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AVALIAÇÃO PELO MÉTODO DO

FLUXO DE CAIXA DESCONTATO

Wellington Troglio
Método do Fluxo de Caixa descontado - FCD

É a principal metodologia empregada para avaliar empresas, sendo


utilizada por bancos de investimentos, consultorias, em F&A, joint-
ventures, determinação do preço justo de uma ação.

O valor da empresa é determinado pelo fluxo de caixa descontado a uma


taxa que reflita o risco associado ao investimento. Principais elementos:
• Projeção do fluxo de caixa;
• Determinação da taxa de desconto;
• Estimativa do valor terminal;
• Cálculo do valor da empresa.
Método do Fluxo de Caixa descontado - FCD

Somente a capacidade de gerar fluxo de caixa no futuro lhes confere valor.

A empresa deve ser vista como um negócio contínuo, que deve ter seu
valor e as decisões dos administradores à luz do futuro e do presente.

No cálculo do FCD todos os valores do fluxo são trazidos a valor presente


por uma taxa de desconto.

Um investimento será bom se o valor presente do fluxo de entradas


superar o fluxo de saídas.
LIMITE DO VALOR PRESENTE – HORIZONTE TENDENDO AO INFINITO

Exemplo:
Seja um retorno financeiro (fluxo de caixa positivo) de R$ 1.000,00 anuais,
provenientes do faturamento de uma empresa. Considerando uma taxa de
juros anuais de 25% a.a, analise a tabela abaixo:

Anos Receitas Valor Presente


10 R$ 1.000,00 R$ 3.570,50
20 R$ 1.000,00 R$ 3.953,88
40 R$ 1.000,00 R$ 3.999,47
60 R$ 1.000,00 R$ 4.000,00
80 R$ 1.000,00 R$ 4.000,00
LIMITE DO VALOR PRESENTE – HORIZONTE TENDENDO AO INFINITO
FLUXO DE CAIXA LIVRE - FCLE X FCLS

Avalia a participação do acionista no


negócio (Equit Valuation)

Método do Fluxo de
Caixa Descontado.

Avalia a empresa como um


todo (Firm Valuation)
VALOR PRESENTE DO FLUXO DE CAIXA LIVRE PARA A EMPRESA - FCLE

É obtido com base na série de recebimentos (FCLEt) que compõe o fluxo e


no custo médio ponderado de capital (CMPC) conforme fórmulas abaixo:

n
FCLE
VP   t
caso geral;
t 1 (1  CMPC)
VALOR PRESENTE DO FLUXO DE CAIXA LIVRE PARA OS SÓCIOS - FCLS

É obtido com base na série de recebimentos (FCLSt) que compõe o fluxo e


no custo de capital próprio (KPL) conforme fórmulas abaixo:

n
FCLS
VP   t
caso geral;
t 1 (1  K PL )
Exercícios de revisão

1) Certa empresa possui um custo de patrimônio líquido (KPL) de 10% a.a. e


um custo médio ponderado de capital (CMPC) de 15% a.a. Determine o valor
presente do fluxo de caixa livre para a empresa e do fluxo de caixa livre para
os sócios, conhecendo os seguintes fluxos de caixa:
Exercícios de revisão

Ano FCLE FCLS

1 100.000 40.000

2 118.000 48.000

3 123.000 56.000

4 130.000 67.000

5 145.00 77.000
Custo Médio Ponderado de Capital – WACC

Do inglês Weighted Average Cost of Capital, este é obtido pela média


ponderada de todos os custos de financiamentos utilizados por uma
empresa para financiar suas atividades. Inclui o custo do patrimônio líquido
(KPL) e o custo da dívida.
Segundo Damodaran, representa a média ponderada dos diversos
componentes de financiamento da empresa, cuja fórmula é:

PL D PL  patrimônio líquido
WACC  K PL ( )  KD ( ) D  dívida a valor de mercado
PL  D PL  D
K PL  custo do patrimônio líquido
K D  custo da dívida
Custo Médio Ponderado de Capital – WACC
Custo da dívida – KD
O custo da dívida mede o custo dos empréstimos suportados pela empresa
para financiar suas atividades . Pode ser calculado pela fórmula:
K D  custo da dívida
K D  i (1  IMP)
i  taxa de juros dos empréstimos
IMP  alíquota de impostos

