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A Avaliação da Aprendizagem

Objectivos do Módulo
 Distinguir diferentes níveis de avaliação dos resultados de
formação;
 Construir e aplicar instrumentos de avaliação em função dos
objectivos previamente definidos, que permitam verificar e
controlar os resultados da aprendizagem e a eficácia e
eficiência da aprendizagem;
 Identificar causas de subjectividade na avaliação;
 Compreender o impacto da avaliação como instrumento de
gestão do desenvolvimento pessoal;
 Identificar as principais estratégias para a comunicação dos
resultados das aprendizagens.
Avaliar
 Existência de uma diversidade de definições;
 Múltiplos sinónimos: verificar, medir, estimar, situar,
representar, determinar…
 Avaliação como processo gerador de aprendizagens e não
apenas uma medida de saber;
 Três culturas de avaliação diferentes:
- Uma em que o propósito da avaliação é o de melhorar as
aprendizagens, de ajudar a superar as dificuldades;
- Outra em que propósito da avaliação é o de classificar, de
certificar;
- Uma terceira que consiste numa articulação entre as duas
culturas anteriores.
Avaliar
A avaliação explora:

 a correspondência entre o que existe e aquilo que era


esperado, entre um dado comportamento e um
comportamento-alvo, entre o que é a realidade e um
modelo ideal;

 a concordância e/ou afastamento entre os objectivos da


formação (comportamentos desejados) e os
comportamentos manifestos, ou seja, a avaliação deve ir ao
encontro dos objectivos da formação.
Avaliação - conceito
Entende-se por avaliação da aprendizagem o processo
sistemático, contínuo, integral e regulador da formação,
pelo qual é aferido em que medida os objectivos
pedagógicos foram alcançados.

A avaliação pode ser vista como a recolha sistemática de


informação, que deve ir além dos resultados dos testes, e
sobre a qual se possa formular um juízo de valor que facilite
a tomada de decisões que regulem o ensino e as
aprendizagens.
Avaliação - funções
 Seleccionar os candidatos para uma formação;

 Estimar as potencialidades e necessidades dos formandos em relação


aos vários domínios do saber;

 Apreciar as práticas pedagógicas;

 Sugerir a introdução de métodos, técnicas pedagógicas e recursos


didácticos alternativos;

 Estimar o desempenho dos formandos e facilitar a sua orientação;


Avaliação - funções
 Fornecer feedback aos formandos, motivando-os para alcançar os
objectivos definidos;

 Apreciar a congruência entre as competências actualizadas pelos


formandos e os objectivos da formação;

 Orientar os formandos, durante a formação, na definição de um


itinerário pessoal de aprendizagem;

 Pensar e, eventualmente, repensar os objectivos da formação


(identificação de pontos fracos e potencialidades a desenvolver).
Avaliação - objectos
 O programa – os objectivos e o conteúdo da formação;

 A metodologia – modos e estratégias de acção para alcançar os


objectivos;

 O sistema de avaliação – adequação da avaliação (tipos, instrumentos)


aos objectivos da formação;

 Os formadores – a forma como usam os métodos, técnicas, instrumentos


e equipamentos;

 Os formandos – explorar o seu desempenho em relação aos objectivos,


situá-los e orientá-los na aprendizagem;

 A instituição – qual a sua resposta face às dificuldades que


eventualmente possam surgir;

 Os resultados – previstos e imprevistos.


Avaliação vs Classificação

 É possível avaliar sem classificar?

 E classificar sem avaliar?


Avaliação vs Classificação
Avaliação:

 análise cuidada das aprendizagens realizadas face àquelas previstas,


que se traduz numa descrição que informa formadores e formandos
acerca dos objectivos atingidos e daqueles onde se evidenciam algumas
dificuldades;

 pode ser quantitativa, mas também qualitativa;

Classificação:

tem uma intenção selectiva, permitindo a seriação dos formandos, na


medida em que lhe atribuiu uma posição numa escala de valores;

resulta sempre de uma comparação.


