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MINICURSO DE

TRATAMENTO DE FERIDAS

Instrutora Amanda Pires


Histórico
• Os homens da pré-história utilizavam plantas e seus extratos
para estancar hemorragias e umidificar as feridas abertas.
• Linhaça, massa de argila, farinha de mandioca ou fubá colocadas
entre dois panos, com capacidade de absorção das toxinas da
pele e para tratar hematomas.
• Por volta de 2700 a.C. os egípcios utilizavam “Fármacos da
sujeira”, esses produtos eram derivados de urina humana e
outros, associados a orações e sacrifícios.
Histórico

• Os médicos egípcios acreditavam que quanto mais a ferida supurava,


mais rápida era a cicatrização.
• Foram os precursores do adesivo atual, com a descoberta da ligadura
adesiva, que consistia em tiras de linho impregnado de goma.
• Os chineses em 2800 a.C. foram os primeiros a relatar o uso do mercúrio.
• Os mexicanos e peruanos utilizavam o Mactellu como antissépticos para
feridas
Histórico
• Com os gregos , chegamos ao clássico A Ilíada, (800
a.C) que descreve o tratamento de 147 feridos
militares utilizando práticas de cauterização de
feridas com ferro quente.
• Nessa época a taxa de mortalidade era bastante
elevada.
• Na era Cristã, Celsius (200 d.C):classificou tipos de
ferida, definiu tratamentos, descreveu os sinais
inflamatórios, técnicas de desbridamento e sutura.
Histórico
• No período medieval, Galeno (século II d.C), médico que instaurou a teoria
da secreção purulenta.

• Usava na sua terapêutica:

 Água do mar, do mel, tinta de caneta e barro.


 As lesões ulceradas eram ligadas com figos (que contêm Papaína).
 Teia de aranha. Já os médicos árabes foram os inventores da ligadura de
gesso.
Histórico
• Hipócrates (300 a.C),foi o primeiro a implementar os
princípios da assepsia no tratamento das feridas;
• Fez uso de ervas medicinais, mel, leite e vinagre.
Aconselhava desbridamentos e cauterizações.
• Revolução Industrial, marco da história mundial. No século
XVIII, alguns prisioneiros se dedicavam a confecção de
pensos feitos de trapos velhos, estopa de linho e estopa que
eram utilizados e depois lavados e reutilizados, já que esse
processo os tornava mais macios e absorventes.
Principais descobertas
• 1676: descoberta do microscópio.
• 1752: primeiro passo na desinfecção química, por John Pringle,
com o uso de ácidos minerais para prevenir e impedir a
putrefação.
• 1860 (Gangee): 1º curativo absorvente à base de algodão;
• Em 1862: Pasteur concluiu que os microrganismos eram
destruídos pela ação do calor. Apontou a falta de limpeza como
causa da infecção, e que as pessoas que tratavam as feridas
eram meio de transporte para esses microrganismos.
Principais descobertas
• Em 1880: foi construída com êxito a primeira estufa, vindo
permitir a esterilização pelo calor seco. Dois anos mais tarde ,
a esterilização pelo vapor.
• No final de 1840: Deu-se a utilização de antissépticos e a
proteção da lesão com
coberturas secas. Foi nesta fase que se descobriu o efeito
antisséptico do Iodo, mercúrio e Alumínio, além da utilização do
meio seco.
• Em 1890 e 1897: foram introduzidas luvas e máscaras, por
Willian Hasteld e Johann Miculizz.
Principais descobertas
• 1945: Bloom relata pela primeira vez o uso do filme
transparente permeável ao vapor.
• Após 1960: descobertos os princípios de leito úmido e limpo
para acelerar a cicatrização, limpeza da ferida, aproximação das
bordas por meio da sutura, controle da infecção. A descoberta
do antibiótico um dos maiores feitos desta época.
• Em 1982 as coberturas à base de Hidrocoloides são lançadas
nos EUA e Europa, porém somente em 1990 chegaram ao Brasil
com elevados custos.
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

