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• Analisar a relação do cabelo crespo com a identidade das mulheres negras mais velhas
da cidade de Laje a partir da reflexão de suas narrativas;
• Investigar a experiência dessas mulheres negras na sua relação com o próprio cabelo
crespo, tendo com referencial a ideia de mulher bonita.
FONTES E METODOLOGIA
Toda a pesquisa foi baseada em fonte oral e
consequentemente a história das
mentalidades;
2016);
Objetivo específico
Refletir sobre os impactos causados pelo racismo no processo de construção da
A memória é um fenômeno construído social e individualmente. Quando se fala em memória herdada, pode-se dizer
que há uma ligação fenomenológica muito estreita entre memória e o sentimento de identidade (POLLAK, 1992).
O conceito de racismo e o mito da democracia racial
O racismo pode aparecer de distintas maneiras e em diferentes intensidades. Ele pode
vir de forma disfarçada através de um suposto elogio, observações e até mesmo
críticas.
Objetivo específico
Analisar a forma como as mulheres negras mais velhas viam/veem os seus cabelos,
levando em consideração o ideal de beleza.
“A beleza da mulher é o cabelo”: como a mulher negra se vê e é visto
pelo outro
“Alisar porque a gente vai sair pra um lugar e a gente quer sair mais bonita, com o
cabelo bonito, quer sair embelezado e não com o cabelo bruto, brabo, assanhado,
rebelde. Iai, quer fazer uma coisa melhor pra ficar mais bonitinha. O cabelo desce, bota
um bobezinho e arruma, né? Iai dar mais um visual no rosto da pessoa. Eu nunca usei
black, só o cabelo do bob mesmo. O cabelo crespo assim crespo, eu mesma não gosto
não.”
(SECI, 62 anos. Entrevista realizada dia: 08/01/2020).
“[...] uma labuta! Sempre foi! Tudo começa quando a gente era criança. [...] Tinha vez
que a minha mãe fazia as tranças tão apertadas que aparecia umas bolhinhas brancas
no couro da cabeça e quando elas pocavam feriam e ficavam doendo. [...] era melhor
assim mesmo, porque se chegasse uma visita, pelo menos os cabelos não estava uma
“bruxa”.”
(BERNADETE, 65 anos. Entrevista realizada dia: 14/02/2020).
Objetivo específico
Compreender de que forma o cabelo pode influenciar nas relações sociais e afetivas.
“Eu me sentia muito mal ao me olhar no espelho, o cabelo grosso, seco, duro e ruim de
desembaraçar que chega doer o braço. Mas agora não, depois desse processo de alisar
que a gente faz, ele adomou mais e não está mais aquele negócio ríspido. Sempre que
eu lavo ele está macio, porque faz tempo que eu venho usando produtos, alisando e
cuidando.”
(SECI, 62 anos. Entrevista realizada dia: 08/01/2020)
Porque sem alisar ele era feio, todo duro. Todo paraguai e quando eu alisava ficava
bonito e eu me sentia bem com ele liso. E na verdade ficava bonito mesmo, eu me
achava, achava linda! Mas hoje em dia não tenho cabelo mais não, só tenho bombril.
(RITA, 63 anos. Entrevista realizada dia: 07/01/2020).
• BAIRROS, Luiza. Nossos feminismos revisitados. Estudos feministas, v.3, n.2, Florianópolis,
Universidade de Santa Catarina, 1995.
• BRAGA, Amanda. História da beleza negra no Brasil: discursos, corpos e práticas. São
Carlos: EdUFSCar, 2015.
• COUTINHO, Cassi Ladi Reis. A estética dos cabelos crespos em Salvador. Salvador, UNEB,
2010.
• FRENETTE, M. A cor da Infância. Revista Raça. São Paulo, Editora Símbolo, nº38, Ano 4, p.88
– 92, 1999.
REFERÊNCIAS
• FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. São Paulo: EDUC, 1999.
• GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolo de identidade
negra. Belo Horizonte. Autêntica 2006.
• LOPES, Maria A. Beleza e ascensão social na Imprensa Negra Paulista (1920-1940). Dissertação
(Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2002.
• MUNANGA, Kabenguele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e
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• PACHECO, Ana Claudia Lemos. “Branca para casar, mulata para f... e negra para trabalhar”;
escolhas afetivas e significados de solidão entre mulheres negras em Salvador, Bahia. Campinas,
2008.
REFERÊNCIAS
• POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol.
5, n. 10, p. 200-212, 1992.
• SANTOS, Joel Rufino dos. O que é racismo. Editora brasiliense, 4° edição, 1981.
• FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador. Editora EDUFBA, 2008.