Avaliação vs Classificação
Classificação:

 Comparação de resultados de determinado formando com o grupo a


que pertence (critério endógeno);

 Comparação dos resultados de um formando com um padrão de


aprendizagem (perfil de saída), constituindo neste caso um critério
externo/exógeno;

Quer seja qualitativo (e.g. Aprovado/Reprovado; Satisfaz/Não


satisfaz), quer seja quantitativo (e.g. nota 4 numa escala graduada de
1 a 5), os formandos serão seriados de forma unívoca sem que seja
explicitamente indicada a razão ou razões dessa seriação.
Classificação

Vantagens Desvantagens

Sistema rápido e prático de Reduzir informação;


registo; Pode tornar-se um fim em si
Meio de informação fácil de mesma;
interpretar; Competição pouco saudável;
Facilita decisões; Efeitos laterais negativos
Permite comparação de (ansiedade, …).
resultados.
Avaliação – caracterização
1. QUANTO À REGULARIDADE:

 Contínua, a que acontece de uma forma regular, continuamente;

 Pontual, efectua-se apenas num determinado momento,


normalmente no fim do processo de aprendizagem.

2. QUANTO AO AVALIADOR:

 Interna, quando é o próprio formador a aplicar a avaliação;

 Externa, quando o processo de aprendizagem é avaliado por alguém


de fora do mesmo processo.
Avaliação – caracterização

Actividade 1
Avaliação
3. QUANTO AO MOMENTO:
 Antes da formação:

 usada no início de novas aprendizagens;

 aprecia, essencialmente, os conhecimentos, competências,


expectativas e necessidades pré-existentes;

 permite verificar pré-requisitos e proceder à selecção de conteúdos,


orientação de métodos e técnicas e definição do ponto de partida da
formação;

 a qualidade e o sucesso da intervenção encontram-se intimamente


relacionados com esta fase.

Avaliação Inicial ou Diagnóstica


Avaliação
3. QUANTO AO MOMENTO:
 Durante a formação:

 determinação da posição do formando, averiguando se a


aprendizagem está a decorrer de acordo com o plano inicialmente
traçado ou se a mesma deve ser alvo de ajuste;

 versa o grau de domínio dos objectivos, bem como as causas de um


possível insucesso;

 permite, caso necessário, melhorar a organização do programa,


alterar a sequência de aprendizagem ou propor alternativas de
aprendizagem;

 a possibilidade de remediação faz deste princípio avaliativo, a chave


para o sucesso da formação.
Avaliação Formativa ou Contínua
Avaliação
3. QUANTO AO MOMENTO:
 Depois da formação:

 pretende estimar o grau de aprendizagem que foi atingido,


permitindo concluir se os objectivos da formação foram alcançados;

 permite ainda classificar e certificar os formandos;

 não tem que estar ligada ao término da acção de formação, mas está
centrada em unidades temáticas completas;

 a avaliação final de determinado formando deve basear-se no


feedback recolhido pelos vários tipos de avaliação, não pode basear-
se exclusivamente num teste sumativo.

Avaliação Sumativa ou Final


Avaliação
Em síntese:

Antes da Formação Durante a Formação Depois da Formação

Diagnóstica Formativa Sumativa

Prognóstica Contínua Final

Função: seleccionar, Função: regular, facilitar, Função: verificar,


orientar adaptar motivar, reorientar certificar

Centrada no formando e Centrada nos Processos e Centrada nos Produtos,


suas características actividades de produção resultado final
Avaliação
4. QUANTO AO PROCESSO:

 Normativa: quando compara o rendimento de um determinado


formando com o rendimento alcançado pelos demais colegas do
grupo; a classificação varia em função das classificações atribuídas
aos outros formandos;

 Criterial: procura situar cada formando em relação ao objectivo a ser


alcançado, informando sobre o que o formando sabe ou não sabe,
pode ou não fazer; tem como objectivo apreciar um formando para
situá-lo em relação a critérios – alvo. A classificação aqui atribuída
reflecte o atingir ou não dos objectivos, por parte do formando.
Avaliação Normativa e Criterial