 ENFERMEIRO - Lei nº 7.498/86 em seu Artigo 11, Alínea j: É


privativo do
enfermeiro: A prescrição da assistência de enfermagem.
TÉCNICO DE ENFERMAGEM - Lei 1498/1986, Artigo 10, Parágrafo II:
Executar
atividades de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do
enfermeiro e as referidas no artigo 9° deste decreto.
 AUXILIAR DE ENFERMAGEM - Lei 7.498/1986, Artigo 11, Parágrafo
III: Executar
tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras
atividades de enfermagem, tais como: Alínea c, fazer curativos
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

ENFERMEIRO

• Abrir clínica/consultório de enfermagem para a prevenção e


cuidado aos pacientes com lesões cutâneas.
• Realizar a Consulta de Enfermagem no contexto do Processo de
Enfermagem, aos princípios da Política Nacional de Segurança
do Paciente (PNSP) e do SUS e conforme as normatizações do
Cofen.
• Realizar e interpretar o índice pressão tornozelo-braquial (ITB)*
• Solicitar exames laboratoriais e/ou complementares,
conforme estabelecido em protocolos institucionais.
Exemplo: hemoglobina, glicemia, albumina sérica, aporte de
zinco, vitaminas B12 e D, radiografia, coleta de material para
exame microbiológico.

• Executar o desbridamento autolítico, instrumental*,


mecânico* e enzimático.

• Participar de comissões para a escolha de materiais,


medicamentos e equipamentos necessários à prevenção e
cuidado das pessoas com lesões cutâneas.
• Realizar curativos em todos os tipos de feridas, independente
do grau de comprometimento tecidual.
• Prescrever cuidados de enfermagem às pessoas portadoras de
lesões cutâneas, a serem executadas pelos Técnicos e Auxiliares
de Enfermagem, observadas as disposições legais da profissão.
• Realizar a terapia de compressão elástica e inelástica de alta e
baixa compressão.
• Prescrever medicamentos, coberturas ou
terapias adjuvantes (laser e LED, terapia por
pressão negativa, eletroterapia,
hidrozonoterapia), a serem utilizadas na
prevenção e cuidado às pessoas com feridas nos
diversos níveis de atenção à saúde.
• Participar e promover programas de educação
permanente.
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Realizar curativo nas feridas sob prescrição e supervisão do
Enfermeiro.
• Auxiliar o Enfermeiro nos curativos.
• Registrar no prontuário do paciente as características da ferida,
procedimentos executados, bem como as queixas apresentadas
e/ou qualquer anormalidade, comunicando ao Enfermeiro as
intercorrências
• Manter-se atualizado participando de programa de educação
permanente.
Os citados profissionais apenas devem realizar o curativo sob
prescrição e supervisão do Enfermeiro.

Também não compete ao Técnico ou Auxiliar de Enfermagem a


aplicação da bota de Unna, pois é atividade que envolve
procedimentos de maior complexidade.

Já a retirada da bota de Unna pode ser avaliada e prescrita pelo


enfermeiro e realizada por Técnicos e Auxiliares de
Enfermagem (COREN-MG, 2020).
Anatomia
Principais áreas de lesões na pele
Principais áreas de lesões na pele
Principais áreas de lesões na pele

Calcanhar
Principais áreas de lesões na pele
Principais áreas de lesões na
pele
Anatomia da pele
Suas funções são:
• Revestir e proteger;
• Auxiliar na manutenção da temperatura (termorregulação);
• Percepção;
• Metabolismo.

