Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cláudia Barros
Iva Sousa
Objetivos
Abordar os princípios gerais de tratamento em fim de vida
Maioritariamente, o processo de fim de vida tem uma duração de horas ou dias (até 12 a 14
dias), podendo ser mais prolongado em doentes jovens, com perfil de lutadores ou naquelas
pessoas com situações não resolvidas.
O papel dos profissionais deve ser ativo, priorizando os aspetos do cuidar através do eficaz
controlo sintomático e de outras manifestações no doente e da intensificação da atenção à família.
Adaptado de Lunney JR, et al. Profiles of older medicare decedents. J Am Geriatr Soc. 2002; 50:1180-112.9
Manifestações Desorientação
Estertor
Falência multiorgânica
- ELDVs: ocorrem geralmente durante o sono; tem profundo significado pessoal ou espiritual; doentes estão calmos,
confortáveis e com sensação de plenitude e paz. Mnésia dos sonhos ou visões.
• Estudo longitudinal e prospetivo, 66 doentes internados numa UCP, 18meses, inquérito e entrevistas;
• 50% das ELDVs ocorreram durante o sono, o mais comum foi ver familiares ou amigos falecidos e até mesmo familiares vivos.
Progressão rápida
Martins-Branco, D., Lopes, S., Canario, R., Freire, J., Feio, M., Ferraz-Goncalves, J., ... & Gomes, B. (2020). Factors associated with the aggressiveness
of care at the end of life for patients with cancer dying in hospital: a nationwide retrospective cohort study in mainland Portugal. ESMO open, 5(6),
e000953.
• Portugal apresentou uma elevada prevalência de agressividade terapêutica em fim de vida para doentes oncológicos, uma das maiores
entre os países ocidentais (71% vs 22-65%).
• 7 em cada 10 doentes oncológicos que morrem num hospital público em Portugal continental foram expostos no último mês de vida a
cuidados considerados excessivamente agressivos, como o internamento hospitalar por mais de 14 dias (43%) e a cirurgia (28%).
Definir o objetivo
terapêutico é crucial para se Objetivo:
tomarem decisões adequadas
Conforto do doente
e realistas face ao estado dos
doentes.
a. Medidas de suporte para as doenças agudas ou agudizações de doenças crónicas são inadequadas:
• Perfusões EV, transfusões, sondas nasogástricas, antibióticos;
c. Suspender procedimentos irrelevantes como avaliação de glicemia capilar e de sinais vitais (manter apenas avaliação de
temperatura);
4. Tratamento de úlceras por pressão/ feridas: conforto, controlo da dor, controlo do odor;
5. Reduzir os posicionamentos (6/6horas) – refletir sobre o seu risco – benefício – EVITAR FAZER PORQUE É ROTINA;
6. Manter/ reforçar os cuidados orais e humidificação (vaporizadores de água ou chá, uso de esponjas, gelo moído…).
Estertor
Mais frequentes
Dor
Dispneia
Controlo de sintomas
Mioclonias/convulsões
• Obstipação;
• Retenção urinária;
• Dor;
Causas de resolução fácil, devem ser
• Hipóxia;
tratadas. Excluíndo estas causas, é
• Infeção;
preferível sedar o doente
• Doença neurológica (AVC, epilepsia, doenças
neuro-musculares, ...);
• Outros (insuficiência cardíaca, anemia,
Cuidados em Fim de Vida 20
trauma, ...).
• Evitar contenção física;
• Benzodiazepinas
Artigo 3º
Artigo 8º
• Posicionamento:
• Difícil de controlar;
• Sintoma de avaliação difícil por não existir uma ferramenta ou escala gold standard;
• Algumas formas de respiração (apneias, Cheyne-Stokes) são habituais e não implicam desconforto;
• A avaliação não deve depender apenas da frequência respiratória ou saturação periférica de oxigénio;
• Objetivo do tratamento: aliviar a perceção de falta de ar e a ansiedade com o intuito de diminuir o círculo vicioso dispneia –
ansiedade - dispneia.
• Abrir janelas;
• VNI:
• Fármacos: Morfina (IV se possível) - formas de ação rápida são mais eficazes;
Soros ou SNG.
• O doente não deve ser forçado, nem se deve forçar com procedimentos que induzem mais
desconforto do que benefício.
- Podem ocorrer outras manifestações (sede, apatia, confusão, uremia, acumulação de metabolitos de vários fármacos e aumento da
sua toxicidade);
• Situações particulares: a hidratação estar indicada para ajudar no controlo de alguns sintomas ou para minimizar os efeitos
secundários de alguns fármacos;
- NÃO estão indicadas (pelo desconforto, risco de aspiração e infeção associados, bem
como ausência de benefício para o doente);
- Não existe evidência científica de que estes procedimentos melhorem o estado geral,
qualidade de vida ou aumentem a sobrevivência do doente, podendo a hidratação em excesso
contribuir para o aumento das secreções respiratórias e do edema periférico.
• Com via oral: oferecer líquidos frios, sumos de fruta, gelatinas ou pedaços
de ananás, de acordo com o gosto pessoal;
• Nos doentes com prótese dentária, esta deve ser regularmente limpa e
humedecida. Caso o doente esteja muito sonolento, a prótese deve ser
removida;
• 51% consideraram não lhes ter sido dado apoio emocional adequado. (1)
(1) LeGrand, S. B., & Walsh, D. (2010). Comfort measures: Practical care of the dying cancer patient. American Journal of Hospice and Palliative Medicine®, 27(7), 488-493.
Relembrar que o
compromisso ético é em
primeiro lugar com o
doente e não com a
família;
(adaptado de Freire E., Guia Prático de Controlo Sintomático, NEMPal, SPMI, 2017.)
Medidas gerais:
SPIRIT ritualizadas
- Estado de consciência;
- Sintomas presentes;
- Capacidade de deglutição;
- Eliminação urinária/intestinal.
• 5. Simplificar terapêutica, manter fármacos com benefício a curto prazo. Evitar procedimentos
e tratamentos geradores de desconforto;
• 10. Discussão regular com a equipa sobre alternativas de melhoria para a prestação de cuidados;
• Vilhena, R. R. V. S. M. (2013). Cuidados paliativos e obstinação terapêutica: decisões em fim de vida (Doctoral dissertation).
Cuidados em Fim de Vida 55