Mais do que dois tipos de avaliação, trata-se de duas interpretações


que têm como base referentes distintos;

Estas perspectivas não são mutuamente exclusivas, pelo contrário


interpenetram-se; são abordagens alternativas, por vezes,
complementares;

 As vantagens e desvantagens de cada uma delas dependem das


finalidades que se têm em vista.
Avaliação Normativa Avaliação Criterial
Normas. O desempenho de cada formando é Critérios. O desempenho do formando é analisado
por referência a objectivos de aprendizagem.
comparado com o desempenho médio do grupo de
que faz parte.
Referências
Classificar, comparando os alunos entre si. Avaliar as aprendizagens de cada formando,
tornando-o consciente do que se lhe pede.
Finalidades
Atribuir níveis, notas numa classificação ordenada, Reorganizar a formação e a aprendizagem num
tendo em vista seleccionar. processo interactivo. Permitir a atribuição a cada
formando de níveis que traduzam o domínio dos
objectivos.
Utilização da Informação (Decisões)
Identificar quem necessita de medidas de apoio para Identificar os pontos fortes e fracos de cada
atingir o sucesso. formando, potencializando-os na concepção das
medidas de apoio.
Implicações para os Formandos
Competição entre os formandos. Progressão possível de todos os formandos.
Competição do formando consigo próprio.
Avaliação como Processo e Sistema
Quando falamos de avaliação não estamos a falar de um facto pontual,
mas de um conjunto de passos que se condicionam mutuamente.
Este conjunto de fases ordenam-se sequencialmente (são um
processo) e actuam integradamente (são um sistema).

Toda a avaliação contém:


Propósito: cada avaliação responde a várias intenções (para saber
como vão os formandos, para organizar um novo curso, para subir
notas, para analisar o clima relacional, etc.);
Técnica: em função do propósito selecciona-se a técnica;
Questões colocadas: escolhido o tipo de técnica, seleccionam-se as
questões, problemas ou aspectos que vão estar incluídos na prova;
Aplicação: preparado o protocolo aplica-se, recolhe-se a informação;
Avaliação como Processo e Sistema
 Resposta ou conduta dos formandos: estes dão as suas respostas ou
realizam a conduta solicitada;

 Correcção: o formador ou o avaliador ‘mede’ os resultados;

 Classificação: o formador ou o avaliador ‘valoriza’ os resultados;

 Consequências derivadas da avaliação: podem ser de tipo pessoal,


administrativo (aprovar - promover, suspender, repetir), familiar
(prémios - castigos em casa), didáctico (feedback sobre o processo de
ensino, etc.).
Princípios Orientadores
 Coerência: com os conteúdos, estratégias e metodologias;

 Positividade: deve dirigir-se ,preferencialmente, ao que os


formandos sabem;

 Diversidade: na utilização de diversas formas e técnicas de avaliação;

 Informalidade: deve realizar-se em simultâneo com o processo de


ensino – aprendizagem;

 Globalidade: deve considerar-se o formando como um todo,


evitando comparações.
Critérios de Avaliação
“O que contribui para a credibilidade da avaliação, quantitativa ou
qualitativa, é a existência de critérios que funcionam com um
verdadeiro código de conduta e de postura ética”:

A avaliação deve ser útil;


A avaliação deve ser exequível e viável;
A avaliação deve ser ética;
A avaliação deve ser exacta e rigorosa. “

(José Augusto Pacheco


in Avaliação das aprendizagens – das concepções às práticas)
Critérios de Avaliação
A. Utilidade:
Proporcionar informação sobre as características das aprendizagens,
destinada ao seu aperfeiçoamento;
B. Viabilidade:
 Instrumental;
 Financeira.