Camadas da pele:
• Epiderme;
• Derme;
• Hipoderme (Tecido Subcutâneo).
CLASSIFICAÇÕES E DEFINIÇÕES

FERIDA: É caracterizada pela perda da continuidade dos


tecidos, podendo ser superficial ou profunda, que deve se
fechar em até seis semanas.
ÚLCERA: A ferida se torna uma úlcera após seis semanas de
evolução sem intenção de cicatrizar.
CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO

As lesões podem ser classificadas conforme:


• Comprometimento tecidual.
• Como foram produzidas.
• Grau de contaminação.
• Comprometimento Tecidual
• Quanto à localização anatômica;
CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO
• Quanto ao tamanho, comprimento, largura, profundidade
e formação de túneis;
• Aspectos do leito da ferida e pele circunjacente;
• Drenagem, cor e consistência;
• Dor ou hipersensibilidade e temperatura
GRAU DE CONTAMINAÇÃO
LIMPAS: Sem presença de infecção, lesão sem exsudato ou com
pequena quantidade de exsudato de cor clara ou transparente.
(não é necessário curativo após 24hs se a incisão estiver seca)
GRAU DE CONTAMINAÇÃO
CONTAMINADAS: Presença de bactérias e outros
microrganismos, com presença transitória ao tecido, sem
presença de infecção instalada. Não há sinais flogísticos.
GRAU DE CONTAMINAÇÃO
INFECTADAS: Presença e a multiplicação de bactéria e outros
microrganismos associado a um quadro infeccioso já instalado,
há presença dos sinais flogísticos
TIPO DE TECIDO

TECIDO NECRÓTICO:
Restrito a uma área – Isquemia, redução da circulação, tecido
não viável. Pode ser caracterizada por liquefação e ou coagulação
produzido por enzimas que acarretam a degradação dos tecidos
isquêmicos, se diferenciam pela coloração e consistência.
TIPO DE TECIDO
ESCARA: de coloração marrom ou preta, é descrita como
uma capa de consistência dura e seca.
TIPO DE TECIDO
ESFACELO: De cor amarelada ou cinza; descrita de
consistência mucoide e macia; pode ser frouxo ou firme a
sua aderência no leito da ferida; formado por fibrina
(concentração de proteína) e fragmentos celulares.
TIPO DE TECIDO

TECIDO DE GRANULAÇÃO: Aumento da vascularização é um


tecido de cor vermelho vivo.
TIPO DE TECIDO
EPITELIZAÇÃO: Redução da vascularização de um aumento do
colágeno, contração da ferida, tecido róseo.
Avaliação da lesão
Avaliação do tamanho (área) e profundidade
da lesão
• medida linear (medida simples): utilizar papel transparente
estéril, desenhar o contorno da lesão, seguindo suas bordas. Em
seguida, com régua, faça a medida linear (em centímetros) das
maiores extensões, na vertical (comprimento da ferida) e na
horizontal (largura da ferida). Os dois traçados devem ser
perpendiculares, ou seja, formando um ângulo de 90 graus.
Multiplique o valor do comprimento pelo valor da largura e
registre o resultado em cm2 (área)
Avaliação do tamanho (área) e
profundidade da lesão
• medida com planimetria: utilizar papel quadriculado,
transparente estéril, desenhar o contorno da lesão,
seguindo suas bordas. Em seguida, contar o número de
quadrados correspondente à área da lesão, considerando
que cada quadrado corresponde a 1 cm2
Avaliação do tamanho (área) e
profundidade da lesão
PROFUNDIDADE(BWAT): classificação amparada no comprometimento
tecidual.
1 = Eritema não branqueável na pele íntegra.
2 = Perda parcial da espessura da pele envolvendo epiderme e/ ou
derme.
3 = Perda total da espessura da pele envolvendo dano ou necrose do
tecido subcutâneo; pode estender-se até a fáscia subjacente, mas sem
ultrapassá-la; e/ou perda parcial e total e/ou camadas teciduais cobertas
por tecido de granulação.
Avaliação do tamanho (área) e
profundidade da lesão
4 = Coberto com necrose.
5 = Perda total da espessura da pele com destruição extensa, necrose
tecidual ou dano muscular, ósseo ou das estruturas de apoio.
Outra possibilidade é medir a profundidade da lesão com swab ou
uma seringa de 1ml estéril, introduzindo-a na cavidade da ferida, de
forma a mensurar a parte mais profunda, marcando a altura
correspondente à borda da ferida. Retirar a seringa e, em seguida,
verificar com a régua a distância de sua ponta à marcação feita.
Registrar a medida em centímetros
Avaliação do tecido