Suponha que a empresa “Beta Ltda” tenha um custo de patrimônio líquido


de 13,5% e possa contrair empréstimos a 10,4%. A alíquota do imposto de
renda e da contribuição social é de 33%. Seu PL vale $ 20.000,00 e o exigível
vale $ 17.500,00. Calcule:
a) O custo da dívida b) O custo médio ponderado de capital
ABORDAGENS À AVALIAÇÃO
Custo da dívida (KD)
K D  i (1  IMP) PL D
WACC  K PL ( )  KD ( )
K D  10,4%(1  0,33) PL  D PL  D
K D  6,97%

Custo médio ponderado de capital (WACC)

20.000 17.500
WACC  13,5%( )  6,97%( )
20.000  17.500 20.000  17.500

WACC  10,45%
HORIZONTE DE PROJEÇÃO DO VALOR TERMINAL

A definição do horizonte de projeção dos fluxos de caixa não influencia o


valor de uma empresa. Se esse horizonte for menor do que o período de
crescimento acelerado da organização e se o valor terminal for calculado
antes da estabilização de seus lucros e de seu fluxo de caixa, ela estará
sendo subavaliada.

A escolha do horizonte da projeção dos fluxos de caixa não têm uma regra
definida. Números usuais são de 7, 10 ou 12 anos. Pequenas empresas de 2
a 3 anos.
HORIZONTE DE PROJEÇÃO DO VALOR TERMINAL

De maneira geral, é possível delinear o horizonte de um projeto em função


das seguintes variáveis:
• Risco do empreendimento: quanto maior o risco, menor o horizonte do
projeto;

• Período transiente: quanto maior o período de instabilidade dos fluxos


de caixa maior o horizonte da projeção;

• Vida útil limitada: quando o ciclo de vida da empresa é finito ou definido.


VALOR TERMINAL
Na avaliação de empresas que não têm vida útil determinada, que são a
maioria, considera-se que elas existirão para sempre.

Como é difícil projetar fluxos de caixa para um horizonte longo de tempo,


restringe-se a projeção de fluxos de caixa para um número razoável de
anos (7, 10 ou 15 anos), e após esse período é calculado o valor terminal
(valor residual) de uma empresa.

O valor terminal é quando se imagina que a empresa valerá ao final do


horizonte de projeção. Em princípio, é o valor presente dos fluxos de caixa
após o horizonte de projeção, pelo método da perpetuidade.
VALOR TERMINAL
O valor da empresa será a soma dos valores presentes de seu fluxo de caixa
e de seu valor terminal.

Três abordagens são mais utilizadas conforme quadro a seguir:

FCc Valor presente da perpetuidade uniforme


VT 
k

FCc Valor presente da perpetuidade, com crescimento


VT  constante
kg
VALOR TERMINAL

A primeira equação reflete o valor presente de um fluxo de caixa perpétuo


e uniforme. É aplicável a empresas que atingiram sua capacidade máxima
de produção e não possuem expansão (não podem e nem pretendem).

A segunda equação reconhece que, mesmo após o final da fase de


projeção explícita, o FCL tende a continuar crescendo. A taxa de
crescimento g é válida após o horizonte de projeção e em geral equivale a
taxa de crescimento da economia.
VALOR TERMINAL
O valor da empresa pode ser calculado tanto com base no FCLE como no
FCLS, dependendo do modelo adotado.

FCLE
t n
VE   t
 VT
t 1 (1  k )

FCc  fluxo de caixa contínuo após a projeção


k  custo médio ponderado de capital
g  crescimento do fluxo de caixa ( Nopat)
r  rentabilidade dos investimentos futuros
EXERCÍCIOS
1) Determinar o valor da empresa que possui um WACC de 12,8% a.a., e
uma taxa de crescimento após o período da projeção de 3% a.a. Estimou-se
que o fluxo de caixa constante após o horizonte de projeção vale R$
430.000,00. Sabe-se que o fluxo de caixa para a empresa está representado
abaixo:
ANO FCLE
1 200.000
2 230.000
3 270.000
4 320.000
5 370.000
EXERCÍCIOS
Solução:

t n
FCLE FCc
VE   
t 1 k kg

200.000 230.000 270.000 320.000 370.000 430.000


VE      
1,128 1,128 2 1,1283 1,128 4 1,1285 0,128  0,03

VE  5.334.209,21
EXERCÍCIOS
2) Repita o exercício anterior desconsiderando a taxa de crescimento de 3%
a.a. Qual o novo valor da empresa?

t n
FCLE FCc
VE   
t 1 k k

200.000 230.000 270.000 320.000 370.000 430.000


VE   2
 3
 4
 5

1,128 1,128 1,128 1,128 1,128 0,128

VE  946.454,11  3.359.375

VE  4.305.829,11

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