C. Ética:
Explicitar condições de realização;
Informações claras e completas;
Respeitar princípios.
Critérios de Avaliação
D. Exactidão:
 Identificação precisa das intenções;
 Selecção de procedimentos em função do contexto;
 Diversas formas e técnicas;
 Conclusões e decisões de acordo com informações obtidas.

Domínio do Saber Dados


Afectivo Interesse, zelo, participação, motivação, capacidade
crítica, etc..
Cognitivo Conhecimento, compreensão, aplicação, capacidade de
análise, de síntese, de avaliação, etc..
Psicomotor Capacidade motora, habilidade manual, resistência à
fadiga, etc..
Escalas de Classificação
 A avaliação normalmente é expressa através de escalas de vários tipos;
 Os parâmetros de cada escala podem variar de acordo com o avaliador
e dos conteúdos considerados;
 As escalas são, de forma geral, subdivididas em níveis, que, quase
sempre, não são superiores a 5;
 Apresentam-se aqueles utilizados nas escalas numéricas, literais e
descritivas.
5 4 3 2 1
Escala Numérica 17-20 13-16 9-12 5-8 0-4
90 a 100% 75 a 89% 50 a 74% 20 a 49% 0 a 19%

Escala Literal A B C D E
Medíocre Mau
Muito Bom Bom Suficiente
Escala Descritiva Insuficiente Insuficiente
Técnicas de Avaliação
 O formador pode utilizar, simultaneamente ou em separado, uma
série de técnicas de avaliação com vista à recolha de dados que
permitam medir ou verificar, eficazmente, a progressão da
aprendizagem dos formandos;

 É necessário, para cada técnica, construir instrumentos adequados em


função de cada situação de aprendizagem, de modo a escolher os que
têm mais vantagens e menos inconvenientes;

 Pode-se, ainda, seleccionar e combinar diferentes técnicas e


instrumentos com vista a uma avaliação mais eficaz.
A Observação
 é uma das técnicas mais simples e indicada para os domínios
psicomotor e afectivo, sendo uma das mais utilizadas pelos
formadores;

 consiste na observação e registo de dados, permitindo obter


informações sobre todos os domínios do saber.
A Observação
Instrumentos Utilizados para Observação:

 Fichas de Observação: instrumentos no qual se registam os factos que


vão acontecendo e que têm interesse para a avaliação durante a
sessão da formação;

 Lista de Ocorrências: listagem dos comportamentos que o formador


espera que os formandos venham a desenvolver, tornando, deste
modo, o seu registo mais fácil, rápido e objectivo;

 Escala de Classificação: para além de registar, permite atribuir um


determinado grau numa escala crescente.
Ficha de Observação
Ficha de Observação
Tarefa: Data:

Factos Observados Comentários

Itens: pontualidade, apresentação, atenção, pertinência das


questões, comportamento em grupo, etc..
Lista de Ocorrências
Comportamento/ Esteve Participou Compreendeu Aplicou Executou a
Formando atento tarefa

A X X X X X

B X X X
C X X
D X X X X
Escala de Classificação
Exemplo de Escala de Classificação Numérica
Comportamento do Formando em Sala 5 4 3 2 1

Atenção X

Participação X
Cooperação X

Exemplo de Escala de Classificação Gráfica

O formando demonstrou

Nenhuma participação Pouca Irregular Boa Muito Boa


A Formulação de Perguntas
 Avaliação Oral: é eficaz quando se avalia um formando de cada vez, o
discurso directo com o formando possibilita a avaliação dos seus
conhecimentos com clareza;
Permite no caso de dúvidas, o seu esclarecimento imediato.
Instrumentos: Listas de Perguntas.
 Regras:
• Elaborar, previamente, da lista de perguntas objectivas e
representativas dos conteúdos a serem avaliados;
• Procurar abranger todos os conhecimentos dos formandos, não
centrando demasiada atenção nas suas falhas;
• Fazer perguntas claras e curtas e adaptar a linguagem;
• Não dar pistas nem contributos para as respostas.
A Formulação de Perguntas
 Avaliação Escrita: trata-se de apresentar ao formando questões
escritas, que deverão ser igualmente respondidas por escrito;
A avaliação escrita é efectuada, normalmente, através de inquéritos
e testes.