tipo de tecido necrótico: considerar a cor e consistência do


tecido para classificá-lo em:
1 = Ausente.
2 = Tecido não viável branco/cinza e/ou esfacelo amarelo não
aderido.
3 = Esfacelo amarelo pouco aderido.
4 = Escara preta, úmida, aderida.
5 = Escara preta, dura, totalmente aderida
Avaliação do tecido
Quantidade de tecido necrótico (BWAT): considerar a sua
presença na área lesada para classificá-lo em:
1 = Ausente
2 = < 25% do leito da ferida coberto
3 = 25% a 50% da ferida coberta
4 = > 50% e < 75% da ferida coberta
5 = 75% a 100% da ferida coberta
Avaliação do tecido
tecido de granulação (BWAT): considerar a cor (tecido saudável é
vermelho vivo brilhante) e quantidade de tecido na lesão para
classificá-lo em:
1 = Pele íntegra ou ferida de espessura parcial.
2 = Vermelho vivo brilhante; 75% a 100% da ferida preenchida
e/ou crescimento excessivo de tecido.
3 = Vermelho vivo brilhante; < 75% e > 25% da ferida preenchida.
4 = Róseo e/ou vermelho escuro opaco e/ou preenche < 25% da
ferida.
5 = Ausência de tecido de granulação.
Avaliação do tecido
• tecido de epitelização (BWAT): considerar a área da lesão que
apresenta epitelização para classificá-la em:
1 = 100% da ferida coberta, superfície intacta.
2 = 75% a < 100% da ferida coberta e/ou com tecido epitelial
estendendo-se > 0,5 cm no leito da ferida.
3 = 50% a < 75% da ferida coberta e/ou com tecido epitelial
estendendo-se a < 0,5 cm no leito da ferida.
4 = 25% a < 50% da ferida coberta.
5= < 25% da ferida coberta.
Avaliação da Inflamação / Infecção

A inflação e a infecção da lesão crônica têm relação com a carga


bacteriana presente e são avaliadas por meio do exame clínico
Dor
A intensidade da dor pode ser avaliada por meio
de uma Escala Visual Analógica (EVA).
Odor
Nível 5 = sem odor
Nível 4 = o odor é detectado na remoção do curativo
Nível 3 = o odor é evidente quando se expõe o curativo
Nível 2 = o odor é evidente a aproximadamente meio metro do
paciente
Nível 1 = o odor é evidente quando se entra na sala em que se encontra
o paciente
Nível 0 = o odor é evidente quando se entra na casa/hospital/clínica em
que se encontra o paciente.
Umidade

Tipo de Exsudato
Considerar a cor e consistência do exsudato para esta
classificação.
1 = Ausente
2 = Sanguinolento
3 = Serosanguinolento: fino, aquoso, vermelho/rosa pálido
4 = Seroso: fino, límpido, aquoso
5 = Purulento: fino ou espesso, entre marrom opaco e amarelo,
sem ou com odor
Umidade

Quantidade de Exsudato
1 = Ausente, ferida seca
2 = Escassa, ferida úmida, mas sem evidências de exsudato
3 = Pequena
4 = Moderada
5 = Grande
Outras avaliações

• Descolamento
• Borda
• Edema
• Endurecimento
• Cor da pele
• Epitelização
Exercício
Avaliação da lesão

Diretriz de 2019 para o manejo de lesões difíceis de tratar:


