVM 207/96


“Os juros pagos ou creditados pelas companhias abertas, a título de
remuneração do capital próprio, na forma do artigo 9º da Lei nº 9.249/95,
devem ser contabilizados diretamente à conta de Lucros Acumulados, sem
afetar o resultado do exercício”.

D – Patrimônio Líquido (Lucros Acumulados)


C – Passivo (JCP a Pagar)
C – Passivo (IRRF s/ JCP a Pagar)

 Efeito na Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL

EXCLUSÃO

 Controle Extracontábil
Contabilização

Deliberação CVM 207/96

Passivo PL
JCP a Pagar IRRF s/ JCP a pagar Lucros Acumulados
83.978,58 1 12.596,79 2 1 83.978,58

Resultado

Despesa IRRF (JCP)


2 12.596,79
Tributação PIS e COFINS

• Incidência do PIS e COFINS sobre os JCP:


– A pessoa jurídica que pagar os JCP, ao contabilizá-los
como despesa financeira, não poderá se utilizar dos
mesmos como crédito das contribuições de PIS e
COFINS no regime da não-cumulatividade.
– A pessoa jurídica que receber JCP, ao registrá-los
como receita financeira, estará sujeita ao pagamento
de PIS e COFINS sobre tal receita, esteja ela no
regime da cumulatividade ou no da não-
cumulatividade.

• Decretos 5.164/04 e 5.442/05.

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