Os inquéritos operacionalizam-se através dos seguintes instrumentos:


 Questionário (lista de interrogações sobre um determinado assunto);
 Inventário (lista de afirmações, devendo o formando assinalar aquelas com que
concorda);
 Escala de Atitudes (questionários dirigidos a explorar as atitudes dos sujeitos );
 Sociograma (análise das relações intragrupais que se expressam por uma série de
índices e esquemas gráficos).
A Formulação de Perguntas
Os testes destinam-se, sobretudo, a avaliar dados do domínio cognitivo e
podem ser:

Testes de produção ou resposta aberta (produção curta e produção longa);


Testes de selecção ou resposta fechada (verdadeiro-falso; questões de
completar; emparelhamento / associação; escolha múltipla).

Tipos de Testes:

Diagnósticos;

Formativos;

Sumativos
Testes
Diagnósticos:
 As questões giram em torno de um tema limitado da “matéria”;
 Pretende-se averiguar a presença ou ausência dos pré-requisitos necessários
para o prosseguimento dos conteúdos;
 Não faz sentido atribuir uma classificação a este tipo de estes.

Formativos:
 A sua estrutura pode ser semelhante à do teste de diagnóstico;
 Tem por finalidade a certificação, por parte do formador, de que os
conteúdos estão a ser apreendidos;
 Cingem-se a pequenos segmentos dos saberes/conteúdos.

Sumativos:
 Estrutura diversa dos tipos de testes anteriores;
 Trata-se de avaliar as aprendizagens efectuadas ao nível global dos conteúdos
desenvolvidos.
A Medição
 É utilizada, principalmente, para recolher elementos do domínio
psicomotor, como por exemplo, o tempo de execução, a quantidade e
a qualidade de trabalho produzido;

 Os elementos de medição podem ser recolhidos através de


instrumentos de medida como o relógio, o cronómetro, entre outros;

 A avaliação das tarefas práticas exige, quase sempre, o recurso


também a outras técnicas como a observação e a formulação de
perguntas.

 Instrumentos: fichas de Avaliação de Trabalhos Práticos


TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS

É uma actividade extremamente exigente


Permite captar importantes
e cansativa para o formador,
elementos no momento em
principalmente se o número de
que acontecem, de uma forma
OBSERVAÇÃO formandos for elevado e a duração
real e credível.
temporal da acção longa;
Requer uma atenção e cuidado
constantes.

A avaliação oral individual é um processo


moroso;
Facilita o diálogo directo  Dificuldade em criar condições de
formador – formando; igualdade e uniformidade na avaliação;
ORAL
Permite o treino da expressão Dá vantagem aos formandos com maior
oral. capacidade de expressão oral, bem como
aos mais desinibidos.
FORMULAÇÃO
DE PERGUNTAS
Há uma maior economia de
tempo; Tempo dispendido na sua concepção;
Facilidade na sua aplicação à Vantagem que confere aos formandos
ESCRITO generalidade dos formandos, a dotados de maiores facilidades em termos
par da hipótese de estudar mais de interpretação e expressão escrita
pormenorizadamente as
respostas.
Avaliação
Actividade 2

 Estruturar um instrumento de
avaliação, fundamentando as
escolhas para estrutura do
mesmo
Fases de Elaboração de Instrumentos de Avaliação

1. Identificar o tipo de avaliação pretendida (matriz discriminada dos

objectivos, domínios de conteúdo e número de itens necessários para avaliar) ;

2. Criar questões;
3. Criar a correcção;
4. Criar tabelas de cotação ou notação;
5. Prever a decisão (limite mínimo de conhecimentos);
6. Prever a remediação (alternativas).
Fases de Elaboração de Instrumentos de Avaliação