TIMERS
• A nova estrutura da TIMERS, fornece orientação sobre
abordagens para o tratamento de lesões e identifica onde
terapias adjuvantes avançadas devem ser consideradas
junto com o cuidado padrão.
Avaliação da Lesão
As úlceras de membros inferiores acometem 2% da população de
americanos
adultos, sendo divididas em úlceras da perna e úlcera dos pés. Entre as
úlceras da
perna estão as úlceras venosas, mistas e arteriais.
A úlcera venosa trata-se de uma lesão cutânea que geralmente ocorre na
região do maléolo medial, como resultado de uma hipertensão venosa nos
membros Inferiores. Com relação às características das úlceras venosas, em
geral, são rasas, de bordas irregulares, apresentando tecido de granulação e
exsudativas
úlcera arterial
A pessoa com úlcera arterial apresentará dor mesmo em
repouso, que tem piora com a elevação dos membros,
claudicação intermitente, ou
seja, não tolera caminhadas prolongadas devido ao déficit de
oxigênio tecidual. A
localização destas lesões cutâneas está mais restrita aos pés e
face anterior da
perna, apresentam leitos secos, com bordas bem delimitadas,
base necrótica e pálida
As lesões arteriais estão relacionadas a prejuízos na
perfusão tecidual, que podem ser ocasionadas por
doenças vasculares periféricas devido a aterosclerose,
doença macro e microvascular relacionadas a
diabetes, vasculites, micro trombos, entre outras.
lesões apresentam-se secas, com aspecto de “punched-out” (bordas a
pique), bem delimitadas e com uma base pobre em granulação e pálida.
Diferente do que muitos imaginam, as úlceras arteriais podem se
apresentar profundas devido à contínua destruição tecidual. Com
relação aos achados clínicos, o pulso poderá estar ausente ou débil, pés
frios, tempo de enchimento capilar prolongado, atrofia de pele, ausência
ou escassez de pelos e cianose distal.
Um marco importante que auxilia no diagnóstico diferencial é a elevação
dos membros, o que poderá intensificar a dor, além de apresentar
palidez
PÉ DIABÉTICO
É definido como infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos
moles associadas a alterações neurológicas e vários graus de
doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores

“Estima-se que 40% das pessoas com história de úlcera de pé


diabético
apresentem recorrência em um ano, 60% em 2 anos e 65% em
até 5 anos” (SBD,
2019).
PÉ DIABÉTICO

É uma das mais sérias complicações do diabetes


mellitus e que impõe maior sofrimento e custo
financeiro à pessoa com Diabetes Mellitus (DM) e
familiares, assim como maior sobrecarga aos
profissionais e serviços de saúde e à sociedade em
geral.
PÉ DIABÉTICO
Cuidados preventivos, educação da pessoa e dos profissionais de saúde,
tratamento multidisciplinar e monitoramento de perto são estratégias
associadas à redução das consequências do comprometimento dos pés;

Verificar se as meias estão limpas, sem costuras internas, bem adaptadas


(não apertadas ou excessivamente largas) e confeccionadas em tecido de
algodão e de cor clara

Inicialmente é necessário determinar a etiologia da úlcera, ou seja, se


trata-se de uma úlcera neuropática, isquêmica ou neuro isquêmica.
CUIDADO DA PESSOA COM
FERIDA OPERATÓRIA
Apesar dos avanços nas técnicas cirúrgicas e antibioticoterapia
profilática, infecções de ferida operatória continuam a ser uma das
principais causas da morbidade do paciente cirúrgico.

As infecções da ferida operatória no pós-operatório estão


relacionadas com a classificação das cirurgias
No grupo das intervenções que visam à prevenção
das infecções de ferida operatória é importante
incluir o banho e preparação da pele antes da
cirurgia, antibioticoprofilaxia até 01 hora antes da
cirurgia e antissepsia cirúrgica das mãos.
Primeiros Socorros
para lesões na pele

Queimaduras
Queimaduras

Lesão decorrente da ação do calor, frio, produtos


químicos, corrente elétrica, radiações e
substâncias biológicas (animais e plantas).
1º grau – lesão das camadas superficiais da pele:
» vermelhidão;
» dor local suportável;
» sem formação de bolhas.
2º grau – lesão das camadas mais profundas da pele:

» formação de bolhas;
» desprendimento de camadas da pele;
» dor e ardência locais de intensidade variável
3º grau – lesão de todas as camadas da pele:
» comprometimento de tecidos mais profundos até o osso
Queimaduras térmicas

Causadas por líquidos e objetos quentes, vapor e fogo:

Esfrie a área queimada com água fria (não use gelo, pois pode
agravar a queimadura).
Cubra a área com um pano limpo.
Remova imediatamente: anéis, pulseiras, relógios, colares, cintos,
sapatos e roupas, antes que a área afetada comece a inchar.
Queimaduras químicas
Causada por contato com produtos químicos, como ácidos:

• Enxágue o local por, pelo menos, 20 minutos em água corrente.