Aspectos a ter em conta:

 Considerar as características dos formandos e a sua familiaridade com


os instrumentos a utilizar;

 Identificar o tipo de avaliação pretendida e adequar os instrumentos,


tendo em conta as finalidades da formação;

 Criar questões de forma a haver equivalência entre: objectivos;


critérios e condições de desempenho; instrumentos de avaliação;

 Criar a corrigenda com as resposta-tipo;


Fases de Elaboração de Instrumentos de Avaliação

 Criar tabelas de notação ou cotação, onde se prevê: a cotação a


atribuir a cada resposta certa e, eventualmente, o desconto a
efectuar por cada questão ou parte dela;

 Prever o limite mínimo de conhecimentos admitidos em função da


importância dos conteúdos programáticos;

 Na avaliação formativa, quando o formado não domina, deve prever-


se a remediação (aconselhar o formando a rever a parte dos
conteúdos que não domina; oferecer alternativas de aprendizagem).
Testes de Produção ou Resposta Aberta

 Podem ser de produção curta ou longa;

 Os testes de produção curta consistem em apresentar as questões ao


formando, pedindo-lhe que forneça as respostas adequadas de forma
sucinta (numa palavra, em poucas, em poucas linhas, etc.);

 Regras:

 Texto claro e curto;

 Indicar o n.º de dados (ex. 3) para a resposta ou a extensão da mesma


(uma frase, n´.º de linhas, etc.);

 As respostas solicitadas devem ser, tanto quanto possível,


homogéneas e semelhantes em expansão.
Testes de Produção Curta

Vantagens:

 Concepção e resposta fáceis e rápidas;

 Objectividade na resposta dos formandos e na avaliação do formador;

 Permitem testar a capacidade de síntese.

Desvantagens:

 Limitação à criatividade e capacidade de expressão.

Exemplos:

Qual a capital de Espanha?

Refira três das principais vantagens do método activo.


Testes de Produção Longa

 Apresenta-se as questões ao formando, permitindo que ele responda


livremente, usando a sua imaginação e criatividade;

 Podem ser de carácter totalmente livre ou orientadas (quando o


formando deve satisfazer um conjunto de tópicos ou grelha de
resposta)

 Regras:

 Texto claro e curto, se possível subdividido em alíneas;

 Limitar o âmbito da resposta, indicando, claramente, o que se


pretende (forma, n.º, qualidade e profundidade).
Testes de Produção Longa
Vantagens:
 Apelo à criatividade pelo facto da resposta ser livre, testando as
capacidades de análise e de emissão de opiniões;
 Possibilitam o treino da expressão escrita;
 Podem aplicar-se a todos os conteúdos;
 Permitem avaliar todas as capacidades cognitivas, mesmo os
processos mentais superiores(raciocínio hipotético-dedutivo,
criatividade e análise crítica);
 Concepção fácil e rápida.
Desvantagens:

 Tempo dispendido na correcção e cotação;

 Maior probabilidade de subjectividade na avaliação


Testes de Selecção ou Resposta Fechada

 Questões de Completar;

 Verdadeiro-Falso;

 Associação ou Combinação;

 Escolha Múltipla;
A Comunicação de Resultados

 Informa sobre competências adquiridas, fornecendo informação e


descrição ao formando, tendo em vista o sucesso da aprendizagem;

 Deverá ser clara, de acordo com os objectivos definidos no


início da formação;

 Deverá ocorrer o mais próxima possível do momento de


avaliação, podendo ser a nível individual ou em grupo;

 O formador deverá adoptar a melhor estratégia de


comunicação dos resultados de aprendizagem ao/aos
formando/s.
A Subjectividade na Avaliação

 A avaliação é realizada de forma diferente em função de quem


avalia. Cada avaliador tem a sua maneira muito própria de avaliar,
baseada em muitos factores, alguns dos quais escapam à consciência
do próprio avaliador;

 Quando se coloca a mesma prova ou teste a vários avaliadores,


poderá constatar-se a obtenção de classificações muito diferentes;

 A avaliação está dependente de factores pessoais como o estado de


saúde físico e mental do avaliador; este pode ter variações de
comportamento e de humor durante o processo de avaliação, por
exemplo provocadas pelo cansaço, que podem interferir no grau de
exigência e objectividade do processo de avaliação.
A Subjectividade na Avaliação - causas

 Ausência de critérios;

 Estereótipos;

 Efeito de Halo;

 Efeito de Informação Prévia (Efeito Pigmaleão);

 Efeito de Ordem de Correcção;

 Infidelidade do mesmo Avaliador.


Ausência de Critérios

 É uma das principais causas de subjectividade na avaliação;

 Resulta, em grande medida, do facto de não serem formulados


objectivos de formação nem de avaliação específicos, claros e
rigorosos;

 A avaliação não incide, assim, sobre os mesmos critérios, nem sobre


itens específicos de verificação dos mesmos critérios, tornando-se
inválida e infrutífera;

 Cada avaliador utiliza o seu critério pessoal com maior ou menor


grau de exigência.
Estereótipos

 Face a um preconceito criado acerca de um formando, o avaliador é


levado a desenvolver uma tendência a avaliá-lo sempre da mesma
forma, independentemente de uma possível evolução ou retrocesso
do próprio formando.
Efeito de Halo

 Este efeito leva o avaliador a tomar o todo pela parte e vice-versa, ou


seja, é mais um preconceito formado relativo aos formandos,
motivado pela impressão geral que este causa ao avaliador, podendo
esta ser positiva ou negativa, e podendo influenciar da mesma forma
a avaliação;

 Por exemplo:

Os bons têm tendência a serem avaliados sempre bem. O formador é


mais tolerante em relação às faltas;

Os maus têm tendência a serem avaliados sempre mal. O formador


está sempre vigilante nas correcções.
Efeito de Informação Prévia (Efeito Pigmaleão)

 O facto de o avaliador possuir informações sobre determinado


formando, antes do momento de avaliação, pode influenciar essa
mesma avaliação, ou seja, essas informações vão condicionar o
desenvolvimento e resultado da avaliação;

 Essas informações podem incidir sobre as capacidades intelectuais,


capacidades de trabalho, dedicação, comportamento em contexto
formativo, as suas crenças religiosas, políticas ou outras, origem
social, etc., podendo desenvolver preconceitos ou estereótipos que
influenciarão a avaliação.
Efeito de Ordem de Correcção

 É também conhecido pelo efeito de contraste, a ordem pela qual se


avalia;

 Um exemplo muito corrente desta situação é o que acontece quando,


após a avaliação de um formando “brilhante” se segue uma avaliação
de um formando “normal”, tendo este último alguma dificuldade em
criar uma boa imagem, tendo em conta a “comparação” que
inconscientemente o avaliador efectua;

 O mesmo não acontece quando o inverso se verifica, isto é, quando a


seguir a um formando “mau” se segue um formando “razoável”;
Infidelidade do Mesmo Avaliador

 A avaliação depende de inúmeros factores pessoais que fazem com


que o mesmo avaliador nem sempre avalie da mesma maneira;

 De entre estes factores, destacam-se, por exemplo:

o estado de saúde físico e mental;


o bom ou mau humor;
alterações de comportamento;
cansaço, etc..
A Subjectividade na Avaliação

No sentido de evitar ou diminuir a subjectividade ao nível da avaliação,


o formador deve:

Melhorar o conhecimento de si próprio, reconhecendo quais os


preconceitos e ideias feitas mais utilizados, em que circunstâncias e
porquê;

Melhorar o conhecimento dos seus grupos de pertença e de


referência, e adoptar um ponto de vista crítico sobre os seus valores e
crenças;

Evitar percepções rápidas, simplificadoras e generalizadoras,


procurando reconhecer os aspectos particulares específicos de cada
situação.

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