• Remova imediatamente: anéis, pulseiras, relógios, colares,
cintos, sapatos e roupas, antes que a área afetada comece a
inchar.
• Remova resíduo de roupa contaminada pelo produto
• No caso dos olhos terem sido afetados: enxágue
abundantemente em água corrente até ajuda médica.
Queimaduras elétricas

Causadas por corrente de baixa voltagem, como


eletrodomésticos, alta tensão e raio:

• Não toque na vítima.


• Desligue a corrente elétrica.
• Em todos os casos de queimaduras, encaminhar para o
serviço médico (pronto socorro ou hospital) mais próximo
Principais cuidados
• Prevenir o estado de choque;
• Controlar a dor;
• Evitar contaminação.
• NÃO aplique óleos, loções ou outras substâncias em
queimaduras externas;
• NÃO retire nada aderido na queimadura;
• NÃO fure as bolhas;
• NÃO toque na queimadura.
Principais cuidados
Animais peçonhentos

São aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições


naturais para injetá-la em presas ou predadores, por meio de
dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas
urticantes, nematocistos etc.
Animais que mais causam acidentes no Brasil:
• Serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas,
abelhas, formigas e vespas, besouros, lacraias, peixes,
cnidários águas-vivas e caravelas.
• Lista de Notificação Compulsória do Brasil.
Abelhas, Vespas, Vespões e Formigas
• A remoção das colônias de abelhas deve ser efetuada por
profissionais devidamente treinados e equipados à noite ou ao
entardecer, quando os insetos estão calmos;
• Evite se aproximar de colmeias de abelhas, caminhar ou correr
na rota de voo das abelhas;
• Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do
corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho)
desencadeiam o comportamento agressivo e,
consequentemente, o ataque de abelhas
• levar o acidentado rapidamente ao hospital, junto com alguns
dos insetos que provocaram o acidente;
• A remoção dos ferrões pode ser fita por raspagem com lâminas,
e não com pinças, pois esse procedimento resulta na inoculação
do veneno ainda existente no ferrão.
Tratamentos da pele e medicamentos por via oral podem
reduzir a dor e o inchaço
Injeção de epinefrina para reações alérgicas
Às vezes, dessensibilização para prevenir reações alérgicas
Uma abelha pode deixar o seu ferrão na pele. O ferrão deve ser
removido o mais rápido possível por raspagem com uma
extremidade fina (por exemplo, a extremidade de um cartão de
crédito ou uma faca de mesa fina).
A aplicação de um cubo de gelo envolvido em plástico e em um
pano fino sobre a picada reduz a dor, juntamente com anti-
inflamatórios não esteroides (AINEs) e anti-histamínicos
tomados por via oral.
A utilização de um creme ou pomada que contenha um anti-
histamínico, um anestésico, um corticosteroide ou uma
combinação deles é geralmente útil.
As reações alérgicas graves (reações anafiláticas) são tratadas no
hospital com epinefrina, líquidos intravenosos e outros
medicamentos.
Pessoas alérgicas a picadas devem carregar consigo uma seringa
previamente munida com epinefrina (disponível com receita
médica), que bloqueia as reações anafiláticas ou reações
alérgicas. As restantes picadas são tratadas de forma semelhante
às picadas de abelhas. Uma pessoa que tenha um histórico de
reações anafiláticas ou uma alergia conhecida às picadas de
inseto deve usar identificação, tal como uma pulseira de alerta
médico.
Águas vivas
• Para alívio da dor inicial, devem ser utilizadas compressas
geladas envoltas em panos, ou água do mar gelada, se
disponível;
• Lavar o local com ácido acético a 5% (vinagre), sem esfregar e
aplicar compressa do mesmo produto por cerca de 10
minutos, para evitar o aumento do envenenamento.
• É importante que não seja utilizada água doce para lavagem
do local da lesão nem para aplicação das compressas geladas,
pois a água doce pode piorar o quadro do envenenamento.
Aranhas
• Lavar o local da picada;
• Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor;
• Elevar o local da mordida;
• Procurar o serviço médico mais próximo;
• Quando possível, levar o animal para identificação.
• Não fazer torniquete ou garrote;
• Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da
ferida;
• Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções;
• Ingerir bebida alcoólica
Escorpiões
O que fazer?

• Limpar o local com água e sabão;


• Aplicar compressa morna no local;
• Procurar o serviço de saúde mais próximo para que possa
receber o tratamento o mais rápido possível;
• Se for possível (com segurança e desde que não leve muito
tempo, pois a prioridade é o atendimento médico urgente),
• fotografar o animal para identificação no serviço de saúde.
Escorpiões
O que não fazer?

• Não fazer torniquete ou garrote;


• Não fazer sucção no local da ferida;
• Não aplicar nenhuma substância sobre o local;
• Não fazer curativo que feche o local da picada;
• Não colocar gelo ou água fria, pois aumenta a dor.
Lagartas
• Lavar o local da picada com água fria ou gelada e sabão;
• Levar o indivíduo imediatamente ao serviço de saúde mais
próximo, para que possa receber o tratamento em tempo
oportuno;
• A identificação da lagarta causadora do acidente pode ajudar no
diagnóstico. Portanto, se for possível, é recomendado levar a
causadora ao serviço de saúde;
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde,
para saber quais pontos de tratamento com o soro específico na
sua região
Lagartas
O que não fazer
• Coçar o local;
• Aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da picada
(fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina) nem fazer
curativos que fechem o local, pois podem favorecer a
ocorrência de infecções;
• Dar bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros líquidos como
álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o
veneno e podem causar problemas gastrointestinais na vítima.
Serpentes
O que fazer?

• Lavar o local da picada apenas com água ou com água e


sabão;
• Manter o paciente deitado;
• Manter o paciente hidratado;
• Procurar o serviço médico mais próximo;
• Se possível, levar o animal para identificação.
Serpentes
O que não fazer?

• Fazer torniquete ou garrote;


• Cortar o local da picada;
• Perfurar ao redor do local da picada;
• Colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
• Beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos
Atenção
Animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos
e são encontrados em matas fechadas, trilhas e próximo a
residências, com lixo acumulado. Manter a higiene do local e
evitar acúmulo de coisas são a melhor forma de prevenir
acidentes
Referencias
BARISH, Robert A. Picadas de abelhas, vespas, vespões e formigas. Manual MSD. 2022.
Disponível em: ,https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/les%C3%B5es-e-
envenenamentos/mordidas-e-picadas/picadas-de-abelhas-vespas-vesp%C3%B5es-e-
formigas
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS. Cuidado à pessoa com
lesão cutânea: manual de orientações quanto à competência técnico-científica, ética e
legal dos profissionais de enfermagem[texto] / Conselho Regional de Enfermagem de
Minas Gerais. – Belo Horizonte: Coren-MG, 2020. Disponível em:
https://www.corenmg.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/MANUAL-DE-CUIDADO-A-
PESSOA-COM-LESAO-CUTANEA.pdf
ESCOLA DE GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Noções de Primeiros socorros. Brasília.
2023. Disponível em:
https://egov.df.gov.br/wp-content/uploads/2023/04/Nocoes-de-primeiros-socorros.pd
f
QUEIMADURAS. Hospitaal Santa Cruz. Disponível em:
https://www.hospitalstacruz.com.br/informacoes/primeiros-socorros/queimadura/

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